COP 21: perguntas e respostas sobre o Acordo do clima de Paris
Primeiro acordo global contra aquecimento global foi aprovado no sábado.
Países terão de desacelerar emissão de gases-estufa.
Assinaram
os 195 países membros da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas para
Mudança Climática).
FONTE:
PORTAL G1 – REDE GLOBO - Rafael Garcia; Do G1,
em Paris - o repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade
14/12/2015 14h16 - Atualizado em 14/12/2015
14h18
Acesso RAS em
14dez2015
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/12/acordo-de-paris-sobre-o-clima-veja-perguntas-e-respostas.html
Público presente na COP 21
comemora decisão de aprovação do acordo do clima (Foto: François Guillot/AFP
Photo)
Neste fim de semana foi aprovado o
primeiro acordo global para frear as emissões de gases do efeito estufa e para
lidar com os impactos da mudança climática. O acordo determina que seus 195
países signatários ajam para que a temperatura média do planeta sofra uma
elevação "muito abaixo de 2°C", mas "reunindo esforços para
limitar o aumento de temperatura a 1,5°C".
Veja abaixo 12 perguntas e respostas
sobre o documento aprovado na COP 21, a Conferência da ONU sobre Mudanças
Climáticas,em Paris.
[1] Qual é o objetivo do acordo?
São
dois principais:
1.
Limitar o aquecimento máximo do planeta a uma temperatura média “bem abaixo de
2°C acima dos níveis pré-revolução industrial”, fazendo “esforços para limitar
o aumento de temperatura a 1,5°C”. Acima desses limites o aumento é considerado
perigoso pelos cientistas, que fizeram modelos de computador para chegar a
esses números.
2.
Aumentar a habilidade do planeta em se adaptar aos efeitos adversos da mudança
do clima que não puderem ser evitados.
[2] O que precisa ser feito?
É
preciso reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como o CO2. Para tal,
países precisam parar de queimar combustíveis fósseis como petróleo e carvão, e
adotar fontes de energia renováveis, como solar, eólica, hidráulica e
biocombustíveis. Processos industriais e agrícolas precisam mudar. O
desmatamento tem de ser reduzido.
[3]
Como
vai ser feito?
Todos
os países já fizeram promessas de desacelerar a emissão de gases do efeito
estufa, que aquecem o planeta. Essas medidas, conhecidas como INDCs
(Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas), vão vigorar de 2020 a
2030 e estão agora sacramentadas no Acordo de Paris.
[4] Quem vai pagar?
Os
países ricos se comprometeram a bancar US$ 100 bilhões por ano de ações nos
países em desenvolvimento entre 2020 e 2025 -- o texto não diz exatamente que
país vai pagar quanto. É investimento tanto em corte de emissões (mitigação)
quanto em proteger os países da mudança climática (adaptação). O acordo também
inclui uma seção de “perdas e danos” para lidar com problemas que já são
inevitáveis.
[5] US$ 100 bilhões ao ano é suficiente?
Não, mas o fluxo de investimento continuará após 2025 e será revisado para cima, de cinco em cinco anos. Países emergentes farão investimentos de forma facultativa. Ainda se busca uma forma de enquadrar a iniciativa privada.
Não, mas o fluxo de investimento continuará após 2025 e será revisado para cima, de cinco em cinco anos. Países emergentes farão investimentos de forma facultativa. Ainda se busca uma forma de enquadrar a iniciativa privada.
[6] O acordo salva o planeta?
Ainda
não. As atuais promessas de desacelerar emissões deixam aberta uma lacuna, pois
ainda não são suficientes para conter o aumento de 2°C -- muito menos o de
1,5°C. As promessas projetam uma temperatura 2,7°C maior em 2100. Mas o Acordo
de Paris prevê que, a partir de 2023, países deverão se reunir de 5 em 5 anos
para negociar a ampliação dos cortes de emissão para fechar a lacuna.
[7]
Quanto
das emissões será cortado no longo prazo?
O
Acordo de Paris não diz isso. Mas o IPCC, o painel de cientistas climáticos da
ONU, estima que as emissões teriam de cair entre 70% e 90% em 2050 (em relação
a 2005), para a elevação ficar abaixo de 2°C. Depois, até 2075, as emissões
teriam de zerar. O Acordo de Paris determina que o IPCC encomende estudos até
2018 para avaliar o corte necessário para impedir 1,5°C.
[8]
Quando
começam os cortes?
O
acordo de Paris não determina um calendário. Diz apenas que as emissões
precisam começar a cair “assim que possível” e que têm de chegar a zero em
algum momento “na segunda metade deste século”.
[9]
Vai
dar tempo?
O
Acordo de Paris não toca nessa questão, mas o Programa de Meio Ambiente da ONU
fez uma estimativa. Se as emissões continuarem nos níveis atuais de 53 bilhões de toneladas de CO2 por ano,
em 2033 o planeta já terá esgotado seu “orçamento de carbono”: a quantidade
máxima de gases-estufa que pode ser lançada antes de o mundo ser condenado ao
aumento de 2°C. Segundo o IPCC, o período ideal é que as emissões parem de
crescer em 2020. Quanto maior a demora, mais caros ficam os investimentos.
[10]
Quem
assinou o acordo de Paris?
Os
195 países membros da UNFCCC
(Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança Climática), grupo
estabelecido em 1992. É basicamente o mundo inteiro.
[11]
Cumprir
o acordo é obrigatório?
O
acordo deve ser implementado em cada país por “ratificação, aceitação,
aprovação ou acessão”. Isso significa que algumas partes do acordo, como o
objetivo de 2°C, devem ser transformados em leis. Outras, como o cumprimento
das promessas de redução, podem ser aplicadas por decretos presidenciais e
outros instrumentos legais menos fortes.
[12]
Todo
mundo tem a mesma obrigação?
Países em desenvolvimento “deveriam” adotar promessas de redução de emissão logo de cara, em termos absolutos, nos seus INDCs. Mas nações mais pobres podem ter INDCs diferentes, que impliquem em desacelerar o aumento de emissões, não necessariamente reduzi-las. O acordo sugere um mecanismo de “progressão”: à medida que países pobres enriquecem, devem assumir compromissos mais ambiciosos de redução.
Países em desenvolvimento “deveriam” adotar promessas de redução de emissão logo de cara, em termos absolutos, nos seus INDCs. Mas nações mais pobres podem ter INDCs diferentes, que impliquem em desacelerar o aumento de emissões, não necessariamente reduzi-las. O acordo sugere um mecanismo de “progressão”: à medida que países pobres enriquecem, devem assumir compromissos mais ambiciosos de redução.
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