domingo, 8 de março de 2020

[863] REVISTA AEDEM 01 (JUL.2016): PROPOSTAS PARA UM MARANHÃO MELHOR - CAMPANHA PARA A ELIMINAÇÃO DO ANALFABETISMO NO ESTADO DO MARANHÃO.Sebastião Moreira Duarte


[863] REVISTA AEDEM 01 (JUL.2016): PROPOSTAS PARA UM MARANHÃO MELHOR
Sebastião Moreira Duarte



  

REVISTA AEDEM: POLÍTICA & CIDADANIA (Binômio do Desenvolvimento Sustentável) no. 01; julho 2016.
Editada pela:
AEDEM – ASSOCIAÇÃO DOS EX-DEPUTADOS ESTADUAIS DO MARANHÃO
Lema: “Continuamos servindo nosso Estado”
Fundada em 17mar2007
CNPJ nº: 08.784.436/0001-20
Supervisão Geral: NAN SOUZA
Coordenação Editorial:
RONALD DE ALMEIDA SILVA
Arquiteto Urbanista; Natural do Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA desde 1976.
Graduação: FAU-UFRJ 1968-1972; Pós-graduação: Universidade de Edimburgo, Escócia 1981-83
Registro Prof. CAU-BR nº A.107-150-5.
e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com

Assessoria de Comunicação, Design Gráfico e Marketing; VYTRINE, Responsável: Jaqueline Mouchereck




PROPOSTAS PARA UM MARANHÃO MELHOR

CAMPANHA PARA A ELIMINAÇÃO DO ANALFABETISMO NO ESTADO DO MARANHÃO.

“Ninguém se incomoda com o problema.  É como se o problema não existisse.” 
SMD.

Sebastião Moreira Duarte
São Luís, MA, Agosto 2015
 NOTA RAS: as imagens não constam do texto original do autor. São meras ilustrações gráficas conexas ao tema.


1.     O que vou propor é uma ação concreta, de alcance e envolvimento social até aqui não excogitados, e que, por isso, poderá ser vista como ousada demais, a ponto, mesmo, de não parecer factível.

2.     Proponho-a a uma associação de representantes, que o foram, do povo maranhense no Congresso Estadual, o que, de saída, leva a entender:
        I.            que a proposta pressupõe a conscientização e a coordenação do maior número possível de agentes sociais, conforme se verá;

     II.            que os seus destinatários imediatos continuam em franca e fácil articulação com aqueles que hoje continuam o seu trabalho na Assembleia do Povo maranhense. 

3.     Estes, por sentirem o pulso da politeia que lhes delegou o poder de representá-la, terão a mais clara consciência das carências e urgências dessa comunidade política, e, como legisladores, haverão de oferecer os elementos legitimadores da proposta, ademais de também se engajarem valorosamente em sua implementação.

4.   O que proponho é uma CAMPANHA PARA A ELIMINAÇÃO DO ANALFABETISMO NO ESTADO DO MARANHÃO.



5.     Formulada em tão poucas palavras, a proposta poderá prejudicar-se, de saída, e ser atravancada por duas objeções imediatas:
        I.            seria tida por obsoleta: já não faz sentido incluir-se o analfabetismo como problema social.  Os países avançados não mais o enfrentam, há quase dois séculos; 
     II.            seria tida por ineficaz: os países atrasados, em sua quase totalidade, não têm como enfrentá-la.

6.     O analfabetismo continuará residual em muitos “sistemas de educação” (entre aspas, por força da verdade), até desaparecer pela morte dos analfabetos, apressada por sua “espontânea exclusão” dos benefícios sociais, justificada esta, aliás, por sua não-participação nos meios de produção. Maquinaria cada vez mais “de ponta” e recursos tecnológicos os mais variados se oferecem para substituir e compensar a “inoperância” da fora de trabalho analfabeta e dar conta do extermínio (quer dizer, do “esquecimento” social) dos analfabetos.  

7.     Mas será preciso dizer da desumanidade de tal visão, assim como do comportamento e das atitudes que dela possam decorrer?  O analfabetismo é antes uma questão moral, para que seja um problema econômico, político, social e educacional.



8.     Demonstremos isso com elementos da situação maranhense.  (Para rapidez da compreensão, arredondemos as estatísticas): o Maranhão tem 7 milhões de habitantes.  Destes, 19,2% são analfabetos.  Isso é o mesmo que dizer que temos 1 milhão e 400 mil maranhenses analfabetos.  Como números não se prestam a grande emoção, tenhamos em mente que tais dados equivalem a figurarmos que as três primeiras cidades do Maranhão, começando pela Capital, estão povoadas só de analfabetos. 

9.     O quadro é estarrecedor?   Por si mesmo, sem dúvida.  Mas seria relativamente “cômodo” enfrentarmos esse imenso contingente de analfabetos, se estivesse reunido em três grandes “campos de concentração.”  Na verdade, o panorama nos aparece ainda mais sombrio, quando consideramos que a nossa população analfabeta se dispersa pela extensão de um “país” (o território do Maranhão é maior que quase todos os países da Europa ocidental), o que eleva a uma potência difícil de calcular os obstáculos a vencer para a superação do problema.   

10.Do ponto de vista econômico, não será difícil configurar os estragos espelhados por nossa convivência com o analfabetismo: o analfabeto, em qualquer área geográfica, é um peso-morto para a economia.  Está fora dela, quase por inteiro. 

11.Consumidor estacionado no nível primário da sobrevivência (melhor diríamos subvivência), sua contribuição é mínima ou nenhuma para a produção econômica. Não conta, mas é contado: bota para cima o quantitativo populacional, bota para baixo os indicadores econômicos.  No caso maranhense, quatro pessoas dividem com cinco o PIB e a renda per capita.



12.Pensar nisso já seria motivo de vergonha, pois o PIB e a renda per capita não condensam apenas a fria aritmética de quadros e curvas estatísticos.  Atrás deles, escondem-se a miséria e a exclusão, sob formas as mais desumanas.

13.Por essa razão, talvez, tocamos a vida passando ao largo do problema: o tempo passa, governos se alternam, o mundo avança, o Brasil força por se inserir no rol dos países desenvolvidos, e a realidade berra sobre o asfalto, a poeira e a lama, negando bravatas, ufanismos e falsas promessas de dias melhores.

14.Por um mecanismo de defesa, vivemos como se as coisas fossem, ou devessem ser, assim mesmo, por imposição de um acaso perverso ou por força de sua própria natureza.  Ninguém se incomoda com o problema.  É como se o problema não existisse.

15.Mas o problema existe e persiste, porque, antes de ser um entrave ao crescimento econômico, o analfabetismo, ademais de ser uma questão moral e um desafio de ordem econômica, é um problema político.  Podemos fazer de conta que não temos familiaridade com os analfabetos, mas eles estão ao nosso lado, dividem conosco ruas, escolas, hospitais, supermercados, meios de transporte, igrejas.  Ignorá-los é um mau negócio para todos.

16.Curiosamente, um só governo não passa que não assuma o “compromisso” de “erradicar” ou “exterminar” o analfabetismo.



17.É visível em tal retórica o entendimento – pelo menos isso, a revelar alguma consciência de culpa! – de que se trata de uma “erva daninha” ou uma espécie de “aftosa mental”, que impede que um segmento de nossa população tenha livre acesso ao mínimo de uma vida decente...

18.E daí que se enfrente o problema – quando acontece de o problema incluir-se como política pública ou iniciativa filantrópica – mediante iniciativas voluntaristas, parciais e paliativas, que mais não serão, no fim das contas, que um renovado tormento de Sísifo...

19.Porque, sendo um problema essencialmente político, o analfabetismo – ainda mesmo sob a forma do puro letramento ou da alfabetização mecânica – não será superado sem uma vontade política, quer dizer, de todo o corpo da cidadania, seja através de uma “explosão” revolucionária igualitarista, seja pela conscientização, coletiva, de que a sociedade vai mal enquanto todos não atingirem esse patamar mínimo para uma efetiva “prática da liberdade”. 

20.Aqui está – no condensado da palavra conscientização – o sentido do contributo de Paulo Freire para se obter eficácia em qualquer projeto de alfabetização: um projeto social, um projeto de toda uma pólis.



21.O que proponho é então isto: que a pólis maranhense, consciente que o analfabetismo é um grave problema econômico e faz péssima imagem quanto ao nosso demos, pague a dívida moral e política, cobrada à consciência de todos, para que toda a nossa comunidade de cidadãos encare como responsabilidade sua, inalienável e inadiável, enfrentá-lo e superá-lo. 

22.Os cidadãos do Vietnã fizeram ferrar com as letras do alfabeto os bois que puxavam o arado em suas plantações de arroz.  Um alfabetizador – que não era apenas um ensinador das letras do alfabeto, mas um animador da consciência coletiva sobre a necessidade de superação do atraso – “cobrava” a cada fim de dia o cumprimento de cada tarefa de aprendizagem.

23.Cuba, nos anos iniciais de sua Revolução, fechou a universidade e mandou mestres e alunos a alfabetizar a todos os seus compatriotas que deviam a si mesmos esse direito/dever elementar de todo cidadão.   Foi uma exorbitância?  Sim, uma exorbitância e uma violência, menores, porém, que a violência e a exorbitância de viver uma vida analfabeta.   Nós não teremos necessidade de chegar a tal exagero.

24.Para não fugir ao que todos fizeram, o atual Governo do Maranhão se propôs, como promessa de campanha, eliminar o analfabetismo no Maranhão.  Eliminar, ou seja, diminuir as taxas de analfabetos do Estado... até que um dia cheguemos a ter a nossa população toda alfabetizada.

25.Mas analfabeto também procria.   O que proponho aqui, como cidadão e como educador, é que a CAMPANHA PARA A ELIMINAÇÃO DO ANALFABETISMO NO ESTADO DO MARANHÃO seja uma bandeira empunhada pelo Governo estadual, mas seja uma tarefa de todos e cada um dos cidadãos maranhenses.

26.O Governo assumirá a Campanha, através de todos os seus órgãos.  O Governo se empenhará numa publicidade nunca vista, para divulgar a Campanha e para motivar o povo maranhense, letrados e iletrados, a se engajar nesse trabalho de recuperação fundamental da dignidade humana de nossos alfabetos.

27.Mas todos os órgãos, instituições, empresas privadas, não importando sua natureza e finalidade, além dos cidadãos particulares, serão convocados a contribuir e participar dessa “jornada de infinita luz”.  Prêmios, bolsas, incentivos, compensações financeiras, poderão ser pensados para que a Campanha alcance os seus objetivos. 

28.Fechemos os olhos e imaginemos os resultados que tal empreendimento alcançará, à vista do Brasil e do mundo.  O formulador desta proposta guarda a firme convicção que, realizado o que aqui propõe, bastaria um período governamental, para que nos quitarmos com uma das dívidas mais dolosas e culposas de nossa vida como animais políticos.



***
BIOGRAFIA SITE AML: SEBASTIÃO MOREIRA DUARTE
Nasceu no sítio Olho d’Água do Melão, município de Baixio-CE, a 2 de março de 1944. Filho de Cícero Moreira da Silva e de Raimunda Alodias Duarte. Fez o primário em Cajazeiras-PB e o secundário nos Aspirantados Salesianos de Recife, Carpina e Jaboatão. Em São Paulo, frequentou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena. Abandonando a vida religiosa, radicou-se no Maranhão, a partir de 1965.
Licenciado em Filosofia e Pedagogia, é professor aposentado da Universidade Federal do Maranhão, onde ingressou em 1972. Mestre em Administração Universitária pela Universidade do Alabama, e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. No Brasil, exerceu atividades docentes e administrativas em universidades do Maranhão e da Paraíba. Foi visiting scholar das universidades de San Diego, na Califórnia, e de Illinois (Urbana-Champaign), além de professor da Universidade do Tennesse, em Knoxville, nos Estados Unidos. Tem publicado diversos trabalhos em periódicos educacionais e literários do Brasil e do exterior. Entre 1999 e 2001 foi um dos colaboradores da coluna Sacada, de O Imparcial. Coordenador editorial da coleção Maranhão Sempre, pela qual foram publicados 24 títulos da bibliografia maranhense, com o selo da Editora Siciliano (SP) e sob o patrocínio do Governo do Estado do Maranhão. Atualmente presta colaboração editorial ao Instituto Geia, pelo qual tem trabalhado em numerosas publicações.
FONTE: AML – ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde 1976.
Arquiteto Urbanista FAU-UFRJ 1972 / Registro profissional CAU-BR A.107.150-5
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