sexta-feira, 19 de maio de 2017

[447] BRASIL DE JOESLEY E WESLEY SAFADÃO: A RENÚNCIA DO PRESIDENTE - EDITORIAL DO JORNAL O GLOBO - 19mai2017.

FACEBOOK RAS 19mai2017 (nº. 2.168): "OS DIAS SÃO ASSIM".
EDITORIAL DO JORNAL O GLOBO ANALISA CONVERSA DE 39 MINUTOS EM NÍVEL MAFIOSO NO PALÁCIO JABURU ENTRE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO BRASIL E UM BILIONÁRIO INVESTIGADO POR FALCATRUAS GIGANTESCAS NO BNDES. A CONCLUSÃO É INESCAPÁVEL:


A renúncia do presidente [Temer]
Fonte: Jornal O GLOBO; 19/05/2017 15:20 / atualizado 19/05/2017 15:36
Acesso RAS em 19mai2017.
Editorial do jornal O GLOBO. 19mai2017

Fonte: https://oglobo.globo.com/

Nota do editor do BLOG RAS: os textos entre [colchetes], em negrito, em CAIXA ALTA, sublinhados e em itálico, bem como a numeração dos parágrafos não constam da edição original e foram inseridos na presente edição somente para fins pedagógicos e mnemônicos.


 Um PRESIDENTE DA REPÚBLICA aceita receber a visita de um megaempresário alvo de cinco operações da Policia Federal que apuram o pagamento de milhões em propinas pagas a autoridades públicas, inclusive a aliados do próprio presidente. O encontro não é às claras, no Palácio do Planalto, com agenda pública.

Foto 1: fonte - O Globo: Palácio da Alvorada e Palácio do Jaburu; residências oficiais, respectivamente, do Presidente da República e do Vice-Presidente. (não integra o Editorial de 19mai2017)

  1. Ele se dá quase às onze horas da noite [23:00h] na residência [oficial] do [vice] presidente [Palácio do Jaburu], de forma clandestina. Ao sair, o empresário combina novos encontros do tipo, e se vangloria do esquema que deu certo: "Fui chegando, eles abriram. Nem perguntaram o meu nome". A simples decisão de recebê-lo já guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais.
  2. Em diálogo que revela intimidade entre os dois, o empresário quer saber como anda a relação do presidente com um ex-deputado [EDUARDO CUNHA, PMDB-RJ], ex-aliado do presidente, preso há meses, acusado de se deixar corromper por milhões. Este ex-deputado, em outro inquérito, é acusado inclusive de receber propina do empresário para facilitar a vida de suas empresas no FI-FGTS da Caixa Econômica Federal.
  3. O presidente se mostra amuado, e lembra que o ex-deputado tentou fustigá-lo, ao torná-lo testemunha de defesa com perguntas que o próprio juiz vetou por acreditar que elas tinham por objetivo intimidá-lo.
  4. Ao ouvir esse relato do presidente, o empresário procura tranquilizá-lo mostrando os préstimos que fez. Diz, abertamente, que "zerou" as "pendências" com o ex-deputado, que tinha ido "firme" contra ele na cobrança. E que ao zerar as pendências, tirou-o "da frente". Mais tarde um pouco, em outro trecho, diz que conseguiu "ficar de bem" com ele. Como o presidente reage? Com um incentivo: "TEM QUE MANTER ISSO, VIU?"
  5. Não é preciso grande esforço para entender o significado dessa sequência de diálogos. Afinal, que pendências, senão o pagamento de propinas ainda não pagas, pode ter o empresário com um ex-deputado preso por corrupção? Que objetivo terá tido o empresário quando afirmou que, zerando as pendências, conseguiu ficar de bem com ele, senão tranquilizar o presidente quanto ao fato de que, com aquelas providências, conseguiu mantê-lo quieto?
  6. E, por fim, que significado pode ter o incentivo do presidente ("TEM QUE MANTER ISSO, VIU"), senão uma advertência para que o empresário continue com as pendências zeradas, tirando o ex-deputado da frente e se mantendo bem com ele?
  7. Esses diálogos falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar. Mas houve mais.
  8. O empresário relata as suas agruras com a Justiça, e, abertamente, narra ao presidente alguns êxitos que suas práticas de corrupção lhe permitiram ter. Conta que tem em mãos dois juízes, que lhe facilitam a vida, e um procurador, que lhe repassa informações. Um escândalo. O que faz o presidente? Expulsa o empresário de sua casa e o denuncia as autoridades? Não. Exclama, satisfeito: "ÓTIMO, ÓTIMO".
  9. Não é tudo, porém. Em menos de 40 minutos de conversa, o empresário ainda encontra tempo para se queixar de um ex-funcionário seu, atual ministro da Fazenda [Henrique Meirelles foi presidente do Conselho de Administração da JBS de março 2012 a abril 2016].
  10. Diz, com desfaçatez, que tem enfrentado resistência no ministro da Fazenda para conseguir a troca dos mais altos funcionários do governo na área econômica: o secretário da Receita Federal, a presidente do BNDES, o presidente do CADE e o presidente da CVM.
  11. Pede, então, que seja autorizado a usar o nome do presidente quando for novamente ao ministro da Fazenda com tais pleitos. O que faz o presidente? Manda-o embora, indignado? Não, de forma alguma. O presidente autoriza: "PODE FAZER".
  12. Esse jornal apoiou desde o primeiro instante o projeto reformista do presidente MICHEL TEMER. Acreditou e acredita que, mais do que dele, o projeto é dos brasileiros, porque somente ele fará o Brasil encontrar o caminho do crescimento, fundamental para o bem estar de todos os brasileiros.
  13. As reformas são essenciais para conduzir o país para a estabilidade política, para a paz social e para o normal funcionamento de nossas instituições. Tal projeto fará o país chegar a 2018 maduro para fazer a escolha do futuro presidente do país num ambiente de normalidade política e econômica.
  14. Mas a crença nesse projeto não pode levar ao autoengano, à cegueira, a virar as costas para a verdade. Não pode levar ao desrespeito a princípios morais e éticos. Esses diálogos expõem, com clareza cristalina, o significado do encontro clandestino do presidente MICHEL TEMER com o empresário JOESLEY BATISTA.
  15. Ao abrir as portas de sua casa ao empresário, o presidente abriu também as portas para a sua derrocada. E tornou verossímeis as delações da Odebrecht, divulgadas recentemente, e as de JOESLEY, que vieram agora a público.
  16. Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil.
  17. Há os que pensam que o fim desse governo provocará, mais uma vez, o atraso da tão esperada estabilidade, do tão almejado crescimento econômico, da tão sonhada paz social. Mas é justamente o contrário. A realidade não é aquilo que sonhamos, mas aquilo que vivemos.
  18. Fingir que o escândalo não passa de uma inocente conversa entre amigos, iludir-se achando que é melhor tapar o nariz e ver as reformas logo aprovadas, tomar o caminho hipócrita de que nada tão fora da rotina aconteceu não é uma opção.
  19. Fazer isso, além de contribuir para a perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do nosso país, não apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita desesperadamente.
  20. Será, isso sim, a razão para que ele seja mais uma vez postergado. Só um governo com condições morais e éticas pode levá-lo adiante. Quanto mais rapidamente esse novo governo estiver instalado, de acordo com o que determina a Constituição, tanto melhor.
  21. A renúncia é uma decisão unilateral do presidente. Se desejar, não o que é melhor para si, mas para o país, esta acabará sendo a decisão que MICHEL TEMER tomará. É o que os cidadãos de bem esperam dele.
  22. Se não o fizer, arrastará o Brasil a uma crise política ainda mais profunda que, ninguém se engane, chegará, contudo, ao mesmo resultado, seja pelo impeachment, seja por denúncia acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. O caminho pela frente não será fácil. Mas, se há um consolo, é que a Constituição cidadã de 1988 tem o roteiro para percorrê-lo.
  23. O Brasil deve se manter integralmente fiel a ela, sem inovações ou atalhos, e enfrentar a realidade sem ilusões vãs. E, passo a passo, chegar ao futuro de bem estar que toda a nação deseja.

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Foto 2: fonte - O Globo: Palácio da Alvorada e Palácio do Jaburu; residências oficiais, respectivamente, do Presidente da República e do Vice-Presidente. (não integra o Editorial de 19mai2017)


PALÁCIO DO JABURU, Brasília, DF.

 

Ø O Palácio do Jaburu foi projetado para ser a residência oficial do vice-presidente da República

Fonte: Portal oficial do Palácio do Planalto  publicado 05/07/2011 19h29, última modificação09/11/2015 18h22
http://www2.planalto.gov.br/vice-presidencia/vice-presidente/residencia-oficial

Ao lado da lagoa que lhe deu o nome e às margens do Lago Paranoá, o PALÁCIO DO JABURU foi projetado pelo arquiteto OSCAR NIEMEYER para ser a residência oficial do vice-presidente da República, dentro da concepção urbanística proposta por LÚCIO COSTA para Brasília.
A principal característica do Palácio e o que o diferencia, fundamentalmente, de outros, como o Alvorada, é o fato de ser uma construção exclusivamente destinada a moradia. Os seus 4.283 metros quadrados privilegiam mais a área externa, com generosas varandas, do que as áreas comuns, como os salões, cujas dimensões se aproximam das de outras residências e não dos palácios tradicionais.
Localizado ao longo da Via Presidencial, entre os Palácios do Planalto e Alvorada, o Palácio do Jaburu está no nível topográfico do Lago Paranoá, ocupando terreno de 190 mil metros quadrados [19 hectares]. Em seu jardim, projetado pelo paisagista ROBERTO BURLE MARX, foram cuidadosamente mantidas várias espécies de árvores típicas do cerrado original, que hoje se misturam às fruteiras e às plantas ornamentais trazidas de outras regiões do País.
VIVEIRO NATURAL
A tranquilidade do lugar ajuda a transformá-lo em um viveiro natural de pássaros, que acabaram por misturar-se às emas que circulam, com absoluta liberdade, pela imensa área gramada.
O Jaburu foi projetado em 1973, e ocupado em 1977 - dezessete anos após a inauguração de Brasília - por Adalberto Pereira dos Santos, Vice-Presidente de Ernesto Geisel. A ele se sucederam: 
  1. Aureliano Chaves (Vice-Presidente de João Figueiredo);
  2. José Sarney (Vice-Presidente de Tancredo Neves);
  3. Itamar Franco (Vice-Presidente de Fernando Collor);
  4. Marco Maciel (Vice-Presidente de Fernando Henrique Cardoso) ; e
  5.  José Alencar (vice-Presidente de Luiz Inácio Lula da Silva).
A partir de 2011 a residência oficial está ocupada por Michel Temer (vice-Presidente da Presidenta Dilma).

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