(Facebook.1307)
revisando. 18março2016.
A RESPEITO DO MANIFESTO
PRÓ-DILMA ELEIÇÕES 2014.
MANIFESTO DE 700 MÚSICOS, CANTORES, ARTISTAS E
ATORES BRASILEIROS, INTELECTUAIS, RELIGIOSOS, CHIQUES E FAMOSOS A FAVOR DA
REELEIÇÃO DE DILMA E LULA.
DEMOCRACIA É ISSO AÍ. TEM GENTE QUE ENXERGA E
NÃO VÊ; TEM GENTE QUE OUVE E NÃO ESCUTA; TEM GENTE QUE LÊ E NÃO ENTENDE. MAS
MESMO ASSIM, POR MAIS CEGOS E SURDOS QUE SEJAM, DO PONTO DE VISTA INTELECTUAL,
E POR MAIS ANALFABETOS POLÍTICOS QUE SEJAM,
TODOS TEM DIREITO À OPINIÃO E AO VOTO !!!!
TALENTO E INTELIGÊNCIA NÃO SÃO POR SI SÓ PRÉ-REQUISITOS
SUFICIENTES PARA SE ADQUIRIR E USUFRUIR DE DESCORTINO POLÍTICO.
FALTA DE CULTURA GERAL E DE CONHECIMENTO HISTÓRICO,
POLÍTICO-SOCIAL E ANTROPOLÓGICO PREJUDICA MUITO A CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO E
ENTENDIMENTO DE COMPLEXAS REALIDADES E DE METÁFORAS FILOSÓFICAS E JURÍDICAS.
PAIXÕES PARTIDÁRIAS, SURTOS PSICOLÓGICOS E
FUNDAMENTALISMO IDEOLÓGICO IMPEDEM DE MODO CRESCENTE A OCORRÊNCIA HARMÔNICA DE
SINAPSES ENTRE OS NEURÔNIOS E O ENVIO DE SINAIS ELÉTRICOS DO GLOBO OCULAR E DO
PAVILHÃO AURICULAR AO CÉREBRO.
UMA DAS SEQUELAS MAIS GRAVES: HEMINEGLIGÊNCIA
POLÍTICA. SÓ SE VÊ E SÓ SE OUVE E SÓ SE ENTENDE O QUE SE GOSTA DE VER E OUVIR.
EVIDÊNCIAS E PROVAS CONCRETAS EM CONTRÁRIO SÃO REJEITADAS.
POR ISSO É QUE SARAMAGO ESCREVEU "ENSAIO
SOBRE A CEGUEIRA" DEPOIS DE MUITO REFLETIR SOBRE A TERRA-FILHA BRASIL
E A TERRA-MÃE, PORTUGAL.
Ronald Almeida Silva
LEITURA DE APOIO 1:
ELEIÇÕES 2014: 700 ARTISTAS E INTELECTUAIS DIVULGAM MANIFESTO PRÓ-DILMA
Fonte: Blog Pragmatismo Político; ELEIÇÕES 2014; 15/SEP/2014
ÀS 18:59
Disponível em:
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/artistas-intelectuais-manifesto-apoio-dilma.html
Acesso RAS em 18mar2016
Artistas e intelectuais afirmam que o Brasil nunca viveu um processo “tão profundo de mudança e de justiça social, assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados”. Confira a lista completa dos apoiadores
Em carta, artistas e intelectuais afirmam que é preciso aprofundar as
mudanças em curso no País e
que não é hora de retomar políticas que só
desoneram o povo brasileiro (Imagem: Pragmatismo Político)
Dezenas de
artistas, intelectuais e jornalistas lançaram um manifesto em apoio a reeleição
de Dilma Rousseff. A lista reúne nomes como os dos cantores e compositores
Chico Buarque, Chico César, Alcione, Beth Carvalho e Leci Brandão. Atores como
Osmar Prado, Paulo Betti, Matheus Nachtergaele, Chico Diaz, Sergio Mamberti,
Silvia Buarque, Tonico Pereira, Hugo Carvana e Ângela Vieira e os escritores
Luis Fernando Veríssimo, Fernando Morais, Leonardo Boff e Silvano Santiago,
entre outros, também assinam o texto intitulado “A primavera dos direitos de
todos: ganhar para avançar”.
“Os brasileiros decidem agora se o caminho em que o
país está desde 2003 é positivo e deve ser mantido, melhorado e aprofundado, ou
se devemos voltar ao Brasil de antes – o do desemprego, da entrega, da pobreza
e da humilhação”, diz trecho do texto publicado no site
manifesto.dilma.com.br
O manifesto afirma que nunca o país viveu um
processo “tão profundo e prolongado de mudança e de justiça social,
reconhecendo e assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados”.
Abandonar esse caminho para retomar fórmulas econômicas que protegem os
privilegiados de sempre, segundo os signatários, seria um “enorme retrocesso”.
Os três presidenciais que despontam nas pesquisas
têm buscado reunir o apoio de intelectuais e artistas. Na semana passada, o
candidato Aécio Neves (PSDB) lançou um site com uma centena de apoiadores.
Entre eles, acadêmicos e gestores com passagem pelo governo Fernando Henrique
Cardoso.
Nesta segunda-feira (15set2014) vários dos
signatários do manifesto em favor da reeleição de Dilma vão se reunir no Teatro
Casa Grande, no Rio de Janeiro.
Leia
abaixo o manifesto [set.2014] de artistas e intelectuais a favor de Dilma:
A PRIMAVERA DOS DIREITOS DE TODOS: GANHAR PARA
AVANÇAR
Os brasileiros decidem agora se o caminho em que o
país está desde 2003 é positivo e deve ser mantido, melhorado e aprofundado, ou
se devemos voltar ao Brasil de antes – o do desemprego, da entrega, da pobreza
e da humilhação.
Nós consideramos que nunca o Brasil havia vivido um
processo tão profundo e prolongado de mudança e de justiça social, reconhecendo
e assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados. Consideramos
que é essencial assegurar as transformações que ocorreram e ocorrem no país, e
que devem ser consolidadas e aprofundadas. Só assim o Brasil será de verdade um
país internacionalmente soberano, menos injusto, menos desigual, mais
solidário.
Abandonar esse caminho para retomar fórmulas
econômicas que protegem os privilegiados de sempre seria um enorme retrocesso.
O brasileiro já pagou um preço demasiado para beneficiar os especuladores e os
gananciosos. Não se pode admitir voltar atrás e eliminar os programas sociais,
tirar do Estado sua responsabilidade básica e fundamental.
O Brasil precisa, sim, de mudanças, como as
próprias manifestações de rua do ano passado revelaram. Precisa, sem dúvida,
reformular as suas políticas de segurança pública e de mobilidade urbana.
Precisa aprofundar as transformações na educação e na saúde públicas, na
agricultura, consolidando com ousadia as políticas de cultura, meio ambiente,
ciência e tecnologia, e combatendo, sem trégua, todas as discriminações.
O Brasil precisa urgentemente de uma reforma
política. Mas precisa mudar avançando e não recuando. Necessita fortalecer e
não enfraquecer o combate às desigualdades. O caminho iniciado por Lula e
continuado por Dilma é o da primavera de todos os brasileiros. Por isso
apoiamos Dilma Rousseff.
LEITURA DE APOIO 2: A ÓTICA DO CÉREBRO
CIÊNCIA: COMO FUNCIONA
MISTÉRIOS DO CÉREBRO HUMANO
CORPO HUMANO
A ótica do cérebro:
neurônios e eletricidade
Os neurônios truncam as imagens captadas pelo olho.
Alguns só enxergam cores.
Outros, apenas movimentos ou formas.
É espetacular como reúnem essas informações, sem fazer a menor confusão.
Revista Super Interessante; Edição 68; Maio de
1993
Lúcia Helena de Oliveira
Disponível em:
[1] Basta um simples aceno e
a mão em movimento assume até centenas de formatos diferentes, numa seqüência
que dura segundos. No entanto, não importa o ângulo em que observa a sua palma
e nem sequer as curvas traçadas pelos dedos, o expectador sabe o que está vendo
— aquilo, sem dúvida, é uma mão e ponto. Tamanha certeza só é possível porque o
cérebro consegue, com rapidez maior do que a de um piscar de olhos, extrair
formas invariáveis dos objetos, a partir de um fluxo de informações em perpétua
transformação. Do mesmo modo, o comprimento das ondas luminosas refletidas pela
superfície de uma maçã, por exemplo, se altera conforme a iluminação do
ambiente. Mas o sistema nervoso simplifica as coisas e atribui à fruta uma cor
constante. “Interpretação é boa parte do que chamamos sensação”, explica o
neurologista Charles Gray, do Instituto Salk, nos Estados Unidos, em entrevista
a SUPERINTERESSANTE. “Essa capacidade de interpretar imagens só é extremamente
eficiente por causa de uma complexa divisão de funções, do ponto de vista do
cérebro.” Ou seja, existem neurônios que trabalham em ritmo de dedicação
exclusiva à compreensão de cada detalhe daquilo que se está vendo.
[2] Na ótica cerebral, há no
mínimo 25 maneiras diferentes de se enxergar o mundo. E o mais espetacular é
que todas elas se unem para produzir uma única imagem da realidade. São 25 as
áreas no córtex — a superfície cor de chumbo do cérebro — que têm algum
envolvimento com a visão. “Há quem desconfie da participação de umas outras
cinco” diz Gray, “totalizando algo em torno de trinta regiões com o papel de
decodificar, cada uma delas, um aspecto específico da imagem captada pela
retina, no fundo do globo ocular”. Assim, existem áreas que interpretam apenas
cores e áreas que se encarregam de revelar formas e movimentos. A equipe do
cientista se destaca na investigação de como pontos distintos do cérebro
cooperam entre si, criando imagens que não aparen-tam, nem um pouco, a
separação de tarefas dos neurônios.
[3] Por que será que uma
banana parece amarela e uma cereja parece vermelha? A questão, sem importância
à primeira vista, mobiliza em torno de 2000 pesquisadores no mundo inteiro.
Entre eles, um jovem médico alemão de 32 anos que, mal saiu da faculdade, trocou
o consultório pelo laboratório. No Instituto Max-Planck, em Frankfurt, na
Alemanha, o neurologista Andreas Engel se concentra em responder como os
neurônios fazem para não confundir as bolas, ou melhor, a figura alongada da
banana com a circunferência da cereja “Pois, já que a cor e a forma são
processadas em cantos diferentes do córtex, se as duas frutas fossem colocadas
lado a lado, as células nervosas bem que poderiam cruzar as linhas, criando a
visão de uma banana vermelha junto de uma cereja amarela”, raciocina Engel, com
o ar maroto de quem acha a imagem divertida. “Mas o fascinante é que os
neurônios não costumam errar”, diz ele, com olhos brilhando.
[4] Por isso, os cientistas
apostam: as células das áreas visuais do cérebro se comunicam por meio de um
código secreto. “É como se os neurônios capazes de perceber o tom vermelho
fossem avisados que tal cor corresponde ao mesmo objeto que outro grupo de
neurônios interpreta como sendo uma forma redonda”, descreve o médico
pesquisador. “E assim, no cérebro, onde todas as visões são produzidas, a
cereja acaba tingida de rubro.” Engel e sua equipe acreditam ter decifrado o
código dos neurônios. Guardaram o segredo a sete chaves, até o último Encontro
da Sociedade Americana de Neurociências, quando 16 000 cientistas de vários
países fizeram o balanço das últimas descobertas sobre o funcionamento do
cérebro. Durante o evento, a apresentação da tese assinada pelo grupo do famoso
instituto alemão causou furor: “Os neurônios, espalhados por diversas áreas, só
conseguem relacionar corretamente as informações sobre cor, forma e movimento
de um mesmo objeto qualquer, porque trabalham em um mesmo compasso”, resume
Engel.
[5] Como tudo o que ocorre no
cérebro — de um pensamento à dor de um pontapé —, a visão também é pura eletricidade.
Com equipamentos de alta precisão, os pesquisadores alemães gravaram os sinais
elétricos disparados pelos neurônios de gatos. “As mensagens nervosas
relacionadas à visão têm um ritmo próprio”, explica o físico Peter König, que
participou da experiência. “Em geral, os neurônios ligados a esse sentido
descarregam eletricidade em intervalos de 15 a 30 milésimos de segundo. Ou
seja, geram ondas elétricas que podem oscilar entre 30 e 70 vezes por segundo.”
Para o pesquisador, são essas oscilações que fazem toda a diferença de objetos
diferentes. Enquanto o gato olhava para determinada figura, o exame apontava um
padrão de onda idêntico em todas as áreas especializadas que entraram em ação;
por sua vez, diante de duas figuras, surgiam dois padrões ou desenhos de ondas.
“O cérebro deve relacionar ondas iguais como sendo pertinentes a um mesmo
objeto”, especula o físico. “Se isso não acontecesse, numa visita a um museu,
as pessoas poderiam enxergar as estátuas caminhando e os turistas estáticos”,
exemplifica.
[6] Alguns cientistas não se
deram por satisfeitos com a teoria de König e Engel — embora não tenha sido
descartada, ela precisa enfrentar uma batelada de testes, inclusive usando
outros modelos animais, como macacos. De qualquer modo, tentativas como essa de
compreender a rede de transmissão cerebral vêm tornando o estudo da visão um
dos campos mais efervescentes das chamadas Neurociências, hoje em dia.
[7] O mapa moderno do chamado
córtex visual, dividido em diversas áreas relativamente distantes entre si, surgiu
há apenas duas décadas. Até então, prevalecia a imagem criada pelos primeiros
neurologistas que pesquisaram sobre esse tema, no século passado. Eles tinham
uma visão bastante diferente da atual: acreditavam que a luz refletida pelos
objetos impressionava a retina dos olhos, como se esta fosse um filme
fotográfico. Ali, essa impressão era transformada em sinais nervosos,
disparados para uma região da superfície cerebral, próxima da nuca, encarregada
de revelar a imagem gravada na retina. Portanto, numa leitura simples, ponto
por ponto. Antes de alcançarem essa área nobre, porém, os sinais enviados pelos
olhos faziam escala numa estrutura arredondada, abaixo do córtex — o núcleo
geniculado lateral.
[8] A concepção desse caminho
está correta; o problema é que representa apenas parte da trajetória das
informações visuais pelo cérebro. Aquela região na parte de trás da cabeça,
hoje se sabe, funciona como uma espécie de agência do correio, distribuindo as
informações que ali chegam para destinatários diferentes. Essa mudança de
concepção resultou até mesmo em uma alteração de nome: a tal região
distribuidora, que antes era conhecida por córtex visual, como se fosse rainha
absoluta nessa função, passou a ser chamada de córtex visual primário. Pois,
além desse, há pelo menos outros quatro territórios sagrados da sensação visual
no cérebro.
[9] As evidências de que a
visão não tinha um único endereço no sistema nervoso central surgiram no início
da década de 70, com experiências usando macacos, realizadas por duas equipes —
uma americana, da Universidade de Wisconsin, e outra inglesa, da Universidade
de Londres. Os pesquisadores instalaram eletrodos no cérebro dos animais, para
monitorar a atividade elétrica de suas células; mais tarde, mostraram-lhes
imagens diversas — linhas, quadrados coloridos, pontos que se moviam. Desse
modo, descobriram que milésimos de segundo depois do estímulo visual, ou seja,
após a apresentação das figuras, os sinais partiam do córtex visual primário
(também chamado V1, sendo a letra V de visão), para uma área ao seu redor, logo
classificada de V2.
[10] Próxima dessas duas
áreas, uma terceira entrava em ação, mas somente quando os cientistas faziam os
animais observarem o desenho de formas. No entanto, essa área, batizada de V3,
era indiferente às cores. Já outra parte do córtex, a V4, tinha predileção pelo
colorido, embora também fosse ligeiramente sensível aos formatos. Finalmente,
qualquer movimento era percebido em uma quinta região, a V5. Graças a certos
tipos conhecidos de cegueira, os pesquisadores deduziram que, assim como o dos
símios, o sistema nervoso do homem também separava cores, movimentos e formas,
na hora de interpretar uma imagem. Existem pessoas com lesões cerebrais,que
enxergam nitidamente os contornos dos objetos, mas não fazem a menor distinção
entre um pálido tom de cinza e um rosa-choque. Sinal de que, nelas, a área
danificada do cérebro operava com cores, sem ter nada a ver com os formatos.
[11] Restava saber se, no
homem, essas áreas especialistas se situariam na mesma posição em que foram
encontradas no cérebro dos macacos. A resposta, afirmativa, só foi possível na
última década, com o desenvolvimento da chamada tomografia de emissão de
pósitrons. Essa técnica permite visualizar quais áreas cerebrais estão sendo
mais irrigadas pelo sangue, quando alguém desempenha uma tarefa qualquer.
Supõe-se que o aumento da circulação sanguínea corresponda à demanda de
energia, provocada pela atividade dos neurônios. O tomógrafo de pósitrons
também revelou que as cinco grandes regiões, de V1 a V5, identificadas no
cérebro humano, podem se subdividir, criando as 25 áreas especializadas
conhecidas.
[12] Na verdade, essa
especialização é muito mais requintada — ela pode chegar ao nível celular, a
ponto de existir um único neurônio encarregado de reconhecer a imagem de uma
unha do dedão do pé, desconfiam os pesquisadores. E essa idéia não é nada
absurda, diante de uma experiência, já considerada clássica, realizada há cerca
de dez anos pelo neurologista Charles Gross, professor da Universidade de Princeton,
nos Estados Unidos. O cientista tentava gravar os sinais elétricos emitidos por
neurônios isolados, no córtex de um macaco Rhesus, que havia recebido anestesia
local. O animal teve de olhar para linhas, sinais luminosos e desenhos
geométricos. Seus neurônios, porém, não deram o menor sinal de atividade. Até
que, desolado, Gross balançou as mãos — e, detalhe, nesse tipo de experimento,
os pesquisadores procuram se manter imóveis, para não atraírem o olhar das
cobaias, atrapalhando a análise dos resultados. Espantado, o cientista
americano viu que seu gesto de desistência fez os neurônios do macaco
dispararem. Prova de que aquelas células nervosas desprezavam estímulos
simples, como traços riscados em cartolina, com os quais Gross tinha perdido
tempo e a paciência.
[13] Não é à toa que esses
neurônios esnobes terminaram apelidados pela comunidade científica de
células-avós, por serem acionadas diante de figuras tão complexas e ricas em
detalhes como o rosto de uma senhora idosa. Certos estudos indicam que as tais
células-avós servem para o reconhecimento rápido e rasteiro de imagens
consideradas tremendamente importantes. Há seis meses, por exemplo,
encontrou-se em carneiros células-avós especializadas em identificar o perfil
de predadores.
[14] A mais recente descoberta
no campo de estudos da visão foi realizada pela equipe do neurologista Ichiro
Fujita, do Instituto Riken, no Japão. Os pesquisadores, mais uma vez, mostraram
figuras diversas a um grupo de macacos, medindo a atividade dos neurônios numa
área situada logo acima da altura da orelha esquerda — é ali, acreditam, o
grande arquivo da memória visual. Os cientistas notaram que o desenho de um
círculo negro com o centro branco, por exemplo, ativou determinadas células
nervosas na primeiríssima camada do córtex. Uma figura ligeiramente diferente —
a do mesmo círculo negro, dessa vez com uma forma oval no meio — acionou
células na camada logo abaixo daquelas primeiras. E assim por diante. Logo,
conclui-se que o cérebro tem uma coleção de imagens, dispostas numa seqüência:
a que está gravada em determinado neurônio difere muito pouco da que está
guardada na célula imediatamente abaixo ou acima. Embora o córtex, isto é, a
camada superficial do cérebro, não tenha mais do que 2 milímetros de espessura,
os cientistas estimam que isso é suficiente para armazenar em células
sobrepostas — só nessa região atribuída à memória, bem entendido — algo em
torno de 1 000 ícones.
[15] Esses ícones seriam como
letras de um alfabeto com o qual o cérebro escreve — e assim reconhece — o nome
daquilo que está vendo. Por exemplo: numa célula pode estar gravada a imagem de
um bigode; em outra, um formato de olho; bastariam esses dois neurônios serem
ativados, para certa pessoa reconhecer o rosto do pai. Ou seja, a combinação
dos neurônios determina um padrão, graças ao qual uma figura, por mais complexa
que seja, acaba sendo reconhecida. De acordo com o neurocientista Rodolfo
Llinas, da Universidade de Nova York, esse estudo pode fornecer pistas sobre
como funcionam outros tipos de memória, como a auditiva. “Devem existir pontos
em comum”, diz ele. “Na verdade, a pesquisa da visão ajuda a esclarecer os
mecanismos de outras funções cerebrais mais genéricas, como a atenção ou o
aprendizado”. Ele próprio, como contou a SUPERINTERESSANTE, tem segundas
intenções ao investigar esse sentido: “Os neurônios das áreas visuais só
conseguem juntar as informações de maneira lógica e organizada quando a pessoa
está acordada”, afirma. “Ou seja, com uma melhor compreensão dos mecanismos da
visão, teremos avançado no sentido de entender aquele estado cerebral conhecido
por consciência. ”
O que chama a atenção
[16] Há pessoas que vivem
esbarrando nas portas; só esvaziam um lado do prato repleto de comida; só
maquilam ou fazem a barba de uma das faces e, pior, depois disso, diante do
espelho, não vêem nada de errado no próprio visual. Essa gente parece enxergar
o mundo pela metade. Mas só parece. Seu problema, decorrente de lesões
cerebrais, foi descrito no final do século passado: trata-se de uma
heminegligência, ou seja, as vítimas negligenciam um dos lados de seu campo de
visão — o lado oposto àquele onde está a lesão no sistema nervoso. “Elas
enxergam tudo, mas só prestam atenção a um dos lados”, explica o neurocientista
Luiz de Gonzaga Gawryszewski, professor da Universidade Federal Fluminense, em
Niterói, Rio de Janeiro. “Se você colocar essa pessoa na frente de uma casa,
ela só descreverá o seu lado esquerdo”, exemplifica. “Então, ao se virar de
costas para a casa, quando os lados se invertem, descreverá a fachada direita.
Sinal de que a tinha visto antes, mas não deu a menor importância.”
[17] Isso prova que, no
cérebro, enxergar e prestar atenção envolvem estratégias nervosas diferentes.
Mas é por meio da visão que a equipe chefiada por Gawryszewski pretende
esclarecer o comportamento do cérebro atento. “A atenção é um estado em que se
cria um filtro”, diz a médica Tania Gouvêa Thomaz, que integra o grupo de
pesquisadores. “O cérebro seleciona o que lhe interessa e, a partir daí, barra
algumas informações, deixando passar outras.” Os cientistas fluminenses
desenvolvem experiências, para medir o tempo que uma pessoa leva para reagir
diante de um estímulo visual. “É uma maneira de ver a quantas anda a sua
atenção”, justifica Tania.
[18] Em um desses
experimentos, por exemplo, voluntários ficam diante de uma tela de computador,
com os olhos fixos em determinado ponto. Eles devem apertar uma tecla, assim
que se acender um sinal luminoso em outro canto. Só que, antes, surge uma seta,
indicando a possível direção desse estímulo. A reação chega a ser entre 30 e 40
milisegundos mais rápida, quando a pista está correta. “Quando a dica da seta é
falsa, o cérebro tem de realizar três operações”, fala a médica. “Em primeiro
lugar se desliga do ponto em que se concentrava; depois movimenta a atenção
para onde ocorreu de fato o sinal luminoso e, então, encaixa o foco nesse
ponto. Não é à toa que demore tanto, porque esses milisegundos, para nós, são
uma enorme diferença.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário