FACEBOOK RAS 19mai2017 (nº. 2.168): "OS
DIAS SÃO ASSIM".
EDITORIAL DO JORNAL O GLOBO ANALISA
CONVERSA DE 39 MINUTOS EM NÍVEL MAFIOSO NO PALÁCIO JABURU ENTRE O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA DO BRASIL E UM BILIONÁRIO INVESTIGADO POR FALCATRUAS GIGANTESCAS NO
BNDES. A CONCLUSÃO É INESCAPÁVEL:
A renúncia
do presidente [Temer]
Fonte: Jornal O GLOBO; 19/05/2017
15:20 / atualizado 19/05/2017 15:36
Acesso RAS em
19mai2017.
Editorial do jornal O GLOBO. 19mai2017
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Fonte: https://oglobo.globo.com/
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Nota do editor do BLOG RAS: os textos
entre [colchetes], em negrito, em
CAIXA ALTA, sublinhados e em itálico,
bem como a numeração dos parágrafos não constam da edição original e foram
inseridos na presente edição somente para fins pedagógicos e mnemônicos.
Um PRESIDENTE DA REPÚBLICA aceita
receber a visita de um megaempresário alvo de cinco operações da Policia
Federal que apuram o pagamento de milhões em propinas pagas a autoridades
públicas, inclusive a aliados do próprio presidente. O encontro não é às
claras, no Palácio do Planalto, com agenda pública.
Foto 1: fonte - O Globo: Palácio da Alvorada e Palácio do Jaburu; residências oficiais, respectivamente, do Presidente da República e do Vice-Presidente. (não integra o Editorial de 19mai2017)
- Ele se dá quase às onze horas da noite [23:00h]
na residência [oficial] do [vice] presidente [Palácio do Jaburu], de forma clandestina.
Ao sair, o empresário combina novos encontros do tipo, e se vangloria do
esquema que deu certo: "Fui chegando, eles abriram. Nem
perguntaram o meu nome". A simples decisão de recebê-lo já
guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais.
- Em diálogo que revela intimidade entre
os dois, o empresário quer saber como anda a relação do presidente com um
ex-deputado [EDUARDO CUNHA,
PMDB-RJ], ex-aliado do presidente, preso há meses, acusado de se
deixar corromper por milhões. Este ex-deputado, em outro inquérito, é
acusado inclusive de receber propina do empresário para facilitar a vida
de suas empresas no FI-FGTS da Caixa Econômica Federal.
- O presidente se mostra amuado, e lembra
que o ex-deputado tentou fustigá-lo, ao torná-lo testemunha de defesa com
perguntas que o próprio juiz vetou por acreditar que elas tinham por
objetivo intimidá-lo.
- Ao ouvir esse relato do presidente, o
empresário procura tranquilizá-lo mostrando os préstimos que fez. Diz,
abertamente, que "zerou" as "pendências" com o
ex-deputado, que tinha ido "firme" contra ele na cobrança. E que
ao zerar as pendências, tirou-o "da frente". Mais tarde um
pouco, em outro trecho, diz que conseguiu "ficar de bem" com
ele. Como o presidente reage? Com um incentivo: "TEM QUE MANTER ISSO,
VIU?"
- Não é preciso grande esforço para
entender o significado dessa sequência de diálogos. Afinal, que
pendências, senão o pagamento de propinas ainda não pagas, pode ter o
empresário com um ex-deputado preso por corrupção? Que objetivo terá tido
o empresário quando afirmou que, zerando as pendências, conseguiu ficar de
bem com ele, senão tranquilizar o presidente quanto ao fato de que, com
aquelas providências, conseguiu mantê-lo quieto?
- E, por fim, que significado pode ter o
incentivo do presidente ("TEM QUE MANTER ISSO, VIU"),
senão uma advertência para que o empresário continue com as pendências
zeradas, tirando o ex-deputado da frente e se mantendo bem com ele?
- Esses diálogos falam por si e bastariam
para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho
de cultivar. Mas houve mais.
- O empresário relata as suas agruras com
a Justiça, e, abertamente, narra ao presidente alguns êxitos que suas
práticas de corrupção lhe permitiram ter. Conta que tem em mãos dois
juízes, que lhe facilitam a vida, e um procurador, que lhe repassa
informações. Um escândalo. O que faz o presidente? Expulsa o empresário de
sua casa e o denuncia as autoridades? Não. Exclama, satisfeito: "ÓTIMO,
ÓTIMO".
- Não é tudo, porém. Em menos de 40
minutos de conversa, o empresário ainda encontra tempo para se queixar de
um ex-funcionário seu, atual
ministro da Fazenda [Henrique Meirelles foi presidente do Conselho de
Administração da JBS de março 2012 a abril 2016].
- Diz, com desfaçatez, que tem enfrentado
resistência no ministro da Fazenda para conseguir a troca dos mais altos
funcionários do governo na área econômica: o secretário da Receita Federal, a presidente do BNDES, o presidente do CADE e o presidente da CVM.
- Pede, então, que seja autorizado a usar
o nome do presidente quando for novamente ao ministro da Fazenda com tais
pleitos. O que faz o presidente? Manda-o embora, indignado? Não, de forma
alguma. O presidente autoriza: "PODE FAZER".
- Esse jornal apoiou desde o primeiro
instante o projeto reformista do presidente MICHEL TEMER. Acreditou e acredita que, mais do que dele, o
projeto é dos brasileiros, porque somente ele fará o Brasil encontrar o
caminho do crescimento, fundamental para o bem estar de todos os
brasileiros.
- As reformas são essenciais para conduzir
o país para a estabilidade política, para a paz social e para o normal
funcionamento de nossas instituições. Tal projeto fará o país chegar a
2018 maduro para fazer a escolha do futuro presidente do país num ambiente
de normalidade política e econômica.
- Mas a crença nesse projeto não pode
levar ao autoengano, à cegueira, a virar as costas para a verdade. Não
pode levar ao desrespeito a princípios morais e éticos. Esses diálogos
expõem, com clareza cristalina, o significado do encontro clandestino do
presidente MICHEL TEMER com o
empresário JOESLEY BATISTA.
- Ao abrir as portas de sua casa ao
empresário, o presidente abriu também as portas para a sua derrocada. E
tornou verossímeis as delações da Odebrecht,
divulgadas recentemente, e as de JOESLEY,
que vieram agora a público.
- Nenhum cidadão, cônscio das obrigações
da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições
morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o
Brasil.
- Há os que pensam que o fim desse governo
provocará, mais uma vez, o atraso da tão esperada estabilidade, do tão
almejado crescimento econômico, da tão sonhada paz social. Mas é
justamente o contrário. A realidade não é aquilo que sonhamos, mas aquilo
que vivemos.
- Fingir
que o escândalo não passa de uma inocente conversa entre amigos, iludir-se
achando que é melhor tapar o nariz e ver as reformas logo aprovadas, tomar
o caminho hipócrita de que nada tão fora da rotina aconteceu não é uma
opção.
- Fazer isso, além de contribuir para a
perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do nosso país, não
apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita
desesperadamente.
- Será, isso sim, a razão para que ele
seja mais uma vez postergado. Só um governo com condições morais e éticas
pode levá-lo adiante. Quanto mais rapidamente esse novo governo estiver
instalado, de acordo com o que determina a Constituição, tanto melhor.
- A renúncia é uma decisão unilateral do
presidente. Se desejar, não o que é melhor para si, mas para o país, esta
acabará sendo a decisão que MICHEL
TEMER tomará. É o que os cidadãos de bem esperam dele.
- Se não o fizer, arrastará o Brasil a uma
crise política ainda mais profunda que, ninguém se engane, chegará,
contudo, ao mesmo resultado, seja pelo impeachment, seja por denúncia
acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. O caminho pela frente não será
fácil. Mas, se há um consolo, é que a Constituição cidadã de 1988 tem o
roteiro para percorrê-lo.
- O Brasil deve se manter integralmente
fiel a ela, sem inovações ou atalhos, e enfrentar a realidade sem ilusões
vãs. E, passo a passo, chegar ao futuro de bem estar que toda a nação
deseja.
Leia mais:
Foto 2: fonte - O Globo: Palácio da Alvorada e Palácio do Jaburu; residências oficiais, respectivamente, do Presidente da República e do Vice-Presidente. (não integra o Editorial de 19mai2017)
PALÁCIO DO JABURU, Brasília,
DF.
Ø
O Palácio do
Jaburu foi projetado para ser a residência oficial do vice-presidente da
República
publicado 05/07/2011 19h29, última
modificação09/11/2015 18h22
http://www2.planalto.gov.br/vice-presidencia/vice-presidente/residencia-oficial
Ao lado da lagoa que lhe deu o nome e às margens do
Lago Paranoá, o PALÁCIO DO JABURU foi
projetado pelo arquiteto OSCAR NIEMEYER
para ser a residência oficial do vice-presidente da República, dentro da
concepção urbanística proposta por LÚCIO
COSTA para Brasília.
A principal característica do Palácio e o que o
diferencia, fundamentalmente, de outros, como o Alvorada, é o fato de ser uma
construção exclusivamente destinada a moradia. Os seus 4.283 metros quadrados
privilegiam mais a área externa, com generosas varandas, do que as áreas
comuns, como os salões, cujas dimensões se aproximam das de outras residências
e não dos palácios tradicionais.
Localizado ao longo da Via Presidencial, entre os
Palácios do Planalto e Alvorada, o Palácio do Jaburu está no nível topográfico
do Lago Paranoá, ocupando terreno de 190
mil metros quadrados [19 hectares]. Em seu jardim, projetado pelo
paisagista ROBERTO BURLE MARX, foram
cuidadosamente mantidas várias espécies de árvores típicas do cerrado original,
que hoje se misturam às fruteiras e às plantas ornamentais trazidas de outras
regiões do País.
VIVEIRO NATURAL
A tranquilidade do lugar ajuda a transformá-lo em um
viveiro natural de pássaros, que acabaram por misturar-se às emas que circulam,
com absoluta liberdade, pela imensa área gramada.
O Jaburu foi projetado em 1973, e ocupado em 1977 -
dezessete anos após a inauguração de Brasília - por Adalberto Pereira dos
Santos, Vice-Presidente de Ernesto Geisel. A ele se sucederam:
- Aureliano Chaves (Vice-Presidente de João
Figueiredo);
- José Sarney (Vice-Presidente de Tancredo
Neves);
- Itamar Franco (Vice-Presidente de Fernando
Collor);
- Marco Maciel (Vice-Presidente de Fernando
Henrique Cardoso) ; e
- José Alencar (vice-Presidente de Luiz
Inácio Lula da Silva).
A partir de 2011 a
residência oficial está ocupada por Michel Temer (vice-Presidente da Presidenta
Dilma).
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