OS 10
MELHORES FILMES DE 2015
Fonte: Revista bula; POR MURILO
MATOS
EM FILMES
http://www.revistabula.com/5694-os-10-melhores-filmes-de-2015/
Fim de ano chegou, está na hora da lista dos melhores de 2015. O
ano foi mais diverso que a previsão inicial, com ótimos filmes em vários
gêneros. Um dos destaques foram as continuações: “Mad Max” e “Star Wars”,
talvez, fizeram os melhores de cada franquia. E não tem jeito, 2015 foi mesmo
das ficções científicas. Desde as mais badaladas até as mais discretas, nos
forneceram novas ideias e perspectivas, até sobre o mesmo tema, como “Chappie”
e “Ex-machina”. Alguns chegaram tarde (Bidman, Whiplash e Frank) e já receberam
seus prêmios em 2014. E pra completar, as gratas surpresas, como “Que horas ela
volta?” e “Divertida Mente”, dois filmes delicados e apaixonantes. Então vamos
à lista, ordenada por data de
lançamento.
Mais...
E menção
honrosa para:
- Perdido em Marte
- O Ano Mais Violento
- Sicário — Terra de ninguém
- Vício inerente
- O expresso do amanhã
- Jurassic World
1 — WHIPLASH (Direção, Damien
Chazelle)
Incrivelmente escrito e dirigido
por Damien Chazelle, de apenas 29 anos. “Whiplash” acompanha intensamente o
jovem baterista Andrew Neyman (Miles Teller) e sua busca para se tornar um
grande artista de seu tempo. Para isso, tenta ser aceito em um dos mais prestigiados
conservatórios do país, mais especificamente na banda do famoso Terence
Fletcher (Simmons). O que ele não esperava é lidar com os métodos militares com
que Fletcher rege seus alunos. Neyman precisa dar o sangue (até literalmente)
para conquistar seu espaço. O diretor nos leva pelos detalhes de todo esse
esforço e escancara o que há por traz de notas perfeitas. Atuação visceral de
J.K. Simmons, carimbada com o Oscar de ator coadjuvante. E como bônus, belos
clipes, enquanto somos levados pelo fantástico som da banda.
2 — BIRDMAN ou
A Inesperada Virtude da Ignorância
(Direção, Alejandro González Iñárritu)
Iñárritu nos faz papagaios de um
ator fracassado em busca de redenção. A câmera, aparentemente ininterrupta, nos
coloca no ombro de Riggan Thomson (Keaton) nos três dias que antecedem a
estreia de sua peça. Um filme repleto de metalinguagem feito de forma teatral.
A trilha subjetiva também ajuda a nos transportar para a sua pele (ou penas).
Dessa forma, testemunhamos sua pressão aumentando a cada hora, junto com sua
tentativa de retomar o sucesso perdido. Se ele consegue é a pergunta que o
filme deixa pra gente. Tecnicamente fascinante com uma direção fluída,
fotografia fantástica e uma mise-en-scène intrincada, mas realizada com
maestria. E como se não bastasse, interpretações (principalmente de Michael
Keaton) primorosas. Estreou tarde no Brasil, mas já veio com merecidos quatro
Oscars, entre eles, de melhor filme e direção.
3 — CHAPPIE (Direção,
Neill Blomkamp)
O 3º Longa de Neill Blomkamp
segue à risca sua receita de ficção científica (ao final, até lembramos
Distrito 9) e não decepciona. Inspirado em um de seus curtas (Tetra Vaal), ele
expande o universo e nos presenteia com um conto dos tempos modernos. Uma visão
nova e interessante para o tema Inteligência artificial. Como uma boa ficção
científica, nos oferece várias metáforas. Imagina se retirarmos o robô e
colocarmos uma criança no lugar; temos uma versão sci-fi de “Beasts of No
Nation”, mais uma história de socialização da violência. Caprichoso em seus
aspectos técnicos, os efeitos nunca soam falsos, o que nesse caso é
fundamental. “Chappie”, portanto, contém todas as características de um dos
diretores mais interessantes da atualidade e que sempre nos mostra uma premissa
verossímil, personagens fortes e roteiros imaginativos.
4 — FRANK (Direção,
Lenny Abrahamson)
Convenhamos, questão de tempo
alguém filmar essa história. “Frank” mostra um recorte da vida, delicada e
intrigante, do cantor Frank Sidebottom (criação do comediante Chris Sievey), a
partir do artigo que o próprio autor do filme escreveu sobre sua convivência
com a banda. No filme, ele é representado pelo aspirante à tecladista Jon
(Gleeson). Um acidente (ou aviso) faz com que ele seja chamado para gravar um
novo álbum e então ficam isolados durante um ano para isso. Como se não
bastasse o frontman passar 24 horas com uma cabeça falsa, feita de papel, ele
ainda tem que lidar com os outros inconstantes músicos da banda, principalmente
a imprevisível Clara (Gyllenhaal). Porém, como diz a física: quem estuda
interfere no material de estudo. E Jon começa a ter influência sobre aquele,
até então, ambiente sagrado da banda. Se boa ou ruim, é o que descobrimos. O
filme consegue a proeza de nos mostrar os indivíduos por trás daquelas
caricaturas e ao mesmo tempo respeitar seus sentimentos sem parecer piegas. Uma
narrativa envolvente sem vilões ou mocinhos. Mas muito delicada e respeitosa.
5 — MAD-MAX:
Estrada da Fúria (Direção, George Miller)
George Miller fez mais do que uma
continuação à altura, fez o melhor filme da franquia. Subvertendo vários
clichês presentes em filmes do gênero, Mad Max vai direto ao ponto, sem
frescura e enrolação. E o resultado é um filme com tanta energia que saímos
ofegantes da sala. Esteticamente belíssimo, a fotografia é um dos destaques,
usando o contraste entre noite e dia ou até entre poeira e céu. O filme
transforma cada perseguição, e são muitas (ou uma só?), em um espetáculo de
beleza e violência. Sem medo de exagerar vemos até guitarras que cospem fogo. E
de brinde temos uma inversão narrativa interessante de quem é o protagonista da
história, além de críticas sociais, como o culto ao sagrado, posições hierárquicas
e o papel da mulher. Particularmente, gosto de um personagem, feito pra morrer
logo em filmes do gênero, mas que atravessa o maior arco dramático do filme.
Spray prata da onda?
6 — DIVERTIDA
MENTE
(Direção,
Pete Docter, Ronaldo Del Carmen)
“Divertida Mente” nos transporta
pra dentro da cabeça da recém-nascida Riley. Através de suas emoções, que são
representadas por personagens (alegria, raiva, tristeza, repulsa e medo), nos
encantamos ao acompanhar todo o funcionamento de sua psique e seu aprendizado
ao longo dos anos. Fantasticamente didático e criativo, o filme explora ao
máximo como nossa cabeça (e a dela) recebe os estímulos externos desde o
nascimento. E o design de produção representa isso de forma magistral. O
destaque fica por conta da maturidade do roteiro, ao reconhecer que a tristeza
é parte importante de nossa vida e que tentar excluí-la de nosso dia a dia é só
uma forma de tentar uma felicidade inexistente. Portanto, inútil. Tão rico que
deixa vários ganchos para explorar mais esse universo, de nossa protagonista ou
de qualquer outro. Desde já, um novo clássico da Pixar.
7 — EX-MACHINA
(Direção, Alex Garland)
Ao invés de expandir, Alex
Garland, aprisiona o conceito de Inteligência Artificial e nos enjaula junto.
Rodado na claustrofóbica casa de um alto executivo (de uma espécie de Google),
enquanto usa um de seus funcionários para fazer uma versão Big Brother do teste
de Turing. O filme aumenta seu suspense à medida que vamos conhecendo mais seu
ambiente. As atuações estudadas deixam sempre ambigüidade no ar (principalmente
Oscar Isaac), o que também nos coloca junto a Caleb, que só descobre toda a
verdade por trás daquele cenário, tarde demais. A direção precisa usa os
enquadramentos e elementos do cenário, como luzes e vidros para dar pistas
sobre o real perigo ali. No final, sobra a lição mais fundamental sobre AI´s, a
sobrevivência.
8 — QUE
HORAS ELA VOLTA? (Direção, Anna Muylaert)
“Que horas ela volta?” é um filme
apaixonante. Dirigido com delicadeza por Anna Muylaert e adotando a câmera
quase sempre estática ela aproveita a dança das empregadas na cozinha e nos
envolve com a atuação hipnotizante de Regina Casé. Além disso, seus
enquadramentos nos dizem muito sobre o ambiente apertado e restrito de Val
(Casé), mesmo em uma mansão. Expondo as hipocrisias da classe média alta e
questionando o costume das empregadas “quase da família”, ele desvenda através
de situações corriqueiras, como funciona esse mundo ditado por regras claras,
mas, por vezes, obscuras. Um filme que revela mais do que poderíamos esperar e
através da simplicidade se transforma em uma pequena obra, assim como sua
protagonista.
9 — BEASTS OF NO NATION (Direção, Cary Joji Fukunaga)
O primeiro filme feito para a
internet (mas lançado em salas de cinema para concorrer a prêmios), escolheu um
tema tão importante quanto a nova era que pode representar. Uma produção crua e
realística, que ao mesmo tempo, exibe uma belíssima fotografia. Conta a
trajetória de Agu (o estreante Abraham Attah), órfão da guerra civil de um país
desconhecido, automaticamente, adotado pelo líder com traços míticos (de
propósito), vivido por Elba. O filme não se restringe aquele grupo e nos mostra
que até um quase Deus é só mais uma peça manipulada por poderes maiores. Mas o
arco vivido pelo garoto é mesmo o principal atrativo. “Beasts of no Nation” não
é só um ótimo filme é a exposição de lugares que são invisíveis pra gente. E
isso enriquece ainda mais a metáfora sobre a televisão vista no filme. Um
projeto feito para internet, que mostra o que acontece por trás da tela, sempre
filtrada, da TV.
10 — STAR
WARS: O Despertar da Força (Direção, J.J. Abrams)
O filme mais esperado do ano não
decepcionou. Muito mais concreto, principalmente em comparação aos três
últimos, o 7º filme eleva a franquia com ritmo enérgico e personagens
carismáticos, que são introduzidos de forma orgânica ao lado dos grandes mitos.
É mesmo emocionante rever Han Solo, Chewbacca, Princesa (General) Leia, C-3PO,
R2-D2 e… Luke? Todos tratados com muita reverência. E o melhor é suspirar
aliviado pelo acerto dos novos protagonistas. Abrams, realizando o sonho de
todos os nerds (dirigiu Star Trek e Stars Wars), imprime sua marca ao lado de
muito respeito e referências sobre o universo. E ainda deixa grandes ganchos
para os próximos episódios. Dever de casa cumprido. Aliás, sua direção me
lembra, cada vez mais, o Spielberg (com direito até J.J. Face). De toda forma,
os Jedi estão em boas mãos. Mal posso esperar por uma interação maior entre
todos os personagens desse fabuloso universo, agora tratados com o devido
cuidado.
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