"FUTEBOL AREIA = FA" versus “FUTEBOL DE PRAIA
= BEACH SOCCER”
CAMPEONATO MUNDIAL 2020 de FA no Rio de Janeiro.
Entidade anônima [CBFAreia] leva R$ 3,1 mi de TEMER e
paga uniforme até para Seleção da Alemanha
[02jan2019]
https://olharolimpico.blogosfera.uol.com.br/2019/01/02/entidade-anonima-leva-r-31-mi-de-temer-e-paga-uniforme-ate-pra-alemanha/
Acesso RAS 2019-04-22
Acesso RAS 2019-04-22
Fonte: Blog Olhar
Olímpico; Demétrio Vecchioli 02/01/2019 18h35
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[A] [VERBAS PÚBLICAS PARA O FUTEBOL DE AREIA]
[1] Esta tela foi apresentada ao governo como
cotação de preço de camisas para seleções. Uma "confederação" de
"futebol areia" vai receber R$ 2,1 milhões do governo federal para
realizar um "Campeonato Mundial" da modalidade no Rio de Janeiro, no
ano que vem [2020]. E mais R$ 1 milhão para manter uma escolinha para
adolescentes em São Vicente (SP). As aspas são porque nem a entidade, nem
a modalidade e nem o campeonato são reconhecidos pela CBF, pela Conmebol ou
pela Fifa.
[2] O plano de trabalho
aprovado a toque de caixa pelo Ministério do Esporte, ainda no governo TEMER, inclui a compra de uniformes para
todas as seleções do Mundial, incluindo Alemanha e Canadá, com recursos
federais brasileiros.
[3] A verba foi
liberada no último dia útil de 2018 e o convênio só foi publicado no Diário
Oficial da União nesta quarta-feira (02jan2019). A confederação tem sua base no
Rio Grande do Sul, como o secretário
nacional de Alto-Rendimento, CELSO GIACOMINI
(MDB-RS). O TERMO DE FOMENTO, porém,
foi assinado pelo ex-ministro LEANDRO
CRUZ (MDB-RJ). Os R$ 2,1 milhões eram também pleiteados pela Confederação
Brasileira de Judô (CBJ), que pretendia usar a verba para trazer para o Brasil
uma etapa do Grand Slam, importante
na classificação olímpica.
[4] O projeto do futebol
de areia desse Mundial destoa completamente do padrão de outros convênios
assinados pelo Ministério do Esporte na última década. Os orçamentos de hotel e
de passagens aéreas são meras reproduções toscas de cotações feitas em grandes
sites de varejo, com datas aleatórias. No caso das camisetas, foi cotada uma do
Ibis, o "pior time do mundo", como se vê na imagem acima, retirada do
sistema de convênios do governo federal. O preço da camisa serve de referência
para estipular o total a ser repassado à entidade.
[5] Em documento
apresentado ao Ministério do Esporte, a Confederação Brasileira de Futebol de
Areia (CBFAreia) ressalta que é responsável no Brasil pelo "futebol de areia" e não pela "outra modalidade do
gênero", em uma referência ao "beach
soccer", o "futebol de praia". "São esportes tão
diferentes quanto basquete e vôlei. Só o piso é o mesmo", diz o presidente
da CBFAreia, o gaúcho NEREU MAYDANA.
[6] A principal
diferença entre as duas modalidades é número de atletas de linha – são cinco
atletas na linha no futebol de areia e quatro no futebol de praia. Algumas
regras, como a cobrança de lateral, também são diferentes. Não é possível dizer
se existem jogadores de "futebol de areia" no Brasil, uma vez que
desde 2016 nenhuma competição dessa modalidade é realizada no país.
[7] Mesmo assim, no apagar
das luzes do governo MICHEL TEMER (MDB),
o então secretário CELSO GIACOMINI aprovou
dois convênios com a CBFAreia, que
vai receber R$ 3,1 milhões. Somadas,
todas as confederações olímpicas brasileiras firmaram convênios de R$ 3,3
milhões durante os dois anos e meio do governo TEMER – entidades representativas da canoagem e dos saltos
ornamentais receberam outros R$ 2,2 milhões.
[B] AS ENTIDADES
[8] A Fifa só reconhece no Brasil a CBF como
responsável pelas modalidades futebolísticas. Mas, por um acordo histórico,
a CBF não cuida nem do futsal, nem do "beach soccer", repassando a
responsabilidade desta para a CBSB,
a Confederação de Beach Soccer do
Brasil. É ela – a CBSB - quem
convoca a seleção brasileira, quem leva a equipe para a Copa do Mundo da Fifa e quem organiza os campeonatos
nacionais de clubes..
[9] Porém, a
Constituição brasileira permite a livre associação. Isso significa que um grupo
de pessoas pode se juntar, criar um esporte e uma confederação para geri-lo. A
entidades privadas (como a CBF e a Fifa) cabe reconhecê-las ou não. Ao
Ministério do Esporte, agora extinto, cabia colocar todos os fatos na balança,
inclusive minúscula disponibilidade financeira, para aprovar ou não propostas
de convênio, que nada mais são do que pedidos por recursos.
[10] Sabendo de toda
essa situação, o ME optou por financiar o Mundial
de Futebol de Areia, que será realizado na quadra de areia do Parque Olímpico da Barra e que tem
a chancela da Soccer World Confederation
(SWC). A carta com a chancela foi registrada no sistema do governo no
dia 17 de dezembro, um dia depois do site da entidade, com sede no Canadá,
entrar no ar. E no mesmo dia da publicação de uma notícia de duas linhas
no site da SWC que informa que
"o Mundial de Futebol de areia vai acontecer no Brasil", com uma
declaração do presidente NEREU MAYDANA:
"É uma escolha lógica, uma vez que as raízes do esporte estão no
Brasil"..
[11] NEREU, em seu currículo, conta que em
1989 idealizou a criação do futebol de areia no Brasil e que, em 1996,
colaborou com a "Koque Tavares" (na verdade, KOCH TAVARES) com "a criação da modalidade beach soccer,
fornecendo informações, equipes e atletas do futebol de areia".
Historicamente a Koch, uma promotora
de eventos, é reconhecida como responsável por criar o beach soccer,
organizando os primeiros torneios e padronizando regras.
Fonte: Blog Olhar
Olímpico; Demétrio Vecchioli 02/01/2019 18h35
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[C] A PROPOSTA
[12] Ao apresentar uma
proposta de convênio, uma entidade deve formular um plano de trabalho (que não
consta no sistema público do governo), apresentando três cotações de cada item
do projeto, tomando o mais baixo como referência. No documento "camisa e
short", a CBFAreia constam
cinco reproduções de telas de sites de varejo. Em uma delas, são cotadas
camisetas do Ibis, o time pernambucano conhecido como "pior do
mundo".
[13] Em outra, foi
cotada no site da loja Centauro uma camisa da seleção brasileira de futebol de
campo, com o símbolo da CBF, por R$ 149,99, dezenove centavos mais cara que a
do Íbis. É exatamente esse último o valor levado em consideração no plano de
trabalho, que inclui a compra de 144 camisas – 12 por seleção participante do
Mundial, cada uma com 12 jogadores. É o governo brasileiro que vai pagar o
uniforme completo dos rivais, numa despesa de R$ 78 mil.
[14] "Se trata de
um evento de seleções, de países. Se é uma coisa que disponibiliza, a gente
quer dar a melhor qualidade possível. Tudo que a gente colocou são
itens que estão dentro, que são passíveis desse tipo de
cobertura. Queremos dar a melhor qualidade possível porque tratam-se de
seleções. Todo evento que a gente sedia, esses quesitos são responsabilidade do
país sede. A gente tem essa preocupação", respondeu NEREU, à reportagem, quando questionado sobre a necessidade de o
governo brasileiro pagar pelo uniforme dos outros países.
[15] Também caberá ao
Brasil pagar passagem aérea, translado, hospedagem e alimentação para as
equipes, o que vai custar cerca de R$ 1 milhão. As passagens foram cotadas
em sites de compra no varejo, sem detalhar as datas. No caso dos hotéis, a
cotação simulada foi para um único dia, em hotel cinco estrelas no Rio.
[16] "Como é um
evento que vai acontecer de uma forma bem mais longa, não vai ser agora, não se
sabe quanto vai estar a passagem no período da contratação. Não tinha como
saber o preço da passagem. O que a gente fez foi uma cotação aproximada. Não
tem como ter uma cotação exata do que vai acontecer mais adiante", alega
Nereu. .
[D] ESTRUTURA
[17] O Mundial vai
acontecer no Parque Olímpico da Barra,
na quadra externa de areia que a Autoridade
de Governança do Legado Olímpico (AGLO) hoje considera como seu quinto
equipamento. Ela foi construída como contrapartida da Confederação Brasileira
de Vôlei (CBV), com o futebol de areia comprada por ela para realizar um evento
no Centro Olímpico de Tênis, do qual é vizinha.
[18] A AGLO, que é uma autarquia do antigo
Ministério do Esporte, diz que "a ideia é que as estruturas internas, como
banheiros e vestiários do Centro de Tênis sirvam de apoio para a quadra
externa". Mas o Ministério do Esporte aprovou mais para locar
R$ 200 mil em estruturas que já existem no Centro de Tênis, como vestiário,
banheiro e salas para a organização.
Fonte: Blog Olhar
Olímpico; Demétrio Vecchioli 02/01/2019 18h35
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[19] Além disso, aprovou
outros R$ 372 mil para montagem das arquibancadas provisórias. Quem
visitou o Parque Olímpico da Barra na quarta-feira (02jan2019) pôde observar
que o local já tem arquibancadas, que a AGLO diz agora que são provisórias. Em
novembro, a imprensa do Rio noticiou que as arquibancadas passariam a ser
permanentes.
[20] "Por se tratar
de um Mundial de grande porte ele requer uma estrutura de nível
internacional", argumenta MAYDANA,
que conta que não foram realizadas eliminatórias para definir quais são as 12
equipes que jogarão a competição, se baseou em vários critérios. "Não teve
assim tipo um ranking. Você precisa entender que é um projeto futuro nosso.
Foram levados em consideração vários fatores, como qualidade dos
jogadores", diz ele, sonhando com a presença de ex-jogadores de futebol,
para dar mais visibilidade para o esporte.
[21] No projeto
inicialmente apresentado, MAYDANA tentou
emplacar a compra de lanches para a torcida: 480 pães "cartas"
com presunto e queijo, durante cinco dias. Cada um deles custaria R$ 6.
"Se é o preço do orçamento, é o preço certo", diz o cartola, que
afirma que considera que o valor é o de mercado. O item foi recusado pelo
governo.
[E] MAIS R$ 1 MILHÃO [PARA A ESCOLINHA DE FA]
[22] Outros R$ 994 mil foram liberados pelo
Ministério do Esporte, também na última semana do ano, para a que a CBFAreia mantenha uma escolinha de
futebol de areia em São Vicente, no litoral de São Paulo. A meta é que 48 meninos e 16 meninas de até 17 anos sejam beneficiados.
É regular que esse tipo de projeto conte com apoio da Lei de Incentivo ao
Esporte, cabendo à entidade buscar o financiamento na iniciativa privada.
[23] O valor também se
distingue muito do custo usual de manter uma escolinha de futebol de areia no
país. É que ele incluiu a locação, por 12 meses, de uma arquibancada móvel, que
vai custar R$ 295 mil ao governo federal. Dois contêineres para guardar o
material de trabalho serão alugados por R$ 86 mil, enquanto quatro
profissionais farão a segurança constante da arquibancada e desses contêineres,
por R$ 150 mil. "A gente quer uma estrutura que ofereça conforto não só
para os atletas, mas para os familiares e para quem para para assistir",
alega o presidente da confederação.
[24] Para manter a
escolinha funcionando para quatro turmas de 16 adolescentes, a confederação vai
usar recursos federais para contratar quatro técnicos, quatro auxiliares,
quatro fisioterapeutas e dois coordenadores. Todos em período integral. Cada
time vai treinar três vezes por semana. O cartola alega que quer aproveitar a
estrutura para oferecer mais aulas..
[F] [DIFERENÇAS TÉCNICAS ENTRE O FA E O FP=BS]
[25] Futebol de areia MAYDANA reclama que a imprensa trata "futebol de areia" e "beach soccer" como se fossem
a mesma coisa. Diz que não são. Para diferenciá-las, cita que a areia do beach
soccer é um pouco mais fofa do que a do futebol de areia, mas não dura como do
"futebol praiano". O Mundial, porém, vai ser realizado em uma quadra
de areia utilizada regularmente para competições oficiais de beach soccer.
[26] Também há
diferenças no número de atletas e algumas regras específicas, como a cobrança
de faltas (no futebol de areia os jogadores não precisam ficar atrás da linha
da bola), a cobrança de laterais (o futebol de areia admite com a mãe e com o
pé) e o tempo de jogo (dois tempos de 20 minutos, não três de 12)
[27] São detalhes
suficientes para ele dizer que a comissão técnica da seleção, encabeçada pelo
ex-jogador CHINA, pretende convocar
apenas jogadores de futebol de areia, mas sem excluir quem joga beach soccer. Difícil será encontrá-los.
[G] [FA SEM COMPETIÇÕES REGULARES]
[28] No passado, a
confederação realizava uma competição supostamente nacional que poderia ser
categorizada como "de várzea", no Rio Grande do Sul, a Bolamar. Mas desde 2016 o torneio não é
organizado. MAYDANA diz que existem
competições regionais com as regras do futebol de areia, mas não sabe citar
exemplos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, nenhum torneio foi
organizado nos últimos anos, ele confirma.
[29] Outro lado O BLOG Olhar Olímpico contatou o agora
ex-ministro LEANDRO CRUZ, que pediu
que as perguntas fossem enviadas à assessoria de imprensa do ministério, o
que a reportagem fez na noite de quarta-feira. Assim que as respostas
forem enviadas, o texto será atualizado.
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