Ou o Brasil visto por dentro
THE 1908 EXHIBITION OR
BRAZIL SEEN FROM WITHIN
Margareth da Silva Pereira
Tradução português-inglês: Rafael Saldanha
Duarte
Fonte: ARQTEXTO 16
http://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/pdfs_revista_16/01_MSP.pdf
A EXPOSIÇÃO [NACIONAL] DE 1908 OU O BRASIL VISTO POR DENTRO
Margareth da Silva Pereira
[1] [APRESENTAÇÃO]
- O Brasil vive hoje um novo momento de afirmação de sua importância
no plano internacional e tem se visto diante do desafio de organizar uma
série de eventos de grande porte. Contudo, a história do país e de suas
cidades exibem, desde o século XIX, momentos e situações comparáveis. A
abertura dos portos (1808) e a proclamação da Independência (1922) – ao
representarem o fim do pacto colonial – deram início à inserção do Brasil
em uma rede de relações com diferentes continentes e povos e delinearam um
campo de lutas econômicas e políticas no interior do qual o país passou a
dar visibilidade a si próprio como, a cada vez, reatualizar sua
identidade.
- A realização da Exposição Nacional de 1908 e as comemorações do
primeiro centenário da abertura dos portos do país ao livre comércio foi
um momento forte nesse processo. O evento pode ser considerado como o grand finale de um primeiro tempo
de interações econômicas e culturais do Brasil com um mundo cada vez mais
urbano e cosmopolita, que teve nas reformas do Rio de Janeiro, entre 1903
e 1906 uma das suas maiores expressões. No início do século XX as
autoridades municipais e federais, ainda mais confiantes com as
potencialidades do país, não restringiriam o programa de transformação e
modernização da imagem nacional à arquitetura, ao urbanismo e ao
paisagismo na Capital Federal. Em 1908 o desafio seria mais ambicioso:
celebrar o próprio comércio e desenvolvimento do país, realizando, ao
mesmo tempo, um “inventário” do Brasil para os próprios brasileiros.
- Nos seus três meses de abertura, a exposição foi visitada por mais
de um milhão de pagantes, muitos deles oriundos de diferentes pontos de um
território em grande parte sequer conhecido pelos demais brasileiros.
Todos os estados da Federação organizaram pavilhões ou estandes exibindo
seus avanços culturais e econômicos em álbuns, fotografias ou catálogos.
Além disso, o Governo Federal e a Prefeitura do Distrito Federal também se
fizeram representar, construindo importantes pavilhões e mostrando o
desenvolvimento de seus serviços públicos.
- Mas se o balanço que o país fazia de si próprio em 1908
mostrava-se surpreendente, mais ainda o é a constatação de que inúmeras
das nossas instituições atuais foram concebidas e moldadas nos espaços efêmeros
dessas mostras do passado. Das palavras aos comportamentos: é a própria
cultura do século XX ou os desafios de hoje que se encontram aí delineados
em sua força e em seus limites, em seus sonhos e capacidade realizadora,
em suas conquistas efêmeras e em seus valores duradouros.
[2] ENSINANDO A OLHAR O MUNDO
- Olhar, comparar, julgar: esses atos que nos parecem tão comuns
foram, na verdade, objeto de um longo e intenso processo de educação dos
sentidos e, sobretudo da visão, desenvolvido particularmente ao longo do
século XIX. Saber ver por imagens e sobretudo, ensinar a ver foi uma
construção cultural compartilhada por diferentes sociedades no Ocidente –
dentre as quais o Brasil.
- Esse culto à imagem se manifestou em uma produção iconográfica
diversificada e que impulsionaria a criação de diferentes procedimentos
técnicos. Dos grandes panoramas circulares, os primeiros desses
dispositivos óticos voltados para a educação visual das massas, que se
impuseram nas primeiras décadas do século XIX, rapidamente passou-se à
circulação mais ágil oferecida pelos álbuns pitorescos, daguerreotipias,
fotografias e, décadas mais tarde, pelas estereotipias, pelos bilhetes
postais e pelo cinematógrafo.
- Dentre os diversos modos de olhar, comparar e julgar, as
Exposições Universais, talvez tenham sido dos mais eficientes. Estas
grandes feiras representaram um dos mais importantes espaços educativos da
cultura do século XIX, ensinando as novas massas urbanas a observar
cidades, povos, culturas e também a hierarquizá-los a partir de uma visão
única e evolucionista de desenvolvimento e história.
- Desde o fim do século XVIII, a França havia começado a realizar
exposições nacionais de indústria e comércio, impulsionada pelo desejo de
conhecer suas próprias produções e de igualar-se ao desenvolvimento
industrial inglês. Contudo, uma exposição comparativa “universal”, isto é,
uma feira que servisse de termômetro das atividades manufatureiras,
industriais e comerciais de diferentes países só se realizaria pela
primeira vez em 1851, em Londres, em um vasto edifício que passaria a ser
conhecido como o Palácio de Cristal.
- A partir de então, as Exposições Universais se instituem como
grandes eventos mundiais regulares o que sinaliza em que medida o
exercício de olhar, comparar e julgar já havia se difundido e se
consolidado como uma prática social de grande parte dos habitantes das
cidades. A circulação vertiginosa de imagens passou, assim, a se fazer
sentir também em outros campos e as comparação entre hábitos culturais e
cenas urbanas de diferentes regiões não só foi inevitável como tornou-se
“natural”: do interior da África aos Balcãs, dos subúrbios de Glasgow ou Liverpool aos jardins do Plater
em Viena, do modo de vida dos marajás ao rito do chá no Japão ou ao uso
dos narguilés em Istambul.
- Olhar o mundo e, em seguida, classificá-lo fez com que a
arquitetura e a imagem das cidades fossem vistas como um “retrato” das
civilizações e dos povos. O clímax dessa leitura das culturas através de
objetos e edifícios se fixa na segunda metade do século XIX. Através da
linguagem estilística adotada em cada contexto e país – greco-romana;
gótica, mourisca, turca... – ou do desenvolvimento tecnológico exibido,
julgava- se o seu nível de civilidade, cosmopolitismo e progresso. Na
verdade, pode - se dizer que a idéia de Exposição Universal e sobretudo
esse julgamento comparativo de povos e culturas veio consolidar novas
práticas sociais e um novo trinômio: exibir, admirar e consumir.
- Durante os grandes eventos que se tornam as Exposições Universais,
os próprios países – primeiro em estandes e pouco a pouco em pavilhões
isolados – passaram, assim, a exibir produtos e invenções em diferentes
áreas, ampliando ainda mais as possibilidades de comparações e atraindo,
evidentemente, admiração e também adeptos e consumidores. Pode-se dizer
que nessas feiras estreitavam-se contatos e intercâmbios entre
autoridades, técnicos, artistas e cientistas, e pouco a pouco
consolidava-se uma mentalidade liberal atenta às invenções mas, também,
voraz no consumo de novidades.
- Mostrar – o que e como – já havia se tornado uma arte, mas os
relatórios de autoridades revelam que também alimenta a economia. De fato,
as comparações do ponto de vista cultural, se insinuariam a partir de
1855, na Exposição Universal de Paris, quando os países participantes
também passaram a exibir seus avanços no campo das artes. Diversas escolas
de desenho existentes hoje no mundo e, entre nós, os próprios Liceus de
Artes e Ofícios, seriam criados no Rio e em São Paulo, com o objetivo
agora de formar e desenvolver a manualidade e o gosto dos artesãos,
capacitando- os a responder às demandas de um mercado de objetos
manufaturados ou industrializados cada vez mais competitivo.
- O Brasil participou de todas as Exposições Universais realizadas
durante quase um século, primeiro somente na Europa e depois também nos
Estados Unidos: de início reunindo seus produtos em algumas vitrines
(Londres, 1851 e 1862; Paris, 1855 e 1867) e mais tarde construindo
jardins e edifícios admiráveis (Paris, 1889; Chicago, 1893; Saint Louis,
1904; Nova Iorque, 1939).
- Desde 1861, quando organizou a mostra preparatória da Exposição
Universal de 1862 em Londres, o governo brasileiro passou a realizar
exibições “nacionais” com o objetivo de pré-selecionar os produtos e
realizações da indústria local que iriam representar o país. Na cultura do
século XIX a palavra indústria não possuía o significado que tem hoje e,
assim, à medida que as Exposições Universais foram ficando cada vez
maiores, exibir as realizações da indústria de uma nação significava
mostrar o trabalho dos seus habitantes nos mais diversos campos: do
mecânico ou manual ao moral e intelectual.
- Por sua vez essas realizações tão diferenciadas passaram a ser
divididas em classes, gêneros e tipos de atividades. No Brasil, mas também
nas mais longínquas regiões do planeta, todas as províncias e depois os
estados da federação passaram a participar dessas mostras, interiorizando
suas lógicas de classificação das atividades humanas, criando suas
identidades a partir de uma hierarquia dos povos e culturas em
“civilizados” ou “bárbaros”, “adiantados” ou “atrasados”, “desenvolvidos”
ou “em desenvolvimento”.
- É a partir da ótica classificatória e evolucionista que podemos
entender o orgulho da jovem república brasileira e dos cariocas em afirmar,
com as obras de reformas da Capital Federal implementadas no governo Rodrigues Alves: o Rio civiliza-se!
- O caráter efêmero
dessas mostras que atraiam multidões como se vê paulatinamente foram
instituindo formas de percepção de si e do outro duradouras. Por outro
lado, a partir dos anos 1870 o gigantismo que adquiriram estas mostras do
trabalho e da civilização “universal” fez com que cada vez mais se
colocasse o problema do que preservar ao término de cada evento e
passou-se ainda a avaliar qual o seu impacto ou contribuição para o
próprio desenvolvimento urbano.
- Vazios urbanos e áreas limítrofes das cidades após abrigarem as
Exposições Universais dão origem, assim, a bairros inteiramente novos e os
edifícios ou áreas de diversão remanescentes passam a acolher
instituições, museus ou serem integrados nos circuitos turísticos.
Pavilhões também são pensados para serem desmontados e remontados em
outras cidades e, dentro de uma lógica onde tudo se comercializa, muitos
edifícios são projetados e construídos até mesmo para serem vendidos para
outros países.
Foto 5: Vista aérea da Exposição Nacional 1908, onde
hoje é e atual Praia Vermelha, vendo-se à direita o Morro da Urca e ao fundo a
Baia da Guanabara.
[3] A INTERNACIONALIZAÇÃO DO BRASIL
- A internacionalização dos contatos entre diferentes regiões do
mundo e a organização de um sistema de intercâmbio, impulsionada pelo
liberalismo econômico, como vemos, tiveram nas Exposições Universais seu
motor e a participação do Brasil foi um dos termômetros da
internacionalização econômica e cultural do país.
- Entretanto, se as primeiras páginas da história da globalização
puderam ser escritas ainda no século XIX, isso só seria possível pelo
desenvolvimento sem precedente dos serviços de transporte e, sobretudo, de
comunicações. Circular e comunicar são atividades que dão suporte ao
próprio processo de intercâmbio econômico entre nações e à criação de
práticas sociais e culturais compartilhadas, malgrado as singularidades de
cada país.
- As bases do sistema contemporâneo de comunicação e circulação de
indivíduos, produtos, bens e informação foram construídos em ritmos quase
sincrônicos a esse sistema de interações e construções culturais. Até o
século XIX, as regiões do planeta não haviam conhecido uma rede de trocas
econômicas e culturais tão estreita capaz de cruzar oceanos e mares,
embrenhando-se pelo interior das terras dos cinco diferentes continentes.
Na primeira metade do século XIX observa-se a expansão das redes de
estradas e caminhos, seguidas pelo desenvolvimento dos transportes
marítimo e de cabotagem.
- Em meados do século XIX firma-se o desenvolvimento ferroviário e o
sistema de comunicação se estrutura com a invenção do selo postal na
Inglaterra em 1840 e seu rápido reconhecimento internacional (o Brasil,
após a Suíça, seria o terceiro país a adotá-lo, em 1843). As trocas
comerciais dão, assim, um duplo salto, graças às garantias sólidas na
troca de correspondências e às redes de transporte e circulação que
permitem fazer circular cartas, amostras, pedidos, contatos, produtos. Se
quisermos tecer paralelos pode-se dizer que este período, também designado
como o da Segunda Revolução Industrial, é aquele que torna as Exposições
Universais as grandes vitrines culturais e de negócios.
- Ora, o desenvolvimento da economia brasileira ao longo do século
XIX vinha construindo seu lugar dentro destas redes econômicas em larga
escala. Paralelamente vinha se desenhando o papel relevante dos serviços
postais para o próprio crescimento econômico, impulsionando, ainda, a
expansão da telegrafia, desde 1852 com as primeiras experiências de
transmissão telegráficas.
- Entre a Exposições de Viena em 1873 e a de Paris de 1878, os
países economicamente mais ativos já haviam construído novas sedes para
seus serviços postais, inclusive o Brasil, que inaugura o seu primeiro
edifício especialmente construído para esse fim, na rua 1° de Março.
- A organização de Exposições Universais no continente americano –
primeiro na Filadélfia, e na virada do século XIX em Chicago e Saint Louis
– deslocariam, contudo, o foco do desenvolvimento econômico do cenário
europeu, o que de certo modo também favoreceria o Brasil. Os pavilhões
brasileiros começaram a atrair a atenção do público desde 1889, em Paris.
Contudo, é neste novo arranjo de forças transnacionais que engenheiros
brasileiros se notabilizaram nas exposições realizadas nos EUA, primeiro
com a premiação de Francisco Marcelino de Souza Aguiar em Chicago e,
depois, com o projeto para o pavilhão do Brasil em Saint Louis (que seria
remontado no Rio como sede do Senado Federal – o Palácio Monroe, hoje
destruído).
- Assim, esta terceira onda de expansão econômica e tecnológica
provocada pelo desenvolvimento da eletricidade, da telefonia e, pouco a
pouco, do automóvel, acelera a internacionalização da economia nacional.
Entretanto, é de um ponto de vista americano que intelectuais e
autoridades brasileiras se vêem e a própria modernização do país.
- Nesse contexto, os Correios e Telégrafos e a expansão de seus
serviços passam a ser uma tarefa estratégica e que exige ser valorizada.
Eles deveriam contribuir em um duplo processo: unificar o Brasil criando
redes regulares de contato através de agências e postos de serviço
distribuídos por todo o território e continuar a integrar mais rapidamente
esse Brasil cada vez mais concreto e vasto como sistema econômico à uma
rede sem fronteiras de comércio e trocas, cada vez mais internacional.
[4] GLOBALIZAÇÃO E PAN-AMERICANISMO
- A Exposição Nacional de 1908 foi a sétima exibição nacional
realizada no Rio de Janeiro. Ela representou o auge mas também o início do
questionamento de um processo classificatório de países cujos parâmetros
haviam sido construídos a partir de um conceito eurocêntrico de cultura.
Por outro lado, ao comemorar o centenário da Abertura dos Portos ao livre
comércio, ela celebrava a própria cultura capitalista e industrial que
firmara suas bases durante o século XIX.
- Entretanto, ela marca também uma inflexão ao propiciar a
realização de um inventário do país não para ser exibido para fora de suas
fronteiras, mas para os próprios brasileiros. É a partir desse “Brasil em
exposição” que o país passa a ser visto de dentro e uma visão “interna”
também começa a ganhar forma e, mais do que isso, a definir com mais
clareza políticas conseqüentes para o país e suas cidades e regiões.
- Na verdade, a proclamação da República e, sobretudo, as reformas
urbanas da Capital Federal realizadas pelo Ministério de Viação e Obras
Públicas e pela Prefeitura do Distrito Federal, marcaram novos tempos na
história do país. Juntamente com os mecanismos simplistas de exibição e
leitura do desenvolvimento dos países instituídos com as Exposições Universais,
a modernização da arquitetura da área central e do Porto do Rio de Janeiro
era percebida como se o Brasil inteiro subitamente houvesse modernizado o
conjunto de suas instituições e a própria mentalidade e os hábitos dos
seus habitantes.
- O sucesso obtido pelos pavilhões brasileiros na Exposição
Universal de 1893 em Chicago e na Exposição Universal de Saint-Louis em
1904, além do acúmulo de medalhas e prêmios que os expositores passaram a
ganhar em cada exposição, contribuiu para construir o clima de otimismo em
relação ao crescimento do país durante a primeira década do século XX.
Parecia, dessa forma, que o Brasil tinha encontrado o seu próprio rumo
para alavancar o seu desenvolvimento.
- Favoreceram esse sentimento positivo ainda dois outros fatores: a reconstrução, com sucesso, do pavilhão do Brasil
na Exposição de Saint-Louis no Rio de Janeiro, batizado como Palácio
Monroe; e a realização da III Conferência Pan-Americana de
1906, também na Capital Federal, nas próprias dependências do pavilhão
recém construído. Ambos eventos reativavam as discussões sobre o novo
momento econômico do país que vinha fazendo com que em menos de “um
lustro se tornasse o Brasil mais conhecido do que nos quatro séculos que
tem de existência”.
- Esse misto de sentimento pan-americanista e “suave alegria
patriótica” podia ser acompanhado na revista Kosmos que comentava em suas páginas o
quanto, por ocasião do evento
nos Estados Unidos, “desenharam-se as nossas forças
econômicas, dignas de ombrear com as dos velhos povos dos outros
continentes, manifestando-se perfeitas em nossos artefatos industriais,
enormes na expansão de nossa agricultura, maravilhosas nos produtos de
nossa natureza, de sorte a colocar o Brasil em tal situação de
avantajamento, que na gigantesca feira bem se pode afirmar – fomos nós os
vencedores.”
- A idéia da exposição nacional surgiu no Congresso de Expansão
Econômica, em 1905, por sugestão da imprensa e foi acatada pelo Congresso
Nacional, que votou o orçamento para sua realização em julho de 1907.
Destinada “a marcar no caminho dos séculos o primeiro estágio da vida do
Brazil no mundo civilizado”, quatro grandes ramos da atividade
nacional deveriam ser contemplados – agricultura, indústria, pecuária e
artes liberais.
- Mas os
brasileiros, conheciam eles o Brasil? A
pergunta era pertinente na medida em que a exposição de Saint-Louis
retirara o país da doce ilusão e do conforto da sua posição periférica
revelando a fecunda atividade e os progressos de vários setores da indústria
nacional, do quais só se falava em tons de piada. Os brasileiros pareciam
mais se interessar “pelo que vai por além-mar do que o acontecido dentro
das raias do nosso vastíssimo território”. Se a Exposição de Saint Louis
foi uma “maravilha” para o estrangeiro, era preciso confessar “que talvez
fossemos nós mesmo os mais maravilhados.”
- É a constatação de que o país ignorava as suas próprias conquistas
e as suas potencialidades, em quase um século de Independência que explica
a rapidez e o entusiasmo com que foi montada a Exposição Nacional de 1908.
A comemoração do CENTENÁRIO DA ABERTURA
DOS PORTOS foi o pretexto para compor o “retrato” da nação.
[5] OS PREPARATIVOS
- Os preparativos da Exposição Nacional começaram sob a presidência
de AFONSO PENA sob a tutela do
seu Ministro da Indústria, Comércio, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon du Pin e Almeida. Em
outubro de 1907,
- o ministro formou uma comissão executiva composta por 41 membros
tendo como presidente o engenheiro Antônio
Olyntho dos Santos Pires, ex-Ministro da Viação e professor da Escola
de Minas de Ouro Preto. Decidiu -se que do ponto de vista logístico, todos
os gastos com os transporte dos objetos que deveriam ser expostos seriam
pagos pelo Governo Federal e, a fim de promover o evento, foram enviado
delegados a todos os estados da Federação.
- Cioso do impacto da mostra para o desenvolvimento da cidade, o
Ministro Miguel Calmon analisou
vários locais para sediar o evento. Deve-se notar que à frente da
Prefeitura do Distrito Federal estava o próprio coronel-engenheiro Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que,
como delegado e recebedor de honras e prêmios nas exposições de Chicago e
Saint-Louis, acumulava grande experiência na organização desse tipo de
mostra.
- Assim, foram analisados e descartados diversos terrenos na cidade,
ora por serem muito pequenos, ora por questões locacionais, ora pelos
custos da operação: a área aterrada e ainda não construída no novo Porto,
o Campo de São Cristóvão e a Quinta, o Campo de Santana, as Praias do
Russel e de Santa Luzia.
- Em fins de 1907, o próprio ministro decidiu-se pela região da Praia
da Saudade, onde dois edifícios pertencentes à esfera federal poderiam ser
aproveitados, reduzindo os custos. O primeiro era o da Escola Militar, em
estado de abandono à época, e o segundo o da projetada Universidade do
Brasil, cuja pedra fundamental havia sido lançada em 1881, mas que
permanecia inacabado.
- A área de 182.000m2, compreendida entre a Praia da
Saudade e a Praia Vermelha, e situada entre o mar e a montanha, oferecia
um aspecto pitoresco e sua escolha já apontava para a valorização da orla
como espaço de lazer. Uma nova frente de urbanização acabaria, assim,
sendo “criada” graças a novos aterros hidráulicos na área e, do ponto de
vista do acesso, a um esquema de transportes que contava com os novos
bondes elétricos da Light and Power e modernas
barcas da Companhia Cantareira, construindo-se para tanto um ancoradouro.
- Antes mesmo que o plano geral da exposição estivesse decidido,
foram iniciadas as obras de infraestrutura. Durante um curtíssimo período
de hesitações, uma primeira proposta para a ocupação da área da Praia da
Saudade chegou a ser estudada pelo Dr.
Buarque de Macedo e veiculada pela imprensa, mas seria rapidamente
abandonada.
- O projeto aprovado pela comissão entre setembro e outubro de 1908
começou por mudar a localização e dar maior grandiosidade à porta de
acesso ao recinto propriamente dito da Exposição Nacional. Sua concepção
foi confiada ao arquiteto René
Barba, que inspirou-se na Porta Triunfal da Exposição Universal de
1889, em Paris.
- Um imponente eixo com 30 metros de largura e 560 metros de
extensão, a chamada Avenida dos Estados – hoje parte da Avenida Pasteur –
estruturava o conjunto. Partindo da Porta Monumental a avenida levava os
visitantes até o edifício da antiga Escola Militar, totalmente reformada
para receber o Pavilhão das Indústrias. Coroava a perspectiva uma fonte
luminosa, composta por planos d’água sinuosos e chafarizes, formando um
gigantesco Château d´eau –
isto é, um reservatório – construído com a moderna tecnologia do cimento armado.
- Situado no início da avenida, o edifício da antiga Universidade
passou a ser chamado Palácio dos Estados e foi adaptado para receber as
representações de diversos estados da Federação. Ao longo do eixo,
sucediam-se gramados e jardins, entrecortados por praças e ruas, acolhendo
os pavilhões isolados. Duas vias de contorno margeavam as encostas dos
morros da Urca e da Babilônia e uma pequena via férrea foi construída para
a locomoção do público, internamente.
- Arquitetos, pedreiros, carpinteiros, mecânicos, estucadores,
bombeiros, eletricistas, ladrilheiros, pintores “de liso” e artistas
pintores transformaram o canteiro de obras de janeiro a junho de 1908 em
um formigueiro de operários e artífices, como registra Ferreira da Rosa em
suas memórias, permitindo a construção do cenário da Exposição Nacional,
como um “encantamento”.
- A Exposição Nacional foi inaugurada em 11 de agosto e esteve aberta ao público até 15 de novembro de
1908, recebendo investimentos maciços do Governo da União, da
Prefeitura do Distrito Federal e dos estados.
[6] A EXPOSIÇÃO DE
1908 E SEUS CONSTRUTORES
- “Parece-nos, ainda, um sonho esse inesperado aparecimento da
pequenina cidade de palacetes nos areais da Urca...”
- A revista Kosmos traduzia assim o
sentimento de deslumbramento em relação às obras realizadas para a
Exposição Nacional. Mais de trinta novas construções haviam surgido na
esplanada entre a Praia da Saudade e a Praia Vermelha entre janeiro e
agosto de 1908, quando a feira abriu suas portas.
- O responsável direto por este feito havia sido JOSÉ MATTOSO SAMPAIO CORREA, Inspetor Geral das Obras Públicas,
designado pelo Ministro Miguel
Calmon como Presidente Honorário da Exposição e engenheiro-chefe da
Comissão Construtora.
- SAMPAIO CORREA realizou uma obra arrojada na Exposição, introduzindo em quase
todos os edifícios sob sua responsabilidade a nova técnica do cimento
armado em paredes, estruturas e moldagens. Introduziu também sistemas
complexos de adução e bombeamento d’água utilizando ainda uma outra
tecnologia que apenas começava a generalizar-se no Rio de Janeiro: a
energia elétrica.
- A Comissão Construtora era composta por quatro engenheiros e dois
arquitetos e se desdobrou, enfrentando diferentes problemas técnicos: ora
tratava-se do enrocamento e vedação em cimento da construção do cais, da
estabilidade da construção do Palácio das Indústrias, do abastecimento do Chateu d’eau para permitir o
constante fluxo e nível de água dos chafarizes ou da iluminação elétrica
da Porta Monumental, ora tratava-se da definição de terrenos para acolher
pavilhões inicialmente não programados como o do Corpo de Bombeiros e o da
Imprensa. Nada, entretanto exigiu tanta atenção como resolver, em tempo
hábil, a mudança de local e projeto do Pavilhão de Portugal, garantindo,
entretanto, dimensões compatíveis com as do projeto primitivo para poder
receber as vitrines e o material que já havia sido expedido em navio.
- SAMPAIO CORREA recebeu inúmeras homenagens oficiais e elogios na imprensa por
seu trabalho. Os dois arquitetos da Comissão Construtora também se
notabilizaram. RENÉ BARBA, além
do Arco Monumental também concebeu as novas fachadas do Pavilhão das
Indústrias e o Restaurante do Pão de Açúcar, o mais elegante da Exposição.
FRANCISCO ISIDORO MONTEIRO,
além da adaptação do Palácio dos Estados, foi o responsável pelo edifício
do Teatro João Caetano.
[7] A RETÓRICA DOS PAVILHÕES
- Além do Distrito Federal
e de Portugal, único país
convidado, quatro estados da federação construíram pavilhões próprios – Bahia,
Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina. A modernização do país e de
certos setores administrativos federais e municipais podia também ser
atestada em vários outros edifícios como os Pavilhões dos Estados, o das
Indústrias, o dos Correios e Telégrafos, o do Corpo de Bombeiros, o da
Inspeção de Matas e Florestas, o do Jardim Botânico e até mesmo na
presença discreta do edifício da Assistência Municipal.
- Certos ramos da atividade industrial ou econômica também se
fizeram presentes afirmando seu desenvolvimento em requintados pavilhões –
como o da fábrica de tecidos BANGU
(projeto em estilo mourisco do diretor da empresa José Villas Boas) ou o
da Sociedade Nacional da
Agricultura, em estilo renascença (construído pelo engenheiro Souza
Reis, secretário da instituição).
- No campo artístico, o desenvolvimento, refinamento e atualização
do país podia ser medido na produção exibida no Pavilhão das Artes
Liberais, que expunha plantas e maquetes dos edifícios da exposição e a
obra de artistas como os irmãos Bernardelli, Visconti, Batista da Costa,
Rodolfo Amoedo, Belmiro de Almeida, Nicolina Vaz de Assis, Ernesto
Giradet, entre outros.
- No Pavilhão Egípcio, o maestro
Alberto Nepomuceno, à frente do Instituto Nacional de Música, vinha
fazendo uma campanha em prol do canto em língua nacional, mas organizou
concertos homenageando reconhecidos compositores europeus como
Rimski-Korsakov, que faleceu em 1908, e o moderno Claude Debussy.
- O Teatro João Caetano
se impunha no conjunto com seus 870m2 e sua decoração interna
em tons de verde e ouro, idealizada pela fantasia audaz de Raul Pederneiras, foi celebrada pela sua
originalidade. Em seu espaço bastante vasto, agradável, perfeitamente
delineado, prático e confortável foram encenadas várias peças de ARTHUR AZEVEDO.
- Em todas as obras da Exposição Nacional de 1908 os arquitetos
contratados buscavam que a linguagem arquitetônica de seus edifícios
emblematizasse a importância de cada estado, a “indústria” de sua
população ou a própria pujança econômica. Entretanto, quatro edifícios se
sobressaíram, não apenas por estarem quase frente a frente ou lado a lado,
mas também por que suas mensagens de magnificência, sobriedade, elegância,
monumentalismo, luxo ou rusticidade, mostravam-se em alguns casos complementares
mas, sobretudo, contrastantes, senão contraditórias.
- Apenas ultrapassando a Porta
Monumental o visitante já se surpreendia com os pavilhões da Bahia e
de Minas Gerais, ambos projetados pelo arquiteto Rafael Rebecchi.
- O primeiro [Bahia], com
área de 450m², exibia estilo Renascença Italiana e com seus 38 metros de
altura em três pavimentos era coroado com uma cúpula destacando-se uma
escultura da deusa Vitória, com uma palma de louros nas mãos. No térreo,
um grupo escultórico representava alegoricamente o estado da Bahia em seu
conjunto e no primeiro patamar, via-se a alegoria da própria capital do
estado e a figura de Catarina de Paraguassú. Foi construído pelo diretor
da Escola Politécnica da Bahia, o engenheiro Arlindo Fragozo.
- O pavilhão de Minas Gerais,
além de possuir área significativamente maior, com seus 650m² e com sua
torre de 62 metros de altura encimada por um foco luminoso, pontuava a
importância política de Minas Gerais na relação de forças políticas da 1a
República.
- O próprio presidente do Estado fizera os desenhos iniciais do
edifício. Aqui, no desenvolvimento de projeto, Rebecchi adotara o que era
uma revolução na época – um edifício sem estilo definido – que, no
entanto, impunha-se pela riqueza e elegância de sua ornamentação. A
imprensa, ao comentar o pavilhão de Minas Gerais, sublinhava como o
edifício soubera simbolizar duas virtudes capitais dos mineiros: a altivez
serena e a modéstia afável, mas na verdade parecia, indiretamente,
criticar o pavilhão do estado de São Paulo, em sua exuberância estilística
e em seu monumentalismo.
65. A representação de São Paulo foi a mais aclamada pelo
público e os produtos enviados pelos diversos participantes do Estado ocuparam
vários edifícios e, sobretudo, duas alas em dois pavimentos do Pavilhão dos Estados.
Os estandes, vitrines e quiosques do estado, além de mostrar sua produção
agrícola e seus recursos naturais, também exibia tecidos, máquinas, artefatos
em couro, cerâmica, maquete de edifícios e até mesmo um grandioso panorama com
uma vista de sua capital – o chamado panorama do fotógrafo Valério, com onze metros
de extensão. Entretanto, era o pavilhão construído especialmente pelo governo
do Estado de São Paulo para a Exposição Nacional que causava o maior impacto
nos visitantes.
66. Dominando a praça
principal o pavilhão era o maior e mais
luxuoso do evento. Projeto de Ramos de Azevedo e Ricardo Severo, figuras
eminentes da arquitetura paulista da época, foi executado pelo arquiteto Domiziano
Rossi. O edifício, com 1.500m2 era maior até mesmo que o Pavilhão do Distrito
Federal e possuía uma ala expositiva mas destinava-se, sobretudo, às atividades
oficiais, reunindo a sala de honra para receber as autoridades e delegações
brasileiras e estrangeiras, o salão de festas e as áreas destinadas às
conferências. O pavilhão era profusamente decorado com esculturas e relevos
ornamentais e era coberto por nada menos que 12 cúpulas. Foi considerado o mais
belo da Exposição Nacional, vencendo um concurso promovido pelo Jornal do
Commércio. Com sua opulência, pode ser visto como a expressão máxima da
linguagem grandiloqüente que a arquitetura das exposições Universais e
Nacionais alcançara em meio século.
Foto: Pavilhão do Estado de Santa Catarina. Todo em madeira [ecológico]
67. Contrastando com São
Paulo, Santa Catarina chamava a
atenção pela sua simplicidade. Seu pavilhão era um modesto chalet construído com 150 espécies de madeira da região, evocando
as residências dos seus imigrantes. Observando a europeização excessiva da
arquitetura de alguns edifícios o Jornal da Exposição registrava um certo sentimento
nacional que apenas se esboçava:
68. “Santa Catarina pode dizer aos outros estados (...) ‘seus palácios
vieram do estrangeiro, ao passo que, em minha casa modesta, tudo é meu, tudo
saiu do meu próprio seio, tudo é filho de minha pouca fortuna e do meu honrado
trabalho.”
[8] APRENDENDO
SOBRE O BRASIL E A CAPITAL FEDERAL
69. O prefeito Francisco
Marcelino de Souza Aguiar nomeou uma comissão para organizar a forma de
apresentação dos expositores do Distrito Federal. Foi decidida a construção de
um pavilhão específico para a mostra da prefeitura, sendo que os demais
expositores ocuparam vários edifícios, como o Palácio dos
Estados e o Palácio das Indústrias. O Jardim Botânico construiu um quiosque
próprio para mostrar sua coleção, e a Inspetoria de Matas, Jardins,
Arborização, Caça e Pesca também realizou uma exposição especial que ocupava
aproximadamente 1.400m². Todas as exibições reunidas ocuparam mais de 4.000m².
- O pavilhão do Distrito Federal possuía cerca de 1.100m² e fora
desenhado pelo engenheiro Francisco Oliveira Passos, também autor do
projeto do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O edifício caracterizava-se
pela sobriedade, e os ornamentos da fachada se limitavam a alguns relevos,
destacando-se as armas municipais e o símbolo da República – uma cabeça
feminina. Uma rotunda coroava o edifício, sobre a qual se elevava uma alta
cúpula transparente. Nos seus dois pavimentos foram exibidas as obras recentíssimas
da administração municipal, voltadas para a educação primária e
profissional, saúde, higiene e assistência pública, além de outros melhoramentos
urbanos. O segundo pavimento foi reservado aos bailes e às recepções.
- Para além da elegância da arquitetura em estilo clássico
modernizado, o outro foco de atenções foram as estatísticas. Sob o comando
de Bulhões de Carvalho foram mostrados muitos dados da cidade e dos
serviços municipais. Ao mesmo tempo, a Diretoria Geral de Estatística, órgão afeito ao Governo
Federal, também exibiu diversos pictogramas,
mapas e textos do país, fornecendo, pela primeira vez desde a proclamação
da República, um vasto retrato do país em números, possibilitando,
inclusive, a constatação das assimetrias de seu crescimento.
- Como sintetizou o jornal A Notícia, na Exposição Nacional de 1908
o Rio de Janeiro viu ao vivo e observou a alegria em conjunto de milhares
de pessoas, “passando por
encantadoras avenidas à beira mar, ou percorrendo os luxuosos salões em que
a energia e a força brasileiras ostentavam gloriosamente...”
[9] VER, FLANAR E INSTRUIR-SE
- “Coisa assim tão bella, combinação tão opulenta de luzes, até
hontem, só nos fora dado ver na polidez de paginas de revistas... Ontem o
Rio de Janeiro viu ao vivo; observou a alegria de conjuncto de talvez sessenta
mil pessoas, passeando por encantadoras avenidas à beira mar, ou percorrendo
os luxuosos salões em que a energia e a força brasileiras ostentavam
gloriosamente... quer a Cantareira, quer, principalmente, a Jardim Botânico
empregaram o máximo de esforço em servir a estupenda onda de gente que, de
minuto em minuto, invadiu a monumental porta de nossa Exposição.”
- O jornal A NOTÍCIA registrou, na abertura da Exposição, o que talvez
tenha sido o sentimento dos cariocas e dos milhares de visitantes durante
os três meses em que esteve aberta a mostra. As matérias veiculadas
diariamente na imprensa carioca, além dos preços módicos da entrada,
fizeram da Exposição Nacional um sucesso.
- Os concertos sinfônicos, realizados no
Pavilhão Egípcio, introduziram as jovens platéias a um repertório variado
e erudito. “É uma verdadeira educação musical o que se visa com esses
concertos, que prometem ser do mais alto interesse, quer como execução,
quer como escolha de peças, quer como solistas.”, comentava o Jornal do
Commércio, antes mesmo da inauguração.
- Com um intuito claro de formar o gosto
local também se exibiram no Teatro
da Exposição várias companhias brasileiras e estrangeiras, produzindo
óperas cômicas, variedades e também concertos de música. Os visitantes
podiam ainda participar das batalhas de flores e de confete, assistir aos
concursos hípicos, se encantar com a própria iluminação elétrica de vários
pavilhões ou se maravilhar com os fogos de artifícios de fábricas nacionais,
inglesas e japonesas.
- Podiam também patinar, assistir ao
cinematógrafo Segreto ou
apreciar a maravilhosa vista da Baía, debruçando-se nas balaustradas do
Setor de Diversões ou nos dois restaurantes – o do Pão de Açúcar e o
Rústico.
- Frequentaram a Exposição Nacional de
1908 mais de um milhão de pessoas, e ela reuniu 11.286 expositores
brasileiros e outros 671 portugueses. Definitivamente, colocou o Brasil
diante de si próprio e do desafio de desenhar o seu lugar dentro de uma
cultura cada vez mais globalizada e complexa.
[fim do texto de
MSP]
BIBLIOGRAFIA
1.
Ory, Pascal. Les
Expositions Universelles de Paris. Paris: Ed. Ram-say, 1982.
2.
Union Centrale des Arts. Le livre des Expositions Universelles.
3.
Paris: Ed. des Arts
Décoratifs, 1983.
4.
Aimone, Linda, e Carlo Olmo. Les Expositions
Universelles 1851-1900. Paris: Belin, 1993.
5. Chalet-Bailhace, Isabelle. Paris et ses expositions universelles.
6. Paris: Ed.
du Patrimoine, 2008.
7.
Neves, Margarida de Souza. As vitrines do progresso. Rio de Janeiro: PUC, 1986.
8.
Pereira, Margareth da Silva. “Uma arqueologia da
modernidade brasileira – A participação do Brasil nas Exposições Universais.”
em Revista Projeto 139, 1991.
9. Pesavento,
Sandra Jatahy. Exposições Universais:
espetáculos da modernidade do século
XIX. São Paulo: HUCITEC, 1997. Levy,
Ruth. Entre Palácios e Pavilhões, a
arquitetura efêmera da Exposicão
Nacional de 1908. Rio de Janeiro: EBA, 2008. Correa, José Mattoso Sampaio. Relatório
dos trabalhos executa-dos durante os anos 1907 e 1908 apresentado ao Ministro da
Indústria, Viação e Obras Públicas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909.
10.
Diretoria Geral de Estatística. Boletim Comemorativo da Ex-posição Nacional
de 1908. Rio de Janeiro: Tip. da Estatística, 1908.
11.
Kosmos. Revista
Artística, Scientifica e Literaria. Rio de Janeiro: Anno 1907.
12.
Kosmos. Revista
Artística, Scientifica e Literaria. Rio de Janeiro: Anno 1908.
13.
Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas:
Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil
pelo Ministro Miguel Calmon Du Pin e Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, vol. 1, 1909.
14.
Rio de
Janeiro, Guia da Exposição Nacional -1908. Rio de Janeiro: José Salerno, 1908.
ANEXO by RAS: não consta do original
ESTADOS PARTICIPANTES [conforme legenda das plantas baixas do Palácio
dos Estados]
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Sigla
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AC
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AL
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BA
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CE
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ES
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MG
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PA
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PB
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PI
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RJ
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RN
|
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RS
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SC
|
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SP
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SE
|
Nota do Editor: O Estado do Maranhão não participou da Exposição Nacional 1908,
segundo essa relação. A verificar em outras fontes. Mas o Gov. Benedito Leite
deve ter enviado o ÁLBUM MARANHÃO 1908, do fotógrafo Gaudêncio Cunha, para os organizadores.
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