Foto O Globo. Blog do Noblat. 18mai2017.
[José Casado;
18mai2017]
Ø O cenário político converge para uma eleição
direta a partir de eventual renúncia.
O GOVERNO TEMER FOI AO CHÃO
[José Casado;
18mai2017]
Ø O cenário político converge para uma eleição
direta a partir de eventual renúncia.
Fonte: Blog do Ricardo Noblat;
texto de José Casado, O Globo18/05/2017 - 12h02
http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2017/05/o-governo-temer-foi-ao-chao.html
MICHEL TEMER
era um presidente impopular, com dois terços de rejeição do eleitorado,
amparado por uma base parlamentar majoritária, com fidelidade de até 80% em
votações a favor do governo.
O que podia
parecer sólido virou líquido às 19h30m de ontem, quando os repórteres LAURO JARDIM e GUILHERME AMADO revelaram na edição eletrônica do GLOBO a
informação de que o dono [JOESLEY
BATISTA] do grupo JBS havia
documentado o presidente da República em março — em pleno exercício do mandato
— dando aval à compra do silêncio de uma testemunha, EDUARDO CUNHA, ex-presidente da Câmara dos Deputados, atualmente
preso em Curitiba.
Desde então, a
Constituição passou a ser o segundo texto com maior audiência de leitura,
dentro e fora do Congresso.
“Vagando os
cargos de presidente e vice-presidente da República”, diz o Artigo 81 da Carta,
“far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga".
HÁ DOIS PARÁGRAFOS COMPLEMENTARES.
O primeiro
prevê: “Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo
Congresso Nacional, na forma da lei”.
O segundo
acrescenta: “Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de
seus antecessores”.
A liquefação
absoluta da política brasileira impede qualquer tipo de previsão. No entanto,
ontem à noite em Brasília, nenhum político brasileiro mostrou coragem em
defender a eleição indireta, caso se configure o crime de obstrução de justiça
aparentemente cometido pelo presidente dois meses atrás.
Ao contrário,
convergia-se para a aprovação de emenda convocando eleição direta em 90 dias, a
partir de uma eventual renúncia de Temer, algo que até assessores passaram a
considerar provável.
O Brasil acorda
hoje na seguinte situação: depois de 32 anos de redemocratização, tem cinco
ex-presidentes vivos (José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso,
Lula e Dilma), todos sob investigação.
Dos quatro
presidentes eleitos pelo voto direto no período, dois foram depostos por
impeachment.
Temer já era um
presidente “sub judice", cuja permanência no poder seria decidida na
Justiça, a partir do próximo 6 de junho. Agora, ele pode ser investigado por
obstrução de justiça. A autorização depende do plenário do Supremo e poderá ser
pedida pela procuradoria-geral.
Já nem importa o desfecho da crise. A Lava-Jato
exibe o fim de um ciclo do sistema político e eleitoral brasileiro. Novidade
relevante é que, desta vez, ninguém foi visto batendo na porta dos quartéis.
José Casado é jornalista
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