quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

[165] FÓRUM CLIMA: CARTA ABERTA AO BRASIL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS [2009]

VISÃO DO FÓRUM CLIMA
AÇÃO EMPRESARIAL SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.
Base: 2009



CARTA ABERTA AO BRASIL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS [2009]
Assinada por 27 grupos empresariais e 07 entidades não governamentais integrantes do FÓRUM CLIMA; em 25ago2009

Fonte: INSTITUTO ETHOS
Site: http://forumempresarialpeloclima.org.br/o-forum/carta-aberta-ao-brasil/

I)   NOSSA VISÃO
As mudanças climáticas constituem um dos maiores desafios de nosso tempo. O 4o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) indica que um aumento de temperatura acima de 2° C em relação ao início da era industrial traria consequências desastrosas para a economia dos países e o bem-estar da humanidade, em termos de saúde, segurança alimentar, habitabilidade e meio ambiente, comprometendo de forma irreversível o desenvolvimento sustentável.
No Brasil, um aumento de temperatura desta magnitude traria graves reflexos sobre a produção agrícola, a integridade das florestas e da biodiversidade, a segurança das zonas costeiras e a disponibilidade hídrica, e energética. Implicaria, portanto, em retrocesso no combate à pobreza e na qualidade de vida da sociedade.
Reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) representa um grande desafio. Para que o aumento da temperatura se estabilize abaixo de 2oC, o IPCC aponta a necessidade de limitar a concentração de CO2e na atmosfera em até 450 ppm (partes por milhão).
Para isso, a emissão total de GEE durante este século não deve ultrapassar, em média, cerca de 18 Gt CO2e/ano (bilhões de toneladas de GEE expressos em CO2equivalente por ano). As emissões globais atualmente ultrapassam 40 Gt CO2e/ano.
Mesmo que os países desenvolvidos reduzissem imediatamente a zero suas emissões, não seria possível alcançar a meta global de redução sem uma participação das economias emergentes, entre elas o Brasil.
Vivemos uma oportunidade única de construir um novo modelo de desenvolvimento, baseado numa economia de baixo carbono, que deverá mobilizar empresas, governos e a sociedade civil.
Acreditamos que o Brasil, mais do que qualquer outro país no mundo, reúne as condições de liderar a agenda desta nova economia. A meta de redução do desmatamento em 80% até 2020, preconizada pelo Plano Nacional de Mudanças Climáticas, dará significativa contribuição para a redução das emissões globais.
O país tem experiências positivas em outros setores, a exemplo da produção de biocombustíveis, que demonstram a nossa capacidade de atingir esse objetivo.
Estamos certos de que as empresas brasileiras podem dar uma contribuição decisiva para que o país lidere a transição para uma economia de baixo carbono, aproveite novas oportunidades de negócios e aumente sua competitividade.
Nesta CARTA ao governo e à sociedade brasileira, assumimos compromissos em relação à agenda de mudanças climáticas e propomos ações para o poder público.

II) NOSSOS COMPROMISSOS
Como contribuição aos esforços globais de redução dos impactos das mudanças climáticas, nos comprometemos a:

A. Publicar anualmente o inventário das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de nossas empresas, bem como as ações para mitigação de emissões e adaptação às mudanças  climáticas.

B. Incluir como orientação estratégica no processo decisório de investimentos a escolha de opções que promovam a redução das emissões de GEE nos nossos processos, produtos e serviços.

C. Buscar a redução contínua de emissões específicas de GEE e do balanço líquido de emissões de CO2 de nossas empresas por meio de ações de redução direta das emissões em nossos processos de produção, investimentos em captura e sequestro de carbono e/ou apoio às ações de redução de emissões por desmatamento e degradação.

D. Atuar junto à cadeia de suprimentos, visando a redução de emissões de fornecedores e clientes.

E. Engajar-nos junto ao governo, à sociedade civil e aos nossos setores de atuação, no esforço de compreensão dos impactos das mudanças climáticas nas regiões onde atuamos e das respectivas ações de adaptação.

III) PROPOSTAS AO GOVERNO BRASILEIRO
Em dezembro deste ano, em Copenhague, ocorrerá a COP 15 – a 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Na oportunidade serão discutidos por representantes de cerca de 200 países novos compromissos e incentivos para a redução das emissões de GEE, para a adaptação aos efeitos das emissões históricas e para o desenvolvimento, o financiamento e a cooperação tecnológica que promovam a redução das emissões globais e a estabilidade climática.
Para que o Brasil possa avançar na agenda da economia de baixo carbono e seja possível às empresas se planejarem para atuar neste novo contexto, é fundamental que se estruture um sistema previsível e estável de governança para as questões de mudanças climáticas.
Para tanto, sugerimos ao Governo, no âmbito da participação do Brasil na COP-15:

F. Assumir posição de liderança nas negociações para a definição de metas claras de redução global das emissões de GEE, garantindo a aplicação do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas.

G. Defender a simplificação e a agilidade da implementação do MDL, passando a ter como critério central de elegibilidade a sua comprovada redução de emissões, eliminando os conceitos de adicionalidade financeira e regulatória, e a caracterização dos créditos florestais como temporários.

H. Apoiar a criação de um mecanismo de incentivos para a redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD), incluindo a conservação e o manejo florestal sustentável. Tal mecanismo deve considerar recursos de diferentes fontes, incluindo contribuições voluntárias, como o Fundo Amazônia, e outras formas de captação advindas de instrumentos de mercado.
E no âmbito nacional,

I. Produzir e publicar Estimativas Anuais de Emissões de GEE no Brasil e, a cada três anos, o Inventário Brasileiro de Emissões de GEE.

J. Estabelecer um Sistema Nacional de Controle de Emissões, incluindo mecanismos de consulta e participação da sociedade, e a definição de uma instância reguladora independente para o tema.

K. Priorizar a redução das emissões de GEE nas políticas e investimentos públicos, para consolidar o posicionamento do país numa economia de baixo carbono.

L. Promover a simplificação do processo de avaliação de projetos MDL no Brasil.

M. Definir e implementar uma política de apoio aos povos da floresta, produtores rurais, empresas e instituições, para as ações de conservação e manejo sustentável das florestas que promovam a redução das emissões de desmatamento e degradação florestal (REDD).

N. Estabelecer e implantar uma estratégia de adaptação do país às mudanças climáticas.

São Paulo, 25 de Agosto de 2009


CARTA ABERTA AO BRASIL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS [2009]
São Paulo, 25 de Agosto de 2009

SIGNATÁRIAS:
  1. Aflopar Participações
  2. Agropalma
  3. Alcoa
  4. Amata
  5. Andrade Gutierrez
  6. Banco Bradesco
  7. Camargo Corrêa
  8. Carrefour
  9. Coamo Agroindustrial Cooperativa
  10. Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM)
  11. Construtora OAS
  12. CPFL Energia
  13. Estre Ambiental
  14. Fibria
  15. Grupo Advento
  16. Grupo Orsa
  17. Grupo Pão de Açúcar – Companhia Brasileira de Distribuição
  18. Light
  19. Natura Cosméticos
  20. Nutrimental
  21. Odebrecht Engenharia e Construção
  22. Polimix Concreto
  23. SAMARCO Mineração
  24. Suzano Papel e Celulose
  25. VALE
  26. Vorantim Industrial
  27. Walmart Brasil

Apoio:
  1. Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)
  2. Fórum Amazônia Sustentável
  3. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
  4. Movimento Nossa São Paulo
  5. Rede de Cidades Sustentáveis
  6. Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SindiExtra)
  7. União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)
Fonte:

http://forumempresarialpeloclima.org.br/o-forum/carta-aberta-ao-brasil/

Secretaria executiva do FÓRUM CLIMA:

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

http://forumempresarialpeloclima.ethos.org.br/o-forum/membros-do-forum-clima/secretaria-executiva/

O Instituto Ethos tem como missão mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Trabalha auxiliando as empresas a assimilar o conceito de responsabilidade social empresarial e incorporá-lo ao dia a dia de sua gestão, num processo contínuo de avaliação e aperfeiçoamento.
Em 2006, com o lançamento do Manifesto pela Sustentabilidade, o Instituto Ethos foi uma das primeiras organizações da sociedade civil no Brasil a divulgar as consequências do aquecimento global para o mercado, para a economia e para a vida das pessoas. Demonstrou também que, para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, precisamos de outro modo de produzir e consumir, baseado no equilíbrio entre as dimensões social, econômica e ambiental. E que as empresas socialmente responsáveis têm um papel fundamental a desempenhar nessa transformação.
Desde então, o Instituto Ethos vem realizando esforços no sentido de influenciar empresas e governos para a adoção de projetos e ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Entre as ações, vale destacar: o ato público realizado em junho de 2009, no encerramento da Conferência Internacional Ethos, contra a flexibilização da legislação ambiental, e carta divulgada, junto com outras organizações da sociedade civil, em outubro do mesmo ano, chamada Código Ambiental Ruralista, em que denuncia o descaso do Congresso Nacional com as questões ambientais.
O Ethos foi a organização que liderou a mobilização das empresas para assinatura da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas e a formação do grupo de trabalho Fórum Clima – Ação Empresarial sobre as Mudanças Climáticas, cujos participantes representam as empresas signatárias da carta aberta. O objetivo do Fórum Clima é monitorar a adoção pelas empresas dos compromissos que assumiram ao assinar a carta, bem como sugerir políticas públicas e ações do governo relacionadas ao tema. A avaliação dos compromissos assumidos pelas empresas ocorre por meio da publicação Balanço das Ações, através da aplicação de sua metodologia de monitoramento.
Assim, o Fórum Clima tem atuado para que as empresas do grupo monitorem os seus compromissos assumidos, principalmente no que se refere à publicação de inventário de emissões das empresas e suas cadeias de valor e às metas de redução de emissões de GEE das atividades empresarias, além de estimular constante canal de diálogo e parceria entre setor privado e setor público na construção de políticas públicas e suas melhorias no campo das mudanças climáticas globais.
É no âmbito deste contexto que o Instituto Ethos mobilizou as empresas para revisão, em 2015, dos compromissos assumidos, assim como das orientações de políticas públicas de clima para o governo, através da (atualização) da Carta Aberta ao Brasil. Constituindo em incentivo e mobilização efetiva visando recuperar a capacidade de liderança do País e aumentar o seu nível de ambição junto as negociações internacionais que deverão ocorrer na próxima Conferência das Partes (COP-21), a realizar-se em dezembro deste ano, em Paris, quando todas as nações deverão pactuar um novo acordo climático global que coloque a Humanidade em rota segura de aquecimento, para a manutenção da sobrevivência humana na Terra.
Em 2015, o Instituto Ethos é também um dos principais provocadores e mobilizadores da constituição da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura: iniciativa formada por associações empresariais, empresas, organizações da sociedade e indivíduos, interessados em contribuir para o avanço e a sinergia das agendas de proteção, conservação e uso sustentável das florestas, agricultura sustentável e mitigação e adaptação às mudanças climáticas, no Brasil e no mundo.
Para obter mais informações sobre as ações do Instituto Ethos, visite o site da organização:

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