PETROBRAS E
AS AÇÕES JUDICIAIS NOS EUA E NO BRASIL:
AIDE-MÉMOIRE:
O PENSAMENTO DE PEDRO PARENTE.
O que revela o discurso de posse* de Pedro Parente [na Petrobras em 02jun2016]
Fonte: FUP – Frente Única dos
Petroleiros; 3 de Junho de 2016
Acesso RAS em 2018-01-05
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Por Norian
Segatto, no blog Sociedade, Política e Cultura;
02jun2016
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(*) PEDRO
PARENTE tomou posse [em Brasília, dia 01jun2016 e assumiu o posto] nesta
quinta-feira (02.jun.2016) na sede da empresa, no Rio de Janeiro, como novo
presidente da Petrobrás.
Maior companhia do país, a
Petrobrás é responsável por cerca de 13% do PIB brasileiro, emprega diretamente
mais de 80 mil funcionários, mais de 200 mil terceirizados e é uma das grandes
indutoras do desenvolvimento social e econômico do país. Sua importância
estratégica para o Brasil é inquestionável.
Em um discurso de nove páginas, Pedro Parente deixou
claro que vem com a missão de cumprir a agenda neoliberal que o PSDB tentou
emplacar nos governos FHC, mas que foi impedida pela determinação dos
trabalhadores, pela força da sociedade e pela mudança de governo.
Agora, voltam à carga nos braços
golpistas. Destaquei alguns trechos do discurso de Parente. São bastante
reveladores. Leiam a seguir
[1] SOBRE O CONTEÚDO NACIONAL
“Que prevaleça pela competência,
que lhe permita passar [o conteúdo nacional] pelo teste ácido da concorrência,
e não pela constituição de reservas de mercado que, ao contrário, só têm
apresentado resultados pífios, especialmente nos prazos de entrega”.
Ou seja, bye, bye política de
conteúdo nacional, que ajudou o país a superar a crise de 2008/2009 e a
recuperar importantes setores como o da construção naval.
[2] SOBRE O PRÉ-SAL
“A Petrobras e o Brasil não podem
se dar ao luxo de esperar tempo demais. Temos que arregaçar as mangas e levar o
pré-sal ao seu potencial máximo, sem estarmos presos a amarras dogmáticas e com
a colaboração das empresas parceiras”.
“Nesse sentido, a empresa apoia a
revisão da lei de exploração do pré-sal com a substituição da exploração de
cada campo, substituição da obrigação que participe com pelo menos 30% da
exploração de cada campo, pelo direito de preferência com a participação que
julgar atender melhor os seus objetivos. Em nosso ponto de vista, como está,
essa lei não atende nem aos interesses da empresa, nem do país”.
Nada mais claro do que essa
declaração. Parente apoia o projeto de seu padrinho José Serra, de entregar a
operação do pré-sal ao mercado internacional, abrindo mão da soberania nacional
energética, o que ele chama de “amarras dogmáticas”.
[3] GESTÕES ANTERIORES
“A Sociedade Brasileira e os
acionistas têm, hoje, visão mais clara das verdadeiras causas da situação atual
da Petrobras: a euforia e o triunfalismo do discurso dos anos recentes não servem
mais para esconder o verdadeiro descalabro que vitimou essa companhia”.
Aqui, Parente ataca diretamente o
governo Lula, que descobriu o pré-sal e o de Dilma, que marcou a descoberta
como “passaporte para o futuro”. Ao tentar desconstruir essa visão, PP se alia
ao discurso de empresas estrangeiras que desqualificam a Petrobrás para tomar
de assalto seus recursos.
[4] SOBRE A REFINARIA DE PASADENA
“Uma série de projetos e
investimentos se mostrou irrealista, seja sob o ponto de vista de prazo de conclusão,
de seus custos finais e pelas premissas utilizadas, muitos deles frequentando
noticiário com razões altamente negativas, e não produziram os retornos
desejados”.
Parente quer atacar,
principalmente, a compra da refinaria de Pasadena, que esteve na mira da mídia
por muitos meses, como um exemplo de péssimo negócio. O ex-presidente da
empresa, José Gabrielli, já explicou por diversas vezes porque a compra não foi
um mau negócio na época. A refinaria atualmente está em atividade e dando
lucro.
[5] SOBRE A CAPITALIZAÇÃO DA PETROBRÁS
“É discussão corrente que para
sair dessa grave situação a União, como principal acionista, deveria promover
uma capitalização da empresa. Não gosto dessa visão por vários motivos”.
“Isso não quer dizer que
poderemos dispensar o apoio das autoridades brasileiras para o nosso plano de
recuperação. Pode ser que esse plano demande alterações legais ou
regulamentares, que dependam desse apoio para o seu pleno sucesso”.
A tradução mais literal dessa
frase é simples: mudar o marco regulatório do pré-sal e atrair investimentos
estrangeiros sem a interferência do Estado, que, afinal, detém, ainda, a
maioria das ações da Petrobrás. Vê-se aqui as digitais de José Serra e seu
sonho entreguista.
[6] SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL
“A minha primeira prioridade é a
continuação da recuperação econômica e financeira da empresa... Isso certamente
envolve um cumprimento de sua função social e as relações com seus empregados e
as comunidades onde atua dentro e fora do Brasil. Mas essa função social, por
mais que leve em consideração o interesse público e as políticas do seu
controlador, o Estado brasileiro, não podem, de forma alguma, se confundir com
ele... A busca da sua função social não é excludente nem se opõe a uma atuação
da Petrobras com responsabilidade econômica e financeira”.
Ao contrapor “responsabilidade
financeira”, com “responsabilidade social”, Parente dá a senha de que a empresa
irá rever seus compromissos com a sociedade. Em vez de se consolidar como
indutora do crescimento econômico e social do Brasil, sob a tutela neoliberal
será uma empresa voltada exclusivamente para o lucro de seus acionistas e, se
possível, com a menor interferência possível do Estado, até a sua completa
privatização.
[7] RETORNO DE INVESTIMENTOS
“O segundo pilar para o resgate
da Petrobras é a adoção da responsabilidade econômica e financeira em
absolutamente todos os planos e ações da empresa. Pelo bem da empresa, o que,
insisto, inclui o atendimento de sua função social, todos os investimentos e
ações adotadas pela companhia devem ter clara e inconteste relação com a
capacidade de gerar o retorno econômico”.
Essa frase só torna ainda mais
clara a posição do lucro se sobrepor à função social da Petrobrás.
[8] POLÍTICA DE DESINVESTIMENTO
“É crucial para a reconstrução da
Petrobras também continuar com o seu plano de desinvestimentos da companhia. A
empresa precisa fortalecer o seu caixa e reduzir a sua dívida e os
desinvestimentos são fundamentais para esse objetivo”.
Mantém a política adotada pelo
atual Conselho de Administração, de vender ativos para fazer caixa. Essa é uma
política, no mínimo, equivocada no atual momento, quando área do petróleo está
com sobre oferta de ativos no mundo todo, fazendo com que os preços desses
ativos sejam aquém do poderiam oferecer em outro cenário.
[9] BENÇÃO “PADINHO” SERRA
“Também saúdo o ministro das
Relações Exteriores, cuja rede de colaboradores mantemos frequentes contatos no
exterior”.
Mesmo sem estar presente na
cerimônia de posse, José Serra foi lembrado e homenageado pelo seu apadrinhado.
A indicação de Parente para a Petrobrás partiu do atual ministro das Relações
Exteriores.
[10] DIÁLOGO COM O MERCADO
“A lista de desafios no caminho
da Petrobras é longa, mas quero trilhá-la através do diálogo intenso com todo o
setor de Energia, Gás, Óleo e Gás do país. Esse diálogo se inicia pela Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP. Pelo Instituto
Brasileiro do Petróleo, IBP, que congrega as empresas desse setor e as
lideranças das entidades representativas do mundo industrial, como a Firjan.
Inclui também a Comissão de Valores Imobiliários e a sua congênere americana, a
SEC. Os órgãos ambientais, tanto o Ibama quanto os estaduais... A todos reitero
o meu compromisso com uma relação franca e transparente”.
Nem uma palavra aqui sobre
diálogo com os trabalhadores. Mas isso vem logo abaixo.
[11] RECADO AOS FUNCIONÁRIOS
“Eu quero dirigir-me agora a
todos os meus novos colegas de trabalho, os mais de 80 mil funcionários da
Petrobras. Que mantenham a dedicação e o empenho pela total recuperação da
empresa. Com afinco e trabalho sério, vamos conseguir trazer de volta essa
empresa ao posto que ela merece”.
Ou seja, trabalhem para dar lucro
para a empresa.
[12] SEGURANÇA
“Teremos especial atenção para a
nossa gente, começando pelo tema da segurança. Temos que nos empenhar para
eliminar as situações que podem terminar com ‘vitimização’ dos nossos
colaboradores, próprios ou terceirizados, não faz a menor diferença, com ou sem
afastamento ou, ainda mais grave, com fatalidades. A segurança tem que ser um
valor absoluto”.
O tempo dirá se é apenas uma
frase de efeito ou um compromisso sério. A questão da segurança é um dos
principais itens cobrados pelo movimento sindical.
[13] DIÁLOGO DO SIM SENHOR
“A hora é de diálogo e de
cooperação para o resgate da nossa empresa. E nesse sentido, a representação
dos nossos empregados por meio das suas instituições regularmente constituídas,
é peça fundamental e é bem-vinda, desde que imbuída desses elevados
propósitos”.
Imbuída desses elevados
propósitos??. Ou seja, haverá diálogo com as representações sindicais se essas
assinarem a cartilha neoliberal de desmonte da empresa. Não há diálogo possível
com base nessas premissas.
Fonte: Blog Sociedade, Política e
Cultura
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