CONEXÕES DE AÉCIO NEVES.
ESPARRELA: ADV. KAKAY DEFENDE OS PERRELLAS (DO
BONDE DO AÉCIO) NO CASO DO HELIPÓTERO APREENDIDO COM 450 kg DE COCAÍNA [evento em
24nov2013]
SÉRIE BRASIL
SAFADÃO - RECORDAR É VIVER
Blog do REINALDO AZEVEDO 2013
A estranha história do helicóptero dos PERRELLA [pais Senador e filho Dep. Estadual], lotado de COCAÍNA, não fecha quer na narrativa, quer na matemática
[Reinaldo Azevedo; Revista Veja; 30nov2013]
Ø O helicóptero [apreendido em 24nov2013] da
Família PERRELLA é um Robinson 66 (R-66).
Ø
Antônio Carlos de Almeida Castro, o KAKAY, é uma espécie de revista
Caras do direito penal.
Fonte: BLOG
do jornalista Reinaldo Azevedo; 30 nov 2013, 07h00 - Atualizado em 16 fev 2017, 12h18
Acesso RAS em 18mai2017.
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De vez em quando, este escriba se interessa por helicópteros de
políticos. E acaba descobrindo coisas interessantes. Vamos ver?
ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA
CASTRO, O KAKAY,
é uma espécie de revista Caras do
direito penal. Todos os famosos, colunáveis e celebridades o têm como
advogado: de mensaleiro a ROBERTO
CARLOS, passando por uma penca de políticos graúdos de Brasília, o amigão
de JOSÉ DIRCEU não deixa escapar
ninguém.
Oferece sua retórica e suas
gravatas coruscantes a clientes que poderiam estar sempre dentro de uma
banheira, com um copo de suco bem amarelo nas mãos, rodeados de maçãs
argentinas. Por que as pessoas comem maçãs em banheiras, não tenho a menor
ideia. Cada uma com suas fantasias, né?
Adiante. KAKAY também é um colunável, é bom que fique claro. Não há advogado
que apareça na TV com tanta frequência, com seus óculos sempre muito
convincentes. Nessa faina diária, acaba, muitas vezes, falando o que lhe dá na
telha ou endossando o que dá na telha daqueles que o contratam.
E foi assim que a família PERRELLA, julgando estar se livrando de
um problema, acabou se complicando. E com o auxílio de seu advogado.
Qual é o busílis? O helicóptero
da Limeira Agropecuária, empresa que
pertence ao deputado estadual GUSTAVO PERRELLA (Solidariedade-MG), a
uma irmã e a um primo, foi flagrado pela Polícia Federal transportando 445
quilos de cocaína.
Gustavo é filho do senador ZEZÉ PERRELLA (PDT-MG). Inicialmente, o
PERRELLINHA afirmou que o piloto
pegara o helicóptero sem autorização. Desmentido pelo advogado do rapaz, mudou
a história. Teria dado um “ok”, versão endossada por Kakay, para que o
outro dissesse um voo fretado — para ganhar uns trocos, vocês sabem…
E foi aí que Gustavo e Kakay pisaram no tomate. Segundo as regras
da Anac, aeronaves privadas — de pessoas ou empresas — não podem fazer voos
comerciais, serviço privativo de táxi aéreo. Por isso, a agência decidiu abrir
uma investigação. Na operação, piloto, copiloto e dois receptadores foram
presos.
A propósito: ROGÉRIO
ANTUNES, o piloto, estava lotado no gabinete de Gustavo; era seu “assessor”
e tinha um salário de R$ 1.700 pago pela Assembleia.
Não para por aí: o
deputado gastou R$ 11,2 mil de sua verba indenizatória para abastecer o
helicóptero; ZEZÉ, o pai — também
ex-presidente do Cruzeiro —, torrou outros R$ 11,1 mil da verba do Senado. O
aparelho, reitere-se, pertence à empresa da família.
TUDO MUITO ESTRANHO
Este que escreve não entraria num helicóptero nem debaixo de
porrete. Se é pra voar, nada menos do que um jato — um amigo piloto lamenta a
minha ignorância e a minha descrença nas leis da física; essa descrença só
existe a alguns mil metros do solo, deixo claro… Muito bem! A história
despertou a minha curiosidade.
O helicóptero [apreendido em 24nov2013] da Família PERRELLA é um Robinson 66 (R-66). Não que eu esteja a fim de comprar um, mas fiz
a lição de casa para vocês. É dos mais baratinhos. Por US$ 970 mil, vocês podem comprar um. Quem entende da área diz ser
uma aeronave ideal para transportar pequenas cargas. Entendo.
Em seu depoimento, o piloto ROGÉRIO ANTUNES afirmou que o aparelho já saiu de
Avaré, em São Paulo, carregando a droga. Fez uma viagem relativamente curta até
o Campo de Marte.
Dali seguiu para Divinópolis, em Minas, região onde fica a
sede da empresa dos PERRELLA. Da
cidade mineira, rumou para a fazenda no Espírito Santo, onde foi surpreendido
pela Polícia Federal. Vejam o mapinha (do Jornal Nacional).
O peso máximo para um R-66 sair do chão é 1.225 quilos — ocorre
que só a aeronave pesa 581 quilos. Sobram 644. Desse total, devem-se descontar
224 kg do combustível. Sobraram 420.
Notem: só a carga de cocaína (445 kg) já
ultrapassou esse limite. Há ainda os dois pilotos — calculemos 140 quilos. A
conta não fecha. Restaria uma possibilidade: o helicóptero não estar com a
carga completa de combustível. Quanto
teria de ser? Vamos pensar:
Ø peso da aeronave – 581 kg
Ø peso dos pilotos – 140 kg
Ø peso da cocaína – 445 kg
Ø soma – 1.166
Sobraram apenas 59 quilos para o combustível. Com 224 kg, segundo
pesquisei, a autonomia do R-66 é de três horas, voando a 220 km/h. Assim,
pode-se percorrer, chegando ao limite da pane seca (os prudentes não ousam
tanto) 666 km. Huuummm… Regra de três: se, com 225 kg de combustível,
pode-se voar 660 km, com 59 kg, voa-se, no máximo, 173,8 km.
Pois é… Vejam lá a rota do helicóptero. Entre Avaré e o Campo de
Marte (também fui pesquisar), em linha reta, já são 265,8 km. Entre o Campo de
Marte e Divinópolis, há 513 km — chega-se bem perto da autonomia do aparelho se
tivesse saído com o tanque cheio. De Divinópolis até a fazenda no Espírito
Santo, sempre em linha resta, há 393 km. Nada nessa conta fecha.
A minha hipótese é que o piloto pode não estar contando toda a verdade.
O mais provável é que esse aparelho tenha sido abastecido em vários pontos ao
longo da trajetória. E intuo que a droga entrou no helicóptero foi em
Divinópolis mesmo, não em Avaré.
ENCERRO
Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, se negou a afastar
GUSTAVO PERRELLA do partido. Em
nota, disse que que evitar prejulgamento e coisa e tal. Pois é…
Num país
normal, o uso de dinheiro público para abastecer o helicóptero que pertence a
uma empresa e a contratação de um piloto como assessor parlamentar já
liquidariam uma carreira política — especialmente quando o tal helicóptero é
adaptado para carregar cargas, como é o dos PERRELLA.
A propósito: qual
é a carga habitual?
Essa história não fecha, quer nos seus aspectos, digamos,
narrativos, quer na matemática.
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