quinta-feira, 21 de maio de 2015

[82] BOEMIA E BARATONAS: BAR DO LÉO AMEAÇADO DE DESPEJO EM 2009 - Recordar é viver

As ameaças de despejo em 2009 da 
ACADEMIA MUSICAL BAR DO LÉO
e a reação da comunidade ludovicense em defesa do patrimônio cultural brasileiro.
Seu Léo contando a estória pra Nonato Buzar, com o registro do Mestre Parafuso; Foto: Ronald Almeida

O DRAGÃO DA MALDADE
da “burrocracia” estatal
contra o Santo Guerreiro
da preservação musical.

SÃO LUÍS CAPITAL BRASILEIRA DA CULTURA 2009.
São Luís Patrimônio Nacional e Mundial, Maranhão, julho 2009.
Ronald de Almeida Silva, colaborador “ad hoc”.

BAR DO LÉO: O DESPEJO E A NOVA ORDEM! [3]
 
----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 1:55 PM
Subject: Re: RONALD ALMEIDA - Fim do Bar do Léo - REVOGADO O DESMONTE

São Luís, Ma, 19 julho 2009.

PREZADO CELIJON ABREU RAMOS,

Agradeço sua atenção e as informações sobre a polêmica do despejo da ACADEMIA MUSICAL BAR DO LÉO.

A primeira batalha / 1ª fase foi vencida, não haverá mais despejo a ser consumado. Mas a COOFEVI e o Seu Léo - Leonildo Peixoto Martins - , devem chegar a um acordo formal e contratual com as autoridades do governo do Maranhão.

Sobre quem é o responsável pelo constrangimento, não tem a mínima importância - ao menos para mim - se as ameaças ou procedimentos anacrônicos de regularização de cessão de uso de bens imóveis públicos a particulares partiram do governo passado [JKL] ou do atual [RSM] - pois o Poder Público deve ser impessoal e tratar as coisas sem ideologias e partidarismos, sem perder o foco sociocultural e socioambiental das coisas relevantes para a população.

A solução para Academia Musical Bar do Léo é simples e compreensível: passa pelo crivo jurídico, normativo, administrativo e financeiro, e tudo isso é rotina no serviço público, o qual conheço muito bem, por ser servidor público estadual desde junho 1980.

A próxima fase, a segunda, é cuidar do processo protocolar de regularização contratual, dentro de regras e normas que sejam legítimas e passíveis de cumprimento, sem desmonte do acervo cultural do Bar do Léo.

A terceira fase é:
(3.1) organizar a entidade civil não governamental Academia Musical Bar do Léo, para poder receber recursos e inventariar o valioso – do ponto de vista cultural - patrimônio musical e etnográfico acumulado por Seu Leonildo e família; e,
(3.2) convencer os poderes públicos e as empresas privadas a apoiar - com recursos técnicos e financeiros - pontos de cultura como os do Bar do Léo e de Talvane Lukato [Memórias do Rádio], entre outros, que lutam sozinhos para manter acervos importantíssimos, em meio ao absurdo vácuo da inexistência e não implantação do MUSEU DA IMAGEM E DO SOM do Maranhão, criado pela Lei n° 8.319, que instituiu o Sistema de Gestão e Incentivo à Cultura do Maranhão, sancionada em 12.dez.2005 e até hoje não implementada.

Outro aspecto deletério é que a Lei da Cultura do Maranhão tem sido pouquíssimo debatida e mal é conhecida pelos próprios artistas e produtores culturais.

Por favor, veja versão atualizada hoje com nossas mensagens sobre o assunto.

Obrigado e até breve, pois só podemos encerrar este assunto quando tudo estiver devidamente regularizado, na forma da lei, sem atropelar as normas do governo do estado e sem desmontar a Academia Musical Bar do Léo.

Cordialmente,

Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista; [98] 9974-7777

PS1: Aqueles que puderem ajudar, por favor, enviem para seus amigos e mídia. Grato. RAS.

PS2: Legislação que cria o SEGIC, o SINC e o MIS-MA:
  • Lei de criação do SEGIC e do MUSEU DA IMAGEM DO SOM do Maranhão: Lei nº 8.319 de 12 de dezembro de 2005; que “Institui o Sistema de Gestão e de Incentivo à Cultura do Estado do Maranhão - SEGIC, e dá outras providências”.
Art. 7º Ficam criados na estrutura da Secretaria de Estado da Cultura:
I - o Conselho Estadual de Cultura - CONSEC;
II - o Museu da Imagem e do Som do Estado do Maranhão.
  • Decreto nº 22.111 de 15 de maio de 2006; Regulamenta o Subsistema de Incentivo à Cultura – SINC, de que trata o art. 2º da Lei nº 8.319, de 12 de dezembro de 2005.

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 10:54 AM
Subject: RE: RONALD ALMEIDA - Fim do Bar do Léo - REVOGADO O DESMONTE

Ronald, depois dessa entrevista do Luciano Moreira, a coisa continuou engrossando com a nota da Secretária de Comunicação, que insistia no despejo do bar. Ontem, à tarde, o secretário de cultura Bulcão esteve pessoalmente no Bar do Léo e tranquilizou-o. O Bar do Léo permanecerá com as portas abertas e no mesmo lugar.
Parabéns a todos nós que, de uma forma ou  outra, contribuímos com a mobilização em favor da manutenção do bar e, por conseguinte, com o fortalecimento do patrimônio cultural de nossa cidade.
Celijon Abreu Ramos


BAR DO LÉO: O DESPEJO E A NOVA ORDEM! [2]

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Sent: Sunday, July 19, 2009 11:51 AM
Subject: RONALD ALMEIDA - SÃO LUÍS-MA - BAR DO LEO - AMEAÇA DE DESPEJO

PREZADO MHARIO LINCOLN,
Saudações ludovicenses,
Produtores musicais, jornalistas, blogueiros, amantes da música, colecionadores de discos, boêmios, feirantes e uma imensa legião de usuários e admiradores do Bar do Léo nesta Ilha do Amor [apesar dos muitos e crescentes descalabros urbanísticos] fizeram um protesto contra a AMEAÇA DE DESPEJO que o Governo do Maranhão, desde a gestão passada, vinha tentando ultimar, dando agora 48 horas para o Mestre Léo desocupar o espaço onde está há quase 30 anos prestando serviços de utilidade pública essenciais à sobrevivência cultural do ser humano, no Hortomercado da antiga COBAL do Conjunto Cohab Vinhais.
Este triste fato, essa ameaça culturicida por parte do poder público, estava se dando no ano de 2009 em que esta outrora aprazível cidade / município de São Luís Patrimônio Nacional e Mundial [desde 06/12/1997] celebra o título de CAPITAL BRASILEIRA DA CULTURA!!!???
É assim que querem comemorar esse título, desmontando o principal ponto de cultura - o único MUSEU DA IMAGEM E DO SOM privado [em espaço aberto ao público] do Maranhão? Só pode ser um ataque de insanidade administrativa!
Liguei para Roberto Fernandes, em seu programa na Rádio Mirante AM e o famoso radialista e desportista deu grande repercussão ao fato; o jornal O Imparcial, idem, dedicando uma página inteira ao nefasto assunto no dia 17 passado, assinada por Francilia Cutrim [parabéns Francilia e muito obrigado ao Imparcial-MA]; Zema Ribeiro e Ricarte Ameida Santos detonaram mensagens em seus blogs/sites; Walter Rodrigues, idem. Esse notável e ágil mutirão de solidariedade cultural funcionou: o Governo revogou as causas da ordem iminente de despejo e está disposto a uma renegociação de contrato de cessão de uso em bases mais inteligentes e sãs.
Envio-lhe anexos com alguns textos sobre o assunto, os quais você pode publicar em seu site/portal se houver interesse e espaço. Um grande abraço e parabéns pelo sucesso crescente de sua missão como comunicador cibernético do Século XXI.
Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista; [98] 9974-7777
PS: Aqueles que puderem ajudar, por favor, enviem para seus amigos e mídia. Grato. RAS.

BAR DO LÉO: O DESPEJO E A NOVA ORDEM! [1]

Ronald Almeida
São Luís, Patrimônio Mundial, Maranhão,
17 julho 2009, sexta-feira;
 
Caros amigos,

Na manhã de ontem fui alcançado pelo incansável e diligente produtor e pesquisador musical Ricarte Almeida Santos, que me dizia ao telefone de sua preocupação com uma iminente “desgraça cultural” que ameaça abater o mais importante acervo musical do Maranhão à disposição do público.

Não bastassem as desgraceiras urbanas e rurais que temos de enfrentar no cotidiano da hora presente – tipo: esgotos fétidos a céu aberto e praias poluídas e embargadas; buraqueira insana por todos os bairros e conjuntos; sujidade medonha e lixo onipresentes em todas as ruas; centenas de meninos e meninas cheirando cola, esmolando e amolando os passantes e motoristas nos semáforos; milhares de cachorros vadios e animais de todo o tipo de couro e de pena soltos nas ruas; carteiras escolares usadas como lenha em forno de padaria; assaltos, roubos a banco, furtos, seqüestros, latrocínios e homicídios praticados impunemente à luz do dia como esportes radicais em todo o estado; dezenas de milhares de desempregados fazendo bico como ambulantes em qualquer área pública; a imagem do Maranhão sendo denegrida e despencando vertiginosamente no cenário nacional – UFA! – queriam desalojar e por na rua o Sr. Leonildo Peixoto Martins – o Mestre Léo e o seu imenso acervo cultural, histórico e musical que compõe o inigualável, honrado, discreto, pacífico, familiar, turístico e animado BAR DO LÉO.

Não se sabe ainda as causas reais e os mentores oficiais dessa tristíssima, inoportuna e injustificada idéia de jerico, dessa patuscada, desse lamentável equívoco das autoridades públicas estaduais!!

É coisa mal feita de quem parece não ter o que fazer, apesar de o Maranhão ainda estar na rabeira dos índices de desenvolvimento nacionais (sob qualquer ângulo que se examine) e que por mero instinto predador, quer “regularizar” – com mão pesada e a ferro e fogo - a concessão de uso do Bar do Léo no Hortomercado da antiga COBAL, no Conjunto Habitacional Cohab Vinhais.

Para isso, nessa sanha regularizatória, disseram ao advogado da cooperativa COOFEVI que gere o local, após muitas delongas, para dar 48 horas ao Mestre Léo para sair e escafeder-se com suas tralhas!!! Ou seja, deram 48 horas para acabar com a razão de ser do Bar do Léo!!! PQP!!!

Falando ao vivo ontem no programa de rádio do Roberto Fernandes, na Mirante AM, externei, como cidadão e arquiteto urbanista com 37 anos de experiência profissional, a minha preocupação, que é também a de Ricarte Santos, Parafuso Elvas Ribeiro, João Botafogo de Luna, Marcio Jerry, Paulo Tribuzi e de milhares de outros usuários, com uma decisão estúpida e deletéria para a cultura, o turismo e a economia desta tão maltratada cidade. Manifestei-me por uma solução sensata e mediada por pessoas qualificadas, que pudessem fazer a óbvia regularização que deve ser feita, sem os efeitos colaterais da burrice extrema de desalojamento do acervo cultural do Bar do Léo.

Roberto Fernandes, botafoguense como eu, foi solidário e comentou com ênfase essa defesa da racionalidade e buscou logo contato com o Secretário de Administração do Maranhão, órgão responsável pela gestão dos imóveis estaduais. O Secretário Luciano Moreira, sensatamente, informou no ar aos ouvintes da Rádio Mirante AM que a ordem de despejo do Bar do Léo já havia sido revogada e que o trâmite de regularização do espaço seria efetivado com mais tempo e atenção.

Resumo da ópera bufa: Mestre Léo, a COOFEVI e a Secretaria de Administração do Maranhão devem agora retomar o processo de regularização do espaço em novas bases, inteligências, prazos e preços, para que São Luís, o Maranhão e o Brasil possam continuar a ter pessoas físicas, de iniciativa privada, fazendo aquilo que o poder público, em geral, faz mal e muito pouco: preservar a memória da boa música brasileira, oferecendo acervo e espaço decente de audição e degustação gastronômica que geram orgulho e auto-estima para todo cidadão maranhense consciente de seu papel social.

Agradecendo à Rádio Mirante, jornal O Imparcial, Zema Ribeiro e outros blogueiros que deram boa cobertura à defesa desse patrimônio e com o endosso de Ricarte Santos e dos amigos citados e muitos outros mais que reconhecem o extraordinário valor do missionário cultural que é Leonildo Peixoto Martins, dedicamos,
Ao Mestre Léo e Da. Jandira, com carinho,

Ronald de Almeida Silva

MPB? IN DUBIO PRO LEO!

Ronald Almeida
Versão original: Janeiro 2001 [revisão edição 2008].



Atenção, leitores: quem não tiver mais espaço nas estantes para livros [e mais fotografias, revistas, programas de shows e recortes de jornal etc.] sobre Música Popular Brasileira – MPB ou sobre o melhor da música internacional; não quiser mais aqueles velhos discos de vinil [as velhas bolachas pretas] e nem mais os jovens CDs, que já estão dando lugar à mídia do MP3 e MP4; ou quiser doar um objeto antigo interessante [mesmo sem valor financeiro ou danificado] pode despachar tudo pro Seu Léo, proprietário Bar do Léo e mantenedor de um especial acervo. Além de uma imensa fitoteca, Seu Léo está sempre reorganizando uma exposição de objetos musicais e culturais e uma pequena biblioteca.

                Esses dois novos projetos já contam com o apoio de alguns colaboradores que contribuem com Seu Léo para a preservação da memória dos grandes personagens e fatos da boa MPB e da boa música de outras nacionalidades. Isto parece ser a razão maior de viver e prazer, motivo de dedicação intensiva e diuturna do “Dono do Bar” e pesquisador Leonildo Peixoto Martins. O Seu Léo, com sua simplicidade, bom ou mau humor [o que é razão direta da chatice de cada freguês] e discrição notáveis, nos inspira e causa sincera admiração pela qualidade, perseverança e dimensão do seu trabalho pessoal em prol da boa música.

                Há mais de vinte anos Seu Léo se dedica a escarafunchar lojas de discos, sebos e bancas de jornal em busca de raridades e preciosidades musicais gravadas, usando para isso sua sensibilidade e intuição raras para garimpar coisa de qualidade e de valor artístico. Com muito sacrifício pessoal e 99% de recursos próprios, Seu Léo vem montando e mantendo um [custoso] arquivo de mais de 5.000 fitas cassetes, LPs [33, 45 e até 78 rpm] e CDs – tudo bem catalogado e memorizado -, o que deve compreender cerca de 100.000 músicas gravadas [estimativa até 2008].

                O arquivo do Bar do Léo pode ser considerado como o maior e melhor acervo musical - aberto ao público todos os dias - de que se tem notícia, instalado em estabelecimento comercial no Maranhão e, certamente, um dos mais importantes arquivos de bar em todo o país. Temos conhecimento de outros acervos até maiores – como o excepcional arquivo do radialista e pesquisador Talvane Lukato [1] – mas que não estão disponíveis para audição pública cotidiana em bar.

                Além disso, e tão importante quanto seu acervo físico, temos um imenso arquivo virtual: guardadas e adubadas com carinho no miolo bom do Seu Léo, e de seus comparsas do bem - Parafuso, Paulo Guimarães, João Dias, Ricarte Almeida Santos e outros fregueses especialistas - temos uma mnemônica enciclopédia quase britânica de informações musicais, inclusive recheada de detalhes pitorescos, que sua fabulosa memória traz à luz para brindar os interlocutores interessados.

                Quando surge alguma dúvida ou provocado por algum pretensioso sabichão a respeito de determinado fato musical, Seu Léo não sossega e quase nem dorme. Enquanto não tira a prova dos nove e passa a limpo a questão, Seu Léo move céus e terras, por telefone e em missões expeditas no seu combalido fusquinha. Batalha e garimpa até encontrar a informação correta e mais completa possível, para acalmar sua angústia ou a dos amigos ou para esfregar a verdade no nariz do sabichão, já que Seu Léo não leva desaforo musical e nem desinformação para casa!. Esta é a verdadeira alma do pesquisador. Aliás, em matéria de MPB podemos adotar, parodiando os juristas, o seguinte lema: “IN DUBIO PRO LEO!”.

                Com toda essa energia, esses acervos e a confraria amistosa que freqüenta aquele recanto boêmio nos fundos do Hortomercado COBAL do COHAB Vinhais [3], passamos a considerar esse reduto etílico sui generis e casa de trabalho desse pesquisador ímpar, como a Academia Musical Bar do Leo, uma fonte imbatível de sapiência e de valiosas e detalhadas informações sobre a MPB e outras boas vertentes musicais.

                Por ali passam para curtir uma gelada e, de vez em quando, dar uma boa “canja”, artistas maranhenses natos ou adotivos de alto calibre, como Alberto Trabulsi, Alê Muniz, Ana Cláudia, Antonio Paiva, Arlindo Carvalho, As Brasileirinhas, Augusto Bastos, Augusto Pelegrini, Beto Pereira, Bruno Batista, Carlinhos Veloz, Cecília Leite, Célia Maria, Célio Muniz, Celson Mendes, César Roberto, César Teixeira, Chico Maranhão, Chico Nô, Chico Saldanha, Chiquinho França, Cláudio Pinheiro, Cláudio Valente, Djalma Chaves, Erasmo DiBel, Erivaldo Gomes, Fátima Passarinho, Flávia Bittencourt, Garrincha, Gerude, Tutuca, Hoendel, Inácio Pinheiro, Isaac Barros, Jair Torres, Jeca, João Evangelista Canhoto, João Pedro “Sinhô” Borges, Joãozinho Ribeiro, Jorge Caburé, José Leonardo Espirro, Josias Sobrinho, Juca do Cavaco, Lazico, Lenita Pinheiro, Léo Capiba, Lourival Tavares, Luciana, Luis Claudio, Luis Mochel, Luiz Bulcão, Luiz Jr. Mestre Pipiu, Milla Camões, Nosly Jr., Patativa, Paulo Trabulsi, Roberto Brandão, Rogério do Maranhão, Ronald Pinheiro, Saboya Rabello, Sávio Araujo, Sérgio Habibe, Serrinha da Flauta, Solano 7 Cordas, Tato Costa, Tutuca, Vandico, Wilson Zara, Zé Carlos, Zé Costa, Zé Pereira Godão, Zeca Buiu, Zeca Tocantins, Zezé Alves da Flauta, e muitos outros poetas, músicos e os seresteiros, entre esses os que já foram na frente para tocar nas estrelas, como o Grande SIX, Domingos Martins, Cardoso, Lopes Bogéa e Mestre Antonio Vieira, e o eletrotécnico Oliveira.

                Visitantes ilustres de expressão nacional e internacional, como Mário Lago, Turíbio Santos, Nonato Buzar [sempre que vem a São Luís], Paulinho Pedra Azul, Amelinha, Fausto Nilo, Yamandu Costa, Fagner, Zeca Baleiro, maestro Zé Américo, também já “canjaram” e/ou marcaram presença por lá.

                Outras figuras notáveis como o poeta Nauro Machado, o general-da-banda Antonio Nelson Faria; os irmãos Callado, o radialista Ermelindo Sales, o botafoguense-mór João de Luna, o cartunista Cordeiro Filho, a imortal poetisa Laura Amélia, o casal 20 Keyla e Maninho; a mestre-cuca Rosana Cardoso; o sociólogo e mentor do Clube do Choro e do mais importante programa musical maranhense - Ricarte Almeida Santos -, os jornalistas Zema Ribeiro, Roberto Kenard, Luiz Cardoso, Aldionor Salgado, Leonardo Monteiro, para nosso gáudio, também comparecem ao Bar do Léo.

                Para edificar a nobre academia musical, Seu Léo tem lutado com muito sacrifício, como soe acontecer nesses casos raros. Mas, apesar de tudo, tem contado com a colaboração de algumas poucas, mas dedicadas pessoas, dentre as quais merecem destaque especial alguns militantes da boa amizade, da cultura e do copo, cidadãos acima de qualquer suspeita de abstinência. Eles são os membros fundadores da AMBL: MestreParafuso”[2] - o radialista calígrafo alopécico, memória viva do rádio e do disco, J.R. Elvas Ribeiro*-; o jornalista Márcio Jerry; o economista Paulo Tribuzi, o economista João Dias; o engenheiro Paulo Guimarães, o grande Faustino, o zelador do mercado, todos sócios-militantes de primeira hora, colaboradores inveterados, de fina estirpe e prata da casa, merecedores do nosso maior respeito.

                Fruto dessa faina coletiva, eis que Seu Leo, a partir de 1999, avança e dá início a duas novas frentes de trabalho: a organização da EXPOLEO - Exposição de Iconografia [Capas de Disco e Fotografias] e de Objetos Musicais e Utilitários da Cultura Maranhense e a organização do acervo documental escrito, a BIBLIOTECA da Academia Musical Bar do Leo. A singela Exposição está em mostra permanente no recinto do bar e tem crescido com rapidez, graças à pertinácia e bom gosto do Seu Léo e às doações de amigos.

                A Biblioteca, ainda engatinhando, vai se encorpando à medida das colaborações espontâneas de voluntários e amigos. Dentre essas, além dos livros e revistas, destacamos o material cedido por vários amigos da casa, como Paulo César Guimarães, que reproduzem páginas dos sites na Internet dos principais músicos, compositores e cantores da MPB. Essas páginas estão sendo compiladas e encadernadas para compor os PERFIS MUSICAIS, da “Coletânea Ao Léo”.

                Esse trabalho agora é colocado à disposição do público, não só para ajudar no eterno tira-teima dos “sábios”, como também dos pesquisadores, professores e estudantes de música que possam se interessar em fazer algo mais sério do que simplesmente degustar boa música em mesa de bar.          E pra encerrar, agradecendo ao Leonildo Peixoto Martins, Dona Jandira, dedicada esposa e colaboradora e sua família pelo bem que se tem ao freqüentar a Academia Musical Bar do Léo, só poderíamos repetir o bordão mágico do inesquecível do grande compositor maranhense [falecido] Cristóvão Alô Brasil: “Parabéns, Seu Léo, “EU ACHO É BOM!”

(*) Ronald de Almeida Silva, é arquiteto urbanista, especialista em desenho urbano e planejamento e regional. Nasceu em 02.junho.1947, na outrora Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro e reside em São Luís desde 08 novembro 1976. É Cidadão Ludovicense Honorário desde 1987. É sócio-fundador do Movimento em Defesa das Quitandas, Bares, Bases, Restaurantes e Cabarés Tradicionais da Ilha de São Luís e Alhures – MODEBATILUA. Escreve, vez por outra, quando recebe mensagens do além e psicografa alguns espíritos de porco ou quando tem notícia da ação deles pela imprensa.


PS:
[1] Talvane Lukato é um dos mais importantes pesquisadores da história do rádio brasileiro, reconhecido nacionalmente, profissional da área de radiodifusão, produtor e apresentador do excelente programa “Memórias do Rádio no Ar”, da Rádio Mirante AM, São Luís, MA. [98] 3237-0747

[2] Mestre Parafuso, (José de Ribamar Elvas Ribeiro; 70 anos em 06set2001), além de ser o maior baú de memórias do rádio e do disco, é membro da LBV, é também membro na CCCCompanheiros do Copo de Cachaça, título só concedido mui raramente a nobres apreciadores da legítima caninha, pessoas do naipe de César Teixeira, nossa referência básica. 

[3] A Academia Musical Bar do Léo está instalada desde 1987 (como bar, ponto do Léo) em três boxes nos fundos do Hortomercado da antiga COBAL (do bairro Conjunto COHAB – Vinhais) o qual é gerido pela COOFEVI – Cooperativa de Feirantes do Vinhais; sob concessão do Governo do Maranhão, através da SEPLAN-MA. Antes, Seu Léo trabalhou no mesmo ponto a partir de 1979, onde funcionava como padaria ou posto de pão.

[4] O outro Bar Léo; em São Paulo: [julho 2009]
O Bar Léo, escolhido pelo jornalista David Zing um dos cinco melhores bares do mundo, foi inaugurado em 1940: um botequim na Rua Aurora, 100, no centro de São Paulo. Muito simples, o bar servia os moradores da redondeza que, elegantes, faziam questão de sair de casa com a melhor roupa. O local não tinha nome ou placa, mas já possuía uma fiel clientela. As primeiras mudanças começaram quando o Seu Leopoldo, mais conhecido como Léo, comprou o local e passou a servir refeições. Com o apoio da esposa no comando da cozinha, ele conquistou de vez a clientela da região, inclusive um em especial, Hermes de Rosa, proprietário de uma mercearia das redondezas. Em 1964, Seu Leopoldo resolveu vender o bar. Não demorou muito para encontrar um comprador: Hermes de Rosa, o dono da mercearia. O novo dono implantou três novidades no bar: o nome Bar Léo foi oficializado - mas o bar foi mantido sem placa - o almoço passou a ser servido de segunda a sexta-feira com cardápio pré-estabelecido - algo que ninguém fazia na época - e a terceira novidade, a mais festejada pelos clientes - o chopp Brahma servido no local tornou-se o melhor da cidade, uma parceria que em 63 anos continua o maior sucesso. E o Léo não se contenta em ter apenas o melhor chopp da cidade. O bar também sempre se orgulhou de sua comida saborosa. Alguns dos pratos ficavam a cargo da esposa do seu Hermes, a dona Célia, que preparava em casa dentre outras delícias a famosa rabada, arroz doce, manjar branco e cocar mole para a sobremesa. O bar possui 10 funcionários, entre copeiros, chopeiros, garçons e cozinheira. Responsável pelos saborosos pratos que saem todos os dias da cozinha, dona Maria, funcionária é do Léo há 30 anos. Com a sua simpatia ganha sempre merecidos elogios por parte dos clientes. Recentemente, foi entrevistada pelo jornal Folha da Tarde, numa matéria especial sobre o bar, em reconhecimento ao seu trabalho em comparação a de outros cozinheiros famosos da cidade. O quarteto de garçons, a maioria na casa há pelo menos 15 anos, se desdobra para garantir um bom atendimento, seja dentro do salão ou nas mesinhas externas, na calçada. São eles, Vilmar,(o Gaúcho), Zé, Serginho, Walter e João. A confecção dos canapés é supervisionada pelo sr. Luiz Vieira, 81 anos, funcionário há 40 anos. Ele entra para a história da casa como o primeiro garçom do bar. Figura imprescindível, Luizinho é o amigo dos fregueses. Ao seu lado Julio (o Gauchinho), iniciante no bar e orientado pelo mestre, pretende substituir o velho Vieira, que como Luizinho ficou 40 anos no bar.  Hoje sr. Vieira está aposentado, diga-se de passagem merecidamente, deixando algumas boas lembranças. Foi ele, por sugestão de um antigo freguês da casa, o Celso, que batizou um dos sanduíches com um estranho nome: “Polaco”, que hoje está entre os mais solicitados na casa. Para finalizar não podíamos deixar de citar os simpáticos Edson, copeiro, e o Fernando, responsável por tirar o melhor chopp do Brasil. Este exibe com orgulho o diploma da Brahma como sendo “ O rei do colarinho”.
[Fonte: http://www.barleo.com.br/]

ALTAS HORAS: Mestre Léo, Mestre Parafuso, Márcio Jerry, Sócio Fundador: Foto: Ronald Almeida. 06.setembro.2005.

BAR DO LÉO:

APENAS 48 HORAS PARA ACABAR, DESAPARECER


Autor: Ricarte Almeida Santos: ricochoro@hotmail.com
FONTE / Site: http://www.ricochoro.blogspot.com/

Quinta-feira, 16 de Julho de 2009







É isso mesmo. O museu Musicultural "Bar do Léo", com todo o seu rico e significativo acervo da nossa cultura, em suas mais diversas áreas da produção artística e cultural, tem apenas 48 horas para acabar. Os imbecis que tomaram essa decisão não conseguem enxergar naquele espaço fabuloso, admirado no Maranhão, no Brasil e até no exterior, algo além de um mero bar. Por isso decretaram o fim do Bar do Léo.
Um lindo e aprazível espaço já visitado e reverenciado por figuras consagradas como Yamandú Costa, a dupla Zé da Velha e Silvério Pontes, Paulinho Pedra Azul, Severino Filho (d'Os Cariocas), Matheus Nachtergaele, Zeca Baleiro, Fagner, Nonato Luís, Turíbio Santos, Luís Nassif e tantos outros.
Leonildo Peixoto, o Léo, acaba de ser informado pelo advogado de sua cooperativa, que só lhe restam apenas 48 horas para desocupar o imóvel que ele tanto zelou e valorizou. Se você não conhece o Bar do Léo, aproveite, corra, leve os amigos, os filhos, as pessoas que você mais ama. São Luís pode perder nas próximas horas, um dos mais respeitáveis espaços de fruição e deleite cultural.
Se você já o conhece, aproveite hoje, ou quem sabe amanhã, se ainda houver tempo, e se despeça de um dos mais interessantes espaços de vivência boêmio-cultural do país que você já encontrou. Se nada for feito pra impedir essa barbaridade, essa ignorância lapidar, a partir de sábado nem mel nem cabaça. Adeus Bar do Léo.
Por favor, passe essa notícia adiante, pros seus amigos, contatos nacionais, autoridades, enfim, o que você puder fazer. Talvez, amanhã seja a última sexta feira do Bar do Léo. Vamos todos lá?


----- Original Message -----
From: Zema Ribeiro
Sent: Saturday, July 18, 2009 11:59 AM
Subject: Re: [Siderurgia Amazonia] RONALD ALMEIDA - Fim do Bar do Léo - REVOGADO O DESMONTE
Ronald, querido,
te vi ontem de relance e, bar muito cheio, eu lá longe, não tive tempo de te gritar. Bom, conseguimos. agora é não baixarmos a bola e ficarmos vigilantes, sempre, a esses e outros pretensos desmandos que não levam nada nem ninguém a nada. Quando é que acontecerá a oficialização do não despejo de léo? por que até agora, ao que me consta, as garantias são apenas verbais. bom, na segunda-feira, quando o bar abrirá em caráter excepcional, estaremos lá, a partir das 19h. grande abraço, Zema Ribeiro
http://www.zemaribeiro.blogspot.com
(98) 8888-3722

CAROS AMIGOS,
Parabéns pelo grande mutirão de comunicação. Valeu!!!
O BAR DO LÉO NÃO VAI MAIS SER AMEAÇADO DE FECHAMENTO.
VEJA TEXTO ANEXO. GRATO
RONALD DE ALMEIDA SILVA

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 12:26 PM
Subject: RONALD ALMEIDA - SÃO LUÍS-MA - BAR DO LEO - AMEAÇA DE DESPEJO

PREZADO RAIMUNDO BORGES,
Envio-lhe uma cópia da mensagem ao jornalista Mhario Lincoln, na qual faço agradecimento público ao jornal O Imparcial pelo grande e relevante apoio dado à uma nobre causa com a publicação de uma página inteira assinada pela jornalista Francilia Cutrim [no dia 17/07/2009; pag. 17] sobre a ameaça despejo do Bar do Léo.
Reitero meus agradecimentos ao O IMPARCIAL, em nome da imensa legião de homens e mulheres que bebem com dignidade e ouvem música de excelente qualidade no Bar do Léo da cidade São Luís Patrimônio Mundial, que para isso deve continuar a ter Patrimônio MUSICAL, também.
Ronald Almeida

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 12:52 PM
Subject: RONALD ALMEIDA - BAR DO LÉO

PREZADO ROBERTO "Botafogo" FERNANDES
Quero reiterar meus agradecimentos pelo apoio que você - como radialista das maiores audiências e credibilidades do Maranhão - deu à causa da preservação do Bar do Léo.
Fiz questão de enviar meus agradecimentos a você e à Rádio Mirante AM, a maior e de melhor biodiversidade cultural e midiática do Maranhão, para o Mhario Linclon e centenas de outros amigos e formadores / divulgadores de opinião.
Obrigado e até breve, pois só podemos encerrar este assunto quando tudo estiver devidamente regularizado, na forma da lei, sem atropelar as normas do governo do estado e sem desmontar o Bar do Léo.
Um abraço em branco e preto.
Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista; [98] 9974-7777
PS: Aqueles que puderem ajudar, por favor, enviem para seus amigos e mídia. Grato. RAS.
CÓPIA DA MENSAGEM ENVIADA AO:

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 1:03 PM
Subject: BAR DO LEO - RONALD ALMEIDA PARA TALVANE LUKATO

Caro TALVANE LUKATO;
No texto anexo intitulado “MPB? IN DUBIO PRO LEO!” (sobre o Leonildo Peixoto Martins – do BAR DO LÉO), faço a citação, abaixo transcrita, a você e ao seu trabalho.
Como estou enviando esta mensagem para vários amigos e jornalistas e comunicadores, envio cópia para seu conhecimento.
Um abraço e parabéns por seu extraordinário trabalho.
Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista; [98] 9974-7777
PS: Aqueles que puderem ajudar, por favor, enviem para seus amigos e mídia. Grato. RAS.

[1] Talvane Lukato é um dos mais importantes pesquisadores da história do rádio brasileiro, reconhecido nacionalmente, profissional da área de radiodifusão, produtor e apresentador do excelente programa “Memórias do Rádio no Ar”, da Rádio Mirante AM, São Luís, MA. [98] 3237-0747

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 1:19 PM
Subject: RONALD ALMEIDA - BAR DO LÉO - RADIO MIRANTE AM

PREZADO RÔMULO BARBOSA
Seguem abaixo cópias das mensagens que enviei ao ROBERTO FERNANDES e ao TALVANE LUKATO com agradecimentos a esses destacados radialistas e à Rádio Mirante AM pelo apoio dado quanto à polêmica do despejo iminente do BAR DO LÉO. Reiterando meus agradecimentos e parabenizando essa emissora,
Ronald Almeida


Fonte: http://www.educadora560.com.br/2009/07/18/promotores-culturais-na-mobilizacao-em-defesa-do-bar-do-leo/


A confirmação de que o Governo do Estado está disposto a ‘despejar’ os feirantes da antiga Cobal do Vinhais, hoje administrada pela Cooperativa de Feirantes do Vinhais, deixou inquietos os mobilizadores da cultura e amigos de Leonildo Peixoto Martins, o Léo, que ali montou um verdadeiro espaço cultural, conhecido e admirado não só em São Luís, mas em outras cidades brasileiras. Mário Lago, poeta, ator, compositor brasileiro – já falecido -, ao tomar conhecimento da existência do espaço, chegou a batizá-lo de “Casa de Cultura - Bar do Léo”.
Em matéria publicada na edição de ontem de O IMPARCIAL, a certeza de expurgar dali o Bar do Léo foi assegurada em nota encaminhada pela Secretaria de Estado de Comunicação. A justificativa é uma das cláusulas do contrato assinado entre a Cooperativa e o Governo do Estado há cerca de 13 anos, que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas no local. E por conta disso, a Procuradoria Geral do Estado deu parecer contrário à prorrogação do contrato. O detalhe é que naquele espaço, o Léo já trabalha há pelo menos 30 anos.

Fonte : O Imparcial on line


Autor: Celijon Ramos
Fonte / Blog: http://soblonicas.blogspot.com/

Sexta-feira, 26 de Junho de 2009




Querem acabar com a nossa praça onze – o Bar do Léo. A letra da antiga canção de Herivelto Martins e Grande Otelo revela a destruição do berço do samba carioca, a Praça Onze, quando o prefeito do Rio quis remodelar a cidade pela construção de novas avenidas. Nas imediações da Praça, situava-se a Casa da Tia Ciata, que foi onde o samba, como o conhecemos hoje, nasceu pelas mãos de músicos como Donga, Hilário Jovino, Caninha, Pixinguinha, João da Baiana, Heitor dos Prazeres e Sinhô. Foi lá que Pelo Telefone, cantada por Bahiano (primeiro registro fonográfico de samba, gravada em 1916 e que fez sucesso no carnaval de 1917) foi coletivamente criada e, só depois, recolhida por Donga e Mauro de Almeida que a registraram na Biblioteca Nacional.

No caso do Rio de Janeiro, a destruição da praça não conseguiu solapar a música popular. Isso porque o samba já tinha ido ao Estácio, a São Carlos e à Vila Isabel, configurando o que passou a chamar-se samba moderno, cujos grandes criadores são Bide e Ismael Silva. Noel Rosa também faz parte desse time de inovadores, depois Wilson Batista e Geraldo Pereira. Entretanto, foram Bide e Ismael Silva que introduziram, entre outras novidades, o tamborim e a cuíca que modificaram a cadência do samba, o tornando mais acelerado. Não era à-toa que Francisco Alves, o Chico Viola e Mário Reis subiam o morro para adquirir as novidades dos sambas daquela turma. O mais emblemático desta ação era Francisco Alves. Decretaram, mesmo sem o saber, os compositores do morro o fim da supremacia do samba-amaxixado da primeira geração de sambistas.

E foi este samba que simbolicamente foi eclipsado pelo fim da famosa
Pois bem. Aqui, em São Luís, querem fazer algo semelhante a esse simbolismo aos músicos, poetas, cantores, intelectuais, boêmios e bebuns da cidade, porque estão querendo acabar com a nossa Praça Onze, o Bar do Léo. O problema é que por aqui nada há a substituir, pois nada há de novo ou moderno. A tentativa tosca não é nova, mas agora está amparada por ato da burocracia do governo do Estado, que, por interesses escusos, teima em não renovar a permissão de funcionamento do bar.

O Bar do Léo remonta a 1979, quando era apenas uma lanchonete em que se ouvia a boa música de seu Leonildo Martins. Está situado desde então no Hortomercado dos Vinhais há, portanto, 30 anos. De lá pra cá, o seu Léo tem-se mostrado um organizador da música brasileira e especial da cultura maranhense. Ele transformou o bar, não num museu como muitos insistem, mas numa casa viva que revela a produção da vida dos maranhenses, quer pelos seus objetos de trabalhos, mas também pelos da vida prazerosa e pelos de ludir.

Seu Léo é um curador da cultura maranhense e a expõe graciosamente aos frequentadores do bar. Antes de ficar bem alto pela ingestão das invariáveis misturas de cervejas ou cachaças temperadas, aquelas consumidas na progressão das mais geladas até as muito quentes por obra de algum erro de cálculo do manager Léo, ou quando o sol a nos sorrir manda-nos para casa fazer alguma outra coisa, é então que o visitante pode viajar pelos rincões do Maranhão através da riqueza de seu artesanato (rendas, palhas de babaçu, buriti e outras fibras). Na mobília e nos objetos decorativos do bar, estão presentes elementos que revelam o modus vivendi do cidadão comum desta terra, os quais são indispensáveis à reprodução da vida no dia-a-dia de vastas camadas da população pobre.

Existem lá, impecavelmente organizados pela mente de arquiteto de Léo, pilões, tapitis, alguidares, cachos de coco babaçu, buriti e de juçara, esteiras de palhas (babaçu) que ainda fazem vez de porta ou cama em muitos casebres pelo interior do Estado; rede de pesca, pulsares, lamparinas, lampiões, bules, pinicos, barcos, canoas típicas da região, armadores de rede, apitos para caça, ninhos de passarinhos; há papagaios para empinar, tambores do tambor-de-criola para entoar, bois do bumba-meu-boi, burrinhas, penachos de índios, itens da Festa do Divino Espírito Santo e muitos instrumentos como piano, saxofone, clarineta, flauta violões, violinos, pandeirões, reco-reco e agogô. Mas não só. A casa registra a vida cotidiana das pessoas também pela evolução tecnológica refletida nos equipamentos.

Por exemplo: as mesas são sustentadas por base de ferro que são pés de máquinas de costura. Já flagrei marcas do tipo Elgin, Leonan, Singer, Vigorelli... Mais que simples pés de máquinas, aquelas mesas sustentam a memória afetiva de muitos dos frequentadores – quem ao vê-las não se lembra de sua mãe cosendo fazendas compradas nas grandes lojas da Rua Grande, no centro da cidade? Eram calças, camisas, vestidos ou blusas que vestiam estes corpos e almas que agora, ao degustar uma deliciosa tripinha de porco, tira-gosto carro chefe da casa, regada a goles generosos de cerveja, tinham a certeza de pertencer a um passado que nada lhes tiraria. Há uma profusão de telefones seculares, televisores a válvulas (Telefunken, Colorado, Empire, marcas de uma vida), celulares primevos, gramofones, gravadores, filmadoras, toca-discos à pilha e muitas radiolas. E tudo ainda funcionando.

Certa vez, me entediei num aniversário e fugi para o Léo. Eu, Fafá e Benedito, tio dela. Pedi uma cerveja e puf. Faltou energia. Sem problemas. Léo acendeu os lampiões, pôs um toca-discos sobre o balcão, abasteceu-lhe de pilhas e o pôs a tocar Orlando Silva em 78 RPM para nós ouvirmos. Depois disso, eu que iria voltar para o aniversário? Jamais!
Como se tudo isso fosse pouco, o que notabiliza mesmo o Bar do Léo é a sua música. Tanto em quantidade quanto em qualidade. Ali não há música feia. Nunca ouvi e olha que sou frenquentador assíduo e com orgulho. Qualquer tentativa de qualquer consumidor desavisado é logo rechaçada pelo atento Léo, que explica que “esse tipo de música não toca na casa”. O incauto vai logo embora atentar em outra freguesia. Queria mais o quê. Vade retro....

Mas quem melhor define o Bar do Léo, ao meu ver, é Fafá. Ela conceitua-o como um bar para ser entendido. Ou seja, não é qualquer pessoa que pode ser um habitué. Um, por assim dizer, conviva do bar. É necessário, segundo ela, que o indivíduo possua uma sensibilidade cadente dentro de si. Pois quem vai ao Léo, não o faz meramente para um happy hour ou um bate papo descuidado. Faz por apreciar cada introdução, cada nota, a pausa de respiração do artista, a conversa amiúde dos instrumentos por ser um singular ouvido da música.

Mas o bar possui suas tipicidades: houve tempo em que paquerar por lá era coisa quase que impossível, posto que a maior afluência no recinto era do público masculino. Muitas vezes, quando uma moça adentrava, sentia-se pouco à vontade dada a enxurrada de olhares masculinos em sua direção. Desistia logo. Volta e meia e ia embora. Contribuía para isso o fato de até hoje existir placa com advertência: É proibido dançar. Segundo ele, pra evitar bagunça. A coisa agora já está mais democrática.

Mais objetivamente, o Bar do Léo precisa ser entendido no sentido que é uma casa em que a estrela principal é música. E só ela. Serviços de atendimento, cortesia das garçonetes e variedade de tira-gosto tudo isso são itens que ainda merecem melhorias. Mas, sou testemunha, já melhoraram bastante. O fundamental mesmo é a música. Não é raro que ao final da execução de alguns cantores, como Nelson Gonçalves ou Maysa, irrompam aplausos de todas as mesas como se o artista estivesse se apresentado ao vivo. E sabe de uma coisa, está mesmo. Todos aqueles aplausos são dirigidos pra seu Léo que sorrir pelo canto da boca. Ele conseguiu emocionar, desse modo, as pessoas com sua seleção de música daquela noite. Incrível.

Tem músicas que tem a cara do bar. Invariavelmente quando estou na minha mesa, sempre Léo põe na vitrola “Me Ne Quitte Pas” (Jacques Brel) com Maysa, depois com Nina Simone. Alguma coisa de Márcio Greyck e, sempre, que peço ouço bons discos de jazz. Uma honra. Acho que sou um dos poucos que têm essa deferência, mas ele gosta também de jazz. “Por una cabeza”, de Alfredo Le Pera por Carlos Gardel, é tocado quando Fáfa está à mesa. De música em música ele vai contagiando e emocionando seus clientes. Mas a música favorita desse homem pelo que pude perceber é mesmo a jovem guarda.

Faz isso porque possui uma das maiores coleções de vinis, fitas cassete e cds que tenho conhecimento. Não sucumbiu ao mundo dos mp3, até por que perderia a graça e desempregaria seus tão bem conservados aparelhos de som. Léo tem uma fantástica coleção de K7. São fitas de músicas gravadas como se fazia antigamente, cada fita devidamente acondicionada em gaveteiros. É impressionante como ele localiza de cor qualquer música que precise para ouvir-se em qualquer momento. Lá vai ele e cata a fita certa no gaveteiro.

Não sei precisar quantos discos em vinil existem no acervo do homem. São milhares, produtos de compra ou doação que ele vem acumulando ao longo dos anos e de quase todos os gêneros: mpb, samba, choro, coco, xote, xaxado, baião e merengue. Bolero, samba-canção, música erudita, bossa nova, jovem guarda, jazz e rock. Já ouvi no Bar do Léo choros compostos lá pelos idos 1880. Discos raros e muitos outros. E tanto quanto sei lá de CDs. O homem é um verdadeiro pesquisador. É o nosso Almirante.

Fico pensando quão mal amada e apenada é a alma desse burocrata de plantão. É a síntese desse ser-cancro que odeia a beleza porque não pôde alcançá-la. Vai ver foi uma daquelas pessoas do “sinto muito, mas não tocamos esta música aqui na casa” que miseravelmente agora quis se vingar. Vade retro!

Celijon Ramos11 comentários Links para esta postagem

----- Original Message -----
Sent: Monday, July 20, 2009 1:15 AM
Subject: RONALD ALMEIDA PARA CELIJON RAMOS - ACADEMIA MUSICAL BAR DO LÉO - LIVRE PENSAR

PREZADO CELIJON RAMOS - SOBLÔNICO,

Eu entendi 100% as suas mensagens e sei que você não estava citando nomes de A ou B para valorizar esta ou aquela facção política. Fiz a menção ao fato, pois considero ser preciso consolidar a idéia de que governo não é de Fulano ou Beltrano. O Governo é do Estado do Maranhão; a Prefeitura desta capital é do Município de São Luís. Os comentários que fiz vieram de um e-mail que mandei para um casal de amigos em que a esposa achava que o "culpado" pela ordem de despejo era o governo atual e o marido dizia que era o governo passado e assim por diante. Aquele velho maniqueísmo provinciano.

As ameaças ao Léo e ao seu incrível acervo foram gestadas no governo passado e vieram à luz via ordem indireta de despejo pela vontade expressa do atual governo, que ainda publicou nota mencionando, ao que soube, um parecer da Procuradoria Geral do Estado do Maranhão dizendo que no Mercado do Vinhais não se pode vender bebida alcoólica!!!!

Ou seja, a "burrocracia" continua encravada e empedernida no coração do serviço público estadual maranhense e maleficamente atuante, em prejuízo dos pobres, dos pequenos e dos sem padrinho, sempre os mais penalizados.

Quanto ao parecer da PGE-MA sobre proibição de venda de bebidas alcóolicas, a pífia restrição não pode ser dirigida somente ao Mercado do Vinhais e ao Bar do Léo Léo: tem que valer para todo o Maranhão, para todos os mercados e feiras e para todos os bares, restaurantes, quiosques, boxes, barracas e ambulantes que dentro e fora dos Mercados e feiras, há décadas ou séculos, vendem cerveja, cachaça, tiquira, cauim, conhaque, vodka, vinho, uísque etc.

Nesse caso tem que proibir a venda de bebidas alcóolicasna Feira da Praia Grande, Mercado Central de São Luís, Feira do João Paulo, da Maioba, da Forquilha, e em todos os mercados e feiras dos demais bairros de São Luís e dos demais 216 municípios do Maranhão. Vai ser um desastre socioeconômico e um tiro de canhão no turismo.

Se é proibição estadual pra um, tem que proibir para todos em todo o território maranhense. Aí que eu "quero ver se couro de gente é pra queimar", como diz a música. Quero ver se o Secretário de Administração (e/ou da SEPLAN) vai ter coragem de levar a minuta dessa lei ou decreto proibindo venda de bebidas alcoólicas em todos os mercados e feiras do Maranhão, para a Governadora Roseana Sarney assinar. Vamos ver.

Parabéns pelo seu blog SÓ BLÔNICAS: textos bons, música boa, parece o Bar do Léo da internet. A propósito, coloquei seu texto no dossiê [rev_13], o qual estará disponível a partir de amanhã para leitura dos interessados, pois lá ainda não temos acesso à internet.

Um abraço;
Ronald Almeida

----- Original Message -----
Sent: Sunday, July 19, 2009 10:54 PM
Subject: RE: RONALD ALMEIDA - Fim do Bar do Léo - REVOGADO O DESMONTE

Digo,ao citar os nomes de secretários, o fiz no sentido de indicar fatos reais, jamais para fazer proselitismos.A atitude é que foi equivocada e lamentável. Não importa o matiz ideológico. Só reforça o fato de que, para onde olharmos do ponto de vista político, defronta-se com o sentimento de orfandade da cidadania por essas bandas.
Celijon Abreu Ramos
http://soblonicas.blogspot.com



Subject: RE: RONALD ALMEIDA - Fim do Bar do Léo - REVOGADO O DESMONTE
Date: Mon, 20 Jul 2009 04:45:57 +0300

Caro Ronald,
No meu caso, trata-se de prezado. Tudo bem. Sem problemas. Concordo com você. Não importa qual governo e eu nem nominei, nem estava pensando nisso. O que importa é a preservação do espaço lúdico e cultural que é o Bar do Léo.
As formas você delineou algumas. É importante que continuemos a participar das demais fases até que quaisquer riscos de desmonte estejam totalmente descartados.

Um abraço!

Celijon Abreu Ramos
http://soblonicas.blogspot.com


----- Original Message -----
Sent: Monday, July 20, 2009 3:05 AM
Subject: ACONTECEU NO BAR DO LÉO....REGGAE - CACOFONIA LUDOVICENSE- MANZUÁ E OUTROS TEMAS

CARO IGOR, CARO WALTER,

A CACOFONIA que assola o Maranhão vinha ficando insuportável, em especial nas praias, onde imperam, além do lixo soberano; batedores / ladrões de carteiras, bolsas e carros; cozinhas e banheiros infames; garçons autistas e preços absurdos. Agora tem aquela gentalha motorizada que tem o prazer de torturar o coletivo de banhistas com as piores seleções musicais nos mais altos decibéis. Esses motoristas - que poderiam ser chamados de imbecibéis, i.e., os imbecis dos decibéis - , agora pelos menos estão com a orelha em pé [mais leve, pois o ouvido já foi embora] com a Operação MANZUÁ.

Ouvi falar de supostos excessos das autoridades públicas da Operação Manzuá, tipo prisão de motoristas, apreensão de aparelhagens, constrangimento de cidadãos de bem etc. e choradeiras de toda a ordem, em nome das supostas "liberdades individuais", do "direito" de emitir poluição sonora onde, quando e como bem entenderem esses infratores, que parecem acometidos de encefalopatia espongiforme.

Por isso, não dá mais pra segurar, explode coração. Só prendendo e baixando o cacete duro da  lei no lombo desses imbecibéis, pois vai levar uns 20 anos até que o processo macio, suave e homeopático da educação ambiental e da educação para a civilidade e urbanidade gere frutos a partir das próximas gerações. Enquanto isso não acontece, MANZUÁ neles, com todo o rigor.

Nenhum desses supostos excessos é pior que o descalabro que ainda se observa nesta cidade, município da capital do Maranhão onde seu Código de Posturas, datado de 1968, [cópia do CdP de Teresina 1967] e sancionado pelo então Prefeito Cafeteira, é violentado a toda hora, em todas as ruas, em todos os bairros. Basta olhar a lixarada se espraiando como nojenta massa auto-reprodutiva por todo o lado [dá um filme de horror] e já bastaria para condenar - por imposturas - milhares de pessoas ao remo das galeras romanas ou ao pelourinho colonial.

O Promotor Cabral Marques, atuando na microeconomia das barracas e ambulantes, assim como o Promotora Lítia Cavalcanti, que enquadrou a CEMAR e as poderosíssima AMBEV e RENOSA/Coca-Cola, por inconcebível sujidade industrial, deram auspicioso início a uma nova fase de Ordem e Progresso na vigilância da coisa pública e dos direitos do consumidor. Merecem nossa admiração pela coragem de fazer o deve ser feito, numa terra que muitas vezes parece sem lei, sem autoridade e sem vontade de ser feliz e limpa.

Portanto, caro Igor, não citei a patológica e psicopática cacofonia reinante, pois no contexto do artigo sobre a Academia Musical Bar do Léo não cabia citar todas as centenas de mazelas urbanísticas graves que ainda assolam a Ilha de Upaon-açu, em pleno Séc. XXI, no limiar de completarmos - em 08.set.2012 - o IV Centenário da Atenas Brasileira, da Jamaica Brasileira, da Cidade dos Poetas.

Quanto aos maus tratos que o "Camarada Léo", segundo Serginho, teria imposto à Banda Guetos e ao reggae, acredito que nosso missionário do Vinhais, em dia de maus humores e TPM - Tensão da Porra do Mercado, tenha se destemperado, um tanto sem razão e sem pensar nas seqüelas, o que não é muito raro.

Não sei em que contexto essa desavença aconteceu, mas agora é um bom momento para o Sérgio ir lá conversar com a gente e com freqüentadores mais antigos [ex: Parafuso] para mediar uma solução que nos permita ouvir reggae um dia no Bar do Léo.

Se o Brasil tá emprestando dinheiro pro FMI e Obama diz que Lula "é o cara", é possível que Seu Léo, num dia e hora de pouco público, descansado e sem TPM, ouça com atenção e leia as críticas positivas sobre o belo trabalho da Banda Guetos e - assim como o FMI e os EUA - mude de opinião e possa entender que eu e vocês merecemos escutar algumas das milhares de boas músicas regueiras.

Mas o Walter Rodrigues tem razão. Se você for ao Clube do Choro e pedir espaço pra sua banda de rock, rap, hip hop, techno ou house music, é bem capaz de ouvir do Ricarte Santos - com muita diplomacia e simpatia - que vá tocar em outra freguesia.

Um abraço e até amanhã 20/07, Dia da Amizade, a partir das 19:00 h, na AMBL - Academia Musical Bar do Léo.

Ronald Almeida

----- Original Message -----
Sent: Monday, July 20, 2009 12:18 AM
Subject: [SPAM] RES: [Siderurgia Amazonia] ACONTECEU NO BAR DO LÉO....
Como não? É a operação MANZUÁ, Igor?

De: siderurgianaamazonia@grupos.com.br [mailto:siderurgianaamazonia@grupos.com.br] Em nome de Igor
Enviada em: domingo, 19 de julho de 2009 22:46
Para: siderurgianaamazonia@grupos.com.br
Assunto: RE: [Siderurgia Amazonia] ACONTECEU NO BAR DO LÉO....
Caro Ronald,
Porque esquecestes, entre os males urbanos de São Luís, o insuportável barulho, onipresente, onipotente, crescente, irritante,  sem que qualquer "otoridade", entra governo, sai governo, tome qualquer iniciativa? Igor

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