Dono da JBS
grava Temer dando aval para compra de silêncio de Cunha
[O Globo,
17mai2017]
Ø Joesley
Batista e o seu irmão Wesley confirmaram a Fachin o que falaram a PGR
Fonte: Jornal O GLOBO; por LAURO JARDIM; (Colaborou Guilherme
Amado)
17/05/2017
19:30 / atualizado 17/05/2017 19:51
https://oglobo.globo.com/brasil/2017/05/17/3046-dono-da-jbs-grava-temer-dando-aval-para-compra-de-silencio-cunha
Acesso RAS em 17mai2017.
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Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio Cunha
Ailton de Freitas / Agência
O Globo
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- RIO — Na tarde de quarta-feira passada, JOESLEY BATISTA e o seu irmão WESLEY
entraram apressados no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiram direto
para o gabinete do ministro EDSON
FACHIN.
- Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa.
- Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que
explodirá sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de
destruição igual ou maior que a da Odebrecht.
- Diante de FACHIN, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao
encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da
República (PGR) em abril [2017]
foi por livre e espontânea vontade, sem coação.
- É uma
delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente MICHEL
TEMER foi gravado em um diálogo
embaraçoso. Diante de JOESLEY,
TEMER indicou o deputado RODRIGO ROCHA LOURES (PMDB-PR)
para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS).
- Posteriormente, ROCHA LOURES foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por JOESLEY.
- TEMER também ouviu do empresário que estava
dando a EDUARDO CUNHA e ao
operador LÚCIO FUNARO uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, TEMER incentivou: "Tem que manter isso,
viu?".
- AÉCIO NEVES Foi Gravado Pedindo R$ 2 Milhões A Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal.
- A
PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa
empresa do senador ZEZE PERRELLA
(PSDB-MG).
- JOESLEY relatou também que GUIDO
MANTEGA era o seu contato com o
PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff
que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas
e aliados. MANTEGA também
operava os interesses da JBS no BNDES.
- JOESLEY revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha
após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista
tinha com ele. Disse ainda que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei
sobre a desoneração tributária do setor de frango.
- Pela primeira vez na Lava-Jato foram
feitas "ações controladas", num total de sete. Ou seja, um meio
de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação da polícia é adiada
para o momento mais oportuno para a investigação. Significa que os
diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram filmadas
pela PF.
- As cédulas tinham seus números de série
informados aos procuradores. Como se fosse pouco, as malas ou mochilas
estavam com chips para que se pudesse rastrear o caminho dos reais. Nessas
ações controladas foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas
carimbadas durante todo o mês de abril.
- Se a delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde.
- No final de março, se iniciaram as conversas.
Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam
terminado.
- As tratativas foram feitas pelo diretor
jurídico da JBS, FRANCISCO ASSIS E
SILVA. Num caso único, aliás, ASSIS
E SILVA acabou virando também delator. Nunca antes na história das
colaborações um negociador virara delator.
- A velocidade supersônica para que a PGR
tenha topado a delação tem uma explicação cristalina. O que a turma da JBS (JOESLEY sobretudo) tinha nas mãos era algo nunca visto pelos
procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio JOESLEY com TEMER e AÉCIO —
além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos
dez anos.
- Em duas oportunidades em março, o dono
da JBS conversou com o
presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido — arma que
já se revelara certeira sob o bolso do paletó de SÉRGIO MACHADO, delator que inaugurou a leva de áudios
comprometedores.
- Ressalte-se que essas conversas,
delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da Lava-Jato.
Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha coragem
de tratar desses assuntos de forma tão descarada?
- Para que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento
incomum. JOESLEY, por exemplo,
entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio carro e
subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os
outros delatores.
- Ao mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de advocacia TRENCH, ROSSI & WATANABE para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do grupo dos irmãos Batista.
- A JBS tem 56 fábricas nos EUA,
onde lidera o mercado de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também
fazer um IPO (abertura de capital) da JBS
Foods na Bolsa de Nova York.
- Pelo que foi homologado por FACHIN, os sete delatores não
serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para
livrá-los das operações Greenfield
e Lava-Jato que investigam a JBS
há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ
for assinada.
(Colaborou Guilherme Amado)
ANÁLISE [pós-gravação dos donos da JBS]: E AGORA, BRASIL?
Ø
Os possíveis
impactos da delação bombástica de JOESLEY BATISTA na política e na economia
brasileiras!!!
Fonte:
Jornal O GLOBO; por ALAN GRIPP; 17/05/2017 19:30h; atualizado 17/05/2017
20:12
https://oglobo.globo.com/brasil/2017/05/17/3046-dono-da-jbs-grava-temer-dando-aval-para-compra-de-silencio-cunha
Acesso RAS em 17mai2017.
- As últimas da Lava-Jato, reveladas com exclusividade por LAURO JARDIM, nos levam a questões automáticas que dizem respeito ao futuro de um país já combalido pela corrupção.
- O governo TEMER
sobreviverá a tais revelações? As reformas podem ser sepultadas? O que
acontecerá com a economia? Como fica o cenário político?
- Grandes momentos pedem análises
cautelosas, porém necessárias. É arriscado prever o destino de MICHEL TEMER, mas é fato que num
contexto de baixíssima popularidade ele precisará mais do que nunca de sua
conhecida habilidade política para se equilibrar no poder. Mas seu futuro
provavelmente dependerá das ruas, sempre elas.
- Sobre AÉCIO NEVES é possível afirmar que as gravações de JOESLEY BATISTA sepultam de vez seus planos. AÉCIO já estava enlameado, mas tinha a seu favor o controle do PSDB e dava sinais de que venderia caro a desistência da candidatura presidencial.
- Agora não mais.
Ganhará força a tendência propalada no Congresso de que ele deve tentar se
eleger deputado federal, com o único propósito de manter o foro
privilegiado.
- A princípio também é possível dizer que
o novo capítulo da Lava-Jato fortalece a tendência de crescimento dos outsiders,
JOÃO DÓRIA incluído. Mas a
verdade é que só se saberá lá na frente quem terá consistência e quem
apenas se aproveitou do vácuo deixado pelos políticos tradicionais, sem
condições de voos mais altos.
- Consequências econômicas imediatas são
inevitáveis. A mais importante delas diz respeito à reforma da
Previdência, que no cenário mais otimista sofrerá um atraso e no mais
pessimista, voltará aos escaninhos, o que quebraria a espinha dorsal da
retomada econômica.
- Por fim, ela, a Lava-Jato. É inevitável pensar que, no mínimo, deu um nó no cérebro daqueles que casuisticamente insistem em atribuir a ela o papel de algoz do petismo.
- Ao completar o álbum de figurinhas da política brasileira, pode-se dizer com segurança que promoveu uma reforma ética que não estava na agenda brasileira.
- A
Lava-Jato não tem cor, não tem time, não tem controle possível. Alguém
dúvida ou precisa desenhar?
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