14:45
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(Iniciada às 14 horas e 48
minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 48 minutos.)
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15:00
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O SR. PRESIDENTE (ROMÁRIO. Bloco Socialismo e Democracia/PSB – RJ) – Passo palavra
agora ao Relator, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Sr. Presidente,
Senador Romário, Sr. Presidente da CBF licenciado, Dr. Marco Polo Del Nero;
Dr. Batochio, que o acompanha; Srªs e Srs. Senadores, eu vou dividir os meus
questionamentos em duas fases. A primeira fase é uma fase que a imprensa tem
noticiado, de alguma forma, e é, de certa forma, um dos pontos de averiguação
desta CPI, que trata da questão da investigação da possibilidade de
irregularidades na CBF, no que diz respeito à questão da Copa do Mundo e de
benefícios feitos pelo governo. A gente sabe que a CBF é uma empresa privada,
um entendimento privado entre clubes e a Confederação (Fifa). Mas como na
Copa do Mundo ocorreram isenções tributárias… Na verdade, essa CPI pediu as
informações, no que diz respeito à questão de recursos do COL, exatamente
para verificar o tipo de relação e a existência de algum tipo de
irregularidade nessa questão. Então, eu queria, apesar de V. Exª já ter
falado na sua apresentação, fazer algumas indagações. Primeiro:
Como o senhor vê essa investigação
que está sendo feita na Fifa pelo governo americano e a prisão de diversos
membros de direção na Fifa?
Qual seu posicionamento sobre essa
questão?
Se V. Exª já foi intimado, se V.
Exª está respondendo a algum tipo de questionamento e se esses
questionamentos têm a ver com a questão da Copa do Mundo do Brasil, com esses
incentivos que foram dados pelo Brasil, e de que forma isso tem repercussão
na gestão da CBF.
Era a primeira pergunta. A partir
daí eu vou….
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15:10
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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Presidente, você pode responder a todas as perguntas,
por favor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Bem, posso começar de trás para adiante, Senador?
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Pois não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com relação às investigações da
Fifa. É um assunto sobre o qual o governo americano apurou determinados
fatos. Está sendo investigado. Para mim, foi uma surpresa muito grande as
pessoas envolvidas. Enfim, não tenho detalhes do que está ocorrendo nesses
procedimentos dos Estados Unidos da América. Então não tenho muito o que
falar sobre isso. Não sei. Sei que determinadas pessoas foram presas e acusadas
de determinados fatos. Temos de ter a presunção de inocência e esperar o
final disso tudo para saber se são culpados ou inocentes. Com relação ao COL.
Assumi o COL agora em abril de 2015. Sempre estive muito distante. Apenas
participava de algumas reuniões de board meeting que a Fifa vinha ao Brasil fazer junto
com o COL. Mas está aqui o advogado do COL, o Dr. Alvaro, que pode dar uma explicação, se for permitido.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Na questão do COL
estou apenas indagando a V. Sª…Nós pedimos a quebra do sigilo do COL
exatamente para verificarmos que tipo de encaminhamento de despesas foi
feito. No momento em que as informações forem checadas, vamos convidar o
advogado e quem for necessário para fazer qualquer tipo de esclarecimento.
Apenas queria saber se V. Sª tem conhecimento de alguma irregularidade na
gestão do COL, durante a Copa do Mundo, e se isso tem alguma ramificação com
a CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma informação de qualquer irregularidade no COL.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – V. Sª tem alguma
informação acerca de irregularidades ou transações da CBF com o Governo
brasileiro ou com alguma entidade pública que possa ter desvirtuado o
objetivo dessas ações com qualquer tipo de desvio de recursos públicos ou de
ação de cobrança de propina, de ações nesse sentido com relação ao Governo ou
algum tipo de verba pública?
O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Não tenho notícia nenhuma a respeito disso, Senador. Nós temos… Mesmo porque
o COL acompanhava essas operações. As obras eram governamentais, não tinham
nenhuma relação com o COL. O COL tinha um caderno de encargos e o Governo
brasileiro se incumbiu de fazer obras. As obras foram feitas pelo Governo,
não foram feitas pelo COL.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Bom, queria passar
agora para a área propositiva e de definição das questões do futebol
brasileiro.
Nós temos ouvido aqui…Nós ouvimos
presidentes de federações, dirigentes de clubes. A gente constata uma
situação de extrema dificuldade, tanto da federação quanto dos clubes, no que
diz respeito à renda e à sustentação de talentos de jogadores aqui no
campeonato do Brasil. A gente vê meninos de 13, 14 anos, sendo vendidos, indo
treinar fora. Estamos discutindo aqui de que forma a gente pode fortalecer a
gestão do futebol brasileiro para possamos ter um outro tipo de situação.
Um dos pontos recorrentes aqui é
exatamente a questão dos empresários que são donos dos contratos de jogadores
de futebol. Na verdade, terminam os clubes recebendo quase nada. Há um
comércio, inclusive, com muitas denúncias de irregularidades nessas
transações.
Queria saber, sob a ótica de V. Sª
– que é atualmente Presidente licenciado, mas que já tem uma longa
experiência nessa questão da federação de São Paulo – , que tipo de visão o
senhor tem sobre isso, que tipo de mudança deveria haver no futebol
brasileiro, qual a sua visão no sentido de como fortalecer os clubes. Há uma
discussão aqui, por exemplo
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15:15
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discussão aqui, por exemplo, de se
acabar com a questão do passe para os empresários e os clubes serem donos dos
passes dos jogadores, para que a renda pudesse ser auferida pelos clubes.
Eventualmente, alguém poderia ser agente de comercialização, mas não haveria
o loteamento de jogadores, como existe hoje no futebol brasileiro, que gera
uma distorção do modelo de arrecadação. Portanto, existem hoje empresários
ricos, clubes pobres e jogadores brasileiros jogando no exterior.
Queria saber a opinião de V. Exª
sobre isso, com a sua experiência e que tipo de proposição e análise a CBF
está fazendo hoje para tentar reverter esse quadro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Antigamente, outrora, antes da Lei Pelé, as coisas fluíam muito bem
para os clubes e para os atletas, porque os atletas menores de 16 anos, caso
quisessem se transferir para outro clube e não houvesse acordo entre os
clubes, ele era obrigado a ficar dois anos em estágio no clube sem participar
de competições.
Isso
impedia que os clubes grandes tirassem os jogadores dos clubes pequenos; isso
permitia aos clubes pequenos, num determinado instante, negociar com os
clubes grandes sobre determinados jogadores.
Hoje
a lei aberta como está, os clubes simplesmente vão lá, fazem um depósito de
um determinado valor, insignificante, e levam o jogador embora. Então, temos
que fazer uma legislação apropriada sobre isso.
É
aqui no Congresso que temos que buscar esse resultado. Tem muitos Deputados
aqui que são presidentes de clubes menores, alguns Deputados presidentes de
clubes maiores, que sabem as dificuldades que passam o futebol em relação a
esses fatos.
É
sumamente importante que o Congresso Nacional ajude nesse sentido, porque os
clubes pequenos estão passando grandes dificuldades exatamente por causa
disso. Os meninos são levados sem que haja uma remuneração, sem que seja
pactuada uma remuneração entre o que for amador e o clube que está
adquirindo.
Já
há uma melhora, porque há uma lei que protege alguma coisa, mas é muito
pouco. Veja, Sr. Senador Relator, um menino com menos de 14 anos não pode
trabalhar no clube, não pode jogar futebol.
A
lei brasileira proíbe que o menor de 14 anos participe de atividades em
clube. O Ministério do Trabalho tem ido nos clubes e tem multado os clubes,
por entender que é trabalho e o menor de 14 anos não pode trabalhar. Isso é o
que mais rapidamente temos que resolver. Enquanto que no mundo inteiro as
crianças começam a jogar futebol com seis anos, oito anos nos clubes, aqui no
Brasil é proibido.
Está
aqui um presidente de clube grande, ex-presidente Deputado ANDRES SANCHEZ,
que pode testemunhar isso. Esse é o grande problema que estamos enfrentando e
que precisamos resolver imediatamente, porque no espaço de 8 ou 10 anos
certamente vai ficar muito distante o Brasil em relação ao mundo, porque o
futebol do mundo inteiro, da Europa, da Ásia, da África recolhe esses meninos
de 6 anos, 8 anos, e começam a praticar esporte dentro das suas associações.
Aqui
no Brasil não pode, é proibido por lei federal. A exportação de jovens talentos
é bastante complicada. A FIFA procura coibir isso, mas o que acontece é que
os empresários arrumam emprego para os pais lá fora, na Espanha, na Itália,
na França e os pais levam o rebento, levam as crianças junto. A FIFA tem
procurado monitorar esse fato, mas é muito difícil. É importante que
tivéssemos também algum remédio jurídico no Brasil, uma legislação pertinente
para impedir isso, porque essas crianças estão indo para Europa com 6 anos, 8
anos, e lá eles podem jogar futebol, aqui não podem num clube grande. Com
essa idade eles começam a vivenciar a bandeira do país
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15:20
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a
bandeira do país em que ele está vivendo. Ele começa a amar o local que o
recebeu, e muitos jogadores brasileiros já pediram dupla cidadania, estão
esquecendo a cidadania brasileira, e um craque já deixou de servir a seleção
brasileira para servir a seleção da Espanha. Isso é um fato profundamente
lamentável. Temos que tomar uma providência urgente no sentido de viabilizar.
Mas tudo começa no lado infantil. Se só pode jogar futebol a partir de 14
anos. Essas crianças vão embora mesmo.
Então,
aqui no Congresso é que nós temos que resolver essa situação, permitindo que
essas crianças pratiquem futebol com seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze,
treze até ela poder desenvolver e ter seu sucesso dentro de um clube de
futebol.
Não
havendo essa modificação, certamente, Senador, nós vamos ficar muito tempo
perdendo valores, e o Brasil vai ficar, nesses próximos dez anos, muito
distante da realidade do futebol mundial, porque esses grandes talentos
começam com seis, oito anos.
O
Neymar começou cedo a jogar futebol. Perceberam que ele tinha talento para
jogar futebol e já foi protegido. Com essa legislação que nós temos hoje, ele
poderia ter sido levado embora naquela época.
Então,
nós temos que tomar uma medida drástica, rapidamente, nesse sentido, a meu
ver.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Eu queria tratar
agora da questão da transparência e gestão tanto da CBF quanto das
federações.
Nós tivemos, recentemente, uma
legislação que criou um parcelamento e alguns critérios para a gestão dos
clubes. Alguns clubes estão reclamando sobre essa questão, dizendo que vão
ficar inviabilizados de participar dos campeonatos por conta das exigências.
Eu queria ouvir também a sua posição sobre isso.
Mas, nessa legislação, permitiu-se
apenas uma reeleição de presidente de federação e criaram-se alguns tipos de
mecanismos de transparência.
Eu perguntaria se a CBF está
acompanhando isso, se há mais algum dispositivo de gestão, de modernização,
enfim, de assistência técnica até à modernização das federações. Como a CBF
viu essa nova legislação? Existe essa dificuldade de pactuação e de
participação nos campeonatos de alguns clubes que não terão certidão da forma
como a legislação permite? E que tipo de proposição a CBF está fazendo para
modernizar tanto a gestão e a transparência da CBF quanto das federações?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – (Fora do microfone.) -
…e o Deputado Luiz
Sanches também, que acompanharam, em São Paulo, prepararmos esse projeto que
virou o Pró-Fut.
Não
era bem assim; era um projeto completamente diferenciado. O nosso projeto era
que as dívidas dos clubes fossem pagas pelos clubes mediante contrapartida em
formação de atividades para as Olimpíadas tais como arco e flecha, basquete,
vôlei. Na medida em que os clubes fizessem essas – porque o clube tem essa
experiência; ele conhece profundamente como se faz isso – competições, eles
poderiam ir pagando as suas dívidas com a União. Mas, infelizmente, isso
tomou um outro rumo, e nós estamos com esse Pró-Fut, que é sumamente
delicado.
Há
de se dizer, Sr. Relator, que há necessidade de mudanças urgentes. Há, de
fato, um paradigma, nesse momento, de você proibir que o clube tenha dívidas.
Isso é importante. Nós fizemos, em 2004, esse projeto de lei, que, depois,
foi aprovado aqui. Isso é muito importante. O clube quer isso. Ele quer pagar
a conta, desde que o outro também pague. Agora, um clube paga a conta
direitinho; o outro não paga a conta, faz contratações irreais, que não vai
pagar, disputa a competição e ganha. Então, os próprios clubes têm muito
interesse em que todos sejam iguais, que haja uma lei para todos e que todos
sejam punidos se fizerem alguma coisa fora da normalidade que é entre a
receita e a despesa.
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15:25
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Esse
paradigma eu vejo sumamente importante, está vigendo, mas nós temos que fazer
alguns reparos, porque essa certidão inviabiliza os clubes neste instante.
Nós temos que dar um tempo para que os clubes se ajustem. Como será o
Campeonato Brasileiro de 2016? Todos terão a certidão? Não creio que todos
terão a certidão. E daí vai para o aspecto financeiro e deixa o desportivo,
sem que ele tivesse tempo suficiente, ou seja, dois ou três anos para a
preparação. É isso que eu entendo que deva ser feito.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Presidente Romário,
para não ficar(Fora do microfone.)
monopolizando as perguntas, eu me
reservo o direito de, depois, perguntar algumas questões. Mas, por enquanto,
estou satisfeito e devolvo a palavra para V. Exª.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito obrigado, Senador.
Eu tenho aqui algumas perguntas. E,
da mesma forma que foi feito com o relator, será feito também comigo e com os
outros participantes aqui desta CPI.
O senhor entende que esta CPI foi
criada com o objetivo de reorganizar o futebol e, principalmente, de
moralizá-lo. Então, no meu entendimento – e acredito que no entendimento de
todo os Senadores aqui presentes –, essas perguntas feitas são de grande
importância e, suas respostas, com certeza, de grande relevância. Esperamos,
eu acredito que não seja diferente, que sejam verdadeiras essas respostas.
Posso afirmar isso, que são verdadeiras as respostas que o senhor tem dado
aqui?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desde que eu possa responder à altura, posso, não tenho dúvida
nenhuma. O que eu puder responder. Estou aqui para responder às perguntas que
me for possível responder.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem, a primeira pergunta é: o senhor está
formalmente indiciado pela Justiça americana, acusado de participação em
esquema criminoso que envolve mais de 200 milhões de dólares em recebimento
de propinas. Até então o senhor negava ser o conspirador da denúncia inicial.
E agora? Como negar a sua participação nesse esquema?
Essa é a minha primeira pergunta,
eu gostaria que o senhor respondesse.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Senador, as pessoas podem serem indiciadas, mas com o direito de
fazer a sua defesa. E eu vou ter esse direito, eu vou provar que há um
equívoco muito grande desse indiciamento do governo americano.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem.
O atual presidente em exercício da
CBF, indicado pelo senhor, um aliado histórico, publicou artigo no último
domingo em que afirma: “A derrota para a Alemanha na semifinal da Copa de
2014 expôs ao mundo o perigoso estágio de paralisia, letargia e atraso do
futebol brasileiro”. O senhor concorda com isso? Sente-se como responsável?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desculpe, o ex-presidente?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – O presidente atual da CBF, colocado pelo senhor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ah sim, o Deputado Marcus Vicente. Sei.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – É. A frase dele foi: “A derrota para a Alemanha na
semifinal da Copa de 2014 [por sete a um] expôs ao mundo o perigoso estágio
de paralisia, letargia e atraso do futebol brasileiro”. A pergunta é: o
senhor concorda com isso? E outra é: o senhor também se sente responsável por
isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que todo o brasileiro se sente responsável, principalmente
aquele que é dirigente. Eu assumi… há necessidade de entender, e o nobre
Presidente conhece, como funciona um clube. Quem manda dentro do clube é o
presidente da entidade. O diretor de futebol cumpre determinações, faz
contratações junto com o presidente e com o apoio do presidente.
Eu
entendo que nós temos que fazer algumas melhorias. Nós não podemos dizer que
isso aqui é terra arrasada! O futebol morreu! O futebol é fraco! O futebol brasileiro
não serve para nada! O Brasil perdeu da Alemanha. A Alemanha foi jogar com a
Argentina, perdeu da Argentina logo em seguida.
O
Brasil, logo em seguida, foi jogar com a Argentina e ganhou. Então, aquele
dia, sete a um, foi uma tragédia! Caiu um prédio em cima dos jogadores
brasileiros. Agora, chamar o futebol brasileiro de terra arrasada, eu não
posso chamar de terra arrasada não. Os jogadores brasileiros são os melhores
jogadores do mundo. Nós temos grande quantidade de valores. Nós temos tudo para
poder voltar a ser campeões agora mesmo, nas Olimpíadas, e, muito
provavelmente, em 2018.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O senhor declarou, na Câmara dos Deputados, em
audiência pública em junho, que “renuncia quem tem alguma coisa errada na
vida. Eu não renuncio, vou até o final do meu mandato”.
Agora que o senhor vou até o final
do meu mandato. Agora que o senhor se licenciou do cargo, pediu para sair dos
cargos da FIFA e da Conmebol, enfim, o senhor tem consciência de que errou?
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15:30
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O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Não, não errei não, Deputado. Não errei não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Então, já que o senhor não errou, eu queria só saber…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho consciência absoluta.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – … por que o senhor pediu licença da FIFA, da CBF e da
Conmebol.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu pedi licença da CBF para poder me defender; e da FIFA e da
Conmebol, da mesma forma: para poder me defender dessas acusações. Você tem
que colher documentos, fazer a preparação, entregar para o seu advogado, para
o seu advogado poder fazer a defesa correta. Essa é uma presunção de
inocência que todos nós temos, deve ser respeitada. E a Constituição, Carta
Magna soberana do nosso povo… E eu tenho o direito e vou demonstrar a minha
inocência.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Por que o senhor não viajava com a Seleção quando o
senhor era Presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque os meus advogados me aconselharam a não fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Com a preocupação de talvez ser preso pelo FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei. Os advogados aconselharam a não fazê-lo, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O seu antecessor na Presidência da CBF, José Maria
Marin, está preso. Ele é acusado de inúmeros atos de corrupção, e o senhor
herdou a gestão da CBF. No período da sua presidência – a primeira pergunta
–, o senhor investigou a gestão do Sr. José Maria Marin? E o que o senhor
teria a dizer sobre os atos praticados pelo seu antecessor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não vi nada que ele cometesse de irregularidade. Eu não vi nada.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Ele é inocente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele tem o direito de defesa, não é? Eu não posso dizer por ele.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O FBI está errado então.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não posso falar por ele. Eu posso falar por mim. A pergunta foi
destinada a mim, eu vou responder a minha pessoa.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Então tudo isso foi inventado, na concepção do FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei. Pode ser que sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Tanto do senhor como do José Maria Marin?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode ser que sim. Não sei. Pode ser que as provas estejam
equivocadas. Nós temos que esperar transitar em julgado, para considerar
alguém culpado. É isso que diz a nossa Constituição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Ele já está preso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas preso não significa que ele é culpado. Ele não está condenado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – Está certo.
Ao longo dos últimos anos, temos
visto no noticiário uma série de escândalos envolvendo as gestões da CBF. A
compra da sede e os principais torneios promovidos pela CBF nos últimos anos
estão envoltos em contratos obscuros e acusações de corrupção.
Os três últimos presidentes da CBF,
incluindo o senhor, foram indicados por corrupção, lavagem de dinheiro e
outros crimes. Um deles, José Maria Marin, está preso em prisão domiciliar. O
senhor acha que o modelo de gestão facilita a corrupção? Em sua opinião, o
que precisa mudar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós contratamos… Logo que eu assumi….
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Antes de responder, na verdade, fora os senhores
saírem, o que precisa mudar? Pode responder.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Logo no início da minha administração, em abril de 2015 – portanto,
oito, nove meses atrás –, eu contratei uma das maiores empresas que pudesse
trazer a governança, que pudesse nos indicar os melhores caminhos de
administração. Isso está praticamente terminado. Nós vamos começar a
implantar muito proximamente. Tudo isso pode viabilizar muita coisa que possa
estar errada – não estou dizendo que tenha alguma coisa errada –, que possa
estar errada no futuro. Também eu era vice-presidente da casa e sempre
respeitava as decisões da Presidência. Eu não era um fiscal do presidente,
também não estou dizendo que ele fez qualquer coisa errada na Confederação
Brasileira de Futebol. O que eu posso afirmar é que as contas dele foram
aprovadas, mercê de um exame de um conselho fiscal e de uma auditoria
terceirizada.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – A CBF é uma instituição corrupta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Que eu saiba, não. Eu não sou corrupto.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – A CBF é uma instituição corrupta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Acusação recente de…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF é formada da sua presidência e de 200 funcionários. Eu respeito
todos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Recentemente, foi divulgado pela Justiça americana
(cita nas páginas 48 e 79) que o senhor pediu e recebeu propina do Sr.
Alejandro Burzaco, da empresa argentina Torneos y Competencias. Essa propina
seria relativa a várias edições da Copa América e da Copa Libertadores.
O senhor conhece o Sr. Alejandro
Burzaco? O senhor recebeu propina dessa empresa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conversei duas ou três vezes na vida com ele. Quem assinava
documentos não era eu. Eu nunca assinei documentos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Quem assinava?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem assinava era a Conmebol.
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15:35
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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – No processo de justiça americano, o senhor era acusado
de fraude, corrupção, lavagem de dinheiro…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Perdão, posso interromper?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Claro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não existe nenhum contrato, que eu saiba, da CBF com essa empresa do
Alejandro Burzaco.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Aqui diz que existe. O senhor desconhece os contratos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desconheço os contratos, mas tenho certeza… Quase certeza de que não
existe.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Mas o senhor, então, no período em que esteve como
presidente da CBF, o senhor não levantou, como tem que fazer qualquer outro
presidente, tudo aquilo que a CBF tem ou não tem, principalmente contratos
com empresas ou com outra qualquer entidade?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não… Agora eu sei porque eu sou o presidente…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Mas antes o senhor não sabia que era? O senhor sabe
que é o presidente agora, antes o senhor não sabia, quando assumiu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O regime é presidencialista, não é? Nós temos que respeitar o
presidente. Eu tenho…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não, o senhor não entendeu a pergunta. A pergunta que
eu falo… Se o senhor, quando assumiu a CBF como presidente, o senhor não viu
todos os contratos que existiam entre a CBF e… Todos os contratos que a CBF
tinha?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu cheguei a ver alguns contratos. Muitos contratos eu vi, sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não todos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os contratos datam… Não dá para ver todos, são centenas de
contratos.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – E esse, por exemplo, com as empresas argentinas poderia ter sido um
que o senhor não percebeu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse contrato, Senador, é feito com a Conmebol, não é com a
Confederação Brasileira de Futebol.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O.k. Perfeito. No processo da justiça americana, o
senhor é… Desculpe, eu já fiz essa pergunta.
Em 2013, o senhor declarou ter
quitado um contrato de multa no valor de R$700 mil com o advogado Angelo
Verospi. No mesmo ano em que ele vendeu um apto de R$2.340.000 milhões para
Wagner Abrahão, um empresário que tem inúmeros negócios com a CBF. O senhor
poderia nos explicar qual foi o objetivo desse contrato com o Sr. Angelo
Verospi e como o senhor pagou essa dívida?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está no meu imposto de renda. É um mútuo que eu fiz com ele. Eu
precisei de um dinheiro emprestado, R$600 ou R$700 mil, não me lembro
exatamente quanto e eu o paguei. Paguei com dinheiro saindo da minha
conta-corrente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Quem é o Sr. Angelo Verospi? O que ele faz? Onde o
senhor o conheceu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele é um advogado. Advogado e um amigo nosso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Advogado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Advogado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – De acordo com as investigações desta CPI, o Comitê
Organizador da Copa do Mundo de 2014, o COL, pagou R$985 mil a título de
participação nos lucros ou resultados para o Sr. José Maria Marin em 2013
porque ele era o presidente do COL. Esse pagamento contraria o próprio
regulamento do COL, que dizia que os lucros deveriam ser alocados em contas de
reserva e só poderiam ser distribuídos após a final da Copa do Mundo.
Pois bem. O Sr. José Maria Marin
possui apenas uma cota de um total de dez mil cotas do COL. O acionista
majoritário é a CBF, da qual o senhor era vice-presidente à época. Se a
proporção de distribuição de lucros fosse respeitada, a CBF deveria ter
recebido quase R$10 bilhões do COL.
O senhor atualmente é o
diretor-presidente do COL e, portanto, conhece a situação pelos dois lados. A
CBF recebeu algum recurso do COL a título de participação dos lucros?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não recebeu. Que eu saiba, não recebeu. Está aqui o advogado…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – E por que o Sr. José Maria Marin recebeu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está aqui o advogado do COL, que poderá informar inclusive sobre esse
pagamento mencionado pelo senhor. Está aqui o advogado do COL, que tem todos
os dados aqui. Se o senhor permitir, ele explica para o senhor agora.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – A empresa Atena, cujo sócio é o Sr. Wagner Abrahão, velho conhecido
dos negócios da CBF, depois de aberta, recebeu um depósito de R$4.782.945,09
milhões, vindo da CBF, em março de 2015. Em seguida, a empresa fez um saque
de R$1,5 milhão na boca do caixa, além de uma provisão de saque de mais de
R$3 milhões. O senhor poderia nos esclarecer por que a CBF contratou uma
empresa recém-criada e qual foi o objetivo desse contrato? E qual seria o
motivo desse depósito?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho como informar. Eu assumi em abril de 2015. Não conheço…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Pelo que eu estou vendo, o senhor não tem muita noção
e muita consciência do que acontece na CBF, né?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, tenho consciência a partir de abril de 2015…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não, pelo que eu estou vendo, toda vez o senhor diz
que não sabe, “não sei”…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A partir de abril de 2015, o que o senhor perguntar, eu respondo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Mas o senhor era vice nessa época.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice é vice. Vice não manda, né?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Está certo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice é sempre vice. Vice é uma expectativa de direito.
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15:40
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O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O senhor sabe que nós, aqui, estamos numa situação bem
interessante em relação a uma mudança definitiva para o nosso futebol.
O senhor, hoje, na minha visão –
aprendi já há muitos anos a falar por mim –, é uma pessoa muito mal vista
dentro do futebol. Para mim, o senhor é uma das pessoas que mais fazem mal ao
futebol brasileiro e, consequentemente, ao futebol mundial.
Eu queria, aqui, em público, fazer
um pedido a V. Exª, ao senhor: que o senhor se retirasse definitivamente da
CBF para que possamos, daqui para a frente, voltar a ter uma CBF honesta, não
corrupta, séria e que possa realmente ajudar o nosso futebol brasileiro,
principalmente a Seleção brasileira. Porque, infelizmente, esses atos de
corrupção que o senhor, o Sr. Ricardo Texeira, o José Maria Marin e outros
aliados, que são muitos e que são da CBF,… são realmente o câncer do nosso
futebol. Por isso, posso afirmar que o nosso futebol está vivendo este
momento ridículo, tanto fora quanto dentro de campo.
Isso não é pergunta, não. Isso é
afirmação que estou fazendo, aqui, para o senhor.
Eu vou aqui, agora, passar a
palavra ao Senador Ciro Nogueira para fazer as suas perguntas.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Sr. Presidente, Sr. Relator, agradeço a presença do
nosso Presidente Marco Polo. Tenho alguns questionamentos, Sr. Presidente. A
minha primeira pergunta é a seguinte:
a CBF recebe alguma forma de
pressão dos seus patrocinadores a respeito dos locais dos jogos da Seleção
brasileira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, em hipótese alguma. Não! Não!
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca ouvi falar sobre isso. E agora nós temos um relacionamento, o
nosso departamento de marketing faz
uma aproximação muito importante com os patrocinadores. Os patrocinadores são
pessoas, são empresas que devem ser muito bem tratadas; são parceiros da
entidade. Então, nunca ouvi falar em nada disso. Nem seria cabível isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E como são decididos os locais? Desculpe-me, Senador Ciro, só para
completar a pergunta. Como são decididos os locais dos jogos da Seleção?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Os locais são decididos da seguinte forma. Por exemplo, foi escolhido
o primeiro jogo da Seleção no Estado do Ceará. Eu conversei com o
Departamento de Competições, e ele me fez ver que aquele Estado era o melhor
para iniciar a competição. O outro jogo que nós fizemos foi no Estado da
Bahia. Novamente me reuni com o Departamento de Competições, e nós discutimos
qual seria o melhor. A orientação dele foi de que seria melhor no Estado da
Bahia. Também conversamos com o Departamento de Seleções. Eles são ouvidos
também. Neste caso, o futuro jogo da Seleção, em março, está previsto para
ser em Pernambuco. Então, são discussões administrativas que faço
exclusivamente dentro da Seleção brasileira sem nenhuma solicitação de
alguém. Aliás,…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não há nenhuma influência política? Não há nenhuma
influência política nessa escolha?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – … houve uma solicitação, houve uma solicitação…Só respondendo, se o
senhor me permite. Houve uma solicitação, senhor, do Presidente do Uruguai,
que queria jogar o jogo do Brasil contra o Uruguai, no Brasil, lá no Estado
do Rio Grande do Sul. A Seleção brasileira e o Departamento de Competições
entenderam que não, que tinha que ser em Pernambuco. E, assim, foi feito. É
estratégico, não muito do Presidente, muito mais do Departamento de
Competições, muito mais do Departamento de Seleções e muito menos do
Presidente. O Presidente só dá o o.k., afirma.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Complementando a minha pergunta, Sr. Presidente – eu
sei que o senhor está afastado da Presidência da CBF e parabenizo a escolha
que foi feita do Deputado Marcus Vicente, que tenho certeza que vai
desenvolver um grande trabalho lá –, mas que se levem em conta esses Estados
que não foram agraciados com os jogos da Copa do Mundo. Em relação a isso, o
meu Piauí está de braços abertos para receber jogos da Seleção.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO (Fora do microfone.)
– Já que está no Nordeste, não é?
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Já que está no Nordeste…
Mas que se leve isso em conta. Acho
que seria justo com o restante do País,
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15:45
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já que… Eu acho que dez Estados
foram agraciados com jogos da Seleção. Eu tenho certeza de que os outros
Estados vão receber muito bem a Seleção brasileira.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – A minha segunda pergunta, Sr. Presidente, diz
respeito justamente a esses Estados que não foram agraciados e que ficaram de
receber o famoso legado da Copa. Eu gostaria de saber em que pé está a
construção desses Centros de Treinamento e se a CBF já definiu quem serão os
donos desses Centros de Treinamento nos seus Estados.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O que foi acertado em documento com a Fifa foi que seriam agraciados
com esses centros, com esses legados, os 15 Estados que não tiveram a Copa do
Mundo. Então, esses 15 Estados serão agraciados com o legado da Copa do
Mundo. E esse processo está em andamento. Agora, face à situação crítica que
a Fifa está vivendo, ela pediu que suspendêssemos até a nova administração.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Perfeito. Minha última pergunta, Sr. Presidente, diz
respeito ao fato de que chegou ao conhecimento de que a CBF contratou a firma
Ernst & Young, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não entendi, Senador.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – A firma é…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ernst & Young. Sei, sei!
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – A CBF contratou Ernst & Young, não é?
E eu gostaria de saber o que a CBF
tem já apresentado sobre esse trabalho e quais são as sugestões – até para o
caso de o senhor deixar aqui para o nosso Relator – que possa apresentar. É
lógico que nós temos de esclarecer qualquer malfeito que, por acaso, tenha
ocorrido em gestões anteriores. Mas o que mais me preocupa é o que a CPI vai
deixar de legado para o futebol brasileiro, quais são as propostas que nós
podemos ter no trabalho do nosso grande Relator, Romero Jucá. Eu gostaria
muito que o senhor falasse, até como forma de sugerir posições e ações que
esta CPI possa tomar para que se transforme numa legislação que possa ajudar
o nosso futebol.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Ernst & Young está terminando um caderno de orientação sobre o
que deve ser feito para a CBF melhorar na sua forma de administração. E sobre
todos os temas: funcionários, cargos, futuro, governança, ética, tudo isso
está sendo feito. E esse caderno de encargos deve estar sendo entregue à CBF
agora, porque eles estão finalizando o serviço.
Tão
logo tenha esse caderno de encargo, eu me comprometo a passar aos senhores e
ao comando da Comissão Parlamentar de Inquérito, porque é muito importante. É
sumamente importante isso. É muito bom, será muito bem-vindo. Todos os
funcionários da CBF foram ouvidos, todos os departamentos participaram. Foi
um trabalho muito bom, muito positivo. Eu tenho certeza de que vai trazer
para o futebol brasileiro muita coisa boa, se nós seguirmos essas regras. E
nós vamos segui-las.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP
– PI) – Já tem prazo de conclusão esse trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu
tenho a impressão de que é por esses dias, Senador.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Perfeito.
Então são esses os meus questionamentos,
Sr. Presidente.
Muito obrigado!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Obrigado!
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Presidente, eu perguntei ao senhor, antes, se o senhor
falaria a verdade aqui de acordo com as perguntas.
Eu perguntei ao senhor sobre o
pagamento ao senhor… Angelo Verotti. O senhor respondeu que estava na sua…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Declaração de Imposto de Renda.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não está, não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está, sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Por acaso, na sua quebra de sigilo bancário não existe
o pagamento ao Angelo Verotti.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso afirmar ao senhor que
está.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Eu posso afirmar que o senhor está mentindo. Mas,
enfim, vamos dar seguimento.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou e vou provar. Vou
provar!
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – No art. 7º da CBF consta o seguinte.
Art. 7º. A CBF não terá atividade
político-partidária nem religiosas, sendo terminantemente proibida a
discriminação de qualquer tipo contra o País etc.
O senhor colocou mais de quatro
Deputados Federais, hoje, dentro da CBF. Por quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eles gostam de futebol, se
interessavam…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Minha mãe também gosta!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – … em trabalhar pelo futebol e
qualquer Parlamentar…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Desculpe-me, Presidente, mas esse critério contempla duzentos milhões
de brasileiros. Gostar de futebol…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não discrimino pessoas. Eu não
discrimino pessoas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor está apresentando aqui um critério(Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado
Federal.) que, simplesmente, nos chama de ignorante. Permita-me,
porque o senhor está estabelecendo um critério de que, para ser integrante da
CBF,
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15:50
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parecendo um critério de que, para
ser integrante da CBF, basta gostar de futebol, 200 milhões de brasileiros
gostam.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não só gostar, interessar-se em
trabalhar em favor do futebol.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas a pergunta que o Presidente da CPI fez…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Os senhores recebem, todos são remunerados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – … foi a vinculação política.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Detalhe: todos gostam, adoram, amam, mas todos são
remunerados.
Você vai me responder que ninguém
trabalha de graça. Não é isso? Perfeito.
O senhor, como membro do Comitê
Executivo da Conmebol, também não sabe sobre esse contrato que eu citei, de
que o senhor falou que não é a CBF que assina?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque, Senador, normalmente eram
feitos pelos presidentes dos países…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Foi o senhor que assinou que os contratos da
televisão. O senhor afirma isso, pelo menos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não entendi.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Os contratos de televisão da Conmebol foi o senhor que
assinou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – De 2015, de abril…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Na época em que o senhor era membro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Muito provavelmente não, porque
quem assinava era o presidente da entidade.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não. Na verdade, quem assinou foi o senhor.
Enfim, outra mentira.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso tentar buscar esses
contratos na Conmebol, mas quem assinava os contratos…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Nós já temos os contratos, pode ficar tranquilo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – … era o presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Pode ficar tranquilo, que nós já temos os contratos. O
senhor não precisa buscar não, porque esta CPI pode parecer para uns que não
anda, mas anda. Aqui é uma CPI democrática, nós estamos vendo, mas ela anda.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho certeza.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O meu papel de Presidente é muito bem feito, graças a
Deus, e será até o final.
Passo a palavra agora ao Senador
Randolfe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Obrigado, Presidente.
Sr. Del Nero, o senhor estava
acompanhado do Sr. José Maria Marin, na Suíça, quando ele foi preso, no mesmo
hotel, em 27 de maio passado. Pessoas próximas de José Maria Marin dizem que
ele não o perdoa por ter deixado sozinha a sua mulher, Neusa Marin, na
ocasião da prisão do Sr. José Maria Marin em Zurique.
O senhor tem conhecimento desse
ressentimento do Sr. Marin com o senhor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Não tenho conhecimento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor tinha prometido ao Sr. Marin que daria assistência a ela, à
esposa do Sr. Marin, no entanto, imediatamente, logo após a prisão dele, o
senhor tomou um avião de volta ao Brasil.
Eu lhe pergunto: por que o senhor
abandonou a Srª Marin no hotel após a prisão do marido?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tinha que voltar ao Brasil.
Era um fato grave que acontecera na Suíça, eu estava lá. Não vi a prisão
dele, porque provavelmente foi num quarto, às 6h da manhã. Eu acordei mais
tarde, fui tomar café, quando soube que isso aconteceu.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor assumiu com ele o compromisso de garantir proteção à Srª
Neusa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, de jeito nenhum. Em hipótese
alguma, em nenhum momento, nem conversei com ele, nem conversei com ela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não recebeu um telefonema dela pedindo a sua ajuda e dizendo
que o senhor tinha prometido ajudá-la? Sim ou não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro de ter recebido
telefonema dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não se lembra?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro se eu recebi
algum telefonema dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixe-me ver se eu entendi…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Faz muitos anos já. Faz dez anos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor estava em Zurique.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Há um episódio da prisão do senhor na CBF…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Ano passado, ou melhor, este ano.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – … do qual o senhor é o sucessor, isso este ano, um episódio dessa
gravidade, que foi amplamente divulgado pela imprensa mundial, e o senhor não
se lembra dos acontecimentos desse episódio? Alguma memória seletiva neste
momento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro de ter recebido
telefonema dela sobre esse fato. Eu não me lembro, mesmo porque nós não
falamos sobre isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor se lembra do fato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do fato da prisão dele sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Entre os fatos, o senhor não lembra se houve ou não um telefonema.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Conmebol…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – É só uma resposta: houve o telefonema, ou não houve o telefonema.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro, Exª.
Como eu vou me lembrar de um
telefonema ou não, se tantas pessoas ligaram para mim nesse dia?
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Senador Randolfe, só para cooperar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois não, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Senador Malta, com a palavra.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Eu
até acho que o senhor está sendo complacente com ele e deve ser, porque, com
um susto do cão desse que eles tomaram lá, o cara se lembra até do nome dele.
Então, se ele se esqueceu do telefonema, releve, porque o susto deve ter sido
muito grande.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Aceitarei sua ponderação, Senador Magno Malta.
Então, responda para nós: qual foi
a sua atitude imediata diante daquela situação? Como o senhor se comportou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu conversei com o Presidente da
Conmebol, e ele me disse o seguinte: “Estamos contratando advogado para o
Presidente José Maria
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15:55
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contratando advogado para o
Presidente José Maria Marin.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E em seguida, menos de 24 horas depois, o senhor pegou um avião e
veio para o Brasil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Depois por compromisso…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Por que tanta pressa para voltar para o Brasil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu entendia que devia
estar aqui no meu País para acompanhar os fatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas abandonando o Congresso da FIFA?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não abandonei o Congresso da
FIFA. Tinha os delegados. Eu não votaria no Congresso da FIFA, eu não
depositaria o voto. Quem deposita o voto são dos delegados. Os delegados é
que votaram.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sr. Marco Polo, me permita, o senhor é Presidente de uma das
principais confederações de futebol do planeta, do único País do mundo que é
pentacampeão de futebol, o único. E não era importante a sua presença no
momento ápice da eleição da Federação Internacional de Associações de
Futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu deixei…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Conte outra, mas essa não…
O senhor está duvidando da nossa
inteligência.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou duvidando não.
Tenho o maior respeito por V. Exªs.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois é, mas não insiste nessa tese de que não era importante a sua
presença. O Presidente da CBF depois que o titular foi preso no Congresso da
FIFA.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu peço a V. Exª que me
escute também no sentido de poder explicar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Por favor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem vota no Congresso da FIFA
são os delegados que o Brasil indica. E o Brasil votou, estava presente.
Naquele instante eu era membro do Comitê Executivo da FIFA, e não poderia
votar. Quem votava seriam os delegados, que estavam lá e votaram.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor acha que essa sua pressa para sair da Suiça não caracteriza
uma fuga?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, porque eu estava lá, no dia
que o Presidente, o ex-Presidente Marin foi preso, junto com outras pessoas,
mais cinco ou seis pessoas foram ouvidas.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Senador, antes da sua pergunta…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Por favor.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O que o senhor foi fazer lá?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu fui para a reunião da FIFA.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E por que saiu tão rapidamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu entendi que era mais
importante estar no meu País naquele instante.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixa eu ver se a gente consegue entender? O senhor vai para a
reunião da FIFA. Quando o titular da linha sucessória da CBF, que o senhor é
o imediato sucessor, é preso o senhor decide voltar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O que eu posso fazer na Suiça por
ele? Nada.
Eu tenho que cuidar do nosso
Brasil, cuidar da nossa Confederação Brasileira de Futebol.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor tinha que cuidar o quê?
O que que o senhor tinha que cuidar
no Brasil que era mais importante do que o Congresso da Federação
Internacional de Associações de Futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não poderia fazer nada lá. Eu
não sou advogado lá, a Comembol…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – A CBF precisava dele naquela hora, não é Senador?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Comembol naquele instante…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Era melhor ele estar aqui do que lá na Suiça. Na
verdade ele foi lá só para passear para comprar o relógio suíço.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não acha que era mais condizente, no momento grave como aquele
em que o Presidente da CBF é preso o senhor chamar uma entrevista coletiva
com toda a imprensa internacional, inclusive tranquilizar a nós brasileiros
que somos torcedor de futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu fiz isso, Senador. Mas fiz
aqui no meu País.
Eu vim para cá, chamei a imprensa e
expliquei os fatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Me diga então porque depois desse fato o senhor não mais viajou para
o exterior? Reiterando a pergunta do Senador Romário.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Aí
é o senhor que está subestimando a inteligência dele.
Você fica perguntando por que ele
veio embora, por que foi embora, o senhor está subestimando a nossa
inteligência…O senhor que está subestimando a dele. Ele veio porque ele é
sabido. Ele não foi porque ele é sabido. Fui bem? (Risos.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Obrigado Senador Magno. Vou fazer uma pergunta inevitável após a
provocação e a pergunta do Senador Magno. O senhor tem medo de ser preso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não há motivo para ser preso,
Senador. Nenhum motivo para que eu possa ser preso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Como não Presidente? Pera aí…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu vou provar…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Motivo tem de sobra para o senhor ser preso. O FBI
está aqui. Como não tem motivo? O senhor está enganado. Tem vários motivos.
Corrupção…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Senador, indiciamento…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Formação de quadrilha, motivo tem um monte.
Como que o senhor não tem motivo
para ser preso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não.
Eu vou provar. Mas eles podem
falar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Provar é uma coisa, mas motivo tem. Está aqui nos
autos do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tem. Eu discordo e vou
discordar…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O SENHOR ALÉM DE SER CORRUPTO,
LADRÃO, TAMBÉM É MENTIROSO.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – E vou discordar também disso
tudo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixa eu te falar uma coisa, Sr. Del Nero, ainda no sentido do que o
Senador…O senhor alega que não tem razões. Mas veja só, tem gravações do FBI
que revelam a sua presença numa conversa entre José Maria Marin e J. Hawilla.
Nessa conversa o Sr. Marin, pede que o dinheiro destinado a Ricardo Teixeira,
pede que o dinheiro destinado a Ricardo Teixeira passe a ser entregue a ele e
ao senhor. Isso é uma gravação do FBI.
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16:00
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O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu nunca estive juntamente com
Marin e Ávila em qualquer reunião.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas essa gravação revela que o senhor ouviu tudo isso calado.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mesmo porque à essa época que
falam, que comentam que o Sr. Marin estava lá e que conversou com o Sr.
Ávila, eu não estava nos Estados Unidos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixe-me lhe dizer. Essa gravação do FBI é falsificada, então?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Deve ser, porque eu não estava
lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – É falsificada e mentirosa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não estava lá. Mentirosa, eu
não estava lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor nunca esteve nessa reunião?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca, em hipótese…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas a gravação não diz o local em que ela ocorreu. Estou lhe dizendo
que há uma gravação do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim, mas…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ela não diz se foi na Suíça, no Brasil…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, mas eu posso afirmar para o
senhor que eu nunca estive reunido com o Sr. Ávila e com o Sr. Marin, nem com
o Sr. Ávila particularmente, nem com o Sr. Marin e o Sr. Ávila juntamente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixe-me ver se entendo, vou tentar entender mais uma coisa. O senhor
era Vice do Sr. Marin, e o senhor nunca se reuniu em separado com ele? É
normal…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor fez a pergunta sobre o
Ávila e o Marin. Eu nunca estive reunido com o Sr. Ávila juntamente com o Sr.
Marin, e nunca estive conversando com o Sr. Ávila sobre qualquer assunto.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois não, Magno.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Por favor, Senador, com a palavra V. Exª, Senador
Magno Malta.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Quero cumprimentar o Dr. Batoquio, estou o vendo ali bem sereno.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Desculpe, eu esqueci de cumprimentá-lo, Dr. Batoquio.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Ele
acabou contratando o melhor… Batoquio, qualquer outro advogado já tinha
criado um clima aqui, e feito pergunta, mandado calar a boca, cochichado no
ouvido do depoente…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O Sr. Del Nero é sabido, escolheu um ótimo advogado. (Risos.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – E
eu quero fazer uma referência aqui, porque o Batoquio foi Deputado Federal
comigo, pertenceu à CPI do Narcotráfico comigo. E uma das razões pelas quais
eu não errei, na minha impetuosidade, eu devo a esse nobre colega, que era
Deputado do PDT, que prestou um grande serviço ao País naquela ocasião.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Parabéns, Doutor!
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Mas
eu sei que o senhor, doutor, está em desvantagem. O cara que depõe em CPI já
vem na desvantagem, devendo ou não devendo, ele já está na desvantagem. Ele
vai ser inquirido, vai ser exposto, a família dele está vendo. O senhor tem
filhos, deve ter netos, deve ter uma família em torno de si. Não é um momento
bom, é um momento ruim. E eu posso, eu que já presidi grandes CPIs, entender
o seu momento emocional, a sua desvantagem, o seu medo de jogar com as
palavras para não se comprometer. Mas eu gostaria de saber uma coisa do
senhor, com toda a sinceridade: o mundo vive um processo depurativo. Olhe o
que está acontecendo com o Presidente da Câmara! Olhe o que está acontecendo
aqui com algumas incidências no Senado, um Senador da República preso! A
sociedade foi para cima, e o Judiciário, que passou tanto tempo sendo
achincalhado sem reação, reagiu. Não haverá mais refresco para nenhuma
situação. O Judiciário do mundo, por causa da globalização, juntou-se; a
informação que está aqui hoje é a mesma dos Estados Unidos de ontem ou daqui
a pouco, ou daqui a cinco minutos, e qualquer investigação de crime. Veja,
eles foram à Suíça, acharam a conta do Presidente da Câmara. Ele está dizendo
que não, não sei o quê, e depois já era, era um trust, pensando
que o Brasil é trouxa. Entendeu? E nós não somos trouxas. Sei lá, foi na
Suíça. Não somos trouxas, e há muita gente que é traste, e acha que nós somos
trouxas, que temos trust. E acha que, com essa linguagem embolada…
Ninguém está engolindo nada, ninguém tá comendo nada. É conversa de boleiro,
ninguém está comendo nada. A minha pergunta é a seguinte: com esse processo
investigativo tão minucioso do Judiciário nessa questão da Fifa – o
Judiciário é do mundo, da Suíça, dos Estados Unidos, viraram cães farejadores
desses bem preparados que querem as últimas consequências –, diga-me diga uma
coisa, com pureza d’alma, esse processo investigativo chegará ou não chegará
no senhor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso dizer que não vai
chegar. E posso afirmar para o senhor, o Senador Randolfe Rodrigues, falou
agora há pouquinho que eu estava presente numa reunião com o Ávila e o Marin,
que não é verdade. Nunca estive reunido com essas pessoas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Segundo o FBI, o senhor estava e ficou calado (Fora do microfone.) Isso é informação do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca estive reunido com essas
pessoas em lugar nenhum, nem falando. Nunca estive reunido, nunca estive
junto.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Deixe-me falar uma coisa para o senhor, que é amigo do Marin, que já esteve
com ele. Isso não compromete, não, porque amigo é amigo. Ele caiu, mas o
senhor
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16:05
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Isso não compromete, não, porque
amigo é amigo. Ele caiu, mas o senhor tem que ter dignidade de…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Claro, claro.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – O
senhor sempre se reuniu com ele, estava na diretoria…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Foi
amigo dele. Como ele agora está preso, o senhor não é mais amigo dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sou.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Então, não tem problema nenhum o senhor ter se reunido com ele. Isso não o
compromete.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não foi.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Está bem. Estar reunido ou não não quer dizer absolutamente nada. Eu quero só
dizer o seguinte: quando tem esse tipo de reação… É como isto: o Delcídio foi
preso, e o Presidente Lula deu uma declaração chamando o cara de idiota. O
cara, que achou que ele era amigo dele, está preso, na desvantagem, e o
advogado vem e diz: “Lê isso aqui, porque ele te chamou de idiota agora”. E o
cara tem uma perspectiva de tomar 30 anos. Sabe o que o cara vai falar: “O
idiota agora vai contar quem é de nós dois que é mais idiota”. Quando o
senhor fala que não conhece o Marin, o Marin está depondo lá…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, não.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Desculpe-me. Não é “não conheço, não”. Eu que errei a palavra. Perdoe-me. É
“eu nunca estive” que não sei o quê…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não estive.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Sim, mas não é o “nunca estive”. Com essas pessoas, com esses caras que foram
presos, com esses caras que fraudaram e tal, essa reação pode ser negativa do
outro lado.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Então, desculpe, Senador, eu…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – O
senhor não ofendeu a mim. Eu só estou dizendo que ele… O senhor imagina que a
família dele está tudo vendo, o advogado dele está vendo, está todo mundo
vendo. Eu nem pertenço a esta CPI…
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Eu queria que senhor esclarecesse, até para não ficar
nenhuma dúvida: o senhor está dizendo que não esteve na reunião com o Hawilla
e o Marin? Não é isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não estive nessa reunião em
hipótese alguma, em momento algum, em tempo algum.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – Foi o que eu entendi.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Dr.
Del Nero, não é isso que eu estou falando, não. Senador Ciro, me desculpe,
não é isso que eu estou falando, não. V. Exª está querendo ajudá-lo, mas não
foi isso que eu quis dizer.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Naquele instante, falei
“pessoas”, mas, na verdade, respeitosamente…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – E
vou esclarecer novamente.
V. Exª o ajude da maneira que o
senhor quiser, mas não foi isso que eu falei. E eu também não estou
desajudando o senhor, não. Eu só estou dizendo que há uma pessoa na
desvantagem, presa, e, por exemplo, se sou eu, uma frase como “Eu nunca
estive com essas pessoas”, eu vou dizer: “Agora, eu sou essas pessoas?”
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Agora, me escute. Eu só estou falando… O senhor não ofendeu a mim.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu peço…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Quando
o senhor daqui, se o senhor ao Batochio se eu estou certo, ele vai falar que
eu estou certo no que eu estou falando.
Eu estou perguntando o seguinte…
Não sei o que o senhor conversou, o que o senhor falou, o que o senhor
investigou, mas, por exemplo, se essas pessoas que o senhor está falando…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu retiro “essas pessoas” e digo
o seguinte: nunca estive reunido com ex-Governador, ex-Presidente da CBF José
Maria Marin…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Seu
amigo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – … que é meu amigo e o Sr. José
Hawilla, meu conhecido.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Pois é. À medida que eles começarem a depor…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor tem razão, Deputado. Eu
fui infeliz. Senador, eu fui infeliz.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Juntos. Não estive reunido junto…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Mas
foi Batochio que me ensinou, na CPI do Narcotráfico, a falar desse jeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Batochio é Batochio…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Ele
que me treinou.
Então, a minha palavra é a
seguinte: eles estão depondo lá, o senhor ainda está aqui, e o senhor não é
menino, nem eu sou, nem o Romário é menino. Um cara que faz mil gols é
menino? Um cara que fez mil gols não é menino. Então, qual a minha palavra
nesse sentido? É que…
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – É
para eu encerrar?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não, não.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Alguém quer que eu pare? Vou parar.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Não, mas, para mim, tudo bem.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – Ah,
sim. Eu pensei que era igual à Comissão de Ética da Câmara: os que defendem
querem que os outros não falem.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Está bom, está bom.
A minha palavra é o seguinte. No
que o senhor voltou… Eu não sou menino, eu sei por que o senhor voltou.
Então, só de o senhor ficar calado é bom para mim. O senhor não voltou mais
ao exterior. Por quê? O senhor calado é bom, porque quem cala não consente?
Consente. É a máxima do adágio popular, mas que vale na hora em que a pessoa
está depondo. E nós sabemos disso. O Senador Randolfe está insistindo, mas
ele sabe, virou Senador com 35 anos de idade, porque também não é menino – de
menino, ele só tem a cara, essa cara de Harry Potter – e sabe aonde quer
chegar.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Muito obrigado, Senador Romário. Eu acho que o pessoal…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só concluir as perguntas.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Muito obrigado pelo aparte, Senador.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Por favor, Senador Magno.
Sr. Del Nero, quais são suas
relações com o Sr. Sergio Luis de Sousa Gomes?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele foi uma pessoa que trouxe
alguns patrocínios à Confederação Brasileira de Futebol. Um deles foi a
Chevrolet, uma montadora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ele teve alguma ruptura com esse patrocínio depois? Teve alguma
ruptura da CBF com esse patrocínio?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não. Não tenho
conhecimento disso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor tem contas no exterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Com certeza, não tem?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza que não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Esta CPI não chegará, na sua quebra de sigilo, a nenhuma conta no
exterior? Com certeza?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem truste.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nenhuma conta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nada, nada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O. k..
Só lembrando que o último que fez
essa negativa numa CPI está em maus lençóis hoje na Casa vizinha, na Câmara
dos Deputados. É o caso do Sr. Eduardo Cunha. O senhor afirma, então, nesta
CPI, que não tem nenhuma conta no exterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Em nenhum lugar? (Pausa.)
O.k..
As contas que o senhor tem são
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16:10
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O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – As contas que o senhor tem são declaradas ao Fisco? Todas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Cem por cento declaradas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Senador Romário, só lhe informando, eu perguntei ao nosso depoente,
ainda há pouco, se ele possuía contas no exterior, e ele afirmou a esta CPI
que não possui; eu me lembrei do que ocorreu com o Sr. Eduardo Cunha, na
Câmara dos Deputados; ocorreu uma situação de igual teor, mas ele está
afirmando aqui na CPI que não possui contas no exterior, e é fundamental que
seja assim registrado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Será.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor frequentou ou frequenta algum paraíso fiscal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não. Nunca frequentou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca frequentei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Segundo registros colhidos por esta CPI com autoridades aeronáuticas
brasileiras, esteve em Barbados, que é um paraíso fiscal, em 2014. O senhor
esteve em Barbados em 2014…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não! Não estive em Barbados. Não…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – … em um jatinho executivo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não conheço. Não conheço
Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não esteve em Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não estive e não conheço
Barbados!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Em 2014, o senhor não esteve em Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não! Não estive em Barbados, não
conheço Barbados!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nenhum jatinho executivo seu…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhum jatinho executivo…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nenhum jatinho excecutivo da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Aí eu não sei. Não sei…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, espere lá.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, espere um pouquinho só.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ôpa!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sou o presidente…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor estava veementemente dizendo “não” e agora o senhor disse
“não sei”; então, espere aí…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Um jatinho executivo da CBF esteve em Barbados em 2014?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor é presidente da CBF!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não sou presidente. Em 15
eu sou presidente. Em abril de 2015, eu sou presidente e sei o que acontece.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Um jato não é um patrimônio qualquer.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Certo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu imagino que qualquer dirigente de qualquer empresa, instituição ou
até do Governo deve saber os deslocamentos de um patrimônio… Não é comum para
uma empresa ou uma instituição ter um jato.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice-presidente não teve conhecimento
de que alguém esteve em Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor nunca voou no jatinho executivo da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Voei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nenhum desses voos foi para Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Barbados nem conheço, Senador.
Nunca estive lá, nem sabia que o avião da CBF esteve lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E nenhuma aeronave em que o senhor esteve foi fretada para lá,
passando por lá?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, nunca estive em Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nem passando?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem passando por Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Bom…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu só viajo em voo de carreira
normal, em jato comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, o senhor também viaja em jatinho executivo porque o senhor mesmo
falou ainda há pouco.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – No Brasil.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sim, mas viaja. Não é só em voo de carreira, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quais funções o senhor exercia no COL, comitê organizador para
administrar a Copa do Mundo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma função. Eu era um membro
da FIFA que, quando havia board meeting, eu
participava. Quando havia reunião bimestral junto com o Jérôme Valcke, ele
estava representando a FIFA, e eu, também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas, em abril de 2015, o senhor assumiu a Presidência?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Assumi a presidência do COL.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quando assumiu a presidência da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando assumi a presidência da
CBF, por força estatutária.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não teve nenhuma relação de sociedade com o Sr. Marin?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quanto o senhor recebeu no COL, no exercício de suas funções?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está no Imposto de Renda,
Excelência.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor tem uma ideia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho ideia não. Não me
lembro aqui.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – É muito ou é pouco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que é… Eu não tenho os
valores exatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sr. Del Nero, permita-me…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas o senhor pode ter. O senhor
tem minha quebra de sigilo, é fácil ver.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas me permita, Sr. Del Nero…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se eu estivesse com o meu Imposto
de Renda aqui, eu diria ao senhor; mas eu não tenho aqui, eu não trouxe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas permita-me: qualquer brasileiro tem ideia do rendimento que
recebe. Ele tem ideia. Ele deduz. A não ser que seja dinheiro demais.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Realmente… Aí, realmente, fica difícil.
O senhor não se lembra de
telefonema em Zurique; o senhor não se lembra de quanto recebeu no COL?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, mas é só verificar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não sabe se era maior ou menor que R$40 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor tem a quebra de sigilo;
o senhor pode informar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Certo. O senhor não sabe se era maior ou menor que R$40 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É por aí. É por aí sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu estou ajudando a sua memória?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está ajudando.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – NO COL, o senhor poderia receber valores a título de lucros ou
resultados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Que o senhor saiba? Não pode ser “sim” ou “não”?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mesmo porque, se fossem lucros e resultados, o senhor não seria
dirigente, seria sócio.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mesmo porque eu só assumi em
abril de 15, já na desmobilização. Já estava desmobilizado o COL.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Certo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Já tinha…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Veja: o Sr. Marin declarou, no Imposto de Renda, que recebeu, em
2013, valores de R$717.046,00…
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16:15
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R$717.046,00 a título de
participação nos lucros ou resultados do COL e isso corresponde a uma cota da
sociedade enquanto a CBF detinha 9.999 cotas. Pela proporção, a CBF teria
recebido uma quantia dez mil vezes maior, seria algo em torno de R$7 bilhões.
O senhor não tinha conhecimento
disso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é da minha gestão e não posso
informar nada a respeito disso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mesmo como Vice-Presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem creio que tenha sido isso. O
advogado do COL está aqui e pode informar ao senhor?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor pode dizer qual foi o faturamento do COL? O senhor assumiu
depois.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do COL hoje? Eu não tenho o
faturamento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, o faturamento anterior.
Quando o senhor assumiu, o senhor
deve ter tido acesso às contas da gestão anterior.
Nem isso o senhor pode me dizer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não posso dizer porque a
contabilidade é que informa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sr. Del Nero, Dr. Del Nero, o senhor não lembra o telefonema em
Zurique, o senhor não lembra quando recebia do COL e, agora, o senhor está me
dizendo que não lembra qual era a contabilidade de uma instituição que o
senhor herdou. Qualquer um que herda uma instituição deve ter acesso às
contas anteriores.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se o senhor permitir, o advogado
pode lhe responder. Eu não tenho esses dados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, mas eu não estou perguntando para o advogado, estou perguntando
para o senhor porque o senhor foi o presidente que sucedeu o Sr. Marin no
COL.
Qualquer prefeito de qualquer
cidade, quando assume uma prefeitura, sabe quanto foi deixado no caixa, na
conta da prefeitura. Eu estou falando de uma prefeitura, mas em qualquer
instituição é básico isso.
O senhor não sabe me dizer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não tenho esse número aqui.
Não posso, de cabeça, informar o senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Deixa eu perguntar ao senhor: o § 1º da Cláusula 17 do contrato
social do COL permitia a distribuição de lucros só após o final da Copa do
Mundo 2014.
Eu lhe pergunto como foi possível
distribuir lucros do COL ao então Presidente Marin como consta da declaração
dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não participava da sociedade.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quando o senhor assumiu, o senhor não ficou tentado a pedir uma
auditoria que é um procedimento normal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A auditoria é feita pela FIFA e
por uma auditoria nacional….
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não teve acesso aos dados da auditoria?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tive.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor não pediu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não pedi.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Como o senhor assume uma entidade e não pede sequer acesso aos dados
da auditoria dessa entidade?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não pedi. Sinceramente,
não pedi.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Como o senhor considera isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu considero dentro da normalidade
administrativa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor acha normal encontrar uma entidade, não encontrar
normalidade nas contas e não ter – não é nem pedir auditoria – estou pedindo
acesso aos dados da auditoria?
O senhor acha isso normal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho normal dentro de um
critério de honestidade e princípios que entendo que todos devem ter.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Bom, desculpe, isso é tudo menos honestidade. Mas, sigamos.
Qual a sua relação com o Sr. Kleber
Fonseca de Souza Leite?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma, relação de conhecimento.
Eu o conheço há muitos anos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – A empresa de Kleber Leite, a Klefer foi alvo de busca e apreensão
esse ano, a pedido de investigadores do FBI. Existem contratos vigentes entre
a CBF..
Eu lhe pergunto: existem contratos
vigentes entre a CBF e a Klefer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Existem.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Que providências o senhor adotou como Presidente da CBF diante a
devassa policial que ocorreu na empresa do Sr. Kleber Leite?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós temos um contrato, temos
contratos com a Klefer que estão sendo enviados ao Departamento Jurídico para
avaliação do que pode ser feito.
É contrato vigente. Eu não tenho
notícia de que, até o presente momento, a Klefer tenha sido autuada, proibida
de atuar no Brasil…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, isso não foi, mas o senhor acha normal uma empresa que tem
contrato com a CBF sofrer busca e apreensão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas é um contrato, temos que
cumprir o contrato até…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mesmo que a empresa seja inidônea?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não está provado que é
inidônea ainda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, eu lhe pergunto o seguinte: o senhor acha normal uma empresa
receber uma busca e apreensão e – o senhor trata como normal – continua o
contrato com essa empresa normalmente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Só porque recebe uma busca e
apreensão?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO – ????
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Uai…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É…só porque uma busca e
apreensão…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Então, o senhor acha que qualquer empresa do Brasil pode sofrer uma
busca e apreensão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode e, por causa disso, ela é
culpada?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, mas veja o seguinte: o senhor não pede uma auditoria, o senhor
acha isso normal. Daqui a pouco o senhor vai dizer para nós que roubar é
normal.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não vou falar isso porque
sei que não, sei que é crime, sei que roubar é crime.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Busca e apreensão é uma investigação, uma empresa está sob
investigação. Os senhor acha que não tem que ser auditada?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Essa empresa está analisada,
estão sendo analisados pelo Departamento Jurídico os contratos dessa empresa.
Esses contratos
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16:20
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os contratos dessa empresa. Esses
contratos foram assinados em 2011 e estão vigendo até hoje. O departamento
jurídico está avaliando e vamos ver o parecer do departamento jurídico.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Tem prazo para essa avaliação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – não, não foi dado o prazo. Foi
feito que ele fizesse uma avaliação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – não, mas assim no infinitivo do pretérito, “foi dado um prazo”, “está
avaliando”, no gerúndio, nunca acaba isso, não é? E continua o contrato com
uma empresa que foi objeto de busca e apreensão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se ela se tornar inidônea, é
evidente que nós temos conhecimento… temos obrigações imediatas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor vai aguardar isso? O senhor não dá um prazo para o seu
departamento jurídico concluir o seu serviço? Qualquer presidente faz isso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Normalmente se faz isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E o senhor não fez?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Eu disse para o
departamento: analise os contratos da Klefer, e eles estão analisando.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E quando conclui o trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – São vários contratos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Imagino. Mas o senhor não deu um prazo? Aos seus subordinados, o
senhor não deu um prazo: eu quero isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não dei o prazo. Estou
esperando a resposta do departamento jurídico
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E o senhor esperará até quando?
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Senador.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Tudo bem.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Sr. Presidente, gostaria, com
todo o respeito, que o eminente Senador fizesse as perguntas ao convidado, de
sorte que fizesse uma pergunta e aguardasse a resposta. Porque é uma
cachoeira de perguntas, uma em cima da outra. Está ficando impossível.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Ele não responde nenhuma.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Por favor. Então, faço esse
apelo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Doutor, mas ele tem que responder a pelo menos uma, de
verdade. Uma! Pelo menos verdadeira. Uma pelo menos. Ele tem que ajudar o seu
cliente.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Então, quando se fazem mil ao
mesmo tempo…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Seu cliente não ajuda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas ele está tentando responder. Ele não está é conseguindo, mas
tentando ele está.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Não, mas um momento. A minha
ponderação é a seguinte: para cada pergunta, uma resposta, por favor. É só
isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O.k., Dr. José Roberto.
Sr. Del Nero, a Anac e a Polícia
Federal acabam de nos informar que o avião era de propriedade da CBF e os
passageiros, segundo a Anac, eram o Sr. José Maria Marin, o Sr. Marco Polo
Del Nero e o Sr. Ricardo Teixeira.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é verdade.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não é verdade? A Anac mentiu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é verdade. Eu nunca viajei
para Barbados, eu nunca estive nos Estados Unidos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – A Polícia Federal… Essa informação é da Anac. Acabou de chegar.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu nunca estive nos Estados
Unidos.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, estou falando em Barbados.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em barbados. Eu nunca estive em
Barbados. Nunca viajei no jato particular, no executivo da CBF…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Não, mas é fácil. É só levantar a data aqui…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, já foi levantada.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – …e
o senhor levanta na sua vida a data, onde o senhor estava. Pode ser uma data
que marca.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu provo, com certeza.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – É o
passaporte.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza, o passaporte.
Pronto!
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Isso. Então levanta a data aqui e o senhor promete…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza! Meu passaporte.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – O
senhor está com o seu passaporte ou a Justiça recolheu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou aqui…
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Recolheu? O senhor tem ele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, eu tenho o meu
passaporte, sim.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Então, se não recolheu, nessa data o senhor pode imprimir essa página e
mandar à CPI. Pode, Batochio?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Posso. Só a data.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Então pronto.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Se nós trouxermos a data, o senhor lembra o que fez na data?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu mostro o passaporte.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Claro que não lembra. Ele não lembra o que aconteceu
quatro meses atrás na FIFA? Como é que ele vai lembrar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu passo o passaporte. Eu passo o
passaporte.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu solicito à Secretaria da CPI trazer a data do voo…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não viajei para Barbados, nunca
viajei em voo comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu estou lhe dizendo que é uma informação da Anac. Se a Anac está
mentindo, é o primeiro caso na história em que o que foi reportado por um
piloto para a Anac foi mentira. Nós vamos ter que montar a CPI da Anac aqui
também, daqui a pouco.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode montar, mas eu posso
informar que não viajei.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Mas
tem a imigração também, claro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tem a imigração, eu tenho meu
passaporte.
O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – AC) – Sr. Presidente, pela ordem.
É fácil para debater esse assunto,
esclarecer. O Dr. Marco está dizendo que não esteve em Barbados e há
relatórios da Anac que diz que ele estava a bordo do avião. É só ele mandar
uma cópia com a data do passaporte, com carimbo, e esclarece esse fato.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeitamente.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É só esclarecer a data que eu
resolvo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu vou passar adiante, enquanto a Secretaria traz a data do voo.
A denúncia da Justiça dos Estados
|Unidos, Sr. Del Nero, aponta o pagamento de propinas pelas eleições da Copa do
Brasil, entre 2015 e 2022. Um dos valores da propina corresponde ao pagamento
de US$500 mil da empresa Klefer para um fabricante de iates de luxo,
registrado na agência do Banco HSBC em Londres.
O senhor possui alguma embarcação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Possuo. Embarcação ano 2011.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – 2011. E onde está registrada?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na Capitania dos Portos, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Qual fabricante?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sunseeker
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sunseeker.
Como se deu a aquisição e de quem
foi comprado esse barco?
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16:25
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Como se deu a aquisição e de quem
foi comprado esse barco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É uma lancha que era denominada
Rosana 1, ano 2011, que passou para o nome de My Way, e foi vendida a mim por
R$1,9 milhão. Eu dei uma embarcação em pagamento por 1,5 mil, e dei mais
R$400 mil em cheque.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quem vendeu para o senhor ?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem fez a negociação foi a Boats
Nautic Center, mas o recibo veio em nome do vendedor, do ex-dono do barco.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Quem era ?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – RJM Participações e
Empreendimentos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois é, os registros que temos na CPI mostram que esse iate foi
vendido pela RJM, que é o vendedor, não para o senhor, mas para Boats Nautic
Center.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim, acontece que a Boats Nautic
Center que fez a operação. Quem me passou o recibo foi a RJM. Eu nem conheço
essa pessoa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sim, é uma pessoa jurídica.
Qual a forma de pagamento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem o dono dessa empresa não
conheço. No pagamento, dei uma embarcação, no valor de 1,5 milhão, mais R$400
mil em cheque.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor conhece a empresa Boats Nautic?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conheço. Foi a que fez a operação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor conhece só da relação comercial?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Só da relação comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O Coaf classifica de operação suspeita a informação dada pelo senhor
de uma transferência bancária de R$600 mil feita em seu nome para empresa NDT
Comercial, Importação e Exportação Ltda. O senhor poderia esclarecer aqui à
CPI origem dessa suspeita?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – NDT?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – N de navio, d de dado, t de tatu; NDT. (Pausa.)
O senhor não se lembra dessa
transação comercial?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando foi a data?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Foi em 2014.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro dessa operação. Eu
acho que… Deve estar havendo algum engano aí. Em todo caso…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas um engano do Coaf?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu preciso examinar, eu não me
lembro, eu realmente não me lembro desse detalhe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor já disse para nós aqui que a Anac está errada, que a Polícia
Federal está errada. Agora o senhor está nos dizendo que o Coaf…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando eu falo que está errado,
está errado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O FBI também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O FBI também.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando eu falo que está errado,
está errado. Quando eu não me lembro, eu não me lembro, eu preciso examinar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, eu percebi, só que o senhor nos diz que dessa informação do
Coaf… O senhor não se lembra, está errado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro. R$600 mil eu não
me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não se lembra de uma movimentação de 600 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro, não me lembro, não
me lembro, realmente não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeito.
O senhor sabe que a NDT é uma
empresa com endereço de fachada, o senhor não tem essa informação, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Talvez por isso o senhor não se lembre.
Bom, outra operação colocada sob
suspeita pelo Coaf indica que o senhor emitiu um cheque de R$900 mil em favor
de João do Carmo Mendes. O senhor sabe dizer do que se trata essa operação
financeira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que foi um apartamento, se
não me engano. Foi em 14 isso?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sim. O Sr. João do Carmo quem é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi o proprietário do meu
apartamento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O Coaf ainda informa que, entre 2013 e 2015, o senhor movimentou um
montante de 27,5 milhões. O senhor acha isso compatível com a sua condição
financeira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que sim. Na minha
declaração de imposto de renda está lá, está à disposição.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Esses rendimentos seriam de quê, R$27,5 milhões?
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em 2014? Em 2014? Em 2014?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – 2013-2015.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tem esse valor, não.
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Bom, a informação é do Coaf.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas pode ser. O Coaf não pode se
enganar?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – Também está mentindo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O Coaf não pode se enganar, não
pode estar equivocado ?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, o senhor já disse que a Anac está errada, o FBI está errado…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu não tenho esse valor…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – [Ininteligível.] está errado também. Não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – R$ 27 milhões? Eu não tenho esse
valor, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não tem? Então, o Coaf está errado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Deve estar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O Coaf está errado. O.k.
O senhor sabe me dizer quanto o
senhor pagou pelo apartamento no Les Residences Saint Tropez, adquirido da
Srª Lilian Cristina Martins Maia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse apartamento… Sim… Esse apartamento
é no Bloco 6, Apartamento 508
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16:30
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Bloco 6, Apartamento 508. O valor –
escriturado, porque eu mandei fazer a escritura – é de R$1,6 milhão. O valor
venal, em 2015, é de R$1,9 milhão. É um prédio com quatro unidades por andar,
que ocupa somente o quadrante de fundos, sem vista frontal para o mar. Ele
necessitava de uma reforma e tinha uma penhora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O.k.
Por que essas informações…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O imóvel estava gravado, em
garantia de um processo número tal – eu tenho aqui –, junto à 2ª Vara Cível
da Barra da Tijuca. Então, em tese, era um risco adquiri-lo. Mas aceitei o
risco. E, logo que eu pude, eu me desfiz dele. Eu não fiquei nem três, quatro
meses com ele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O valor é de R$1,6 milhão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não acha abaixo do mercado esse valor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se considerar que precisava de
reforma, se considerar que estava gravada uma garantia em cima dele, que
havia uma hipoteca em cima dele, ou uma garantia judicial, melhor afirmando,
sob a promessa de o vendedor pagar, eu acho que está dentro do…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – É? Porque o valor de mercado, segundo avaliação da Prefeitura do Rio
de Janeiro, é de R$3,3 milhões. E, segundo imobiliárias, o valor de mercado é
de R$4 milhões, ou seja, duas vezes o valor pelo qual o senhor comprou.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O que eu posso informar é que
isso está sob investigação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Bom, que está sob investigação nós sabemos.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Fica melhor ainda, não é? Para
mim, fica ótimo, porque nós vamos poder mostrar as razões, o porquê do valor
um pouco abaixo do mercado. O imóvel estava gravado, com penhora, ou dado em
pagamento. Alguma coisa assim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor declarou, no imposto de renda, que pagou, em 2014, a quantia
de R$273.334. Esse valor foi pago para quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não entendi. Desculpe-me.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Estou fazendo outra pergunta: o senhor declarou no imposto de renda
que pagou, em 2014, a quantia de R$273.334.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está indicado lá, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois é.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está indicado. Não me lembro. Não
me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não se lembra de um pagamento de R$273 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro. Neste instante,
não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois é. Por isso eu estou perguntando.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas se está aí, por favor, me
ajude, porque eu não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, mas espere lá: é o senhor quem tinha que saber.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas como eu vou saber?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ainda mais um pagamento de R$273 mil… O senhor é quem tinha que ter
essa informação. O senhor tinha que nos dar essa informação.
Eu lembro as contas que pago, eu
lembro os telefonemas que dou… Os fatos relevantes da minha vida, de
movimentação financeira, eu costumo lembrar.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu gostaria de ter uma memória
igual à sua.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, não precisa. Talvez eu não ganhe tanto quanto o senhor. Deve ser
por isso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Talvez, mas, quanto à memória, eu
invejo a de V. Exª.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não precisa, não. A sua é que eu acho que está seletiva.
Bom, o senhor não registrou a
aquisição do Apartamento nº 9 no cartório de registro de imóveis, como
determina a lei. O senhor sabe informar por quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que imóvel é esse?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O imóvel do qual falamos anteriormente.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu o vendi em seguida.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Aí o senhor achou por bem não registrar. Mas a lei determina que o
senhor registre…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, foi feita a escritura
pública… e eu não sei se houve o registro, porque você passa isso para o
despachante…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não lembra também se houve o registro…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Escritura pública tinha,
porque eu faço com escritura pública e registro no meu imposto de renda. A
operação está registrada no imposto de renda. Se foi feito o registro do
imóvel… Existe a escritura e o registro do imóvel. A escritura foi feita e
declarada no meu imposto de renda. Agora, se foi feito o registro, eu não
sei.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Deixe-me fazer uma pergunta ao senhor: diante de tanto registro de pagamento
de R$600 mil, de lancha de R$1 milhão, não sei o quê, qual é a atividade
empresarial do senhor? O senhor tem alguma atividade fora do futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sou advogado.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – O
senhor foi um advogado bem-sucedido?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Fui muito bem-sucedido.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Não, eu não estou duvidando de nada não, porque no Brasil há um que ganhou 27
milhões só de palestras, em quatro anos. Não estou duvidando de nada.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não tenho 27 milhões, doutor.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) –
Não, eu estou só… Porque a sua movimentação, de acordo com o Coaf, é uma
movimentação que passa…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ele informa que o Coaf está mentindo.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR – ES) – É
muito difícil todo mundo estar mentindo, assim, de forma seguida. O senhor
tem até o direito constitucional de falar o que o senhor quiser. E é até uma
contradição muito séria, porque o nosso ordenamento jurídico é meio
esquizofrênico, não é? Ele é
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16:35
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é meio esquizofrênico, ele é
esquizofrênico, porque um cidadão de bem é arrolado como testemunha. Não
cometeu crime nenhum, só testemunha. Ele chega na frente do juiz. O juiz: “O
senhor jura falar a verdade? Porque, se o senhor mentir, eu lhe prendo.” O
cara nem é o criminoso, mas o criminoso pode mentir. E o outro que não é o
criminoso, se mentir vai preso. E a lei diz que o criminoso pode mentir,
porque ele não tem obrigação de criar prova contra si mesmo, para mim o
ordenamento jurídico é esquizofrênico.
Agora, um dado errado da Polícia
Federal, o senhor vai mostrar no seu passaporte, como eu sugeri, mostra aí
que o senhor não não viajou e tal, se equivocaram e tal, o jato era da CBF,
tudo bem. O Marinho estava dentro, é tanto que já botaram a mão nele. Também
não sei se ele estava ou não, mas beleza. Mas todo mundo não dá, não é? Todo
mundo não dá, quando todo mundo está errado, só falta uma coisa na vida: é
chover para cima e aí isso não ajuda ninguém, isso não ajuda ninguém.
Eu acho que, neste momento, além de
o senhor não criar prova contra o senhor, o senhor é advogado, nem precisava
falar isso, porque advogado também precisa de advogado, não é? Mas, nem eu
que não passei no vestibular já sabia disso também, então, ninguém precisa
ensinar essa parte para ninguém, mas também o senhor precisa fazer alguma coisa
que contribua com o senhor, porque quem está no processo investigativo não
quer ser chamado de mentiroso, porque o senhor duvida que o FBI está vendo o
seu depoimento? O senhor duvida que a Polícia Federal está vendo o seu
depoimento? Que o Ministério Público Federal, não, está todo mundo vendo o
seu depoimento? Está todo mundo vendo o seu depoimento. Então, não dá para
achar que todo mundo é mentiroso. O senhor pode não ser, pode não ter
cometido crime que estão lhe imputando do tamanho que ele é, agora, tanto
nesse bojo, não é possível, que o senhor… Isso só acontece no Palácio do
Planalto: Eu não vi, não sei quem foi, eu não vi, não estava perto. Porque
viu. Sabe. Tem erro? Tem. É tanto que a Alemanha já sabia tudo o que ia
acontecer com a CBF no Brasil. É tanto que deram de 7 a 1. Isso é
emblemático: 171. Eles já sabiam, meteram 7 a 1 para dar certo depois. Quer
dizer, um placar profético, lá para a frente. Deu no 171.
Agora, o senhor não pode se isentar
o tempo inteiro, o senhor está na frente de Senadores, de um processo
investigativo, de uma CPI, ninguém aqui é tolo para dizer: “Eu não fiz, eu
não estou, eu não vi, não é bem desse jeito.” Porque é um processo
investigativo. E essas informações que os Senadores estão com ela aqui e
perguntando ao senhor, não é fruto de imaginação nem do que publicou a
revista Veja. É fruto do que foi mandado dessas instituições
que estão dentro do processo investigativo.
Quando o presidente da CPI, Senador
Romário, abre, eu estou aqui, com o que disse o FBI, com o que disse o FBI.
Esse é o mesmo FBI que prendeu a cúpula da FIFA, que levou o Marinho embora e
que, se ele não entrar num acordo, numa delação muito boa, nunca mais ele vai
volta na Pátria amada aqui, vai ter que ficar por lá mesmo.
Então, o que me intriga é que o
processo não é só desta CPI, para no final esse relatório do senador Romero,
que é um relatório que tem que ter a robustez do tamanho da investigação da
Polícia Federal, tem que ter a robustez do tamanho do que disse – não dá para
ser menos do que isso – o FBI, de que lá na frente o senhor pode até se
aliviar neste momento, porque esse não vi, não sei e tal, mas não é o que vai
colaborar a seu favor. Ninguém está lhe pedindo delação premiada aqui, mas
também não dá para o senhor, o tempo inteiro, dê essas negativas de que não
vi, não foi.
No dia das prisões na Suíça, que o
senhor veio embora, eu até entendo, porque um momento daquele lá, eu teria
esquecido até meu nome. Eu nem saberia mais quem eu era, eu ia sofrer de
amnésia para a vida inteira. Eu nem iria lembrar que eu saí do Brasil. E o
fato de o senhor ter lavado, certo? Qualquer cidadão no seu lugar em igual
oportunidade teria feito a mesma coisa e voltar, nunca mais.
O senhor quer visitar a Suíça?
Nunca mais, nem que a passagem seja de graça, estou certo? Então, veja, mas… (Risos.)
Não, eu não estou com brincadeira
não, eu estou falando uma coisa séria, é que eles ficam sorrindo, acho que é
do meu sotaque, eu sou nordestino e as pessoas têm esse preconceito conosco,
com o nosso sotaque.
Então, veja, nem com passagem paga
o senhor volta mais lá.
Então, veja, não dá para o senhor
dar essas negativas todo o tempo com valores e tal. Com esse menino aqui,
você viu ele falar, que ele é colega de vocês, só que isso é um criminalista,
é um constitucionalista, isso sabe tudo, com essa cara de menino e ele sabe
tudo desse Código doente nosso.
Então, ele não está falando
bobagem, então, isso não colaborará com o relatório do senhor, certamente, o
Senador Romero não pode diminuir uma palavra do que foi posto aqui. O
relatório terá a mesma robustez, não colaborará com o senhor.
Aqui não. Aqui não, mas quando essa
reunião terminar e vocês forem para casa, o nobre, excelente, o maioral dos
advogados de São Paulo, que é
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16:40
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dos advogados de São Paulo, que é o
Batochioi, vai dizer que eu estava certo. Até porque isso não está em quatro
paredes e aqui, na TV Senado, de baixa audiência. O mundo todo que está nesse
processo investigativo está olhando para o senhor.
Então, num eventual aperto em cima
do João Havelange, do genro dele, esse menino que é quase inocente… Os
presidentes dessas federações do interior do Brasil afora, que mantiveram
esse cara no poder tanto tempo só porque o achavam bonito, só porque achavam
que ele tinha os olhos azuis, eles votavam nele. Esse processo vai muito a
fundo. Então, penso que o senhor é um homem inteligente, um advogado. O
senhor sabe que não pode construir prova contra o senhor. Agora, dar negativa
de número: “Eu não sei, esse imóvel aqui eu não me lembrava”.
E essa lancha aqui? Uma lancha?
Isso não é uma canoa. Não estamos falando de uma canoa de tirar areia da
beira do rio, não, estamos falando de uma lancha. Então, esse relatório
certamente não contribuirá com o senhor.
Eu não estou fazendo nenhuma
pergunta porque eu não pertenço a esta CPI e não disponho dos elementos
investigativos que estão na CPI. Eu estou tão somente fazendo considerações,
com a experiência que sempre tive presidindo grandes CPIs de resultado neste
País. Isso não colabora.
Todo mundo que eu vi depor ao meu
lado… E olhe que, na CPI do Narcotráfico – eu não estou falando de inocente,
estou falando de feras brabas, de Hildebrando Pascoal e companhia para a frente
–, quem tentou usar esse artifício, o final é o final que todos nós
conhecemos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Rapidamente, Presidente, já concluindo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Por favor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor conhece o Sr. Wagner Abrahão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conheço.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor comprou um apartamento da empresa JAT Imóveis, que pertence
aos filhos dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Comprei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor sabe me dizer o valor do apartamento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Cinco milhões e duzentos mil
reais.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Ainda bem que o senhor se lembra, há aspectos…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu falei do primeiro também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor sabe que o Sr. Wagner Abrahão é dono do grupo Águia, que é
fornecedor da CBF, durante muitos anos foi fornecedor da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor declarou ter pago R$2,82 milhões. Logo em seguida, a empresa
JAT Imóveis sacou R$2,85 milhões em espécie, na boca do caixa. Eu lhe
pergunto: houve alguma triangulação aqui, com o Sr. Wagner Abrahão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sei que eu paguei. O que ele
fez com o dinheiro eu não sei. E não foi com o Wagner, não, foi com a JAT.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não recebeu de volta o dinheiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ah em hipótese alguma. Era
absurdo, não é, eu receber de volta?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor declarou ter doado, em 2014, a quantia de R$1,14 milhão para
Srª Carolina dos Santos Galan. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse é um problema que eu não
gostaria de falar. Trata-se de uma ex, uma moça com quem eu vivi. É um
assunto privado, eu dei esse dinheiro para ela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Obviamente, nós não queremos…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É quase que uma partilha.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeito. Nós não queremos adentrar ou nos imiscuir na sua vida
privada, particular, que diz respeito ao senhor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas foi dado, foi feito, mesmo.
Eu tinha que fazer.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Foi feito. O.k.
Mas não consta dos registros
bancários nenhuma transferência identificada. Como o senhor fez?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, esses R$900 mil do
apartamento fazem parte desse valor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu não falei de R$900 mil.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu estou dizendo para o
senhor, eu estou afirmando. O senhor falou de R$900 mil de um apartamento…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, mas espere aí, o senhor está falando de R$900 mil dos quais eu
não estava falando. O senhor pode me dizer de onde vêm esses R$900 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor me falou agora há
pouquinho sobre um apartamento, sobre o nome de uma pessoa a quem eu emiti um
cheque de R$900 mil.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Desculpe, repita.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor me falou agora há
pouquinho sobre determinada pessoa. O senhor mencionou o nome, eu não me
lembro agora novamente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – João do Carmo Mendes?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – João do Carmo, é. Eu não sei se é
esse, não me lembro do nome dele. Eu sei que eu paguei R$900 mil num
apartamento que foi escriturado em favor dela, mas com cheque meu. Quando eu
declarei os valores, eu declarei junto esse valor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Então, deixe-me ver se entendi. Esses R$900 mil têm relação com o
R$1,14 milhão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi na separação, faz parte.
Desse R$1,14 milhão, os R$900 mil fazem parte.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor declarou que doou, em 2014, R$130 mil a Carolina Oliva Muniz
Ferreira. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque tive uma relação com ela e
resolvi presenteá-la com isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Cento e trinta mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na verdade, isso faz parte da
compra de um carro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Carolina dos Santos Galan…
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16:45
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Carolina do Santos Galan foi um
processo de separação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – De separação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E Carolina de Oliva Muniz Ferreira foi um presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi um relacionamento que nós
tivemos durante algum tempo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, não precisa falar detalhes, só… Foi um presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi um presente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só que não consta registros bancários. O senhor passou foi pelo
banco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Cento e trinta mil, declarado no
meu Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tem declaração de Imposto de
Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nós não temos registro bancário. No Imposto de Renda nós temos; não
temos registro bancário. Então, foi em espécie esse dinheiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tinha dinheiro em espécie
também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Essa informação é importante, é uma informação importante que o
senhor nos presta.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está previsto, está no meu
Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O.k., está no Imposto de Renda.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tudo está no Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Mas o senhor há de convir que não é normal andar com 130 mil em
espécie.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Às vezes é, nós tivemos uma fase…
ORADOR NÃO IDENTIFICADO – Senador Randolfe, foi um gesto…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Entendi.
O senhor declarou ainda no Imposto
de Renda que doou, em 2014, 85 mil à Marcia Baldrati Del Nero, que é a sua
ex-esposa. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que foi um acordo de
família, acordo de família.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só que também não consta em registro bancário. Também foi em espécie?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Provavelmente, sim, mas eu tenho
os valores.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – É que tem várias movimentações aqui que eu relatei que não tem em
registro bancário. O senhor costuma movimentar dinheiro em espécie, então?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas o senhor pode examinar o meu
Imposto de Renda que…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, do Imposto de Renda, Dr. Del Nero, não escapa nada.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O dinheiro, pode ser feito
pagamento em espécie e em cheque, em banco.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeitamente, Dr. Del Nero, pode ser feito por registro bancário,
que é o mais e trivial.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É que o real é a moeda
circulante, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Claro que é!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é proibido.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O que não é comum são movimentações dessa monta, e tem três
movimentações com pessoas com que o senhor se relacionou em espécie, em que o
senhor não utilizou o sistema bancário. O que nos chama, o que nos causa?
Espécie.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não é proibido.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, claro que não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Então?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só que chama a atenção e é estranho a movimentação ter sido feita em
dinheiro em espécie.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas tem origem a chegada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor tem alguma aversão à transferência bancária, não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tem origem a chegada desse
dinheiro para mim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, a pergunta que eu lhe faço é a seguinte…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Depois que eu recebi, eu faço o
que bem entender dele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não, do imposto, ninguém escapa do imposto, Dr. Del Nero, ninguém
escapa. Tem duas coisas de que ninguém escapa na vida: a morte e os impostos,
principalmente o de renda. Escapa, né?
Então, eu lhe pergunto, a questão
da minha pergunta em relação a isso é a seguinte: o senhor tem alguma aversão
à transferência bancária?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma aversão.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só que, nesses casos, o senhor resolveu fazer…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Algumas vezes, sim; outras vezes,
não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O.k.
O senhor declarou ainda, no seu
Imposto de Renda, ter doado 1 milhão, 140 mil para, como já foi dito, a Srª
Carolina Galan, sendo 420 mil em 2013 e 1 milhão, 140 mil, em 2014. Em seu
sigilo bancário não constam operações identificadas equivalentes a esse
valor. Então… Mas o senhor já respondeu, foi também em espécie. Todas as
transferências em dinheiro, tanto em 2013 quanto 2014, para a Srª Carolina
Galan, foram em espécie?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todas em espécie.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Foi dinheiro vivo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Moeda corrente nacional
parcelada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Dentro do exercício.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Perfeito.
Eu concluo, Sr. Presidente, dizendo
o seguinte: os últimos três presidentes da CBF, aí incluo o senhor, foram
afastados da entidade sob suspeita de corrupção. O senhor pediu afastamento.
O senhor considera que a CBF é um terreno fértil para a corrupção?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não considero. Não porque
nunca me foi proposto nada e nunca aceitaria que alguém propusesse, nunca
permitiria que isso ocorresse.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor afirma, então, que não há corrupção na CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não tem corrupção na CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não há corrupção na CBF.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – A CBF… E o que aconteceu com o Sr. Ricardo Teixeira e o Sr. José
Maria?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF não tem caixa dois, não faz
nada errado, paga todos os seus impostos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – E o que aconteceu com o Sr. José Maria Marin? O senhor considera que
é um equívoco da Justiça, do FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não sei se… Ele está
respondendo alguma coisa nos Estados Unidos. Eu não sei aqui, no Brasil se
tem alguma coisa contra ele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Talvez porque lá tenham sido mais espertos do que nós aqui.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Segundo
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16:50
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O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – … Segundo a Procuradora-Geral dos Estados Unidos, ele dirigiu, e uma
máfia se apropriou do futebol, em um esquema de corrupção sem precedentes. As
palavras não são minhas; são da Procuradora-Geral de Justiça do Estado
norte-americano.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É a opinião dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Eu lhe pergunto, Sr. Del Nero… O senhor é um presidente licenciado.
Eu lhe pergunto, em homenagem a esta CPI, ao Senado e ao povo brasileiro. Eu
lhe faço um apelo. Não há dúvidas de que o futebol do nosso País está no
fundo do poço. E esse fundo do poço, Presidente Romário, não é por causa dos
7 a 1; é pela sequência de fatos e pelas denúncias que existem em relação à
CBF. O senhor não acha que o melhor procedimento de sua parte hoje é
renunciar para iniciarmos uma fase nova da história do futebol brasileiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É um assunto opinativo de V. Exª,
mas eu acho que nós temos que fazer uma reflexão sobre isso. Não é o que eu
penso neste momento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP. Fora do microfone.) – Sem mais perguntas.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu só gostaria de esclarecer,
mais uma vez, que nunca fui a Barbados; nunca me reuni com o ex-presidente
Marin e o Sr. Hawilla juntos; não movimentei 27 milhões de 2014 a 2015;
comprei e vendi o apartamento hipotecado e avaliado e com valor venal. Achei
que fiz um negócio aparentemente bom, em um momento, mas corri para me
desfazer dele, porque fiquei com medo. Depois que fizesse uma reforma, eu
poderia perder o apartamento. E, aí, como é que ficaria? Expliquei a compra
da lancha e tenho cópia do cheque.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem.
Passo a palavra, agora, ao Senador
Wellington Fagundes.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Sr.
Presidente, quero aqui saudar o nosso Presidente Romário, também o Relator
Romero e o nosso Vice-Presidente Paulo Bauer; como foi falado aqui também,
cumprimentar o nosso ex-companheiro, Deputado, que tem também, como foi dito,
uma larga experiência como jurista, mas também uma brilhante atuação nesta
casa, Dr. Batochio; e cumprimentar também o Sr. Marco Polo Del Nero.
Eu tenho algumas perguntas – já
estão todas elas prontas –, e o senhor pode responder de acordo com o que
entender que fica melhor.
Sr. Marco Polo, há suspeitas de que
o senhor teria influenciado os votos das demais federações e dos clubes para
a sua eleição a partir de um contrato de patrocínio da Chevrolet com as federações
estaduais. Qual foi a sua participação na expansão dos contratos de
patrocínio da montadora às federações estaduais?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os dias, já quando
presidente da Federação Paulista de Futebol, que era uma federação muito
poderosa, muito grande, todas as federações vinham lá e perguntavam: “poxa,
me indique um patrocinador, me indique alguém que pudesse…” E a gente, dentro
do possível, fala para muita gente. Mas não é todo mundo que patrocina.
No caso dessa empresa que o senhor está
mencionando, quero afirmar o seguinte: essa empresa também patrocinou pessoas
que eram oposição à minha pessoa, à candidatura a presidente da CBF, caso do
Estado do Rio Grande do Sul, caso do Estado de Santa Catarina. Não sei
outros, não, mas com certeza esses dois foram. Não sei se Paraná também foi.
Não sei. Esses dois, com certeza, eu posso lhe informar. Mas não tem nada a
ver.
Não faz muito tempo, não, que eu
pedi para a Itaipava, que também patrocina o Campeonato Paulista, que
ajudasse as outras federações, porque é voz das federações pedirem para… Se o
senhor encontrar um presidente de federação, ele vai pedir para o senhor
ajudar. Está aqui o Deputado Góes, que está querendo patrocinador. Se o
senhor puder indicar… E todos nós queremos ajudar.
Então, conversei com o pessoal da
Itaipava. Ele ligou para a Bahia, o único local que tinha interesse, e a
Bahia não poderia fazer. E ela não fez. Isso é normal. Você tem a obrigação…
Eu tenho a obrigação de ajudar. O senhor… obrigação de ajudar. O senhor não
tem, mas eu tenho. Como Presidente da Federação eu tenho a obrigação de
querer ajudar as outras federações.
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16:55
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O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Normalmente, esses patrocínios têm algum agenciamento, empresas que cuidam
disso – como, por exemplo, existe patrocínio na cultura, empresas que fazem a
captação. Isso é normal no esporte? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Isso é normal.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Isso também faz parte do trivial? Como é que funciona isso? O SR. MARCO POLO DEL NERO – Normal. Funciona. Quem
traz a empresa recebe uma comissão.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Inclusive, também, isso com empresas e até privados, por exemplo, um
profissional, um advogado ou outra profissão qualquer? Também isso é normal? O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode ser.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Eu
acho que é no sentido de esclarecer. O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Eu não vi, eu não me lembro agora se algum advogado teve essa participação.
Creio que não. Mas as pessoas que levam alguma coisa pedem um contrato antes
de trazer o patrocinador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Desculpe-me a interferência.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Nesse caso do contrato com a Chevrolet, quem foi o
intermediário? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Foi o Sérgio Gomes.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Sérgio Gomes. Muito obrigado.
Por favor.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Nessa linha, isso, normalmente – é claro –, é feito de uma forma
profissional? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Profissional
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – As
pessoas que vão lá fazem isso… O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Sim.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – …
recebem o seu honorário, digamos, com toda a documentação da vinculação ou da
triangulação, enfim, oficial. É isso? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Sim.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Isso é a prática normal dentro do futebol? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Prática normal.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Quanto ganha um dirigente da CBF? E, também, os dirigentes das federações,
normalmente, têm um salário? Como é que funciona isso? As despesas, como é
que funcionam? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Algumas federações, sim; outras, não.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Nós
vamos falar da CBF, então. O SR. MARCO POLO DEL NERO –
A CBF tem salário.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Tem
salário. E claro, também, todas as despesas de transporte, enfim, tudo isso é
de forma… O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Sim, sim, todas as despesas.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – E o
salário é público? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Aumentando o meu imposto de renda (Risos.)
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Está bom, isso a CPI pode procurar. É claro que o senhor não tem a obrigação,
aqui, de estar colocando. Acho que não – não é? –, mas, aí, o Presidente pode
depois, até, questionar em relação ao poder da CPI.
Em reportagem publicada no início
deste mês, o jornalista Rodrigo Mattos teceu comentários acerca do documento
do Departamento de Justiça dos Estados Unidos – que já foi abordado aqui,
inclusive, antes – que tornou público o indiciamento de 16 dirigentes ligados
à FIFA, entre eles, o seu nome também é indicado e o senhor até já abordou
esse assunto aqui. Gostaria que o senhor aqui nos falasse qual o valor oficial
pelo qual eram vendidos os direitos de transmissão da Copa do Brasil? E
quanto era repassado aos clubes participantes da competição? Ou alguma outra
captação de patrocínio? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Eu não tenho o contrato neste momento aqui. Qualquer coisa que eu falaria
para V. Exª estaria equivocado.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Certo.O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Mas esses contratos que foram mencionados, tão logo houve a prisão do
pessoal, daquelas… dos presidentes na Suíça, tão logo isso ocorreu – e foi
mencionado –, os contratos da Copa do Brasil e da Nike, imediatamente, a CBF,
reunindo com o Presidente o departamento jurídico, entenderam que deveria ser
encaminhado à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal. Então, esses
contratos foram enviados a essas autoridades públicas.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Aqui, foi até abordado, também, que V. Exª pediu licença da CBF tão logo isso
aí foi apontado. Eu até quero dizer que é elogiável, porque tivemos aqui,
inclusive, o exemplo do Ministro Hargreaves – ele fez o mesmo –, e tão logo
tudo foi esclarecido, ele voltou até fortalecido – não é? – por parte dentro
do próprio ministério, na Casa Civil à época.
Aqui, o Sr. Marcus Vicente, em recente
artigo assinado pelo… aqui naFolha de São Paulo,
ele diz:
“Não se troca governo, não se
exorciza os fantasmas do esporte nem se concertam as mazelas de gestões
infelizes atropelando lei e ritos. Agir assim é ilegal e ilegítimo, tanto na
política quanto no futebol. Fora das regras, tudo é jogo sujo.”
Levando em considerações as prisões
denunciadas e as investigações de dirigentes da CBF em curso, tanto em nível
nacional quanto internacional, o senhor consegue identificar algum
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17:00
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o senhor consegue identificar algum
erro nas gestões anteriores? E quais os planos para a sua gestão? Vou partir
do princípio da sua inocência, depois de tudo julgado. O senhor pediu
licença. Licença é um ato de afastamento. O senhor pretende voltar para a
CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pretendo provar a minha inocência
e voltar.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – O
senhor pretende voltar. Voltando…
Esta CPI tem o objetivo de
investigar, mas também tem o objetivo de contribuir para a melhoria do
futebol brasileiro.
Voltando a assumir a CBF, quais são
os seus planos para melhorar aquilo que o senhor entende que foi errado e que
precisa ser aperfeiçoado?
Nós gostaríamos, inclusive como
fizemos aqui com outros dirigentes das federações, que V. Sª falasse, se
tiver um planejamento, porque todo o Brasil espera isso. Nós queremos
elucidar, queremos resolver, mas queremos contribuir também para a melhoria
do futebol. Nós gostaríamos que V. Sª mandasse para a Comissão aquilo que a
CBF pretende fazer – inclusive poderemos incluir as propostas no relatório
final – em termos de sugestões, de melhoria da legislação. O senhor poderia
abordar esse aspecto? Como o senhor vê isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na minha fala inicial, eu disse o
que pretendo fazer e o que estamos pretendendo fazer na CBF.
A gestão, a transparência e a ética
são fundamentais. Por isso, nós contratamos a empresa Ernst & Young, que
fez um trabalho muito grande e conheceu a CBF profundamente. Ela está
entregando esse trabalho para nós, e tudo que está lá, muito certamente, será
colocado em prática.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Mas
quando eles vão terminar esse trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tenho a impressão que terminará
agora, no final do ano.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Não
é muito tempo, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, não.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Está bem.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eles estão lá desde abril. Desde
quando eu entrei, eles estão trabalhando. Então, logo que concluam, nós vamos
colocar em prática. Muitas das propostas nós já colocamos em prática. Uma
delas, por exemplo, refere-se à reeleição. Tudo que eles vão falando nós
vamos captando e fazendo. Código de Ética: já colocamos no estatuto da
entidade. Há coisas que já vamos colocando em prática.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Nessa linha, como nós já estamos… Como a maioria já falou, já o inquiriu,
como o senhor se sente neste momento? Está valendo a pena vir à CPI? A sua
apreensão era apenas de que esta CPI tivesse a preocupação de inquiri-lo para
investigação ou V. Sª entende que é possível aproximar-se mais do Parlamento,
inclusive da própria CPI, para promover a melhoria do futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho, pelo nosso Congresso, o
mais alto respeito. Sou advogado e sei o quanto é importante um Congresso
vivo, trabalhador.
Então, eu venho aqui com muita
honra e com muita satisfação, no sentido de poder contribuir com alguma
coisa. Modestamente, quero contribuir. A gente fala alguma coisa, e
certamente os senhores vão avaliar e vão acrescentar algo àquilo que estou
fazendo. Mas é uma honra muito grande estar aqui com os senhores.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – A
harmonia entre V. Sª e o Vice-Presidente, que hoje está como Presidente
interino, é total?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Perfeita. Eu que indiquei o nome
dele. Poderia ter feito a indicação de outras pessoas, mas indiquei o nome
dele.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) –
Apesar de ter mais algumas perguntas, antes quero dizer, pela minha
experiência como Deputado Federal, que nós já tivemos aqui, no passado…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tivemos.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – … a
CPI da CBF.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Da Nike.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Da
Nike, exatamente. Mas havia o envolvimento da CBF. Àquela época, a CBF
inclusive montou uma estrutura aqui. E é normal toda instituição ter aqui a
relação parlamentar, contando com funcionários para acompanharem os
trabalhos. Por que V. Sª entende que isso foi abandonado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Não foi abandonado.
Desculpe-me. Nós temos aqui uma subsede e um diretor de assuntos
parlamentares no Congresso, que é o Dr. Vandenberg, que está presente aqui.
Nós nunca deixamos de acompanhar a legislação, de nos aproximar para ver o
que acontece. Os projetos… para ver o que acontece, os projetos dos
Deputados, aqueles que nós pudermos apresentar, nós trazermos, não só para os
Deputados mais próximos, mas, de uma forma geral, a gente às vezes estarta
para todos.
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17:05
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O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Em
relação à Lei Geral da Copa, o senhor entende que a CBF acompanhou pari passu o que nós votamos aqui? Quais foram
os erros e o que poderia ter sido melhorado, inclusive em relação àquilo que
foi o pós-Copa? Hoje a população cobra muito de todos nós. Qual o legado que
ficou com a Copa do Mundo? O SR. MARCO POLO DEL NERO –
Nós…
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Só
vou concluir.
Fora o sete a um, que foi o trauma
maior… Eu me lembro bem que muitos diziam que o Brasil já tinha comprado, e
que o Brasil ia ganhar e aquele seria o resultado da eleição, inclusive
presidencial. Eu apoiava a Presidente Dilma, como apoio até hoje. Fazemos
parte da Base. Acho que cada um paga pelo seu erro. Mas, naquele momento,
todos nós íamos para as praças públicas, principalmente nos grandes centros
que foram montados nas capitais, e tínhamos também convicção, como eleitor
brasileiro, que queríamos que o Brasil ganhasse. Eu me lembro quando cheguei
a um grande centro em Cuiabá. Como era o nome dos centros onde eram os
telões, a praça onde havia os shows?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB
– RJ) – Fan Fest.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Fan
Fest. Lá nós estávamos, com meu candidato a Governador, toda a equipe. Na
hora que foi um a zero, dois a zero, eu já estava saindo. Meu filho já me
ligou: “pelo amor de Deus, pai, o que o senhor está fazendo aí?” Esse, na
verdade, foi um resultado que ninguém tinha como conduzir. É claro que nós
não queríamos o 7 a 1.
Mas, nesse aspecto, a população nos
cobra, por exemplo, os estádios. Nós já discutimos com o Presidente da
Federação, por exemplo, de Rondônia. O que eles mais querem é um estádio lá.
Por outro lado, naqueles estádios que foram construídos, existe a crítica de
que são os elefantes brancos. A CBF tem algum planejamento? Até agora, o que
a CBF fez para o pós-Copa?
Também há os centros de
treinamento. Não sei quantos centros ficaram de obrigação de a CBF construir
nas cidades que não foram contempladas como subsedes. Como está isso? A CBF
tem um recurso suficiente para a construção desses centros, que foi o
compromisso? A CBF tem o planejamento para fazer o desenvolvimento desses
centros, para melhorar o esporte do interior? O SR. MARCO POLO DEL NERO – Senador, nós temos que
lembrar… A memória da vitória, o prazer da vitória, passa rapidamente. A
derrota fica amarga, às vezes, eternamente. Em 2013, na Copa das
Confederações, o Brasil entrou desacreditado e disputou a final contra uma
Espanha que era campeã do mundo. Eu me lembro muito bem que um dirigente da
FIFA, antes do jogo, me olhou e falou: “Olha, hoje vai ser quatro a zero para
a Espanha”. Ele não era espanhol, não; era francês. “Vai ser quatro a zero
para a Espanha”. E nós fomos campeões da Copa das Confederações. Talvez até
eu possa dizer que isso tenha sido um erro, daí para a frente, do grande técnico,
espetacular técnico, Scolari, porque ele ficou com essa vitória de um ano,
pensando que os mesmos jogadores, um ano depois, poderiam dar conta. E o
jogador de futebol é de temporadas. No primeiro semestre, ele joga muito bem;
no segundo semestre, ele não está bem; dois anos seguidos, ele vai muito bem;
dois anos depois, ele passa várias temporadas sem jogar bem.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Só
o Romário, que foi craque muito tempo e continua craque aqui na CPI. O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas os fora de série
são os fora de série, e nós temos que respeitar sempre. Nós temos o Neymar
também, fora de série, o próprio Ronaldo, e outros tantos jogadores que são
fora de série, mas que também tiveram uma fase às vezes momentânea, muito
pequena, mas não boa.
Eu acredito que o Felipe Scolari,
que é um grande técnico, um homem de bem, que merece o maior respeito, ficou
com o mesmo time da vitória da Copa das Confederações
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17:10
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e isso fez com que nós não
tivéssemos, na Copa do Mundo, os melhores jogadores do mundo, creio eu. Os
melhores preparados para a Copa. Porque um jogador, só, não ganha. Nós temos
que ter um conjunto de jogadores para ganhar uma competição. Eu acho que esse
foi o grande erro do grande técnico Felipe Scolari na época e a razão de a
gente não ter ganhado essa Copa do Mundo.
Com relação ao legado, como eu lhe
falei, muita coisa boa ficou. Nós percebemos que nos estádios novos o público
faz questão de participar, o clube sente aquilo como se fosse o país dele,
num estádio novo. Ele sente uma felicidade muito grande. Nós temos tido
públicos espetaculares em São Paulo, na Arena Corinthians e na Arena
Palmeiras.
Vejo até – o Corinthians nem tanto,
porque ele sempre teve grande presença de público até no Pacaembu, porque ele
sentia que aquela era a sua casa também. Mas na Arena do Corinthians, lá em
Itaquera, o público é presente, são 40 mil pessoas presentes em todos os
jogos. E isso tem acontecido também com a arena nova construída pelo
Palmeiras. Menor, mas 38, 39 mil pessoas presentes. E em outros Estados
também ocorre da mesma forma.
É evidente que o legado tinha que
deixar outras coisas. E deixou. Sei que o aeroporto de São Paulo foi
melhorado, outros aeroportos foram melhorados, vias de acesso foram
construídas, enfim muita coisa boa ficou. Talvez devesse ficar muito mais.
Mas foi o que pôde ser feito naquela oportunidade.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Mas
o senhor não colocou… Qual a responsabilidade, como é que o senhor sente que
a CBF tem a responsabilidade com esse pós-Copa, em relação à organização do
futebol e principalmente ao apoio aos Estados menores, como é o caso do
Estado de Mato Grosso e outros Estados, que, infelizmente, o nosso futebol
praticamente está acabado.
Aliás, tivemos lá agora o Lucas do
Rio Verde, enfim, mas…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Exmo Senador, outrora nos campeonatos, em
qualquer competição…
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – É o
Rioverdense, para não ficar…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em qualquer competição estadual –
Vamos dar um exemplo de São Paulo –, não se permitia sair de São Paulo para
fazer a mando do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras, ou do Santos, lá no
estádio de Curitiba e qualquer outro local. Não se permitia.
Da mesma forma, os clubes grandes
do Rio de Janeiro não permitiam isso. Com a presença, com a criação desses
novos estádios, não teve como o presidente da Federação não conversar com os
clubes e mostrar a eles que havia necessidade de ajudar esse Brasil maior.
Então, esses clubes, nós
autorizamos – a Federação carioca e a Federação de São Paulo começaram a
autorizar – que esses clubes viajassem para esses outros Estados. Antes não
havia isso, era muito raramente. Agora, costumeiramente.
E depois disso, depois que começou
a realização de grandes partidas fora do Estado, começou também uma
reclamação dos clubes. Que nós corrigimos em 2015. Qual seja, vamos dar um
exemplo: o Oeste, de São Paulo. É um clube pequeno e que teria que jogar no
Estado de São Paulo ou na sua cidade. Então, o empresário contratava o Oeste
ou ele sabia que a Praça de Manaus, que é uma grande praça, daria um público
espetacular. Então, ele levava o Flamengo para jogar em Manaus, evidentemente
que as passagens eram pagas, mas isso acarretava para os clubes grandes um
grande problema de deslocamento, de cansaço para os seus jogadores, etc.,
etc.
Então, nós fomos obrigados a
colocar na competição, no regulamento geral das competições
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17:15
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(Em
execução).
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17:20
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contribuir para uma melhor
sobrevivência desses times do interior, dos campeonatos regionais. Enfim,
como seriam as seleções estaduais, como tinha antigamente.
Aqui sugeri também a possibilidade,
inclusive, da criação de um fundo – e aí eu gostaria que a CBF também pudesse
contribuir com isso, com ideias – que a gente pudesse captar de todos para
ser distribuído para aqueles Estados que mais necessitam. Inclusive, essa
questão da formação de ligas. O senhor vê isso como positivo também? Os times
que se juntam e formam ligas? Como é que o senhor vê isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós damos muito apoio à Copa do
Nordeste. A Copa do Nordeste tem uma diretoria, não é uma liga. Tem uma
diretoria, é uma forma de liga, que é a parte comercial. Toda a parte
organizacional pertence à Confederação Brasileira de Futebol, tanto que ela
participa do nosso calendário.
Não faz muito tempo, entendi que
nós temos de fazer competições para o Brasil inteiro, porque só dá o Sul, o
Sul e o Sudeste. Então, nós temos de fazer para o Brasil inteiro. Como?
Fortalecendo a Copa do Nordeste. Ela está fortalecida, está realizada, vai
muito bem obrigado. Daí nós criamos a Copa Verde. E até um nome que eu sugeri
e o marketing gostou do nome, Copa
Verde. Envolve toda a Região Norte e Centro-Oeste. Até o seu Estado também
está na Copa Verde. Foi feito o segundo ano, vai para o terceiro ano. Está
crescendo, mas tem muita coisa para fazer, Senador.
Posso dizer ao senhor que sinto
vontade de fazer muita coisa por este País ainda.
Acho que nesta Copa do Brasil…Temos
de fazer uma Pré-Copa do Brasil para dar vida. Essa Copa do Brasil, só para
explicar para o senhor, é dos clubes de cada Estado. São representados no
campeonato estadual, que indica alguém para a Copa do Brasil. Mas vão
disputar essa Copa do Brasil, na primeira fase, jogam um jogo, são
desclassificados e morre o sonho. E também os jogadores não são mais
empregados, ficam desempregados. Então, temos de fazer uma Pré-Copa do Brasil
– mormente no Nordeste, no Norte, mais no Norte, mas também no Centro-Oeste,
em várias regiões que têm dificuldades. Haveria um espaço de seis, sete
meses, disputando o futebol para se classificarem para a Copa do Brasil. E
daí, evidentemente, seriam remunerados, os clubes seriam remunerados para
pagar. Como as contas seriam pagas? Como são pagas as contas nas séries “C” e
“D” do Campeonato Brasileiro? A CBF paga tudo, só não paga o salário do
jogador. Isso é muito importante.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR – MT) – Sr.
Presidente, dou-me por satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito obrigado, Senador.
Antes de passar a palavra ao
Senador Paulo Bauer, gostaria só de fazer a comunicação de que o aliado do
Presidente, o Coronel Nunes, do Pará, acaba de ser reeleito. Dos 55 votos
possíveis ele obteve 44. O golpe da CBF foi dado.
A pergunta que eu tenho para fazer
ao senhor é a seguinte: senhor Marco Polo Del Nero, o senhor vai sair agora
da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Estou de licença. Vou
responder a esses problemas que nós temos. Tão logo eu demonstre a minha
inocência eu volto.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – E o senhor não vai renunciar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não vou renunciar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Então, qual é o motivo para colocar o Coronel Nunes,
do Pará, como um Vice de mais idade, já que existia, dentro do curso natural
da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não foi escolha minha. Eu chamo
aqui o testemunho do nobre Deputado Góes, Presidente da Federação do Amapá,
que estava presente. Foi uma escolha…Como ele representa mais a região…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Do Nordeste.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Região Norte…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – E o Marinho era do Sudeste.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do Sudeste.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Pertinho.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Rio de Janeiro, São Paulo, Minas,
Espírito Santo…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Hoje não têm um representante.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eles é que indicaram essa pessoa.
Não foi o Presidente da CBF que determinou. Foi em um reunião aberta, como
estamos aqui, que foi decidido.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Preidente, o senhor pode contar isso para eles, para
mim não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Democraticamente – desculpe-me,
só para concluir, Senador, os clubes opinaram. Reinaldo Bastos, você quer ser
candidato a Presidente? “Não”; Rubens Lopes, quer ser candidato a Presidente?
“Não”. E os outros que também foram convidados não aceitaram. E quem vocês
indicam?
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17:25
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e os outros também foram convidados
e não aceitaram. Quem vocês indicam? Indicamos o Coronel Nunes, Presidente da
Federação do Pará, e assim foi feito, democraticamente, dentro de um processo
eleitoral, normal, aprovado pela justiça agora.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Exatamente. Democrático, como sempre foi a CBF,
principalmente na sua gestão.
Passo aqui a palavra ao Senador
Paulo Bauer.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Obrigado, Sr. Presidente.
Quero aqui inicialmente registrar
que uma das informações – se assim podemos dizer – oferecida pelo presidente
licenciado da CBF foi de que tudo na CBF foi registrado. Quero dizer a V. Sª
que não tenho nenhuma dúvida disso.
Na verdade, a contabilidade da CBF
deve registrar tudo. Agora, o que nós questionamos e o que nós estamos
procurando identificar não são os registros que efetivamente existem na CBF.
Nós precisamos identificar os negócios que são feitos a partir desses
registros no entorno da CBF, conforme denunciado pelo FBI, conforme várias
vezes denunciado por jornalistas especializados e inclusive denunciado por
pessoas envolvidas.
A propósito, já que a contabilidade
registra tudo, eu queria consultar V. Sª a respeito do seguinte fato: A CBF
comprou a sede onde se encontra instalada por cerca de R$70 milhões e a CBF
gastou para reformar esta sede R$23 milhões. O senhor teve alguma
participação na decisão das obras que foram feitas como vice-presidente? O
senhor pode me dar alguma informação a respeito da razão que levou a CBF a
ter esse volume de despesas para reformar um edifício, uma instalação
comprada para sua instalação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF tinha uma sede alugada,
pagava entre R$100 e R$150 mil por mês, não sei exatamente quanto. O
Presidente Marin entendeu comprar uma sede para a CBF. Ele criou uma comissão
de compras – eu não participava dessa comissão de compras – mas alguns
presidentes de federações participavam, inclusive o de Santa Catarina.
Esses homens administraram a
negociação da compra ou posso estar enganado, existia a comissão de compras,
compra do imóvel e a comissão de obras ou as duas eram a mesma coisa – não
tenho bem certeza – mas havia uma comissão com membros de vários Estados para
a compra do imóvel e, provavelmente, para as obras.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor entende que R$ 23 milhões de reforma, numa obra que custou 70, é um
investimento que se justifica?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se o senhor conhecer a sede da
CBF…
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Não
tive essa oportunidade.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor está convidado a
comparecer, juntamente com os demais Senadores. É uma honra muito grande. É
uma sede muito bonita, à altura do futebol brasileiro.
Lá dentro foi criado um museu da
história do futebol brasileiro, que é algo espetacular.
Hoje são 9 mil metros quadrados de
área construída. É alguma coisa espetacular. O museu tem mostrado a grandeza
do futebol brasileiro, registrado para o mundo a grandeza do futebol
brasileiro.
Agora, é evidente que essa comissão
trabalhou e fez todo o seu papel. Agora, perguntei há pouco tempo para o
departamento jurídico, em razão dessas notícias, o departamento jurídico, que
era o presidente da comissão. Ele disse que fizeram três avaliações no
mercado, todas acima de 70 milhões. O imposto predial veio com valor de 71
milhões. O valor venal do imóvel veio com o valor de 71 milhões.
Então, foram feitas avaliações.
Tenho certeza absoluta
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17:30
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tenho certeza absoluta de que são
pessoas de bem, que trabalharam em favor do futebol e fizeram o melhor.
Infelizmente, eu não participei em
detalhes das obras.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Esta é
exatamente a questão: se o mercado avalia um imóvel em R$70 milhões, por ele
você paga R$70 milhões e o reforma por R$23 milhões, significa que o imóvel
estava completamente danificado, sem condições de uso, ou se gastou mais
dinheiro em cima, mas a questão não é…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, desculpe, eu posso
esclarecer. Quando foram feitas avaliações, era no estado em que se encontrava
o prédio.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Pois
não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Hoje, esse prédio, com essa
melhora que foi feita, deve valer pelo menos R$200 milhões.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Pois
não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pelo menos, porque eram 4,5 mil
metros ou 5 mil metros. Não tenho exatamente quanto, mas quase dobrou a
metragem com a reforma, e hoje é um prédio espetacular, à altura do nosso
futebol.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – A
outra pergunta é: qual é a sua relação com o Sr. José Margulies, também
conhecido como José Lázaro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Zero. Só o conheço.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor nunca teve nenhuma viagem com ele, nenhuma frequência dele na sua casa
ou no seu escritório ou sua na dele ou no escritório dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Nunca?
O senhor pode afirmar isso categoricamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Posso afirmar. Nunca tive um
relacionamento com ele íntimo. Eu o conheço…
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor consideraria, então, que o acordo de delação premiada que ele firmou
com as autoridades norte-americanas e onde ele, inclusive, se comprometeu a
devolver US$9 milhões, que é dinheiro resultante de propina, e ele acusar o
senhor de ser um beneficiário desse processo de propinas do qual ele
participou tem alguma razão de uma relação odiosa que ele poderia ter com o
senhor ou alguma frustração por não tê-lo como seu amigo ou como pessoa do
seu contato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não sei o que ele pensou, mas,
com certeza, eu não tive nenhuma participação em qualquer ato que ele
menciona, e meu relacionamento com ele era muito distante. Eu entendia até que
ele era um homem de segundo, terceiro escalão.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O.k.
Antes de o senhor assumir a
vice-presidência da CBF, o senhor atuava em seu escritório de advocacia,
correto?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Também.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Prestava serviços na área, como advogado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – A sua
empresa de advocacia ou o senhor, como pessoa física, teve algum tipo de
contrato de prestação de serviço ou de defesa de qualquer fornecedor ou
contratado da CBF nos últimos cinco anos anteriores a sua posse como
vice-presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Creio que não. Não me lembro, mas
creio que não. Não havia razão para fazer esse tipo de contrato.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Muito
bem.
Outra pergunta: o senhor, durante o
período em que ocupou a vice-presidência, vivenciou todos os atos e fatos
relacionados à Copa do Mundo realizada no Brasil, correto?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor teve alguma participação, auferiu alguma renda relacionada à Copa do
Mundo tanto como pessoa física quanto em seu escritório de advocacia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, zero.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Nenhuma? O.k.
Outra pergunta que eu lhe faço é
que nós sabemos que a CBF realiza negociação para contratar empresas que vão
patrocinar a seleção brasileira e também firma contratos para a veiculação
dos eventos esportivos. O senhor, desde que assumiu a presidência da CBF,
teve algum tipo de modificação ou de substituição de empresa antes do
vencimento do respectivo contrato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Continua cumprindo todos os contratos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os contratos, é.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Continua cumprindo todos os contratos firmados na gestão anterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sem dúvida.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – E os
contratos vencidos? Algum foi renovado ou aditado no prazo – que o senhor
lembre?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não teve nenhum contrato
vencido ou aditado, que eu me lembre. Na minha administração, não teve.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Muito
bem. Então, não houve, portanto, nenhuma nova contratação também?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não houve.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Se
nenhum venceu, nenhum foi renovado e nenhum foi aditado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Continuou apenas na sequência, fazendo o que vinha sendo
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feito.
Muito bem, uma pergunta: o senhor
conhece uma providência – e quero aqui até justificar essa pergunta, porque o
senhor está em uma CPI que também serve para esclarecer algumas coisas que
são publicadas e noticiadas como verdades, e V. Sª tem a oportunidade aqui de
esclarecer. Quando o senhor foi dirigente da CBF, na condição de
vice-presidente, e também participou da Copa do Mundo, o senhor teve alguma
participação naquela distribuição de relógios personalizados oferecidos pela
CBF aos dirigentes da FIFA?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Isso foi uma determinação do
presidente Marin, de comemorar os cem anos da CBF e entregar um mimo aos
participantes da FIFA e das federações participantes da Copa do Mundo.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Consta
que esses relógios custaram, cada um, R$33 mil, embora o seu valor de mercado
fosse acima de R$100 mil. O senhor, na época, participou da decisão, da
compra e da distribuição?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não participei.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
presidente Marin decidiu isso isoladamente e sozinho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Provavelmente decidiu isso com os
departamentos.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor chegou a receber um relógio desses como presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Recebi.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Tendo
em vista que o Comitê de Ética da FIFA decidiu que não era adequado e nem
ético…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Devolvi! Devolvi na FIFA.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor devolveu na FIFA? Recebeu na CBF e entregou para a FIFA? E a FIFA
entregou para uma organização beneficente, é isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O.k.
A outra pergunta é: o senhor, como
representante do Brasil na FIFA, desde que houve e aconteceu o episódio da
prisão de Marin, na Suíça, aconteceram várias reuniões do Comitê Dirigente da
FIFA. O senhor recebeu remuneração para estas reuniões acontecidas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Não
recebeu, o.k.
Por fim, eu quero só fazer um
comentário aqui, dizendo a V. Sª que as Oscips, no Brasil, são fiscalizadas
pelo Ministério público; as Organizações Não-Governamentais são fiscalizadas,
muitas vezes, por Ministério Público e, outras vezes, por Tribunais de
Contas; e a CBF não é fiscalizada por ninguém, apenas pela sua direção e pelo
seu conselho. O senhor considera que a CBF deveria merecer a fiscalização
permanente de alguma instituição que não fosse apenas vinculada ao futebol,
para atestar a sua transparência e a exatidão das suas contas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF tem um Conselho Fiscal. É
auditada por auditoria externa e seus balanços são aprovados em assembleia
geral. É uma entidade privada.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Perfeito, mas como ela é uma entidade privada que lida com um negócio que, no
Brasil, nós devemos considerar como patrimônio público – ou seja, o futebol.
E, principalmente, quando falamos da Seleção Brasileira, nós estamos falando
de algo que representa o País no exterior. A pergunta é se nós devemos
considerá-la como uma instituição privada não sujeita a nenhuma fiscalização
pública.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ela é fiscalizada pelo imposto de
renda, pela fiscalização federal…
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Eu
também sou.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ela é fiscalizada pela – se for o
caso, tiver alguma fraude – Polícia Federal, pelo Ministério Público. Todos
nós estamos sujeitos à fiscalização e a CBF também. Ela pode ser fiscalizada
sim, por que não?
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Uma
última pergunta: V. Sª pediu licença do cargo de presidente e, conforme o
estatuto da instituição – até onde eu tenho informações –, o presidente
escolhe quem o sucede em sua ausência. E V. Sª escolheu um Deputado Federal,
Marcus Vicente, contra quem eu não tenho nenhuma observação a fazer porque
sequer o conheço. Mas eu pergunto se não teria sido mais lógico V. Sª reunir
o colegiado de vice-presidentes e dar a eles a oportunidade de escolherem,
entre eles, quem devesse sucedê-lo, ou mesmo escolher aquele que fosse o mais
antigo ou aquele que estivesse em atividade no esporte. Porque há – não estou
dizendo exclusivamente o de Santa Catarina, porque outros dirigentes também
estão envolvidos no esporte – quem entenda e interprete os
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17:40
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quem entenda e interprete o seu ato
e a sua decisão como uma tentativa de fazer com que houvesse uma proximidade
política entre o Congresso Nacional, através do novo presidente que ocupa as
funções em seu lugar, e esta Casa e também a Câmara dos Deputados para que
não ficasse tão exposta a questão da CBF perante esta Comissão. Apenas por
essa razão faço a pergunta.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não… Marcos Vicente, antes de ser
Deputado Federal, ele já foi… No tempo em que eu tive o relacionamento com o
Marcos Vicente, ele não era Deputado Federal. Então, ele ficou Deputado
Federal agora nesse mandato. Eu sei que, mais atrás, ele foi Deputado
Federal.
Mas a escolha lá é o presidente que
indica. Tinha o Fernando Sarney, que a gente conversou um pouquinho. Fernando
estava um pouco atrapalhado. O Feijó havia uma possibilidade. O Delfim estava
afastado da gente, é Oposição, se mantém como Oposição. E ficou o Marcos
Vicente, que aceitou.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – O
senhor perdeu uma grande oportunidade. Devia ter dado para a Oposição, para
vê-la convalidar seus atos. O senhor preferiu um aliado, agora…
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei, não sei, não sei se a
melhor administração é em Santa Catarina.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Mas é
só uma opinião, é só uma opinião.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu… Aqui… CBF não tem parente
nenhum meu trabalhando lá.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) –
Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza, não tem.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB – SC) – Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Presidente, dentro disso aí que o senhor falou, o
senhor pode afirmar aqui que o senhor não tem nenhum filho ou filhos ligados,
como pessoa física ou jurídica, à CBF? E nem à federação paulista ou a nenhuma
federação? Ou seja, filho ou filhos do senhor não prestam nenhum serviço nem
à CBF nem à federação paulista nem às empresas que estão ligadas à CBF e à
federação? O senhor pode afirmar isso aqui?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso informar ao senhor que
eu tenho um filho que é diretor de arte, que trabalha, que não é
administrador da empresa, que foi convidado cinco, seis anos atrás para
trabalhar em uma das empresas que presta serviço à CBF por qualidade pessoal
dele. Ele não é administrador, não tem nenhuma relação a não ser a arte de
trabalhar em um computador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Qual é a empresa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É Mova.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – E nem fui eu que pedi que ele
fosse lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Senador Randolfe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Só uma questão, uma informação complementar ainda sobre o famoso voo
aqui peremptoriamente negado pelo Sr. Del Nero. O senhor pode disponibilizar
para esta CPI cópia do seu passaporte entre os dias 1º de fevereiro e 11 de
fevereiro de 2014? E pode confirmar para nós, garantir para nós que nesse
período não há nenhuma passagem pelos Estados Unidos da América?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – 1º de fevereiro…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – 1º a 11 de fevereiro de 2014. A pergunta é: o senhor pode garantir
para nós que nesse período não há nenhuma passagem pelos Estados Unidos da
América?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Estados Unidos eu me lembro, sim,
Senador. Mas em Barbados com certeza eu não passei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Pois é, Barbados geralmente não faz o registro, mas os Estados Unidos
fazem. O voo seria Estados Unidos – Barbados – Galeão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas também eu posso comprovar que
viajei com avião comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se eu viajei, eu não me lembro.
Se eu viajei…
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor continua não se lembrando.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não. Se eu viajei nessa
época, eu viajei em avião comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não viajou no Papa Papa Alpha Alpha Delta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não. Em hipótese alguma.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Não teve esse voo nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não teve, mas eu ofereço o
passaporte para V. Exª.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não estava…
(Intervenção fora do
microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se não estava no voo? Não.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia
Progressista/PP – PI) – O senhor não pode dizer que não existiu o voo. O
senhor está dizendo que não estava no voo. Não é isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estava no voo. Foi o que
eu falei, que eu não estava no voo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor não pode informar também sobre se teria uma passagem pelos
Estados Unidos nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro, preciso
verificar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Essa informação o senhor poderia prestar à CPI? Cópia desse período
especificamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – 1º de fevereiro a 11 de
fevereiro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – 1º a 11 de fevereiro. E em especial se no dia 11 de fevereiro… É
porque a informação que temos é que essa aeronave…
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – Deixa eu só completar
o pedido. A informação com cópia do passaporte se houve algum registro nesse
período e, se houve uma viagem para o exterior, cópia da passagem que foi
utilizada em voo comercial
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17:45
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passagem que foi utilizada em voo
comercial para viagem no exterior.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A cópia da passagem é mais
difícil, mas não é impossível.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB – RR) – É informação da
empresa, enfim, qualquer coisa que possa comprovar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – O senhor pode conseguir a informação da empresa sobre isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Da empresa em que eu viajei?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Sim.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que sim, vou ter que
procurar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE
– AP) – Se o senhor viajou, a informação de por qual empresa o senhor viajou
neste período.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sem dúvida.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Presidente, mais uma pergunta aqui relacionada a seu
filho, com todo o respeito, não sei se ele trabalha ainda, ou trabalhou nessa
empresa chamada Mowa, não é isso? Por acaso, o dono dessa empresa é Wagner
Abrahão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não é Wagner Abrahão não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Não é? O senhor pode afirmar? Mário Rosa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei se ele sócio, mas eu acho
quenão.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem.
Antes de qualquer coisa, eu
gostaria de colocar aqui em votação a Ata da 17ª Reunião da Comissão,
solicitando a dispensa da sua leitura.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O sócio é o Alfredo e uma outra
pessoa cujo nome eu não lembro.
Eu nunca soube que Mário Rosa
fosse…
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Muito bem.
Alguma coisa, Senador?
Senador Ciro, alguma coisa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – … sócio dessa empresa ou que
Wagner Abrahão fosse sócio. Nunca soube.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – O.k.
Coloco em votação a Ata da 17ª
Reunião da Comissão, solicitando a dispensa da sua leitura.
Os Srs. Senadores que a aprovam
permaneçam como se encontram.(Pausa.)
A Ata está aprovada.
Eu gostaria só de pedir aos nobres
pares que, depois de tudo que foi colocado aqui, principalmente do que nós
ouvimos, e nós temos, a partir do ano que vem, alguns requerimentos já
colocados, os senhores pensem com tranquilidade, com calma e decidam se
realmente nós devemos ou não devemos ajudar o futebol.
Eu acredito que aprovar esses
requerimentos que todos sabem quais são será de uma grande importância para a
nossa CPI e para o andamento da moralidade do futebol.
Não havendo mais nada a tratar,
agradeço a presença de todos.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sr. Presidente, o senhor me
permite só uma conclusão final?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Pois não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quero reafirmar que nunca fui a
Barbados, que nunca me reuni com o Presidente Marin e o Sr. Ávila juntos,
quenão movimentei R$27 milhões entre 2014 e 2015 e que comprei e vendi o
apartamento hipotecado e avaliado, como consta em registro de imóveis.
Expliquei a compra da lancha, tenho a cópia do cheque.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Nem 27,nem 24, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem 27, nem 24.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Nem 24, nem 27 milhões.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É isso que eu gostaria de deixar
claro, Sr. Senador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e
Democracia/PSB – RJ) – Declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 14 horas e 48 minutos, a reunião é encerrada às 17
horas e 48 minutos.)
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