segunda-feira, 18 de maio de 2015

[80.1] Projeto BRA/00/010 - Apoio às Políticas Públicas na Área Ambiental 2000 - 2004 - PARTE INICIAL - CAP. A a B9



PROJETO BRA/00/010 - ”APOIO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA AMBIENTAL” 2000-2004

 Projeto BRA/00/010 - Apoio às Políticas Públicas na Área Ambiental 2000 - 2004

 PARTE INICIAL - CAP. A a B9

A. CONTEXTO

                O Brasil é o maior país da América Latina e o quinto do mundo em área territorial. Localizado a leste da América do Sul, entre as latitudes +5016'20"N e -33044'32"S e as longitudes -34047'30" e -73059'32", estende-se por 8.511.996 km2, com zonas climáticas que variam do trópico úmido às áreas temperadas e semi-áridas. É um dos países mais dotados em recursos naturais do planeta.
                Para efeitos de planejamento da gestão ambiental, o espaço brasileiro foi dividido em 9 (nove) ecossistemas quais sejam:

                1) Ecossistemas Amazônicos

Os Ecossistemas Amazônicos se estendem pelas áreas dos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá e, parcialmente, pelos Estados do Maranhão, Rondônia e Mato Grosso, ocupando uma superfície de 4.005.082 km2 ou cerca de 47% do território nacional. As águas e a vegetação nativa ainda recobrem aproximadamente 92% de sua  área. Abriga a maior extensão florestal contínua do planeta, condicionada ao clima equatorial quente úmido e superúmido, com temperaturas médias anuais acima de 25o C e umidade relativa superior a 80%.
O relevo desta unidade pode ser resumido em três grandes conjuntos: ao norte se encontra o Planalto das Guianas; ao centro predominam as terras baixas da Planície Amazônica e do Planalto Amazônico, ocupando a maior parte da região e apresentando um relevo plano; ao sul se encontra o Planalto Central.
A fisionomia vegetal da área ocupada pelos Ecossistemas Amazônicos envolve diversos tipos e fácies. De um modo geral, classificam-se as florestas que recobrem a área em dois tipos: Florestas Densas e Florestas Abertas. As Florestas Densas são sempre verdes, mas não homogêneas. Pequenas variações climáticas e topográficas produziram a diferenciação desta floresta em três tipos de associações: Florestas de Terra Firme, Florestas de Várzea e Florestas de Igapó. As Florestas de Terra Firme são mais compactas, apresentam um verde escuro e mais uniforme. Esta floresta abriga um grande número de espécies, e seus variados elementos são confundidos em um conjunto bem harmonizado. Suas árvores são altas, geralmente entre 30 e 40 metros de altura, com poucos ramos laterais, troncos grossos, e folhagem que cai durante os meses menos úmidos. São comuns o castanheiro, o guaraná e o caucho. Estas são florestas que crescem sobre um solo arenoso ou argiloso. As Florestas de Várzea têm um menor número de espécies em comparação com as Florestas de Terra Firme. Suas árvores não ultrapassam 25 metros de altura, têm troncos retos que medem, em média, 60 centímetros de diâmetro e o esgalhamento ocorre na parte superior. Este tipo de floresta é periodicamente alagada e devido ao acréscimo anual de sedimento, os solos são bastante ricos. A seringueira é uma das espécies mais típicas da Várzea. As Florestas de Igapó são menos pujantes. Suas árvores são relativamente baixas, chegando, no máximo, a 15 metros de altura, emaranhadas por cipós. O solo, permanentemente inundado, é pobre devido à erosão causada pelas correntes de água. As palmeiras são típicas desse tipo de Floresta. As Florestas Abertas, também ombrófilas, caracterizam uma transição climática menos úmida. O estrato dominante pode ser alto, sobressaindo-se do dossel descontínuo e irregular, com árvores de troncos finos e copas pouco desenvolvidas, que chegam a 20 metros de altura, onde algumas fácies são marcantes, como a floresta de palmeiras, a floresta de cipó, a floresta de bambus e a floresta da sororoca. Os Campos de Várzea apresentam espécies submersas, flutuantes, arbustivas e arbóreas. A Campinarana  apresenta vegetação campestre, arbustiva e arbórea. Há ainda algumas áreas de transição para o Cerrado e para a Floresta Semidecidual.
                Esta especificidade confere à Amazônia uma importância planetária, passível de ser constatada pela predominância na localização das Unidades de Conservação Federais. De fato, a Amazônia abriga oito dos trinta e cinco Parques Nacionais, nove das vinte e cinco Reservas Biológicas, vinte e quatro das trinta e nove Florestas Nacionais, nove das trinta Estações Ecológicas, quatro das sete Reservas Ecológicas, e sete das nove Reservas Extrativistas.
                O uso e a ocupação das terras são caracterizados pelo extrativismo animal e vegetal – inclusive e preponderantemente pela extração madeireira - pela pecuária e pela agricultura de subsistência, bem como pelo cultivo de espécies vegetais. A produção de grãos, localizada,  recobre parcelas contínuas expressivas. A mineração e o garimpo e a infra-estrutura regional também são responsáveis pela alteração dos ecossistemas naturais. Nos arredores de núcleos urbanos e de áreas de ocupação mais antigas, uma boa parte das terras encontra-se recoberta ora por capoeiras, ora por florestas nativas nos seus vários estágios de crescimento e/ou alteração.

                2) Ecossistemas da Região dos Cerrados

                Os Ecossistemas da Região dos Cerrados se estendem pelas áreas dos Estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, grande parte  dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, sudoeste dos Estados do Maranhão, e Piauí, além da parte oeste do Estado da Bahia. Constituí-se no segundo maior bioma do País, ocupando uma superfície de 1.890.270 km2 ou cerca de 22% do território nacional. Desse total, 76% é coberta por vegetação nativa e os 24% restantes foram destruídos pela ação antrópica. Caracterizam-se pelos solos de baixa fertilidade natural, lençol freático profundo e clima tropical quente subúmido, com 3 a 6 meses de estação seca.
A interação de fatores morfoclimáticos, estruturais e litológicos resultou na compartimentação desta área em vastas superfícies baixas (menos de 200 metros), extensas chapadas sedimentares (entre 700 e 900 metros) e elevadas superfícies cristalinas (entre 900  e 1.200 metros).
A vegetação dos cerrados apresenta fisionomia variada, mas no geral é constituída por árvores tortuosas, de troncos recobertos por uma casca grossa, com galhos retorcidos e folhas largas e grossas. São árvores relativamente baixas, em média com 10 metros de altura, entremeadas por arbustos. O baixo porte deste tipo de vegetação é determinado pelo espaçamento e a não competição por luz. As raízes destas árvores são relativamente profundas, pois o lençol freático está a 15/20 metros de profundidade, o que permite a sobrevivência das espécies durante o período de estiagem. Dentre os diversos tipos de cerrado, encontramos o Cerradão, formação arbórea densa, o Cerrado típico, que apresenta dois extratos, o arbóreo e o arbustivo, os Campos Cerrados, similares ao Cerrado, mas com maior espaçamento entre as árvores, preponderando o estrato graminoso. Há ainda os Campos Limpos, que ocorrem em áreas deprimidas e mal drenadas e são desprovidas de vegetação lenhosa, as Matas Ciliares e as Veredas, que se desenvolvem ao longo dos cursos d'água. 
O uso e a ocupação das terras são dominantemente agropecuários, alternando-se no espaço e/ou no tempo pastagens para a pecuária de corte, de cria e leiteira, com áreas agricultadas para a produção de grãos. A silvicultura se faz presente sob a forma de extensos reflorestamentos de coníferas e eucaliptos. Os garimpos e a mineração recobrem, pontualmente, extensões razoáveis. A infra-estrutura regional apresenta concentrações substanciais nas áreas mais urbanizadas.

                3) Ecossistemas do Pantanal

                A planície inundável ou Pantanal ocupa parte dos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A vegetação nativa cobre cerca de 97% dos 154.884 km2 de sua superfície. Seu clima tropical quente varia de subúmido úmido, a Oeste e ao Norte, a subúmido seco no Centro Sul, com estiagem variável da ordem de quatro meses secos ao ano. A estiagem se alterna com período de cheias, época em que o nível das águas recobre as terras, por vezes em vários metros. As secas, quando anômalas, podem assumir aspectos catastróficos, ao ressecar campos, matas e lagoas.
                O Pantanal é uma planície embutida em uma depressão e circundada pelo Rio Paraguai, a Oeste, pela Serra da Bodoquena, ao Sul, e pelos planaltos e chapadas, à Leste e ao Norte. É considerado uma das maiores planícies de nível de base interior do globo, apresentando diversos microrrelevos com altitudes de, no máximo, 110 metros.
                As inundações periódicas, provocadas pelo Rio Paraguai e seus afluentes, afetam toda a área do Pantanal e resultam em algumas áreas permanentemente alagadas e outras apenas temporariamente alagadas. Essa diversidade de ambientes implica uma considerável variedade de vegetação, que vai desde as espécies de água corrente, água parada e espécies fixas no fundo – nos terrenos permanentemente alagados – até variedades adaptadas aos terrenos temporariamente alagados e as típicas do Cerrado em suas diversas variações. Ao longo dos rios, as florestas-galeria se assemelham à Hiléia.
                O Pantanal tem vocação criatória. O uso e ocupação das terras é quase exclusivamente para a cria, recria e engorda do gado. Secundariamente se destacam a pesca, a captura ilegal de animais silvestres, as atividades turísticas e de lazer e os garimpos. A mineração se faz presente, pontualmente, em Corumbá. Ressalte-se que o sistema produtivo dos pantanais mantém relações importantes de complementaridade em relação às áreas periféricas. Em contrapartida, o uso e a ocupação das terras em seu entorno rebatem negativamente sobre os Ecossistemas Pantaneiros.

                4) Ecossistemas da região das Caatingas e Florestas Deciduais do Nordeste

                Os Ecossistemas da Região das Caatingas e Florestas Deciduais do Nordeste se caracterizam pela paisagem cálida, espinhosa, seca, pedregosa e, não raro, salinizada. Abarcam a quase totalidade dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além de parte significativa dos Estados do Piauí e Bahia e uma porção do Nordeste de Minas Gerais. Ocupam uma superfície de 939.391 km2 da qual, aproximadamente, 60% está coberta pela vegetação original. O tipo de clima é tropical quente semi-árido com 6 a 11 meses secos, passando do mediterrâneo subúmido com 4 a 5 meses secos. Suas temperaturas são elevadas, a umidade relativa do ar é baixa e as precipitações pluviométricas são, em geral, inferiores à evapotranspiração potencial, o que caracteriza, um acentuado déficit hídrico.
                O variado relevo que reveste esta área é constituído por amplas planícies (baixadas litorâneas), vales baixos, inferiores a 500 metros, circundados por serras que variam entre 800 e 1.200 metros de altura. Os rios desta área, por ocasião da prolongada estação seca, sofrem uma grande diminuição de sua descarga, aflorando então os bancos de areia e de seixos. Na área sertaneja em especial, os cursos d'água costumam ser temporários ou intermitentes.
                Possuindo peculiaridades próprias, as caatingas compõem uma vegetação "sui generis", identificável à primeira vista. No entanto, a heterogeneidade da aparência dos tipos e faciações e das formas biológicas é muito expressiva, tanto no decorrer das estações quanto espacialmente. Para efeito de simplificação, as caatingas podem ser classificadas como Caatinga Arbórea, Caatinga Arbustivo-Arbórea e Caatinga Arbustiva. São compostas por arvoretas e arbustos decíduos, muito ramificados e freqüentemente armados de espinhos. Cactáceas e outras plantas suculentas se fazem presentes ao lado de ervas anuais. Popularmente, as formas mais altas, sujeitas à secas menos intensas, mais próximas do litoral são conhecidas como "agreste". O "sertão", dominando o interior, constitui a vegetação mais rala do semi-árido. As Florestas Deciduais são altas, com fustes longos pouco ramificados. Encontram-se distribuídas, a partir do sul, em "arco", acompanhando os limites desta área até a sua porção central.
O uso e a ocupação das terras antropizadas são essencialmente agrícolas de ciclo curto e pecuário. As culturas de ciclo médio e longo ocorrem de forma localizada e possuem pouca expressão territorial. Destacam-se a produção de frutas e grãos nas áreas irrigadas.

                5) Ecossistemas do Meio Norte

                Os Ecossistemas do Meio Norte ocupam uma superfície de 164.201 km2. São integrados por partes dos Estados do Maranhão e Piauí, constituem área de interpenetração das floras amazônica, central e da caatinga, o que dá lugar a um complexo de ecossistemas de transição. A vegetação nativa remanescente recobre, aproximadamente, 60% da área original. O clima varia entre quente subúmido, característico dos limites do cerrado com a Amazônia, e o semi-árido, característico das caatingas.
                O relevo está condicionado pelo domínio morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Parnaíba. Dominam as formas suaves subtabulares das "cuestas", das chapadas, das colinas e dos tabuleiros. A leste desta unidade se encontra o Planalto de lbiapaba.
                A vegetação natural original é a Floresta Ombrófila Densa, no vale do médio Itapecurú, e seus contatos com as Florestas Estacionais do centro da área, contato entre Cerrado e Floresta Estacional a Oeste e Caatinga e áreas de contato entre Cerrado e Caatinga à Leste.
                O uso e a ocupação das terras são eminentemente extrativos, de pastoreio e agrícolas, estes últimos representados por culturas de ciclo curto e médio.

                6) Ecossistemas da Região das Florestas Estacionais Semideciduais

                Os Ecossistemas da Região das Florestas Estacionais Semideciduais se constituem em ecossistemas de transição complexos. Compreendem uma grande faixa que corre de nordeste a sudeste entre a Floresta Atlântica, os Pinheirais e os Cerrados, integrada por pequena porção do Sul da Bahia, pela região Leste do Estado de Minas Gerais, pequenas porções do Rio de Janeiro e Espirito Santo e pelos planaltos do Estado de São Paulo e do Paraná. Ocupam uma superfície de 518.834 km2. As áreas florestadas remanescentes representam 4% da cobertura vegetal original. O clima predominante é o tropical quente e subquente subúmido, com 4 a 5 meses de seca.
                Há uma grande diversidade de quadros morfológicos que podem ser divididos em duas partes: o litoral, onde predomina a planície litorânea, com partes recortadas e escarpadas, ou  amplas e retilíneas, e o interior, onde alternam-se planaltos, serras e escarpas.
                A vegetação original foi, no passado, quase que exclusivamente a Floresta Estacional Semidecidual. Disjunções e áreas de transição se relacionam com as Florestas Deciduais e Floresta Atlântica, bem como com o Cerrado.
                A infra-estrutura urbano/industrial recobre parte da porção central desta unidade. A atividade minerária tem também papel importante. As pecuárias leiteira, de cria e recria e de corte estão presentes em boa parte destas terras. A agricultura em consórcios e a policultura ocorrem dominantemente nas áreas mais aclivosas. Reflorestamentos e agricultura com espécies de ciclo médio e curto estão representados nos terrenos aplainados.

                7) Ecossistemas da Região dos Pinheirais

                Na área dos Ecossistemas da Região dos Pinheirais coexistem representantes da flora tropical, flora afro-brasileira e  temperada e flora austro-brasileira. É a área de dispersão da araucária, ou Pinheiro do Paraná, espécie gregária de alto valor econômico e paisagístico, praticamente erradicada deste seu local de origem. Este Ecossistema ocupa o nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, grande parte do Estado de Santa Catarina e o centro e o sul do Estado do Paraná. Estes Ecossistemas ocupam uma superfície de 220.363 km2, dos quais 23% estão cobertos por vegetação nativa. Estima-se que os remanescentes da Floresta de Araucária não atinjam os 10% de sua área original. O clima é temperado mesotérmico superúmido, sem estação seca.
                A maior parte do relevo da região é formada pelo Planalto Meridional, que se estende desde as escarpas da Serra Geral, a Leste, até a fronteira com a Argentina, a Oeste. O grau de dissecamento é variável, ocorrendo as áreas planas, conservadas, que representam os topos da paisagem, as áreas colinosas e as áreas dissecadas pelas principais linhas de drenagem, ocorrendo vales profundos e encostas em patamares.
                A vegetação natural era dominada pela Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária. O estrato superior desta floresta era dominado pela Araucária, pinheiro cuja forma peculiar é dada por suas copas corimbiformes, que chega a uma altura média de 30 metros. A Araucária se associa com outras espécies, dependendo da microrregião ou das condições ecológicas locais. Estas espécies formavam o segundo estrato, com 20 metros de altura em média. O terceiro estrato era arbustivo-herbáceo. Havia uma riqueza de epífitas, xaxins e musgos. Há também campos gramíneo-lenhosos se desenvolvendo principalmente sobre solos rasos, representados nesta área por formações vegetais edáficas.
                O uso e a ocupação das terras são principalmente agrícolas, para a produção de grãos nas áreas planas e colinosas. A policultura se desenvolve nas áreas de relevo mais movimentado. A silvicultura com coníferas tem boa representatividade espacial. A infra-estrutura regional recobre uma parcela não desprezível das terras desta unidade.

                8) Ecossistemas do Extremo Sul

                Os Ecossistemas do Extremo Sul compreendem a área anteriormente coberta pelos campos e florestas ao sul do Planalto Meridional, limitado a leste pelas áreas costeiras das planícies gaúchas. Estes Ecossistemas cobrem quase todo o Estado do Rio Grande do Sul e pequena parte de Santa Catarina, ocupando uma extensão de 203.875 km2. Estima-se que 50% da área ainda está recoberta por alguma forma de vegetação nativa. No entanto, as vegetações pioneiras e as florestas foram erradicadas e, devido ao intenso pastoreio, os campos naturais se encontram substancialmente alterados.  O clima é temperado, mesotérmico brando, superúmido, sem estação seca.
                As classes de solos e as vegetações originais estão bem correlacionadas às unidades de relevo dominantes. A borda Oeste da Planície Gaúcha, fora da influência flúvio lagunar litorânea, corresponde a depósitos alúvio coluvionares, de relevo plano e suave ondulado, colonizados por espécies vegetais pioneiras campestres. No centro desta unidade estão o Planalto Sul Rio Grandense e a Depressão Central Gaúcha. O Planalto é cortado pelo Rio Camaquã, que corre para a Lagoa dos Patos. Na Depressão ocorrem as "coxilhas", relevo suave ondulado com amplas e alongadas formas de topos convexos ou planos.
                A cobertura vegetal nativa era dominada pelos Campos, podendo ser classificados como Savanas. A ocorrência deste tipo de vegetação está intimamente ligada à topografia suave. A cobertura herbácea é contínua, entremeada de subarbustos e plantas adaptadas ao meio descampado. Algumas áreas no passado foram recobertas por Florestas Estacionais e, de forma localizada, por Campos.
                O uso e ocupação das terras é intensamente agrícola (culturas de ciclo curto, médio e perene) e pecuário (abertura de áreas para pastagens plantadas), existindo também a utilização dos pastos naturais com animais de pequeno e grande porte. Capoeiras e pequenos talhões de reflorestamento se fazem presentes. A infra-estrutura regional, ao redor dos maiores centros urbanos, representa uma área significativa.

                9) Ecossistemas das Áreas Costeiras e da Região da Floresta Atlântica

                As dependências ecológicas entre a Floresta Atlântica, as Áreas Costeiras emersas, sob influência das marés e submersas até os rebordos da Plataforma Continental, justificam o tratamento conjunto destes compartimentos totalmente diferenciados.
                Os Ecossistemas das Áreas Costeiras emersas e da Região da Floresta Atlântica ocupam uma superfície de 415.088 km², que abarca desde o leste do Rio Grande do Norte até o leste do Rio Grande do Sul. A vegetação nativa não chega a recobrir 36% da área original e, assim mesmo, está em grande parte muito alterada.
                As correntes marinhas, a temperatura das águas e do ar sobre o oceano, o efeito orográfico das cadeias de montanhas, a latitude e a altitude originam uma variedade de climas, que vão desde os temperados superúmidos no extremo Sul; tropical mesotérmico e quente, superúmido e semi-úmido na porção Sudeste, Leste e Nordeste; anomalias localizadas devido à altitude; mediterrâneos e semi-áridos no Nordeste e equatorial quente e úmido e superúmido ao longo do litoral da Amazônia.
                No que concerne as Áreas Costeiras, o relevo se apresenta plano no Norte, Sudeste e Sul ou irregular e rochoso no Nordeste e Leste. A manutenção dos ecossistemas bênticos relacionados a essas superfícies submersas depende dos nutrientes provenientes dos ecossistemas pelágicos de superfície, bem como dos ecossistemas estuarinos e terrestres das áreas costeiras afins. As ilhas e recifes constituem acidentes geográficos mercantes da paisagem superficial. Na zona das marés se destacam as praias e os rochedos, estes últimos colonizados por algas. Os Manguezais, de origem flúvio-marinha, representam um papel de suma importância na retenção e reciclagem de nutrientes. Ocorrem em parceria com os Campos Salinos, sendo ambos recorrentes ao longo de todo o litoral brasileiro. Logo acima da zona influenciada pelas marés nas áreas rochosas emersas das ilhas e do litoral, se desenvolvem vegetações que variam das formas litófilas e arbustivo-arbóreas, xerofiticas até as florestais, exuberantes, assim como a vegetação de Restinga, que pode apresentar a forma rastejante, arbustiva, arbustivo-arbórea e arbórea. As águas doces barradas pelas dunas e cordões litorâneos costumam formar ecossistemas flúvio-lagunares, onde se desenvolvem os Campos Costeiros sobre os Solos Gleysados ou Areias Quartzozas.
                Ao longo do litoral norte-fluminense e capixaba até a Paraíba, bem como sobre a cadeia montanhosa das Serras Geral, do Mar e da Mantiqueira, se desenvolve a Floresta Ombrófila. Esta vegetação, denominada de Floresta Atlântica, é densa e alta, chegando os elementos mais altos a 30 metros de altura. Existem 2 estratos arbóreos, um arbustivo, e um grande número de lianas, epífitas e palmeiras, o que dá à floresta um caráter tropical. Sua área principal são as serras do Sul e Sudeste - floresta higrófila/nebular - onde não raro se precipitam escarpa abaixo até encontrarem o mar. Nestas áreas há uma nítida diferenciação entre as matas baixo-montanas e montarias. Estas últimas, vez por outra, dão lugar aos Campos de Altitude nos topos das cristas e picos montanhosos. Ao longo dos tabuleiros costeiros do leste e das cristas e colinas do litoral baiano, esta floresta ombrófila - a "Hylea" baiana - se desenvolve sobre solos profundos e bem drenados.  À medida que se estende para o norte, se fazem presentes aspectos de caducifólia e aparecem as faciações abertas ao norte da foz do São Francisco.
                O uso e a ocupação das terras nos ecossistemas flúvio-marinhos e flúvio-lacustres, são caracterizados, de uma maneira geral, pelo extrativismo animal e vegetal, pela infra-estrutura urbana, portuária, de turismo e lazer e, de forma localizada, pela agricultura, pastagens e silvicultura.


A.1. Descrição do Setor

                A gestão do imenso patrimônio ambiental brasileiro constitui tarefa de extrema complexidade. Desde o início dos anos 70, o Governo Federal vem realizando esforços específicos, algumas vezes precedidos ou impulsionados por eventos ou posições da comunidade internacional, para implementar um arranjo institucional sistêmico e descentralizado, alicerçado na cooperação entre governos e na parceria com a sociedade, além de dispositivos legais abrangentes, capazes de disciplinar e concretizar a gestão ambiental no Pais.
                De fato, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), que alertou a comunidade internacional para a necessidade da proteção ao meio ambiente e trouxe à tona preocupações com a gestão ambiental, contribuiu para o início do processo de institucionalização do setor ambiental no Brasil. Até então, a disciplina e regulamentação da exploração, ou uso, dos recursos naturais seguia a lógica interna do aproveitamento do produto principal, baseada em critérios estritamente econômicos, desconsiderando os efeitos degradantes decorrentes do processo que encerrava.
                A realização da Conferência de Estocolmo ensejou, também, o início de debates nacionais regulares em torno das questões ambientais que resultaram na criação, em 1973, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) dentro de um espírito voltado à proteção do meio ambiente latu censo
                Devido a atuação da SEMA, oito anos mais tarde, em 31 de agosto de 1981, foi editada a Lei n. 6.938, considerada como o marco legal por excelência do setor, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, incorporando a premissa de conciliação do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Entre os instrumentos criados por esta Lei destaca-se o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), integrado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e por órgãos executivos das instâncias Federal e Estadual.
                A descentralização implícita do SISNAMA induziu a criação dos conselhos e órgãos estaduais de meio ambiente (OEMAs) que, instados, desenvolvem legislação específica, complementar à federal, em matéria ambiental. Desde então, o País vem adotando continuamente instrumentos legais e estruturas institucionais para garantir a conservação dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, com certo grau de racionalidade, na tentativa de evitar superposições e dispersão de recursos financeiros, humanos e materiais. 
                Nesse contexto destaca-se a edição, em 25 de julho de 1985,  da Lei n. 7.347, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente.
                Retornando ao cenário internacional, temos, em 1987, a publicação do Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Conhecido como Relatório Brundtland, esse documento introduz à comunidade internacional o conceito de desenvolvimento sustentável, que mais tarde foi assim explicitado pelo Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): "O Conselho de Administração acredita ser sustentável o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Desenvolvimento sustentável tampouco implica transgressão alguma ao princípio de soberania. O Conselho de Administração considera que a consecução do desenvolvimento sustentável envolve cooperação dentro das fronteiras nacionais e através daquelas. Implica progresso na direção da eqüidade nacional e internacional, inclusive assistência aos países em desenvolvimento de acordo com seus planos de desenvolvimento, prioridades e objetivos nacionais. Implica também a existência de meio econômico internacional propício que resulte no crescimento e no desenvolvimento. Estes são elementos da maior relevância para a gestão sadia do meio ambiente. Desenvolvimento sustentável implica ainda a manutenção, o uso racional e valorização da base dos recursos naturais que sustenta a recuperação dos ecossistemas e o crescimento econômico. Desenvolvimento sustentável implica, por fim, a incorporação de critérios e considerações ambientais na definição de políticas e de planejamento do desenvolvimento e não representa uma nova forma de condicionalidade na ajuda ou no financiamento para o desenvolvimento. O Conselho de Administração está inteiramente consciente de que os próprios países são e devem ser os principais atores na reorientação de seu desenvolvimento, de forma a torná-lo sustentável. O desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio é de grande importância para todos os países, industrializados e em desenvolvimento. Os países industrializados possuem os recursos necessários para fazer os ajustes requeridos; algumas de suas atividades econômicas efetivamente têm impacto substancial no meio ambiente, não apenas no âmbito nacional, mas além de suas fronteiras. Mesmo no caso dos países em desenvolvimento, a maior parte dos recursos para o desenvolvimento provém deles mesmos. Para estes, muito embora a manutenção da base de recursos naturais para as futuras gerações seja de grande relevância, as necessidades da geração atual são de importância crítica. Ações induzidas pela pobreza e pela necessidade de sobrevivência erodem a base de recursos e assim geram mais pobreza. Em todos os países, questões de desenvolvimento e meio ambiente estão entrelaçadas em uma mútua interação. Hoje, novas questões ambientais desafiam a comunidade internacional, enquanto as velhas questões se mantém e até adquirem maior magnitude."
                 Ainda no cenário mundial e segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em 1988, ao se completarem vinte anos da proposta sueca de realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), a XLIII Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 43/196, pela qual decidiu realizar, até 1992, uma conferência sobre temas ambientais. O Brasil, nessa sessão, ofereceu-se para sediar o encontro.
                Paralelamente, no Brasil, é promulgada, em 5 de outubro,  a Constituição de 1988, que representou um importante marco para o meio ambiente no País. A Magna Carta, no Artigo 225 do Capítulo VI - Do Meio Ambiente, dispõe que: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações."   
                 O destaque conferido aos temas ambientais, por ocasião dos debates realizados ao longo do processo de elaboração da nova Constituição, ensejou ademais o surgimento de uma série de propostas de aperfeiçoamento legislativo e institucional que culminou, em princípios de 1989, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Este Instituto incorporou os antigos órgãos federais responsáveis pelo controle ambiental e pelo desenvolvimento setorial da pesca, borracha e florestas.
                A criação do IBAMA representou, por sua vez, um avanço significativo para a gestão ambiental. Exemplos deste avanço são:
*      a ampliação das restrições contidas no Código Florestal, em particular as proibições de desmatamento;
*      a suspensão dos créditos oficiais e incentivos fiscais a projetos que impliquem desmatamento e afetem ecossistemas primários;
*      a vinculação de outorga de concessão de lavra para garimpo ao licenciamento ambiental;
*      a criação de cadastro de produtores, comerciantes e importadores de mercúrio metálico;
*      a edição de dispositivos legais versando sobre o controle de todas as etapas do uso de agrotóxicos;
*      o reconhecimento legal do conceito de reservas extrativistas como unidades de conservação;
*      o estabelecimento do zoneamento ecológico-econômico do País.
                Em março de 1989, realizou-se em Brasília a VI  Reunião Ministerial sobre Meio Ambiente na América Latina e Caribe, que contou com a presença dos Ministros de Estado responsáveis pela gestão ambiental. Nesta ocasião foi registrada a preocupação dos países participantes com a necessidade de se encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento sócio-econômico e a proteção e conservação do meio ambiente
      Em maio do mesmo ano, ocorreu, em Manaus, a I Reunião dos Presidentes dos Países Amazônicos. A "Declaração da Amazônia", então adotada, inspirou-se no conceito  do "desenvolvimento sustentável", ressaltando que a exploração  apropriada dos recursos naturais de cada Estado seria definida em função de prioridades internas de seu direito soberano. Ressaltaram, ademais, que a proteção e conservação do meio ambiente da Região não poderiam ser alcançadas sem a melhoria das condições sociais e econômicas daqueles países.
      No Brasil, em 10 de julho de 1989 foi criado, pela Lei n. 7.797, o Fundo Nacional do Meio Ambiente, instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente destinado a apoiar financeiramente a execução de projetos de pequeno e médio porte que visem o uso sustentável dos recursos naturais e a conservação ou a recuperação da qualidade ambiental em todo o País.
      De volta ao cenário internacional, em 22 de dezembro de l989, a Assembléia Geral das Nações Unidas, reunida em sua XLIV Sessão, adotou por consenso a Resolução 44/228, pela qual decidiu convocar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com duração de duas semanas, em junho de 1992, aceitando o oferecimento brasileiro para sediá-la. A Resolução 44/228 especifica os objetivos da Conferência em vinte e três itens, que podem ser reunidos em quatro grandes grupos.
      O primeiro, a partir do exame do estado do meio ambiente e das mudanças ocorridas nos últimos vinte anos, refere-se à identificação de estratégias regionais e globais e à recomendação de medidas em nível nacional e internacional para reestabelecer o equilíbrio do meio ambiente, bem como para evitar a continuação de sua degradação, no contexto do desenvolvimento econômico e social. Refere-se ainda à consideração do avanço do direito ambiental e à elaboração de direitos e deveres gerais dos Estados no campo do meio ambiente.
      O segundo grupo refere-se a uma série de objetivos na esfera econômica. Trata-se da questão crucial da relação entre degradação ambiental e o quadro econômico internacional além das estratégias que possam levar a acordos e compromissos para promover um ambiente econômico internacional que permita um desenvolvimento sustentado e ambientalmente sadio. Incluiu-se também a questão dos recursos financeiros adicionais para resolver os graves problemas, bem como para promover projetos e programas de desenvolvimento ambientalmente adequados.
      O terceiro grupo de objetivos reúne questões como formação de pessoal, educação ambiental, cooperação técnica e intercâmbio de informações.
      O quarto grupo inclui aspectos institucionais como o da distribuição de responsabilidades para a execução das decisões da Conferência, no âmbito das Nações Unidas, e dos recursos financeiros para essa finalidade.
      Em dezembro do mesmo ano, nova resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, a 45/211, definiu que a Conferência teria lugar de 3 a 14 de junho e recomendou a sua realização em nível de cúpula, cabendo a Chefia das Delegações a Chefes de Estado e de Governo.
                 Logo a seguir, no Brasil, pela Lei n. 8.028, de 12 de abril de 1990, é criada a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República (SEMAM/PR) como órgão de assessoramento direto e imediato ao Presidente da República, com a finalidade de: "...planejar, coordenar, supervisionar, e controlar as atividades relativas à Política Nacional do Meio Ambiente e a preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais renováveis...". Dois anos após a SEMAM/PR dá lugar ao Ministério do Meio Ambiente, com igual competência.
      Em junho de 1992, tem-se a realização, no Brasil, da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). A complexidade da combinação meio ambiente & desenvolvimento foi motivo para um longo processo de negociações que envolveu IV sessões de um Comitê Preparatório que durou 2 longos anos. Como não podia deixar de se esperar, os resultados dessa Conferência foram significativos. Nela foram produzidas a "Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento", a "Agenda 2l", a "Declaração de Princípios Sobre Florestas", a "Convenção Quadro sobre Mudanças do Clima" e a "Convenção Sobre Diversidade Biológica", além de haver estabelecido as bases para a futura negociação da "Convenção para o Combate da Desertificação e dos Efeitos da Seca" e a criação de uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC): a Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS), com vocação de tornar-se o organismo vital das Nações Unidas em questão de meio ambiente e desenvolvimento.
      Como havia sido previsto durante a CNUMAD, a negociação da Convenção para Combater a Desertificação e os Efeitos da Seca foi concluída em 1994.
                No contexto nacional, em 8 de janeiro de 1997, foi sancionada a Lei n. 9.433, que institui os princípios básicos e os instrumentos essenciais à gestão dos recursos hídricos. Esse dispositivo legal estabelece os arranjos institucionais que deverão permitir a gestão compartilhada do uso da água, define o papel da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e elege a bacia hidrográfica como unidade de planejamento, facilitando o confronto entre disponibilidades e demandas hídricas, essenciais para o balanço hídrico.
                Em 13 de fevereiro de 1998 foi sancionada a Lei n. 9.605, conhecida como a Lei da Natureza, que pune civil, administrativa e criminalmente as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente. De acordo com este preceito legal, o agente poluidor é obrigado a promover a recuperação da degradação ambiental por ele causada, além de responder pelo pagamento de multas pecuniárias e por processo criminal.
                Por último, em 27 de abril de 1999, foi sancionada a Lei n. 9.795, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Neste contexto, educação ambiental é entendida como uma série de processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.


A.2. Estratégia Nacional para o Setor

                No tocante à estratégia nacional para o Meio Ambiente, faz-se necessário indicar que o Governo Federal inaugurou, em outubro de 1998, nova sistemática para o planejamento do desenvolvimento nacional. A proposta é empreender, por meio de um Plano Plurianual, que abrange o período 2000 a 2003, a reestruturação de toda a ação do Governo, que passará a ser empreendida mediante a execução de um conjunto de programas, entendidos estes como unidades de gestão, com clara definição dos objetivos a serem alcançados e, sobretudo, dos resultados que a sociedade brasileira espera da ação governamental.
                Os princípios que orientam esta nova forma de atuação estão consubstanciados na Orientação Estratégica do Presidente da República, que estabelece as diretrizes para organizar, concentrar e concertar a atuação do Governo no período. A Orientação Estratégica objetiva o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e está organizada em torno de quatro grandes opções estratégicas, quais sejam:
*      Consolidar a estabilidade econômica com o crescimento sustentado.
*      Promover o desenvolvimento sustentável voltado para geração de emprego e oportunidade de renda.
*      Combater a pobreza e promover a inclusão social.
*      Consolidar a democracia e os direitos humanos.
                Cada uma das opções estratégicas inclui um conjunto de macro objetivos para cuja consecução são definidas diretrizes específicas. As opções estratégicas, os macro objetivos e suas diretrizes específicas são complementadas por cinco agendas, que constituem princípios a serem seguidos pelos órgãos setoriais na perseguição de seus próprios objetivos. As cinco agendas contemplam:
*      os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento;
*      a Gestão do Estado;
*      a Gestão Ambiental;
*      o Emprego e as Oportunidades de Renda;
*      a Informação e o Conhecimento.
                A partir deste conjunto de parâmetros e tendo por base os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, cada Ministério define seus objetivos setoriais os quais, uma vez integrados, dão forma ao Plano Plurianual de Ação para os anos 2000 a 2003 (PPA 2000). O Plano Plurianual de Ação dá origem ao Orçamento Plurianual para o mesmo período. Estes dois documentos e a Proposta  Orçamentária Anual estão sendo concebidos e desenvolvidos como instrumentos de apoio à modernização do País.
                No contexto dessa nova sistemática, o Ministério do Meio Ambiente definiu como prioritários e comuns a todos os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento os seguintes objetivos setoriais:
*      Proteger e melhorar a qualidade ambiental;
*      Promover o gerenciamento ambiental territorial;
*      Promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios de sua utilização;
*      Promover o uso sustentável dos recursos florestais e a recuperação de áreas degradadas, incorporando valores econômicos, sociais e ambientais;
*      Promover a implantação, consolidação e gestão de áreas protegidas e do Sistema Nacional de Unidades de Conservação;
*      Promover a gestão integrada dos recursos hídricos;
*      Promover a adoção de abordagens sustentáveis em atividades produtivas, assim como promover a utilização de instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável;
*      Promover o fortalecimento institucional e a descentralização da gestão ambiental no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA;
*       Promover a conscientização e a participação da cidadania na conservação e gestão dos recursos naturais e do meio ambiente, pela educação ambiental.
                Tais objetivos uma vez consolidados às demais prioridades setoriais, deram origem ao programa Avança Brasil, ora em debate no Congresso Nacional.
                Inclui-se, entre as prioridades do Avança Brasil aquela denominada BRASIL PRESERVADO, que foi assim descrita:
                "O desenvolvimento sustentável exige a conservação dos recursos naturais e a melhoria das condições do meio ambiente. Os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento trazem, nesse campo, uma importante contribuição: um portfólio de investimentos para o desenvolvimento ambiental, que soma R$ 15,7 bilhões em oito anos.
                Pela primeira vez no Brasil, a conservação do meio ambiente é vista não como uma restrição aos investimentos, mas sim como um amplo leque de oportunidades de negócio. Os gestores públicos e privados têm diante de si projetos que fazem da valorização do patrimônio ambiental uma fonte permanente de emprego e renda.
                Não faltam alternativas para o setor privado. O ecoturismo, a reciclagem do lixo nas grandes cidades, a exploração sustentável de parques florestais, o desenvolvimento da pesca esportiva, a produção de frutas típicas do Nordeste, do Cerrado e da Amazônia, assim como a fabricação de remédios a partir de plantas nativas, são alguns exemplos de como as empresas podem se beneficiar de projetos que respeitam e valorizam o meio ambiente.
                A exploração dos recursos hídricos do País, dentro do novo modelo de gestão das bacias hidrográficas, é outra alternativa que se abre para investimentos do setor público e privado. Os projetos visam assegurar água de boa qualidade para o consumo humano e a produção em todo o País, especialmente no semi-árido do Nordeste.
                A preocupação ambiental está presente em todos os empreendimentos voltados para o desenvolvimento social e a infra-estrutura econômica. A idéia é incorporar a variável meio ambiente na concepção dos projetos e não apenas procurar reduzir os efeitos nocivos das obras em construção ou já implantadas.
                O incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico permeia todo o portfólio de projetos ambientais. O melhor exemplo é a implantação de uma rede nacional de biotecnologia e capacitação tecnológica e empresarial, para explorar de modo sustentável os recursos naturais da Amazônia.
                Os empreendimentos incluem, também, a preocupação social. Os investimentos em ecoturismo, seja no Pantanal, seja na Amazônia, vão preservar as culturas locais e gerar emprego e renda para a população, o que beneficia especialmente as comunidades mais carentes das duas regiões.
                Emerge, assim, uma nova face das políticas ambientais: a promoção do desenvolvimento sustentável, tendo como base a correta exploração dos recursos naturais.".
                Para consecução deste objetivo, está prevista a execução do programa "11. Melhorar a Gestão Ambiental", de responsabilidade exclusiva do MMA, que foi incluído  dentre as ações voltadas para o "Trabalho, Desenvolvimento e Prosperidade", cujo teor apresentado no Avança Brasil explicita:
                O Brasil detém a maior diversidade biológica do planeta, 40% das florestas tropicais e 20% da água doce disponível no mundo. Um volume significativo de nosso Produto Interno Bruto está associado diretamente aos recursos naturais. A gestão e o uso adequado desse imenso patrimônio ambiental são fundamentais para o desenvolvimento sustentável do País e para a conseqüente melhoria da qualidade de vida do cidadão.
                A gestão dos recursos naturais não é tarefa exclusiva do governo federal. É preciso uma forte parceria com o setor privado, estados, municípios e sociedade civil organizada para que se possa prevenir, reduzir ou compensar os danos causados ao meio ambiente pelo aumento das atividades socioeconômicas.
                Ao mesmo tempo, é necessário estimular o desenvolvimento e criar oportunidades de negócios e investimentos voltados para a proteção e conservação do meio ambiente, uso da biodiversidade, ecoturismo, geração de energia limpa, gestão do patrimônio natural e utilização sustentável dos recursos naturais.
                O sucesso do novo modelo de gestão depende de uma mudança cultural. Exige a conscientização de gestores públicos e privados e a participação direta das comunidades na conservação e uso dos recursos naturais. O programa Educação Ambiental tem essa finalidade.
                O governo trabalha para melhorar a qualidade ambiental nas cidades, através do aperfeiçoamento da infra-estrutura sanitária, redução da poluição e mudanças nos padrões de produção e consumo da sociedade. É fundamental apoiar também os projetos de utilização de tecnologias limpas por parte das empresas e o uso racional dos recursos hídricos, florestais e da nossa biodiversidade.
                A oferta de água para consumo humano, irrigação e indústria será um grande desafio a ser enfrentado por todas as nações no próximo século. Por isso, o governo dará prioridade à gestão dos recursos hídricos e ao fornecimento de água de boa qualidade para todos os brasileiros.
                Os programas Nossos Rios - Paraíba do Sul, São Francisco e Araguaia-Tocantins - permitirão o aproveitamento racional da água para o consumo humano, irrigação e geração de energia elétrica. O programa Proágua - Gestão, em âmbito nacional, tem a mesma finalidade. Serão programas pioneiros na implantação dos princípios e métodos de gestão estabelecidos na nova Lei das Águas (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997).
                O uso sustentável de recursos florestais será o foco de dois programas: Florestar e Prevenção e Combate a Desmatamentos, Queimadas e Incêndios Florestais. O primeiro visa aumentar a oferta de madeiras de áreas plantadas, contribuindo para diminuir a exploração predatória em florestas naturais. O segundo permitirá o combate efetivo aos desmatamentos, às queimadas e aos incêndios, que devastam as florestas e prejudicam nosso patrimônio e a imagem do País no exterior.
                O Pantanal é um ecossistema extremamente rico e frágil. Para incentivar a economia da região e melhorar a qualidade de vida da população, sem agredir o meio ambiente, foi criado o programa Pantanal. O trabalho vai permitir a ampliação e a melhoria dos sistemas de abastecimento de água e esgoto nas áreas urbanas, o controle preventivo das atividades poluidoras, a criação de novas áreas de conservação e o estímulo às atividades econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico de brasileiros e estrangeiros.
                O programa Zoneamento Ecológico-Econômico permitirá o mapeamento do território nacional, de forma a direcionar a ocupação e o desenvolvimento do País de forma sustentável. Paralelamente, será implantado o programa Qualidade Ambiental, que vai atacar o problema da degradação do meio ambiente nas grandes cidades.
                A atuação do governo na área ambiental não se esgota nessas ações. Outros programas estão sendo adotados dentro dos preceitos da Agenda 21, proposta pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). O novo modelo de desenvolvimento econômico e social só será sustentável se as condições ambientais necessárias à vida e à qualidade de vida humana forem asseguradas para o presente e para o futuro.
                A orientação e o gerenciamento das ações de governo segundo o princípio dos investimentos integrados, nos campos econômico, social, ambiental e de informação e conhecimento, de acordo com a abordagem dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, são mais um passo em direção à sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro.
                O Avança Brasil incluiu na qualidade de "Oportunidades de Investimentos Públicos e Privados para o período 2000/7 os seguintes empreendimentos nacionais da área ambiental:
*      Programa Nacional de Diversidade Biológica (Pronabio)
*      Programa Nacional de Educação Ambiental (PNEA)
*      Consolidação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
*      Programa-Piloto de Proteção às Florestas Tropicais II (PPG-7-II)
*      CDM (Clean Development Mecanism) - Convenção do Clima
*      Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (Gerco)
*      Programa Nacional do Meio Ambiente II (PNMA-II)
*      Reciclagem e Gestão de Resíduos Sólidos
*      Programa Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)
*      Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva
*      Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica
*      Incentivo à Certificação Ambiental Voluntária e à Auto-Regulação.
               
No que respeita aos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, foram especificadas, no Avança Brasil, os seguintes empreendimentos que se constituem "Oportunidades de Investimentos Públicos e Privados 2000/7" na área ambiental:

1.       Eixos da Amazônia:  Arco Norte e Madeira Amazonas
*      Fitofármacos e Cosméticos da Amazônia
*      Recuperação de Áreas Degradadas da Amazônia
*      Programa de Ecologia Molecular (Probem)
*      Centros de Referência Ambiental para os Ecossistemas Amazônicos
*      Ecoturismo Local Integrado
*      Pólos Ecoturísticos em Parques Nacionais
*      Turismo Verde
*      Concessão de Uso de Florestas Nacionais
*      Gestão Integrada de Recursos Florestais na Amazônia
*      Monitoramento e Controle do Arco do Desflorestamento (Proarco)
*      Gestão Integrada da Bacia do Rio Madeira
*      Agenda Positiva para o Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros Marinhos
*      Gestão Integrada dos Recursos Pesqueiros da Bacia Amazônica
*      Pesca Esportiva
*      Frutas da Amazônia
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Assentamentos de Reforma Agrária; Ecoturismo)
*      Povos da Floresta e Reservas Extrativistas
*      Utilização Sustentável de Palmeiras Nativas e Adaptadas

2.       Eixos do Nordeste: Transnordestino e São Francisco
*      Combate à Desertificação
*      Recuperação da Caatinga
*      Ecoturismo Local Integrado
*      Pólos Ecoturísticos em Parques Nacionais
*      Expansão e Preservação da Base Florestal
*      Aproveitamento de Recursos Hídricos Subterrâneos
*      Gestão Integrada da Bacia do Rio Piranha-Açu
*      Agenda Positiva para o Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros Marinhos
*      Diversificação da Cadeia Produtiva Algodão/Têxtil: Mercado Verde
*      Frutas do Nordeste
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Gestão de Espaços e Recursos Costeiros para o Delta do Parnaíba, Lençóis Maranhenses e Outras Áreas; Desenvolvimento Sustentável da Caatinga; Polígono do Descobrimento; Áreas Impactadas por Barragens)
*      Utilização Sustentável de Palmeiras Nativas e Adaptadas
*      Raças Nativas de Animais Domésticos

3.       Eixos do Centro Oeste: Araguaia - Tocantins e Oeste
*      Fitofármacos e Cosméticos da Amazônia
*      Raças Nativas de Animais Domésticos
*      Ecoturismo Local Integrado
*      Pólos Ecoturísticos em Parques Nacionais
*      Turismo Verde
*      Gestão Integrada de Recursos Florestais na Amazônia
*      Monitoramento e Controle do Arco do Desflorestamento (Proarco)
*      Gestão Integrada de Bacias dos Rios Araguaia e Tocantins
*      Agenda Positiva para o Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros Marinhos
*      Gestão dos Recursos Pesqueiros das Bacias dos Rios Araguaia e Tocantins
*      Pesca Esportiva
*      Frutas dos Cerrados
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Produtos do Cerrado, Mineração, Populações Tradicionais)
*      Povos da Floresta e Reservas Extrativistas
*      Utilização Sustentável de Palmeiras Nativas e Adaptadas
*      Espécies da Fauna Brasileira com Potencial Positivo
*      Centros de Referência Ambiental do Cerrado
*      Gestão Integrada da Bacia do Alto Paraguai
*      Gestão Integrada dos Recursos Pesqueiros da Bacia Amazônica
*      Desenvolvimento Sustentável do Vale do Guaporé
*      Desenvolvimento Sustentável do Pantanal
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis no Uso da Biodiversidade e com Base na Prevenção e Controle de Incêndios Florestais

4.       Eixo do Sudeste: Rede Sudeste
*      Ecoturismo Local Integrado
*      Pólos Ecoturísticos em Parques Nacionais
*      Expansão da Base Florestal
*      Redução de Emissões Veiculares e Industriais em Regiões Metropolitanas Saturadas
*      Gestão Integrada da Bacia do Rio Paraíba do Sul
*      Agenda Positiva para o Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros Marinhos
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Reconstituição da Mata Atlântica/Centro de Referência Ambiental; Mudança de Padrões de Uso Doméstico dos Recursos Hídricos)

5.       Eixos do Sul: Sudoeste e Sul
*      Ecoturismo Local Integrado
*      Pólos Ecoturísticos em Parques Nacionais
*      Expansão da Base Florestal
*      Gestão Integrada da Bacia dos Rios Tietê e Piracicaba
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Área de Influência do Parque Nacional de Foz do Iguaçu; Prevenção e Recuperação da Erosão do Solo)
*      Raças Nativas de Animais Domésticos
*      Recuperação de Áreas em Processo de Desertificação
*      Recuperação da Floresta de Araucárias
*      Gestão Integrada da Bacia do Rio Uruguai
*      Agenda Positiva para o Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros Marinhos
*      Pólo de Difusão de Práticas Sustentáveis (Recursos Hídricos do Sul e Noroeste Rio-Grandense e de Santa Catarina; Gestão de Espaços Costeiros e Marinhos na Região da Lagoa dos Patos e do Litoral de Santa Catarina; Agroindústrias na Região de Chapecó)
*      Utilização Sustentável de Palmeiras Nativas e Adaptadas


A.3. Assistência Prévia ou em Curso Dirigida ao Mesmo Setor

                O setor ambiental brasileiro, de um modo geral, e o Ministério do Meio Ambiente, em particular, vêm contando com o instrumental apoio do PNUD para o seu desenvolvimento. A seguir são apresentados os projetos que integram o atual portfólio ambiental do PNUD:

A.4. Matriz Institucional para Esforços de Desenvolvimento no Setor.

                Como foi mencionado anteriormente, o setor ambiental brasileiro está organizado de forma sistêmica e descentralizada, em obediência à Lei n. 6.938/8, tendo no SISNAMA e no CONAMA, seus principais instrumentos. Este arranjo permite o envolvimento dos principais atores sociais, públicos e privados, no processo decisório, o que facilitará a implementação dos Programas Ambientais definidos no contexto do Avança Brasil (PPA 2000).
                Esta estrutura será utilizada e fortalecida ao longo da execução do presente projeto, cujas principais características são a abordagem holística, a transparência a formação de parcerias e a descentralização de ações. Garante-se, assim, a plena articulação dessa iniciativas às demais em andamento na área ambiental.
                De certa forma, o presente Projeto influenciará - pela determinação de políticas de meio ambiente e desenvolvimento sustentável - e será influenciado pelos demais projetos em andamento que subsidiam a tomada de decisão ao atuarem em subsetores específicos, como a manutenção da diversidade biológica, a gestão integrada de florestas e de recursos hídricos,  a melhoria da qualidade ambiental dos centros urbanos, para citar alguns. Além disso, o Projeto propiciará, dentro de um contexto sistematizado da cooperação internacional, o apoio na aplicação adequada dos instrumentos de gestão ambiental, no zoneamento ecológico econômico da região costeira, no planejamento da gestão integrada dos ativos ambientais e garantirá recursos financeiros para o desenvolvimento, pelas instituições e comunidades locais, de ações de conservação de recursos naturais e de melhoria da qualidade ambiental.

 

B. JUSTIFICATIVA DO PROJETO

B.1. Identificação e análise do problema a ser resolvido;

                O conceito de desenvolvimento sustentável, tal como introduzido pela primeira vez pelo Relatório Bruntdland e posteriormente explicitado pelo Conselho de Administração do PNUMA, embora date de 1987, ainda é pouco compreendido e menos ainda praticado pelos governos de um modo geral, quer sejam eles de países em desenvolvimento ou de países industrializados. Ao acrescer-se preocupações de caráter ambiental ao dominado conceito de desenvolvimento econômico-social, acabou-se por ensejar uma inevitável relação de prevalência com o processo de gestão ambiental, prevalência esta facilmente comprovada pela natureza do organismo internacional escolhido pela comunidade das nações para interpretá-lo: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A realização de uma conferência mundial voltada para o trato de questões de Meio Ambiente e de Desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992), serviu para tornar ainda mais indelével tal associação, a medida em que seus participantes representavam maciçamente o setor ambiental. Conseqüência de tal fenômeno têm sido a responsabilidade sem precedentes e improcedentemente atribuída ao setor ambiental de zelar pelo processo de desenvolvimento sustentável, especialmente entre os países em desenvolvimento.
                No Brasil a situação não difere da dos demais países em desenvolvimento. A Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21(CPDS), criada por Decreto Presidencial em 26 de fevereiro de 1997, embora reunindo os Ministérios setoriais afetos às questões de desenvolvimento e meio ambiente e estabelecida na Casa Civil da Presidência da República, tem sua Secretaria Executiva no Ministério do Meio Ambiente. Este fato torna o MMA irremediavelmente responsável pela liderança na promoção dos princípios do desenvolvimento sustentável entre os demais setores governamentais federais, os Estados e os Municípios brasileiros.
                O caráter inovador de definir políticas públicas em um contexto participativo, que reuna o maior espectro possível de atores e leve em consideração os aspectos econômicos, sociais e ambientais do local a que se destina, têm demandado o desenvolvimento de métodos e metodologias específicas para garantir sua efetivação. O PNUD vem, ao longos dos últimos quatro anos, apoiando o MMA nesta empreitada, por intermédio da execução do projeto BRA/94/016 "Formulação e implementação de políticas públicas compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentáveis definidos na Agenda 21".
                De fato, a cooperação do PNUD facilitou os trabalhos da CPDS de escolha da metodologia de trabalho que foi adotada para o desenvolvimento da Agenda 21 Brasileira, a qual privilegiou a abordagem multisetorial da realidade nacional e procurou focalizar a interdependência entre as dimensões ambiental, econômica, social e institucional. Facilitou, igualmente, a determinação da CPDS de que ao se definir e implementar a Agenda 21 Brasileira fosse observado o princípio do estabelecimento de parcerias, por entender que a Agenda 21 não é apenas um documento de propósitos do Governo, mas antes, um programa de ação fruto do consenso governo e iniciativa privada e, portanto, também da responsabilidade dos diversos setores e agentes da sociedade brasileira.
                Com base nas orientações da CPDS, o projeto BRA/94/016 tornou possível a realização de consultas à sociedade sobre temas prioritários que resultaram na elaboração de seis documentos temáticos: Cidades Sustentáveis, Agricultura Sustentável, Redução das Desigualdades Sociais, Infra-estrutura e Integração Regional, Gestão de Recursos Naturais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável. 
                A cooperação do PNUD tornou possível, ainda, a elaboração do documento da Agenda 21 Brasileira, calcada nos seis temas definidos como prioritários. Este documento está sendo analisado pela CPDS. Uma vez aprovado, o texto da Agenda 21 Brasileira precisará retornar aos atores que participaram de sua definição. Seu texto final necessitará, posteriormente, ser  divulgado, compreendido e apreendido pelo maior número possível de agentes sociais, públicos e privados. Sua implementação, em nível nacional, dependerá, ainda, do apoio que o MMA puder proporcionar às iniciativas estaduais e locais de Agenda 21 em andamento, bem como à instalação de processos semelhantes em todo o País.
                A atuação da CPDS foi instrumental para a inserção das principais estratégias contempladas na Agenda 21 Brasileira na definição do Avança Brasil (PPA 2000). Com isso, provocou a incorporação definitiva do conceito de desenvolvimento sustentável nas políticas públicas do País. Este fato indica a importância de que seja assegurada a continuidade do apoio do PNUD ao trabalho da CPDS, à consolidação da Agenda 21 Brasileira e aos processos de definição de Agendas 21 Locais e Regionais.
Como foi mencionado anteriormente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, como órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que se reporta diretamente ao Conselho de Governo, este último chefiado pelo Presidente da República.
É da competência do CONAMA:
a)       estabelecer diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e recursos naturais;
b)       baixar normas necessárias à execução e implementação da Política Nacional do Meio Ambiente;
c)       estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
d)       determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos sobre as alternativas e possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais ou municipais, bem com a entidades privadas, as informações indispensáveis à apreciação dos estudos de impacto ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental;
e)       decidir, como última instância administrativa, em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;
f)        homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental;
g)       estabelecer normas e padrões nacionais de controle de poluição causada por veículos automotores terrestres, aeronaves e embarcações;
h)       estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;
i)         estabelecer normas gerais relativas às Unidades de Conservação, e às atividades que podem ser desenvolvidas em suas áreas circundantes;
j)          estabelecer os critérios para a declaração de áreas críticas, saturadas ou em vias de saturação.
Para exercer seu mandato, o CONAMA é composto pelo Plenário e por Câmaras Técnicas Permanentes e Temporárias e é presidido pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente. Sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA
O Plenário é integrado por um representante de cada Ministério, das demais Secretarias da Presidência da República e do IBAMA, um representante de cada uma das Unidades Federativas e por representantes das Confederações Nacionais da Indústria, do Comércio e da Agricultura, das Confederações Nacionais dos Trabalhadores na Indústria, do Comércio e da Agricultura, do Instituto Brasileiro de Siderurgia, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e da Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente. Além desses, participam, também, representantes de associações legalmente constituídas para a defesa dos recursos naturais e combate à poluição - de livre escolha do Presidente da República - e de sociedades civis, uma de cada região geográfica do País, cuja atuação esteja diretamente ligada à preservação da qualidade ambiental e cadastradas no Cadastro Nacional das Entidades Ambientalistas.
                Cada uma das Câmaras Técnicas, sejam elas permanentes ou temporárias, é integrada por 07 Conselheiros, que elegem um Presidente e um Relator. As Câmaras Técnicas Temporárias são criadas por determinação do Plenário, com prazo definido, para cumprir objetivo predeterminado.
Atualmente, fazem parte do CONAMA as seguintes Câmaras Técnicas:
1.       Câmaras Técnicas Permanentes:
*      Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos
*      Câmara Técnica de Controle Ambiental
*      Câmara Técnica de Ecossistemas
*      Câmara Técnica de Energia
*      Câmara Técnica de Gerenciamento Costeiro
*      Câmara Técnica de Mineração e Garimpo
*      Câmara Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento
*      Câmara Técnica de Recursos Naturais Renováveis
*      Câmara Técnica de Transportes
*      Câmara Técnica de Uso do Solo
2.       Câmaras Técnicas Temporárias:
*      Câmara Técnica Temporária da Amazônia: em fase de instalação, destinada a discutir e propor anteprojeto de lei regulamentando a utilização dos recursos naturais da Floresta Amazônica Brasileira;
*      Câmara Técnica Temporária de Ecoturismo: destinada a contribuir com a definição da política e estrutura legal específica para área de Ecoturismo;
*      Câmara Técnica Temporária de Assuntos da Mata Atlântica: destinada a discutir e propor, ao Plenário, anteprojeto de lei regulamentando a utilização dos recursos naturais da Mata Atlântica, bem como complementar a regulamentação do Decreto 750/93 e resolução 10/93 que disciplina a matéria da CF/88;
*      Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental: destinada a discutir e propor, ao Plenário, normas de efetivação e incentivo da Educação Ambiental no ensino formal e informal, de forma a contribuir para a formação de uma consciência do desenvolvimento sustentável no País;
*      Câmara Técnica Temporária de Cerrado e Caatinga: destinada a discutir e propor, ao Plenário, anteprojeto de lei disciplinando o uso dos recursos naturais do Cerrado e da Caatinga;
*      Câmara Técnica Temporária de Assuntos do Pantanal: destinada a discutir e propor anteprojeto de lei regulamentando a utilização dos recursos naturais do Pantanal Mato-grossense;
*      Câmara Técnica Temporária de Assuntos do MERCOSUL: destinada a analisar o posicionamento e as conseqüências das medidas adotadas pelas instituições brasileiras relativas às questões ambientais no âmbito do Mercado Comum;
*      Câmara Técnica Temporária de Assuntos Econômicos;
*      Câmara Técnica Temporária para atualização do Código Florestal;
                O CONAMA disciplina as questões ambientais de sua competência por meio de Resoluções. Desde 1984 o Plenário aprovou mais de duzentos e cinqüenta delas, dentre as quais se destacam a que introduziu no País a obrigatoriedade da realização de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental para o licenciamento de instalação de atividades e empreendimentos potencialmente poluidores e a que estabeleceu normas para o controle da poluição de origem veicular.
                No ano em curso, o CONAMA editou dez Resoluções, algumas delas com  impacto direto na vida cotidiana dos cidadãos, no funcionamento de empresas e nas ações de governo, quais sejam:
§  Resolução 248 - Determina que as atividades econômicas que envolvem a utilização sustentada de recursos florestais procedentes de áreas cobertas por floresta ombrófila densa, em estágio primário, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica no Estado da Bahia, somente poderão ser efetuadas mediante a observação das diretrizes nacionais estabelecidas para o manejo florestal sustentável, licenciamento ambiental e controle e monitoramento dos empreendimentos de base florestal;
§  Resolução 249 - Aprova as Diretrizes para a Política de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica;
§  Resolução 251 - Estabelece critérios, procedimentos e limites máximos de opacidade da emissão de escapamento para avaliação do estado de manutenção dos veículos automotores do ciclo Diesel, em uso no território nacional, a serem utilizados em programas de inspeção e manutenção;
§  Resolução 254 -  Cria Câmara Técnica Temporária para atualização do Código Florestal;
§  Resolução 256 - Estabelece regras e mecanismos para inspeção de veículos quanto às emissões de poluentes e ruídos, regulamentando o Art. 104 do Código Nacional de Trânsito;
§  Resolução 257 - Estabelece que pilhas e baterias que contenham em sua composição chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer aparelhos, veículos ou sistemas, moveis ou fixos, bem como produtos eletro-eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, deverão ser entregues, pelos usuários, aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias para repasse aos fabricantes e importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada;
                O ano de 1999 está sendo dedicado à definição de uma nova composição política e institucional para o Conselho. Essa tarefa se reveste de grande significado considerando que após 15 anos de funcionamento, 53 reuniões ordinárias e 23 extraordinárias, o Plenário do Conselho, por unanimidade, determinou que fossem tomadas providências para a modernização integral de seus procedimentos.
Para tanto, foi constituído o Grupo de Trabalho "Repensando o Conama", cuja tarefa principal é a realização de amplo diagnóstico dos diferentes aspectos de funcionamento do Conselho, ouvidos seus membros e comunidade ambiental, para propor inovações que assegurem a eficiência e a eficácia dos seus mecanismos e procedimentos.
                Até o momento, as discussões internas do Grupo apontam para a necessidade de que: i) seja promovida uma ampla revisão nos procedimentos operacionais do Conselho; ii) seja redefinida sua composição e a proporcionalidade de seus integrantes; iii) seja tornado transparente e de fácil entendimento sua competência e mecanismos de deliberação; iv)  sejam, suas Câmaras Técnicas, adequadas à nova realidade nacional e aos desafios atuais e futuros da gestão ambiental integrada.
                É portanto, de fundamental importância que a cooperação do PNUD propicie suporte aos trabalhos do Conselho, de suas Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho, no sentido de assegurar a rapidez, eficiência e eficácia na busca imediata por soluções às matérias sob sua responsabilidade, como requer o trato das questões ambientais no País.
                De outra parte, a alteração introduzida no processo de planejamento do desenvolvimento nacional e a nova atuação programática adotada pela Administração Federal impõe, aos Gerentes de Programas do MMA, o domínio e a aplicação de um conjunto de mecanismos e instrumentos de programação, acompanhamento e avaliação até então familiares apenas aos servidores federais que atuavam nas áreas de planejamento e orçamento. Faz-se necessário, portanto, sua capacitação nesse sentido, para assegurar o sucesso dos programas ambientais planejados e o conseqüente cumprimento da diretrizes políticas definidas para o setor ambiental.
                Da mesma forma, o MMA precisa incrementar sua capacidade de registrar, sistematizar e disseminar, a todos os interessados, informações e documentos, em especial aqueles pertinentes à sua atuação no contexto do Avança Brasil, em consonância com o princípio da transparência, estipulado nas Orientações Presidenciais que balizaram o estabelecimento deste programa.
                A esse respeito, é preciso ressaltar que a maioria das ações de cooperação internacional de que o Ministério se beneficiou nos últimos anos, contemplou atividades relacionadas ao registro e à disseminação de informações, experiências e lições apreendidas com a execução dos diferentes projetos e programas. Em função disso, sistemas de informações e bases de dados foram sendo implementadas para atender às especificidades de cada intervenção em particular, sem que houvesse a preocupação de sua integração ou compartilhamento com os demais sistemas ou bancos de dados existentes. É preciso, portanto, que seja empreendido um esforço concentrado, com o apoio do PNUD,  no sentido de racionalizar a gestão das informações no ambiente MMA, mediante a integração das diversas bases de dados e sistemas de informação disponíveis, de forma a assegurar a desejada transparência e o pleno acesso dos servidores às informações de que necessitam para o adequado exercício de suas funções de gestores públicos dos recursos ambientais do País.
                Em complemento a este esforço, torna-se imprescindível a adoção de mecanismos e instrumentos que garantam, ao público em geral, o acesso às informações e aos documentos que registram a atuação do Ministério. O PNUD, por intermédio do BRA/94/016, vem cooperando com o desenvolvimento do Centro de Informações e Documentos Ambientais "Luiz Eduardo Magalhães" - (CID Ambiental), que executa, ainda de forma incipiente, este tipo de atividade. O aumento progressivo do número de consultas e de visitas feitas pelo público externo ao Centro indica a qualidade do serviços prestados e o credencia a iniciar sua fase de consolidação.
                A alteração nos procedimentos da administração federal ensejou, no MMA, o desejo de adotar o enfoque programático também para a gestão de suas ações de cooperação internacional, que no presente ocorrem de forma pontual, com o objetivo de resolver problemas específicos. Para tanto, é necessário definir um programa de cooperação internacional para a área ambiental que leve em consideração as ações em andamento e os novos desafios provocados pelo Avança Brasil.
                Uma vez definido, aprovado pelas autoridades nacionais competentes e negociado com os parceiros internacionais, é imprescindível que o programa de cooperação internacional para a área do meio ambiente seja adequadamente acompanhado e avaliado, para que possa desempenhar sua função de instrumento que impulsiona, facilita e agiliza o processo de desenvolvimento setorial. Além disso, o significativo número de intervenções de cooperação internacional em andamento no MMA determina a necessidade de que sejam racionalizados os procedimentos administrativos requeridos para sua implementação, em especial no que concerne à execução dos projetos multilaterais de cooperação técnica.
                O trato da cooperação internacional na área do meio ambiente se completa com a devida participação nacional nos foros internacionais, quer bilaterais ou multilaterais, onde são concertadas ações e decisões que afetam o modo como são apropriados, conservados e protegidos os recursos naturais. A convivência internacional freqüente e sadia é particularmente importante no caso do meio ambiente onde os recursos ambientais, por não se limitarem às fronteiras políticas, são compartilhados por mais de uma nação e algumas das agressões a eles imputadas têm, em alguns casos, conseqüências regionais e globais.
                Tanto a gestão das atuais ações de cooperação internacional quanto a participação do MMA em foros internacionais têm sido grandemente facilitadas pelo BRA/94/016, tornando instrumental a cooperação do PNUD neste sentido .
                Ainda no que tange à cooperação internacional, faz-se necessário ressaltar que nos últimos dois anos o Ministério do Meio Ambiente negociou, com o suporte técnico propiciado pelo PNUD (projetos BRA/90/010 e BRA/96/002), duas operações de crédito externo de particular importância para o setor ambiental do País. Uma delas com o Banco Mundial, diz respeito à continuidade da participação daquele organismo financeiro internacional na segunda fase do Programa Nacional do Meio Ambiente. A outra, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, garante novo ingresso de recursos para as ações apoiadas pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente.
                Em ambos os casos, é de fundamental importância a continuidade do apoio do PNUD no sentido de propiciar o estabelecimento de mecanismos e instrumentos que garantam a tempestividade na aplicação dos recursos contratados, em especial aqueles que serão aplicados por instituições estaduais e municipais, de forma a que a poupança futura não seja ainda mais comprometida com o serviço da dívida externa contratada. 
O Programa Nacional do Meio Ambiente II (PNMA II) - que teve seu detalhamento facilitado pelo BRA/90/010 e será objeto da cooperação financeira do Banco Mundial - visa estimular a adoção de práticas sustentáveis e de gestão ambiental pelos setores cujas atividades causam impactos sobre os recursos naturais, além de contribuir para o fortalecimento da infra-estrutura organizacional e de regulamentação do poder público para o exercício da gestão ambiental no País, melhorando efetivamente a qualidade ambiental.
Para tanto, foi concebido com três componentes: (i) Desenvolvimento Institucional; (ii) Gestão Integrada de Ativos Ambientais; (iii) Coordenação Geral e Assistência Técnica.
                O componente Desenvolvimento Institucional objetiva contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento dos principais instrumentos de gestão ambiental nos níveis nacional, estadual e local, razão pela qual foi subdividido em três subcomponentes: Licenciamento Ambiental, Monitoramento da Qualidade da Água e Gerenciamento da Zona Costeira
(i)                   Licenciamento Ambiental: apoiará as iniciativas estaduais de modernizar e fortalecer procedimentos de licenciamento ambiental para torná-lo mais eficiente e efetivo e integrá-lo aos demais instrumentos de gestão ambiental;
(ii)                 Monitoramento da Qualidade da Água: desenvolverá redes de monitoramento da qualidade dos corpos d'água capazes de gerar informações que subsidiem a tomada de decisão pertinente ao processo de gestão ambiental e à formulação de políticas de proteção ambiental. Estas informações estarão disponíveis ao público em geral e deverão fortalecer a capacidade de fiscalização do Estado;
(iii)                Gerenciamento da Zona Costeira: proporcionará condições de efetiva gestão integrada da zona costeira, apoiando esforços Estaduais de  zoneamento econômico e ambiental.
                Por intermédio do Componente de Gestão Integrada de Ativos Ambientais, os Estados Federativos terão acesso a recursos financeiros para a elaboração e implementação de projetos que melhorem a qualidade ou protejam ativos ambientais específicos. Neste contexto, “ativos ambientais” são definidos como recursos naturais que fornecem importantes serviços para as comunidades humanas, e que requerem gestão para conservar, proteger ou melhorar sua capacidade de distribuir estes serviços.
                Pelo componente Coordenação e Articulação, os governos estaduais deverão receber apoio e assistência técnica do Ministério do Meio Ambiente, a ser propiciada pela Unidade de Coordenação Geral do Programa, em atividades que os auxiliem a cumprir os critérios de elegibilidade, elaborar estudos visando identificar as prioridades ambientais e realizar processo de seleção de projetos demonstrativos.
O Programa compreenderá três fases distintas e recursos da ordem de US $ 300,0 milhões, a serem aplicados em um período de 10 anos. A primeira fase, de dois anos, envolverá aproximadamente US$ 30 milhões, 50% dos quais serão financiados pelo Banco Mundial, cabendo ao Governo Federal custear a outra metade, à título de contrapartida nacional. As segunda e terceira fases deverão ser financiadas pelo Banco Mundial, Governo brasileiro e Estados que receberem financiamento do componente Gestão de Ativos Ambientais.
O PNMA II foi planejado no formato "APL" (Programa de Empréstimo Adaptável), nova modalidade de empréstimo do BIRD que garante maior flexibilidade de implementação, por se constituir em uma seqüência de empréstimos de menor porte que apoiam diferentes fases de implementação de intervenções de médio e longo prazos. Este é o caso do PNMA II, que demanda tempo para articulação institucional e adesão dos setores que possuem interfaces com o setor ambiental. Além disto, o ambiente natural também requer tempo para reagir às intervenções de conservação ou recuperação, que resultem em melhoria da qualidade ambiental.
                O Programa de Apoio ao Fundo Nacional do Meio Ambiente - Fase II, objeto do Contrato de Empréstimo 1013/SF-BR firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, foi concebido mediante suporte técnico propiciado pelo projeto BRA/96/002 "Qualidade na gestão do Fundo Nacional do Meio Ambiente". Esta segunda fase do Programa garantirá cerca de US $ 52,0 milhões a serem diretamente aplicados no financiamento de projetos de demanda espontânea - tradicionalmente apresentados por instituições não governamentais, instituições de pesquisas e instituições públicas de municípios com menos de 200 mil habitantes - e projetos de demanda induzida - intervenções realizadas em resposta a editais que atendem às necessidades e prioridades da política nacional do meio ambiente.
                À semelhança da operação com o Banco Mundial, o crédito contratado com o BID prevê a alocação de recursos externos adicionais à medida em que determinadas etapas do processo forem sendo vencidas. No caso do FNMA, a alocação de recursos adicionais estará na dependência de que seja definido e adotado mecanismo que garanta a sustentabilidade financeira do Fundo, ou seja, que lhe seja atribuído fonte alternativa de receita, que assegure fluxo constante de recursos para o financiamento das ações ambientais, independente das limitações impostas pela disponibilidade orçamentária da União.
                A administração deste novo empréstimo e a mudança no perfil dos projetos até então administrados pelo Fundo requerem adaptações na estrutura de gestão do FNMA, além da definição e adoção de novos critérios e mecanismos para a seleção e julgamento de propostas e de acompanhamento e avaliação dos projetos. A manutenção da cooperação do PNUD ao FNMA ensejará que as mudanças necessárias ocorram com a rapidez e eficiência desejadas. 

B.2. Situação esperada ao final do Projeto:

                Uma vez concluído o Presente projeto, espera-se que seja possível constatar a efetiva e crescente participação de agentes sociais e privados nos processos de definição de políticas públicas, bem como na concepção, execução e avaliação de programas ambientais e de desenvolvimento sustentável em todo o País.
                Espera-se que o CONAMA atue de maneira tempestiva e eficaz, cumprindo, com eficiência seu papel de órgão máximo de deliberação da área ambiental.
                Espera-se, também, que o MMA disponha de um programa de cooperação internacional que, com eficácia e transparência, propicie a transferência de conhecimentos e técnicas imprescindíveis à efetiva gestão ambiental, promova o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas para melhor apropriar, recuperar, conservar e proteger os recursos ambientais e garanta financiamento externo para atender as demandas de investimentos na área ambiental.
                Espera-se, ainda, que as instituições ambientais federais, estaduais e municipais estejam capacitadas a aplicar, com propriedade, os instrumentos de gestão ambiental e de ordenamento territorial,b além de estarem aptas a identificar, de forma participativa e integrada, suas prioridades em termos de meio ambiente, contribuindo, assim, com a redução progressiva da poluição e a degradação ambiental do País como um todo.
                Finalmente, espera-se que, ao final do Projeto, a conservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade ambiental tenha sido conseguida em um número significativo de localidades devido a execução de projetos de natureza demonstrativa e que o Fundo Nacional do Meio Ambiente, instrumento financeiro desse tipo de intervenção, disponha de mecanismos próprios que garantam sua sustentabilidade financeira.

B.3. Beneficiários:

                O presente Projeto beneficiará diretamente o Ministério do Meio Ambiente ao proporcionar às condições técnicas necessárias a que desempenhe, de forma adequada, seu papel de órgão responsável pela implementação da Agenda 21 brasileira e dos programas ambientais integrantes do Avança Brasil; de órgão central do SISNAMA; de coordenador da aplicação de recursos externos colocados à disposição de seu programa de trabalho e de órgão responsável pela implementação, no País, dos compromissos ambientais assumidos em foros internacionais.
                Beneficiará, igualmente, as instituições integrantes do SISNAMA, ao promover o fortalecimento do CONAMA, ensejar o fortalecimento da capacidade das instituições ambientais estaduais na aplicação dos instrumentos de gestão ambiental e na determinação de ações prioritárias de gestão integrada de ativos ambientais, ademais de propiciar a articulação entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para o incremento da competência comum na proteção do meio ambiente, no combate à poluição e na preservação de florestas, fauna e flora e disponibilizar recursos para a implementação de projetos que atendam demandas identificadas por instituições locais.
                Beneficiará, de forma indireta, instituições ambientais públicas e privadas, instituições de ensino e pesquisa  e à sociedade em geral ao tornar-se centro de referência  sobre meio ambiente em geral e ao tornar disponíveis, a todos interessados, informações pertinentes à sua atuação enquanto órgão público responsável pela gestão ambiental do Pais.

B.4. Impacto:

                No que diz respeito aos objetivos estabelecidos para o Projeto propriamente dito prevê-se que:
i)                     haja um aumento progressivo do números de agentes sociais e privados participando do processo de definição de políticas públicas e da implementação e avaliação de programas de desenvolvimento;
ii)                   haja disponibilidade de informações sobre o real impacto da cooperação internacional na implementação dos Programas Ambientais integrantes do PPA;
iii)                  haja redução progressiva da poluição e da degradação ambiental em áreas prioritárias identificadas pelas Unidades Federadas para a implementação de projetos de gestão integrada de passivos ambientais;
iv)                  haja aumento progressivo do percentual dos recursos do FNMA alocados à projetos que afetem diretamente a conservação dos recursos naturais e/ou a qualidade ambiental.
                No que respeita ao Ministério do Meio Ambiente, o Projeto causará impacto no processo de definição de políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável, ao propiciar suporte técnico ao funcionamento da CPDS e fortalecimento do CONAMA. Causará impacto, também, no gerenciamento das ações de cooperação internacional, ao proporcionar oportunidade de aplicação da metodologia de "programme approach" adotada pelo PNUD, bem como na implementação e gestão programas que contam com financiamento externo, ao possibilitar o estabelecimento mecanismo e procedimentos de gestão e controle.
                Ainda no que diz respeito ao impacto institucional, o Projeto fortalecerá a capacidade de planejamento e operação dos órgãos estaduais de meio ambiente ao facilitar a aplicação de metodologias apropriadas para a identificação e estabelecimento de prioridades para o meio ambiente, além  da execução de atividades voltadas ao treinamento e aperfeiçoamento do pessoal na aplicação de instrumentos de gestão ambiental e de ordenamento territorial.
                O presente Projeto deverá causar impactos positivos na sociedade em geral, a medida em que: i) contribui para a melhoria do desempenho do setor público ambiental brasileiro, em especial no processo de licenciamento ambiental, com implicações diretas na instalações de novas atividades econômicas; ii) incentiva a participação da sociedade no processo decisório; iii) torna disponível, a todos os interessados, informações sobre o meio ambiente.
                Os impactos do Projetos se farão sentir à médio prazo, à proporção em que estabeleça as condições para a captação de recursos externos adicionais, em particular para o financiamento de projetos de gestão integrada de ativos ambientais.

B.5. Estratégia do projeto

                A presente proposta dá continuidade às ações iniciadas pelos projetos BRA/94/016 "Formulação e implementação de políticas públicas compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentáveis definidos na Agenda 21", BRA/90/010 "Apoio à implementação e avaliação do Programa Nacional do Meio Ambiente"  e BRA/96/002 "Qualidade na gestão do Fundo Nacional do Meio Ambiente" e objetiva participar dos esforços empreendidos pelo Ministério do Meio Ambiente no sentido de elevar as condições de vida na Brasil mediante a melhoria da qualidade ambiental, a ser conseguida pelo aperfeiçoamento do processo de gestão ambiental no País.
                Para alcançar seu propósito, o Projeto compreende quatro subprojetos interdependentes que representam as principais linhas de atuação da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, ou seja: a formulação de políticas e diretrizes, a gestão da cooperação internacional, a promoção da gestão integrada dos recursos ambientais e o fomento às iniciativas locais que visem o uso sustentável dos recursos naturais e a melhoria ou recuperação da qualidade ambiental.
                A finalidade do primeiro dos quatro subprojetos é fortalecer os processos participativos de definição e implementação de políticas nacionais do meio ambiente e de desenvolvimento sustentável. Por esta razão, deverá propiciar suporte técnico aos dois principais órgãos de deliberação coletiva afetos ao Ministério do Meio Ambiente, a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), além de garantir a transparência e a democratização de sua atuação, e do MMA como um todo, pela divulgação expedita e completa das informações ao público em geral, fazendo uso dos instrumentos de disseminação de informações existentes.
                Em função disto, o primeiro subprojeto enfocará o conhecimento, absorção e aplicação dos preceitos da Agenda 21 e do conceito de desenvolvimento sustentável por intermédio do apoio aos trabalhos da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 e do incentivo à definição de Agendas 21 locais, promoverá o fortalecimento do CONAMA e de suas Câmaras Técnicas para acelerar o processo de decisão quanto a medidas a serem tomadas para assegurar a qualidade ambiental do País e incrementará a capacidade instalada do MMA de atuar por programas e de registrar, sistematizar e disseminar informações das ações ambientais do Avança Brasil para o público interno e externo.
                O segundo subprojeto visa definir, acompanhar a implementação e avaliar o Programa de Cooperação Internacional do Meio Ambiente (PCI/MA) para o que deverá prover o Ministério com os meios indispensáveis à aplicação da metodologia da abordagem programática às ações de cooperação internacional no âmbito do MMA, de forma a garantir sua racionalização e conseqüente maximização no processo de busca e compartilhamento de soluções mais adequadas para os problemas ambientais atuais.
                Assim sendo, este segundo segmento do Projeto concentrar-se-á no fortalecimento do Departamento de Articulação Institucional e Agenda 21 (DAI), da Secretaria Executiva do Ministério (SECEX/MMA), ao incrementar sua habilidade de planejar o PCI/MMA, aumentar sua capacidade técnica de fomentar a implementação e a articulação, acompanhar e avaliar o Programa, além de instalar capacidade administrativa de suporte à execução dos projetos multilaterais de cooperação técnica do PCI/MA pelo estabelecimento do Grupo de Apoio à Execução de Projetos (GAP).
                O terceiro subprojeto objetiva incrementar a capacidade das instituições ambientais federais e estaduais de monitorar a qualidade da água, de desenvolver sistemas efetivos de licenciamento, conservar os sistemas costeiros e marinho e determinar prioridades ambientais.
                Para tanto, este terceiro subprojeto dedicar-se-á a proporcionar o desenvolvimento e aprimoramento do monitoramento da qualidade da água no âmbito das entidades de meio ambiente e recursos hídricos do País, a revisar os sistemas estaduais de licenciamento ambiental segundo a especificidade e as prioridades de cada entidade de meio ambiente e a promover a capacitação em gestão integrada da Zona Costeira, além de propiciar suporte à SECEX/MMA na execução de ações de capacitação técnica e institucional, das Unidades Federadas e do IBAMA, para implementar projetos de gestão integrada dos ativos ambientais e de fortalecer a capacidade gerencial e técnica da Secretaria Executiva com vistas à implementação do Componente Coordenação e Articulação do Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA II.
                O quarto e último subprojeto pretende solucionar ou mitigar problemas ambientais identificados localmente mediante o aumento da disponibilidade de recursos financeiros do Fundo Nacional do Meio Ambiente para a sociedade.
                Por esta razão, o quarto subprojeto aprimorará o processo de apreciação, seleção e julgamento de propostas de projetos a serem apoiados com recursos do Fundo, incrementará a capacidade de gerência do FNMA pelo aprimoramento, revisão, e consolidação de suas normas, procedimentos e instrumentos de gestão, aumentará a qualidade, a distribuição geográfica e os impactos dos projetos, bem como a disponibilidade de recursos do FNMA e otimizará a gestão contábil e financeira do Contrato de Empréstimo 1013/SF-BR e da cooperação técnica do PNUD ao FNMA.
                Tal como mencionado no Item B.1. acima, o PNUD vem apoiando o Ministério do Meio Ambiente no desempenho de sua função de Secretaria Executiva da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 e no processo de definição da Agenda 21 Brasileira. No presente, espera-se que o PNUD continue prestigiando os trabalhos da Comissão, garantindo-lhe suporte técnico e também viabilizando a realização das  reuniões de consultas para que se possa chegar a uma versão final do documento que contemple as aspirações daqueles segmentos da sociedade que diligentemente participaram de sua elaboração. Além disso, espera-se que o Projeto facilite o processo de divulgação do documento da Agenda 21 Brasileira, bem como definição de estratégia e das ações prioritárias para a implementação da mesma.
                Espera-se, ainda, o apoio do PNUD, mediante contratação de consultores para executar uma série de ações estratégicas de fomento à definição e implementação de Agendas 21 Regionais e Locais, tais como: i) desenvolver referencial conceitual e metodológico; ii) realizar treinamento em planejamento participativo e formação de lideranças; iii) assessorar no estabelecimento de instância de deliberação coletiva para a gestão dos processos regionais e municipais de desenvolvimento sustentável; iv) identificar fontes alternativas para financiar ações previstas nas Agendas 21 Regionais e Locais.
                Ainda com respeito à Agenda 21, espera-se que o PNUD apoie o MMA em seus esforços de acompanhamento da implementação das iniciativas nacionais, regionais e locais, ao contratar especialistas para elaborar e aplicar indicadores de desempenho e impacto de tais processos, bem como implementar mecanismos e instrumentos que promovam o intercâmbio de experiências pertinentes à Agenda 21 e ao desenvolvimento sustentável.
                No que diz respeito ao fortalecimento do CONAMA, espera-se que Projeto enseje a contratação de consultores que auxiliem e agilizem a atuação do Grupo de Trabalho "Repensando o CONAMA", ao i) efetuarem análise dos resultados da atuação do Conselho e de suas Câmaras Técnicas em relação à gestão ambiental; ii) subsidiarem a definição e adoção de medidas que assegurem o aumento do impacto das ações do Conselho e das Câmaras nos esforços de melhoria da qualidade ambiental do País; iii) elaborarem propostas de estratégias de curto, médio e longo prazos para a atuação do Conselho e das Câmaras Técnicas, em consonância com os Programas Ambientais do PPA; iv) definirem e implantarem estratégias que intensifiquem a articulação e integração do CONAMA com os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente.
                É esperado, ainda, que o Projeto proporcione suporte técnico indispensável à realização das reuniões do Conselho e das Câmaras Técnicas, ao desenvolvimento de estudos e trabalhos que subsidiem a atuação dos mesmos, à definição e implementação de estratégia de comunicação que facilite a compreensão, pelo público em geral, do mandato e das decisões do CONAMA, além da definição e implementação, em estreita articulação com o CID-Ambiental, de mecanismos para a disseminação das Resoluções emanadas do Conselho, bem como dos trabalhos por ele realizados.
                Com relação ao incremento da capacidade instalada do MMA para atuar por programas e de registrar, sistematizar e disseminar informações ambientais, está previstas a capacitação de 25 Gerentes de Programas nas técnicas de planejamento, programação e orçamento. Esta capacitação se dará tanto por meio de treinamento individual, quanto por meio de processos de aperfeiçoamento em grupo. Em ambos os casos, haverá uma estreita articulação com o Ministério de Planejamento e Gestão, responsável maior pelo programa Avança Brasil.
                Os processos de registro, armazenamento e disseminação de informações por meio eletrônico deverá receber grande impulso do Projeto ao prover especialistas altamente capacitados na área de análise de sistema de informações, que se incumbirão de: i) conhecer os bancos de dados existentes em cada uma das diferentes unidades administrativas do Ministério; ii) identificar as demandas por novos serviços; iii) desenvolver as interfaces para interligar os bancos de dados e sistemas disponíveis atualmente; iv) desenvolver os programas requeridos para atender a demanda identificada; v) rever e ampliar a página eletrônica do MMA na Internet de modo a satisfazer as necessidades informativas dos usuários internos e externos; vi) definir e implantar indicadores para aferir o grau de satisfação dos usuários internos e externos, tanto da rede computadorizada quanto da página eletrônica na Internet.
                Pretende-se que a questão da disseminação das informações seja resolvida mediante a contratação, pelo Projeto, de especialista em documentação e informação que atuará no CID Ambiental e definirá e implementará, em conjunto com as áreas fins, a política e a estratégia a ser seguida pelo MMA para a disseminação de informações e documentos ao público externo. Em complemento, deverão ser alocados outros especialistas que, também trabalhando no CID Ambiental, desenvolverão e implementarão os instrumentos habitualmente utilizados pelos centros de documentação e informação para a disseminação de informações e documentos, quais sejam: i) catálogos de vídeos ambientais; ii) catálogos de publicações e edições disponíveis sobre temas ambientais; iii) serviços de alerta em matéria ambiental. Com o apoio proporcionado pelo Projeto pretende-se que o CID Ambiental se torne um centro de referência em temas ambientais.
                 Em relação ao Programa de Cooperação Internacional do Meio Ambiente (PCI/MMA), prevê-se que o mesmo seja concebido por um consultor que detenha experiência no trato da matéria. O consultor deverá levar em consideração as diretrizes e programas ambientais definidos no Avança Brasil e os projetos e programas de cooperação internacional em andamento, ou em fase de negociação, no âmbito do MMA.
                Ao analisar as ações de cooperação internacional e enquadrá-las no contexto do PPA, poderá verificar as lacunas e identificar as necessidades que deverão ser objeto de futuras intervenções. A partir disso, estará apto a propor critérios, diretrizes e prioridades para o atendimento às demandas identificadas, além de poder determinar as modalidades de cooperação mais apropriadas para o seu atendimento e, consequentemente, elaborar o documento do Programa, fazendo uso da metodologia e dos instrumentos adotados pelo PNUD.
                O PCI/MMA, uma vez aprovado pelas autoridades nacionais competentes, constituirá marco orientador das negociações bilaterais e multilaterais a serem encetadas com os parceiros internacionais, além de instrumento básico para o acompanhamento e avaliação das ações de cooperação internacional na área ambiental.
                Pretende-se que o PCI/MMA disponha de um sistema de informações específico para o gerenciamento dos projetos de cooperação financeira, uma vez que os mesmos, por fazerem uso de poupança pública futura, requerem um monitoramento acurado, particularmente nos aspectos de planejamento, orçamento, licitações e execução física e financeira. Este sistema, o SIGMA, se encontra em fase de desenvolvimento no contexto do BRA/94/016 "Formulação e implementação de políticas públicas compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentáveis definidos na Agenda 21", cabendo ao presente Projeto propiciar os consultores necessários à sua implementação e futura atualização, mormente nos aspectos de definição de interfaces e migração de dados e informações pertinentes à cooperação internacional disponíveis em outros bancos de dados e de treinamento de pessoal para sua operação e manutenção.
                É sabido que a área ambiental pública necessita de investimentos da ordem de US $ 1,5 bilhão não disponíveis internamente. Caberá ao Projeto apropriar especialistas para identificar as fontes de crédito externo para atender tais necessidades, bem como as fontes internas que comporão a contrapartida nacional aos créditos externos requeridos. A efetivação das operações dependerá, ainda, da elaboração de cartas consulta, da realização de estudos de impacto, de viabilidade e outros, imprescindíveis ao detalhamento das propostas e dos manuais operativos que asseguram a apropriada alocação, uso e gestão dos recursos provenientes das operações de crédito externo. Pretende-se que o Projeto contribua no sentido de contratar os especialistas para a execução de tais atividades e facilite o processo de negociação com as fontes internacionais.
                É intenção do MMA que o PNUD continue a prover suporte técnico no que diz respeito à gestão das ações de cooperação internacional, como vem fazendo por intermédio do BRA/94/016 "Formulação e implementação de políticas públicas compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentáveis definidos na Agenda 21". A grande mudança, no entanto, ocorrerá no sentido de que as ações a serem identificadas, negociadas e executadas estarão plenamente inseridas no contexto do PCI/MMA e, consequentemente, contribuirão de forma direta para a realização do preconizado no Avança Brasil.
                O mesmo se espera em relação ao trato das negociações internacionais de questões afetas ao meio ambiente e aos recursos naturais renováveis. A existência de um cenário planejado e programado para as ações ambientais ensejará, em princípio, um concerto mais efetivo de posições em nível internacional. Neste caso, o  PNUD poderá cooperar colocando à disposição do MMA especialistas que preparem subsídios técnicos ao processo negociador dos atos internacionais e participem das negociações e da defesa  dos interesses brasileiros perante a comunidade internacional, emprestando ao Ministério das Relações Exteriores o apoio técnico necessário.
                Como mencionado anteriormente, o PCI/MMA compreenderá projetos de cooperação financeira  que incluem ações a serem realizadas por áreas fim do MMA,  instituições estaduais e outras organizações governamentais e não governamentais. Estes executores necessitam de orientações quanto aos procedimentos adotados pelas agencias financeiras internacionais para a aquisição de bens e serviços. Pretende-se que o Projeto aloque os recursos humanos que se dediquem a elaborar manuais de execução financeira e outros procedimentos para facilitar e racionalizar os trabalhos de contratação de bens, obras e serviços de consultoria, além de promover a capacitação do pessoal envolvido na implementação das ações de cooperação financeira nas técnicas de definição de Planos Operativos Anuais e na operação do SIGMA, inclusive na utilização do mesmo para a elaboração dos Planos Operativos Anuais, Planos Anuais de Licitação e Relatório de Progresso. Será necessário, igualmente, prover assessoramento aos executores na elaboração de termos de referência e na realização das licitações e contratações, para evitar solução de continuidade nas atividades programadas.
                O sucesso do PCI/MMA dependerá, também, do adequado acompanhamento que for proporcionado à implementação das ações planejadas, sejam elas de natureza financeira, técnica, científica ou tecnológica. Assim, está prevista a cooperação do Projeto no sentido de prover assessoramento ao DAI na implementação dos procedimentos e instrumentos de acompanhamento e avaliação do desempenho dos projetos integrantes do PCI/MMA. Em complemento, tenciona-se contar com o apoio do PNUD para definir e implementar estratégia de articulação e comunicação, a ser estabelecida entre todos os atores envolvidos no PCI/MMA, com o objetivo de assegurar sistemático compartilhamento de informações, conhecimentos e experiências em matéria de cooperação internacional na área do meio ambiente, a unidade e integridade do Programa e a possibilidade de identificar ações passíveis de cooperação técnica entre países em desenvolvimento.
                Está previsto, ainda neste segmento do Projeto, o suporte técnico a ser propiciado para a identificação e adoção de medidas necessárias à implementação, no País, dos compromissos ambientais assumidos em foros internacionais.
                O último conjunto de ações de apoio do PNUD ao PCI/MMA visa dotar o DAI de capacidade administrativa de suporte às áreas fim na execução dos projetos multilaterais de cooperação técnica mediante o estabelecimento do Grupo de Apoio a Execução de Projetos (GAP). Nesse sentido, espera-se poder contar com recursos humanos especializados, especialmente contratados pelo Projeto, para: i) garantir a eficiência na implementação dos projetos pelo cumprimento das normas e procedimentos das diferentes fontes de cooperação; ii) assegurar a otimização das ações de natureza administrativa e financeira requeridas pelos projetos de cooperação técnica multilateral; iii) preparar, atualizar e executar planos trimestrais de compras dos projetos multilaterais de cooperação técnica; iv) executar, de forma sistemática e adequada às peculiaridades das diferentes fontes multilaterais de cooperação técnica, o processo de contratação de serviços de terceiros; v) preparar, atualizar e implementar planos de eventos de treinamento, capacitação e consultas temáticas e setoriais; vi) definir e implantar mecanismos e procedimentos de gestão administrativa do próprio GAP.
                Com relação ao desenvolvimento do Programa Nacional do Meio Ambiente II, que conta com a cooperação financeira proporcionada pelo Banco Mundial, espera-se que o presente projeto apoie os esforços da Secretaria Executiva do MMA no sentido de dotar as instituições ambientais federais e estaduais de capacidade para implementar ações destinadas a monitorar a qualidade da água, desenvolver sistemas efetivos de licenciamento ambiental, conservar os sistemas costeiros e marinhos, determinar suas prioridades ambientais e desenvolver projetos de gestão integrada de ativos ambientais.
                A estratégia adotada neste sentido é a de que o Projeto apoie, mediante a contratação de especialistas, realização de treinamento e contratação de serviços de terceiros, o desenvolvimento de cinco conjuntos de ações que correspondem aos dois componentes e três subcomponentes do projeto de cooperação financeira acordado com o Banco Mundial.
                O primeiro conjunto diz respeito ao aprimoramento do processo de monitoramento da qualidade da água em seu aspecto de instrumento orientador de tomada de decisões para a obtenção de resultados efetivos de qualidade ambiental em áreas críticas. Deverá ser conseguido mediante a: i) a execução de programa de capacitação de 135 técnicos em gestão ambiental e monitoramento da qualidade da água; ii) a assessoria às instituições ambientais no desenvolvimento de base de dados com informações atualizadas sobre as atividades e demandas de monitoramento da qualidade da água em todo o País; iii) o planejamento e a implementação de Metadados de Qualidade da Água que tornará acessíveis informações instrumentais ao processo decisório; iv) a análise, aprovação e apoio à execução de projetos estaduais que objetivam a implementação de atividades de monitoramento da qualidade de corpos d' água sob pressão significativa de atividades econômicas em que se observem conflitos de uso, prioritariamente associados ao abastecimento humano.
                O segundo conjunto de ações se refere à revisão dos sistemas estaduais de licenciamento ambiental, a ser executado levando em consideração as especificidades e as prioridades de cada entidade de meio ambiente, tendo em vista a eficiência e a eficácia da aplicação deste instrumento na melhoria da qualidade ambiental no País. Deverá ser alcançado por meio da: i) realização de diagnóstico, definição de prioridades e identificação das necessidades dos sistemas estaduais de licenciamento ambiental; ii) implementação de programa de treinamento para a capacitação das equipes estaduais em análise de projetos de licenciamento ambiental, nas técnicas de preparação de termos de referência para estudos de impactos ambientais, análise de riscos, procedimentos de licenciamento e normas legais nas áreas de mineração, transportes, energia, infra-estrutura urbana, agricultura e indústria, além da identificação de outras ações de fortalecimento da capacidade estadual; iii) desenvolvimento e aplicação de instrumentos inovadores a serem utilizados nos processos de análise de projetos de gestão ambiental e no controle de atividades efetiva ou potencialmente poluentes.
                O terceiro conjunto de ações enfoca a gestão integrada da Zona Costeira, prevendo a aplicação do ordenamento territorial e outros instrumentos de gestão ambiental com o objetivo de reduzir o processo desordenado de uso e ocupação dos espaços, além de incrementar a adoção de práticas sustáveis nos Estados litorâneos, devendo ser alcançada por meio da: i) implementação de ações que tornem as instituições estaduais aptas a implementar os processos metodológicos e operacionais previstos no Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), para que sejam atingidos níveis desejados de qualidade ambiental em trechos selecionados na Zona Costeria; ii) provimento de assistência técnica aos Estados para o desenvolvimento e articulação de atividades e produção e difusão de informações e resultados em matéria de gestão integrada de Zonas Costeiras; iii) promoção do ordenamento do uso e ocupação das áreas consideradas Patrimônio da União na orla marítima, em particular naquelas caracterizadas como sensíveis e críticas e nas faixas de praias.
                O quarto conjunto de ações do Projeto no contexto do PNMA II diz respeito ao suporte a ser proporcionado aos Estados, Distrito Federal e IBAMA, tendo em vista a implementação de projetos de gestão integrada dos ativos ambientais. Este suporte será conseguido mediante: i) a realização de diagnóstico para aferir o grau de desempenho de cada Unidade Federada em relação à gestão ambiental; ii) a definição de ações prioritárias para a gestão integrada de ativos ambientais e de avaliação da capacidade institucional dos Estados; iii) a elaboração, aprovação e execução de projetos de gestão integrada de ativos ambientais.
                O quinto e último conjunto de ações pertinentes ao PNMA II objetiva fortalecer a capacidade gerencial e técnica da SECEX/MMA para implementar o Componente Coordenação e Articulação do Programa e deverá ser obtido mediante: i) o incremento da habilidade técnica da Secretaria de propiciar apoio à definição de propostas e de analisar, aprovar, acompanhar e avaliar os projetos estaduais a serem financiados pelo PNMAII; ii) a concepção, implantação e divulgação de cadastro de consultores para atender demandas por especialistas das diferentes áreas e temas abordados pelo Programa; iii) promoção da articulação entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para o incremento da competência comum na proteção do meio ambiente, no combate à poluição e na preservação de florestas, fauna e flora; iv) aferição dos impactos econômicos, sociais e ambientais do Componente Projetos de Execução Descentralizadas (PED) do PNMA I.
                No que se refere à operação de crédito contratada com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), espera-se que, com a cooperação do PNUD traduzida pela contratação de consultores, realização de treinamento, aquisição de material e contratação de serviços de terceiros, haja um aumento na disponibilidade de recursos colocados à disposição das instituições locais, por intermédio do Fundo Nacional do Meio Ambiente, para a execução de projetos que visem mitigar ou solucionar problemas ambientais por elas identificados.
                Para a consecução deste objetivo, a atuação do PNUD compreenderá cinco vertentes independentes e correlatas que levarão ao aprimoramento do processo de apreciação, seleção e julgamento de propostas de projetos a serem apoiados pelo FNMA, ao aperfeiçoamento dos procedimentos e instrumentos de exame de solicitações e de acompanhamento de projetos, ao aprimoramento, revisão e consolidação das normas, procedimentos e instrumentos de gestão do Fundo e ao aumento da qualidade, distribuição geográfica e impactos dos projetos e da disponibilidade financeira do FNMA, além da otimização da gestão contábil e financeira do Contrato de Empréstimo 1013/SF-BR e da cooperação técnica do PNUD ao FNMA.
                Em relação à melhoria do processo de seleção e julgamento de solicitações de apoio financeiro ao FNMA planeja-se que o Projeto apoie: i) a realização das reuniões do Grupo Assessor Técnico (GAT), incumbido de apreciar os projetos de demanda espontânea apresentados pelas instituições locais; ii) os trabalhos das Comissões Técnicas encarregadas de elaborar os editais de convocação e de analisar as propostas de projeto de demanda induzida; iii) o planejamento, a preparação e a realização das reuniões do Comitê Deliberativo do FNMA.
                De outro lado, o aperfeiçoamento dos procedimentos e instrumentos de exame de solicitações e de acompanhamento de projetos será conseguido mediante: i) o exame do grau de adequabilidade, propriedade, consistência, viabilidade, sustentabilidade e aplicabilidade das solicitações de apoio financeira apresentadas pelas instituições locais; ii)  a consolidação e adoção de indicadores para aferir o desempenho dos projetos apoiados; iii) a otimização do desempenho físico e financeiro dos projetos; iv) o acompanhamento "in loco" dos projetos para comprovar seu progresso e assegurar a consecução dos seus objetivos; v) a aferição dos resultados alcançados pelos projetos concluídos.
                Para o incremento da capacidade de gerência do FNMA, a ser obtido pelo aprimoramento, revisão e consolidação das normas, procedimentos e instrumentos de gestão, prevê-se: i) o refinamento das "Orientações Básicas e Formulários para a Apresentação de Projetos de Demanda Espontânea"; ii) a consolidação, organização e adoção do Regimento Interno do Fundo; iii) a disponibilidade, em tempo real, dos dados e informações relativas à carteira de projetos e à gestão do FNMA; iv) a assecibilidade, conservação e tutela dos documentos relativos aos projetos de demanda espontânea e demanda induzida, recebidos e produzidos em função da implementação do Contrato de Empréstimo 1013/SF-BR; v) a divulgação dos benefícios e resultados gerados pela execução dos projetos patrocinados pelo FNMA.
                Planeja-se que o propósito de aumentar a qualidade, distribuição geográfica e impactos dos projetos, bem como a oferta de recursos  para o financiamento de novas ações seja conseguido por intermédio da: i) divulgação, junto às instituições proponentes, das normas e procedimentos adotados pelo Fundo para a apresentação de propostas; ii) descentralização e integração das ações pela formação de parcerias para a co-gestão dos projetos; iii) identificação e adoção de mecanismos que garantam a sustentabilidade financeira do Fundo; iv) garantia de complementaridade de ações e investimentos pela articulação com outras fontes de financiamento de projetos ambientais.
                Finalmente, espera-se que a otimização da gestão contábil e financeira do contrato com o BID e da cooperação do PNUD ao FNMA seja alcançada pela: i) implementação do sistema de gerenciamento contábil e financeiro do contrato de empréstimo; ii) adoção de Plano de Contas para o acompanhamento contábil da cooperação internacional recebida; iii) consolidação de informações para a elaboração e apresentação dos Planos Operativos Anuais do empréstimo do BID e Planos Anuais de Trabalho da cooperação do PNUD; iv) estabelecimento e administração adequada do Fundo Rotativo para a cobertura de despesas do Programa de Apoio ao FNMA - Fase II.
                Ressalta-se, por último, que o presente Projeto tem sua duração prevista em 36 meses.

B.6. Arranjos de Implementação do Projeto:

                 A presente proposta deverá ser implementada sob a supervisão geral do Departamento de Articulação Institucional e Agenda 21 (DAI) da Secretaria Executiva (SECEX) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que responderá pela Direção Nacional do Projeto. Caberá, portanto, ao DAI consolidar a programação técnica, administrativa e financeira do mesmo e, baseada no acompanhamento e avaliação do desempenho de suas atividades, orientar a adoção de procedimentos ou ajustes necessários a garantir a consecução plena dos objetivos que se propõe.
                Contudo, seus quatro Subprojetos serão implementados por unidades administrativas distintas da Secretaria Executiva, que respondem pelos diferentes temas neles abordados. Assim, para fins de desenvolvimento das atividades previstas, cada Subprojeto, ou em alguns casos Objetivos Imediatos, deverá ser considerado como um projeto específico que contará com seu próprio Coordenador, responsável direto pela execução das atividades planejadas.
                O Projeto contará, ainda, com um Comitê Gestor e um Comitê Técnico, que exercerão a função de coordenadores do Projeto. O Comitê Gestor será integrado pelos dirigentes maiores das unidades administrativas às quais estão vinculadas as ações propostas e presidido pelo Diretor Nacional do Projeto. O Comitê Técnico será composto pelos Coordenadores dos diferentes segmentos compreendidos pelo Projeto e será igualmente presidido pelo Diretor Nacional. Ambos comitês serão secretariados pelo Grupo de Apoio à Execução de Projetos (GAP).
                O Comitê Gestor reunir-se-á trimestralmente sob a liderança da Direção Nacional do Projeto, com o objetivo de:
*      avaliar os avanços e definir estratégias pertinentes ao desenvolvimento do Projeto;
*      definir prioridades e analisar os planos trimestrais de trabalho;
*      estabelecer eventuais novos indicadores para aferir o progresso e o impacto das atividades, bem como verificar a execução do cronograma;
*      analisar a pertinência de solicitações de inclusão de atividades não previstas no Documento do Projeto;
*      determinar a adoção de medidas complementares, inclusive revisão dos objetivos do Projeto, caso necessário;
*      apontar soluções para eventuais problemas concernentes ao planejamento, programação e execução administrativa e financeira do Projeto;
*      promover estreita articulação entre os diversos segmentos do Projeto, assegurando sua integralidade;
*      promover a avaliação, do ponto de vista político e técnico, dos resultados e impactos do Projeto, bem como sua imediata disseminação;
                Cada Coordenador será responsável pela preparação e apresentação, como base no Cronograma Geral do Projeto, de Planos Trimestrais de Trabalho, que serão discutidos pelo Comitê Técnico, consolidados pelo GAP e aprovados pelo Comitê Gestor. Caberá ao GAP preparar, com base nos planos trimestrais aprovados, as previsões mensais de gastos que, a partir de então, serão gerenciadas individualmente pelos Coordenadores de cada segmento específico do Projeto. Atividades não previstas nos planos de trabalho deverão ser analisadas pelo Comitê Gestor, em reunião específica, ou aprovadas "ad referendum" pelo Diretor Nacional.

B.6.1. Procedimentos Administrativos e Financeiros do Projeto

                O GAP será responsável pela execução das ações administrativas e financeiras que o Projeto demande, de acordo com as ações previamente incluídas e aprovadas, em nível macro, nos planos trimestrais de trabalho.
                O GAP centralizará a execução financeira do Projeto, inclusive a preparação de orçamentos, repasses de "cost-sharing", previsões mensais, controle do fluxo de caixa, pagamentos, "petty cash", etc.
                Os Coordenadores receberão do Comitê Gestor a programação financeira relativa aos seus respectivos segmentos a qual subsidiará a elaboração dos planos de trabalho.
                Solicitações de pagamento, relativas a qualquer despesa prevista nos planos trimestrais de trabalho, deverão ser encaminhadas pelos Coordenadores ao GAP, que se responsabilizará por sua verificação, processamento e encaminhamento ao PNUD

B.6.2. Direção Nacional do Projeto

                O Diretor Nacional do Projeto deverá ser um membro da hierarquia superior do DAI e assumirá total responsabilidade administrativa, financeira e técnica da execução do Projeto. O Diretor Nacional encarregar-se-á, basicamente, de:
*      assegurar a implementação tempestiva das atividades previstas e a obtenção dos resultados esperados;
*      promover articulação com todas as áreas do MMA, de forma a viabilizar a consecução dos Objetivos e Resultados do Projeto, bem como assegurar sua incorporação nos Programas Ambientais do PPA, na forma apropriada;
*      promover e coordenar a preparação e consolidação, mas datas previstas, dos Planos Trimestrais de Trabalho, das propostas orçamentárias e Relatórios de Progresso do Projeto, além de eventuais revisões do Documento do Projeto;
*      planejar, programar e convocar reuniões trimestrais de coordenação;
*      coordenar, no âmbito do MMA, os exercícios de avaliação do Projeto e desenvolver as ações necessárias à realização de reuniões tripartites anuais,
*      apresentar os resultados do Projeto nas reuniões tripartites anuais e preparar o Relatório Final do Projeto;
*      manter estreito contato com outras instituições governamentais e não governamentais, de forma a integrar as atividades do Projeto com suas respectivas áreas de competência;
*      facilitar a divulgação dos produtos e resultados do Projeto, em articulação com as áreas competentes do MMA;
*      realizar quaisquer outras atividades necessárias à implementação exitosa do Projeto.

B.6.3. Grupo de Apoio à Execução de Projetos (GAP)

                Caberá ao GAP, em complemento às atribuições acima descritas, as funções de:
*      assessorar e manter informados os Coordenadores sobre as normas e procedimentos administrativos e financeiros para assegurar a estrita observância do Projeto aos regulamentos de execução nacional;
*      assessorar os Comitês Gestor e Técnico na preparação e realização de suas reuniões, secretariando-as e acompanhando suas deliberações;
*      consolidar as previsões de gastos preparadas pelos Coordenadores, com base nos planos trimestrais aprovados pelo Comitê Gestor;
*      providenciar o encaminhamento à SPOA, da documentação necessária para a execução financeira do Projeto.

B.6.4. Coordenadores do Projeto

                O Projeto terá ....... Coordenadores que trabalharão de forma articulada com a Direção Nacional. Serão basicamente responsáveis por:
*      fornecer orientação geral e suporte técnico à equipe do Projeto e consultores, de modo a assegurar a obtenção dos resultados previstos;
*      elaborar e monitorar a implementação dos Planos Trimestrais de Trabalho, nos moldes e prazos acordados com a Direção Nacional do Projeto, de modo a garantir ações de retroalimentação;
*      definir perfis e elaborar termos de referência para a contratação de pessoal, bens e serviços necessários ao desenvolvimento das atividades sob sua responsabilidade;
*      analisar e aprovar documentos, relatórios técnicos e trabalhos preparados pela equipe técnica e consultores do Projeto, de maneira a assegurar níveis de desempenho adequados e estrita observância aos termos de referência acordados;
*      instruir e encaminhar ao GAP, processos administrativos e financeiros necessários à emissão das SAA's, SVD's e SVI's, pertinentes ao segmento do Projeto sob sua responsabilidade, atestar tecnicamente os produtos contratados e autorizar as respectivas liberações de pagamento;
*      participar das reuniões do Comitê Técnico do Projeto;
*      fornecer subsídios e participar dos exercícios de avaliação do Projeto e reuniões tripartites anuais;
*      preparar e responder aos exercícios de auditoria e avaliação do Projeto, a serem realizados, respectivamente, pela Secretaria Federal de Controle e consultores independentes;

B.7. Razões para a cooperação com o PNUD:
                Como foi mencionado anteriormente, a presente iniciativa trata, basicamente, do prosseguimento da cooperação que o PNUD vem proporcionando ao MMA por intermédio da implementação dos projetos BRA/90/010, BRA/94/016 e BRA/96/002.
                Além disso, sua proposta de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros mediante o aperfeiçoamento da gestão ambiental enquadra-se nos objetivos de desenvolvimento humano sustentável preconizado pelo Conselho de Administração do PNUD.

B.8. Considerações especiais,

                A presente proposta tenta melhorar a qualidade ambiental do Pais e prevê que isso seja feito em parceria com a sociedade civil e com o setor produtivo.
                Entre seus objetivos estão a divulgação e aplicação dos preceitos da Agenda 21 e do desenvolvimento sustentável, o que implicará na disseminação de metodologias e técnicas que garantam a participação de um número cada vez mais crescente de atores no processo decisório de estabelecimento de políticas, determinação de diretrizes, identificação de prioridades e planejamento, implementação e avaliação da ação governamental.
                As experiências adquiridas pelo MMA no trato das questões associadas à Agenda 21 e ao desenvolvimento sustentáveis são passíveis de compartimento com os demais países em desenvolvimento. O mesmo pode ser afirmado em relação à aplicação de instrumentos de gestão ambiental, muito embora cada país tenha suas especificidade em matéria de bens ambientais.
                Seria desejável que algumas as experiências bem sucedidas, em especial aquelas pertinentes à gestão integrada dos ativos ambientais fossem compartilhadas com os países fronteiriços, mormente com os integrantes do MERCOSUL.
                Seria igualmente desejável que as experiências acumuladas pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente fossem compartilhadas com os demais países sul americanos que podem se beneficiar da cooperação do BID.

B.9. Mecanismos de coordenação:

                O presente Projeto está enquadrado no Programa "11. Melhorar a Gestão Ambiental" do Programa Avança Brasil, espelhando, portanto, a nova metodologia adotada pelo Governo Federal de concertar suas ações de maneira programática. É parte intrínseca das iniciativas federais na área de gestão ambiental e observará os princípios da descentralização, transparência e formação de parcerias com os demais níveis de governo, sociedade civil e setor produtivo.
                Ainda neste particular, faz-se necessário ressaltar que o Projeto inclui provisões para facilitar a atuação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21, propiciando o desenvolvimento de ações que englobam, entre outras, a consolidação do documento da Agenda 21 Brasileira e sua divulgação em escala nacional, o desenvolvimento de referencias conceituais e metodológicas para subsidiar o desenvolvimento de Agendas 21 regionais e locais, além do suporte técnico para a realização de seminários e oficinas de trabalho que induzam ao planejamento participativo e estabelecimento de fóruns para a gestão das ações regionais e locais de desenvolvimento sustentável.

                Atribuiu especial ênfase ao aumento do impacto da atuação do CONAMA, instância colegiada decisória maior do setor ambiental nacional, promove a articulação e a troca de experiências entre os inúmeros atores integrantes do SISNAMA e viabiliza a execução de ações instrumentais de melhoria da qualidade da gestão ambiental nos Estados e Municípios, bem como a definição de prioridades ambientais com a participação da sociedade civil e setor produtivo.

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