DUAS CARTAS COMO
TESTAMENTO POLÍTICO.
DOIS HOMENS DE
VIDA POLÍTICA MARCANTE QUE EXERCERAM CARGO
DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA E SE MATARAM, DEIXANDO CARTAS SEMELHANTES:
GETÚLIO
VARGAS, PRESIDENTE DO BRASIL (24ago1954)
ALAN GARCIA, EX-PRESIDENTE DO PERU (17abr2019).
O ex-presidente do Peru, Alan
García, deixou uma carta antes de cometer suicídio, [no momento em que ia ser preso em casa por decisão judicial devido a graves acusações de envolvimento com
os escândalos de propinas para favorecer contratos de obras públicas da
Construtora ODEBRECHT no Peru].
Fonte: Blog Pragmatismo Político;
23abr2019
Acesso RAS 2019-04-23
LEIA A ÍNTEGRA
|
O
ex-presidente Alan García; foto: Jornal GGN
|
Fonte: Jornal GGN;
AMÉRICA LATINA; 23/apr/2019 às 08:54h
Acesso RAS
-2-10-04-23
O ex-presidente do Peru, ALAN
GARCÍA, deixou uma
carta antes de cometer suicídio. Ele morreu no último dia 17abril2019 após
atirar contra a própria cabeça, quando policiais chegarem em sua residência
para executar um mandado de prisão preventiva.
García,
líder do PARTIDO APRISTA, de
centro-esquerda, estava sendo acusado de receber propina da construtora
Odebrecht, quando presidente do país, cargo que ocupou por duas vezes: entre
1985 e 1990 e 2006 e 2011.
Na última
mensagem que deixou, o ex-presidente reafirmou sua inocência indicando a
perseguição que sofreu pelos 30 anos de política como uma tentativa frustrada
de derrotá-lo.
Ele seguiu
na carta dizendo que não iria se submeter a humilhações, concluindo:
“deixo aos meus filhos a dignidade das minhas decisões; aos meus colegas, um
sinal de orgulho. E meu cadáver como sinal de desprezo para os meus adversários
porque já cumpri a missão que impus a mim mesmo”.
ALAN GARCIA: LEIA A
SEGUIR O TEXTO NA ÍNTEGRA EM PORTUGUÊS:
“Cumpri a
missão de conduzir o Aprista ao poder em duas ocasiões e impulsionamos outra
vez sua força social. Eu acho que essa foi a missão da minha existência, tendo
raízes no sangue desse movimento.
Por essa
razão e por causa dos reveses do poder, nossos oponentes optaram pela
estratégia de me criminalizar por mais de trinta anos. Mas eles nunca
encontraram nada e eu os derrotei novamente, porque eles nunca encontrarão mais
do que suas especulações e frustrações.
Nestes
tempos de rumores e ódios repetidos que as maiorias creem serem verdadeiros, eu
vi como se utilizam de procedimentos para humilhar, causar vexame e não para
encontrar verdades.
Por muitos
anos me coloquei acima dos insultos, me defendi e a homenagem dos meus inimigos
foi argumentar que ALAN GARCÍA era esperto o suficiente para que eles não
pudessem provar sua calúnia.
Não havia
contas, nem subornos, nem riqueza. A história tem mais valor do que qualquer
riqueza material. Nunca existirá preço suficiente para quebrar meu orgulho como
membro aprista e peruano. Por isso que eu repeti: outros vendem, eu não.
Cumpri meu
dever em minha política e nas obras feitas em favor do povo, tendo alcançado as
metas que outros países ou governos não conseguiram, não tenho que aceitar
humilhações. Já vi outros desfilarem algemados guardando sua existência
miserável, mas Alan García não precisa sofrer essas injustiças e circos.
Por essa
razão, deixo aos meus filhos a dignidade das minhas decisões; aos meus colegas,
um sinal de orgulho. E meu cadáver como sinal de desprezo para os meus
adversários porque já cumpri a missão que impus a mim mesmo.
Que Deus, a
quem eu vou com dignidade, proteja os de bom coração e os mais humildes”.
ALAN GARCIA: O TEXTO NO
ORIGINAL, EM ESPANHOL:
“Cumplí la
misión de conducir el aprismo al poder en dos ocasiones e impulsamos otra vez
su fuerza social. creo que esa fue la misión de mi existencia, teniendo raíces
en la sangre de ese movimiento.
Por eso y
por los contratiempos del poder, nuestros adversarios optaron por la estrategia
de criminalizarme durante más de treinta años. Pero jamás encontraron nada y
los derroté nuevamente, porque nunca encontrarán más que sus especulaciones y
frustraciones.
En estos
tiempos de rumores y odios repetidos que las mayorías creen verdad, he visto
cómo se utilizan los procedimientos para humillar, vejar y no para encontrar
verdades.
Por muchos
años me situé por sobre los insultos, me defendí y el homenaje mis enemigos era
argumentar que Alan García era suficientemente inteligente como para que ellos
no pudieran probar sus calumnias.
No hubo ni
habrá cuentas, ni sobornos, no riqueza. La historia tiene más valor que
cualquier riqueza material. nunca podrá haber precio suficiente para quebrar mi
orgulho de aprista y de peruano. Por eso repetí: otros se venden, yo no.
Cumpido mi
deber en mi política y en las obras hechas en favor de pueblo, alcanzadas las
metas que otros países o gobiernos no han logrado, no tengo por qué aceptar
vejámenes. He visto a otros desfilar esposados guardando su miserable
existencia, pero Alan García no tiene por qué sufrir esas injusticias y circos.
Por eso, le
dejo a mis hijos la dignidad de mis decisiones; a mis compañeros, una señal de
orgulho. Y mi cadáver como una muestra de mi desprecio hacia mis adversarios
porque ya cumplí la misión que me impuse.
Que Dios, al
que voy con dignidad, proteja a los de buen corazón y a los más humildes”.
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CARTA-TESTAMENTO
DE GETÚLIO VARGAS [24ago1954]
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Acesso RAS 2019-04-23
A CARTA TESTAMENTO de Getúlio
Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu
suicídio, na data de 24 de agosto de 1954.
Existe uma nota manuscrita de suicídio,
diferente da "Carta Testamento", da qual se conhecem 3 cópias, que
foi divulgada mais tarde[1].
Existe polêmica quanto à autenticidade do texto datilografado.[2]
CÓPIA DA
CARTA-TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS, 24 DE AGOSTO DE 1954:
Mais uma vez as forças e os
interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me
acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa.
Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a
defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto.
Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação
e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo
nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional
na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a
funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobras foi obstaculada até o
desespero. Não querem que o trabalhador seja livre,não querem que o povo seja
independente.
Assumi o governo dentro da
espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das
empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do
que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares
por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos
defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia
a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a
dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo
suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para
defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não
ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem
continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre
convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado.
Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a
luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem,
sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
Ao ódio respondo com perdão. E aos que
pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje
me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais
será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre
em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do
Brasil. Lutei contra a espoliação do povo.
Tenho lutado de peito aberto.
O ódio, as infâmias, a calúnia
não abateram meu ânimo.
Eu vos dei a minha vida. Agora
ofereço a minha morte. Nada receio.
Serenamente dou o primeiro passo
no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
CÓPIA DA
CARTA-DESPEDIDA, MANUSCRITA [3]:
Deixo à sanha dos meus inimigos o
legado da minha morte.
Levo o pesar de não haver podido
fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais
necessitados, todo o bem que pretendia.
A mentira, a calúnia, as mais
torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos
inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de
amigos que não me defenderam nas posições que ocupavam, a felonia de hipócritas
e traidores a quem beneficiei com honras e mercês e a insensibilidade moral de
sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso
ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a
que fui elevado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo
no chão da Pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas
ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem. Querem destruir-me a
qualquer preço.
Tornei-me perigoso aos poderosos
do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao
Senhor, não de crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que
contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque
exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras
e sofrimentos.
Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos
fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de
longe trouxeram-me o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais
tarde...
GETÚLIO VARGAS E SEUS SUCESSORES ATÉ 1964.
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio
de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde 1976.
Arquiteto
Urbanista FAU-UFRJ 1969-1972.
Especialização
em Desenho Urbano e Planejamento Regional (Universidade de Edimburgo, Escócia,
1981-83).
Registro
profissional (1972-2012 = 40 anos) CREA-RJ 21.900-D
Registro
profissional (2013 em diante) CAU-BR A.107.150-5
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da CBF (2003-2012)
Inspetor do GT e da CNIE -
Comissão Nacional de Inspeção de Estádios da CBF (2004-2012)
e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com
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