ECONOMIA
CIRCULAR [31jan2017]
https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular-1/conceito
O modelo econômico “extrair, transformar, descartar” da atualidade
depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e fácil acesso, além
de energia. Esse modelo está atingindo seus limites físicos. Uma economia
circular é uma alternativa atraente e viável que as empresas já começaram a
explorar.
ECONOMIA CIRCULAR
O
modelo econômico “extrair, transformar, descartar” da atualidade depende de
grandes quantidades de materiais de baixo custo e fácil acesso, além de
energia. Esse modelo está atingindo seus limites físicos. Uma economia circular
é uma alternativa atraente e viável que as empresas já começaram a explorar.
[1] CONCEITO
Uma
economia circular é, regenerativa e restaurativa por princípio. Seu objetivo é
manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e
valor o tempo todo. O conceito distingue os ciclos técnicos dos biológicos.
Conforme
concebida por seus criadores, a economia circular consiste em um ciclo de
desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural,
otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos administrando
estoques finitos e fluxos renováveis. Ela funciona de forma eficaz em qualquer
escala.
[2] PRINCÍPIOS
A
economia circular oferece diversos mecanismos de criação de valor dissociados
do consumo de recursos finitos. Em uma economia circular verdadeira, o consumo
só ocorre em ciclos biológicos efetivos. Afora isso, o uso substitui o consumo.
Os recursos se regeneram no ciclo biológico ou são recuperados e restaurados no
ciclo técnico. No ciclo biológico, os processos naturais da vida regeneram
materiais, através da intervenção humana ou sem ela. No ciclo técnico, desde
que haja energia suficiente, a intervenção humana recupera materiais e recria a
ordem em um tempo determinado. A manutenção ou o aumento do capital têm
características diferentes nos dois ciclos.
A
economia circular fundamenta-se em três
princípios, cada um deles voltado para diversos desafios relacionados a
recursos e sistêmicos que a economia industrial enfrenta.
PRINCÍPIO
1: Preservar e aumentar o capital natural
...
controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis.
Isso começa com a desmaterialização dos produtos e serviços – com
sua entrega virtual, sempre que possível. Quando há necessidade de recursos, o
sistema circular seleciona-os com sensatez e, sempre que possível, escolhe
tecnologias e processos que utilizam recursos renováveis ou apresentam melhor
desempenho. Uma economia circular também aumenta o capital natural estimulando
fluxos de nutrientes no sistema e criando as condições necessárias para a
regeneração (como, por exemplo, a do solo).
PRINCÍPIO
2: Otimizar a produção de recursos
... fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto
nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico.
Isso é sinônimo de projetar para a remanufatura, a reforma e a reciclagem, de modo que componentes e
materiais continuem circulando e contribuindo para a economia.
Sistemas circulares usam circuitos internos mais estreitos sempre
que preservam mais energia e outros tipos de valor, como a mão de obra
envolvida na produção. Esses sistemas também mantêm a velocidade dos circuitos
dos produtos, prolongando sua vida útil e intensificando sua reutilização. Por
sua vez, o compartilhamento amplia a utilização dos produtos.
Sistemas
circulares também estendem ao
máximo o uso de materiais biológicos já usados, extraindo valiosas
matérias-primas bioquímicas e destinando-as a aplicações de graus cada vez mais
baixos.
PRINCÍPIO
3: Fomentar a eficácia do sistema
...
revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos.
Isso inclui a redução de danos a produtos e serviços de que os seres
humanos precisam, como alimentos, mobilidade, habitação, educação, saúde e
entretenimento, e a gestão de externalidades, como uso da terra, ar, água e
poluição sonora, liberação de substâncias tóxicas e mudança climática.
[3] CARACTERÍSTICAS
Embora
os princípios de uma economia circular atuem como princípios para a ação, as
seguintes características fundamentais descrevem a economia circular pura:
3.1.
Design sem resíduo
Resíduos não existem quando os componentes biológicos e técnicos (ou
'materiais') de um produto são projetados com a intenção de permanecerem dentro
de um ciclo de materiais biológicos ou técnicos, concebidos para desmontagem e
ressignificação.
Os materiais biológicos não são tóxicos e podem ser, simplesmente,
compostados. Materiais técnicos, como polímeros, ligas e outros materiais
sintéticos são projetados para ser usados novamente com o mínimo de energia e
maior retenção de qualidade (ao passo que a reciclagem, como normalmente
entendida, resulta numa redução da qualidade e realimenta o processo com
matéria prima bruta).
3.2.
Criar resiliência através da diversidade
Modularidade, versatilidade e adaptabilidade são características que
precisam ser priorizadas em um mundo de incertezas e em rápida evolução.
Sistemas diversos com muitas conexões e escalas são mais resistentes a choques
externos do que os sistemas construídos simplesmente para a eficiência –
maximizando o rendimento a partir de resultados extremos nas fragilidades.
3.3.
Transitar para o uso de energia proveniente de fontes renováveis
Os sistemas devem operar com energia renovável - energia renovável,
o que é permitido pelos reduzidos limiares dos níveis de energia exigidos por
uma economia circular e restaurativa. O sistema de produção agrícola se baseia
no atual rendimento da energia solar, mas quantidades significativas de
combustíveis fósseis são utilizadas em fertilizantes, máquinas, processamentos
e através da cadeia de produtiva. Sistemas alimentares e agrícolas mais
integrados reduziriam a necessidade de insumos à base de combustíveis fósseis e
capturariam mais valor energético dos subprodutos e adubos.
3.4.
Pensar em 'sistemas'
A capacidade de compreender como as partes se influenciam mutuamente
dentro de um todo, e as relações do todo com as partes, é essencial. Os
elementos são considerados em relação ao seu contexto ambiental e social.
Embora uma máquina também seja um sistema, ela está claramente delimitada a ser
determinista. O pensamento sistêmico geralmente refere-se à maioria esmagadora dos
sistemas do mundo real: são não-lineares, ricos em feedback (retroalimentação),
e interdependentes. Em tais sistemas, imprecisas condições de partida
combinadas com feedback levam a consequências muitas vezes surpreendentes, e a
resultados que frequentemente não são proporcionais à entrada (feedback 'não
amortecido' ou descontrolado).
Tais sistemas não podem ser geridos no sentido convencional,
"linear", exigindo, pelo contrário, mais flexibilidade e frequente
adaptação a mudanças das circunstâncias.
3.5.
Pensar em cascatas
Para os materiais biológicos, a essência de criação de valor reside
na possibilidade de extrair valor adicional de produtos e materiais em cascata
através de outras aplicações. Na decomposição biológica, seja ela natural ou em
processos de fermentação controlada, o material é desintegrado em fases por
microorganismos como bactérias e fungos que extraem energia e nutrientes dos
carboidratos, gorduras e proteínas encontrados no material. Por exemplo, uma
árvore indo para o forno renuncia o valor que poderia ser aproveitado através
das etapas de decomposição por meio de usos sucessivos da madeira e produtos
madeireiros antes da degradação e eventual incineração.
[4] ESCOLAS DE PENSAMENTO
O
conceito de economia circular tem origens profundamente enraizadas que não
podem ser ligadas a uma única data ou autor. Suas aplicações práticas para os
sistemas econômicos modernos e processos industriais, no entanto, adquiriram
uma nova dinâmica desde o fim da década de 1970, lideradas por um pequeno
número de acadêmicos, líderes intelectuais e empresas.
O
conceito genérico tem sido aperfeiçoado e desenvolvido pelas seguintes escolas
de pensamento:
4.1.
Design Regenerativo
Nos Estados Unidos, John T. Lyle começou a desenvolver ideias de
design regenerativo que poderiam ser aplicados para todos os sistemas, ou seja,
para além da agricultura, para o qual o conceito de regeneração havia sido
formulado anteriormente.
Indiscutivelmente, ele estabeleceu as bases do framework de economia circular as quais foram
notavelmente desenvolvidas e ganharam notoriedade graças ao Bill McDonough (que
havia estudado com Lyle), Michael Braungart e Walter Stahel. Hoje, o Centro
Lyle de Estudos Regenerativos oferece cursos sobre o assunto.
4.2.
Economia de Performance
Walter Stahel, arquiteto e economista, em 1976 esboçou em seu
relatório de pesquisa para a Comissão Europeia, “O Potencial de Substituir
Mão-de-Obra por Energia”, em coautoria com Genevieve Reday, a visão de uma
economia em ciclos (ou economia circular) e seu impacto na criação de emprego,
competitividade econômica, redução de recursos e prevenção de desperdícios.
Creditado por ter cunhado o termo "Cradle to Cradle" (Berço a Berço)
no final de 1970, Stahel trabalhou no desenvolvimento de uma abordagem de
“ciclo fechado” para processos de produção e criou o Product Life Institute, em
Genebra há mais de 25 anos.
4.3.
Cradle to Cradle – Do berço ao berço
O químico alemão e visionário, Michael Braungart, continuou a
desenvolver, em conjunto com o arquiteto americano Bill McDonough, o conceito e
o processo de certificação Cradle to Cradle™. Essa filosofia de projeto
considera todos os materiais envolvidos nos processos industriais e comerciais
para serem nutrientes, dos quais há duas principais categorias: técnicos e
biológicos. O framework Cradle to Cradle é focado no design para a efetividade
em termos de produtos com impacto positivo e redução dos impactos negativos da
comercialização através da efetividade.
4.4.
Ecologia Industrial
“Ecologia industrial é o estudo dos fluxos de materiais e energia
nos sistemas industriais”. Concentrando-se em conexões entre operadores dentro
do “ecossistema industrial”, essa abordagem visa à criação de processos de
ciclo fechado nos quais os resíduos servem como insumo, eliminando assim a
noção de um subproduto indesejável. A Ecologia Industrial adota um ponto de
vista sistêmico, projetando processos de produção de acordo com as restrições
ecológicas locais, enquanto observa seu impacto global desde o início, e
procura moldá-los para que funcionem o mais próximo possível dos sistemas
vivos.
4.5.
Biomimética
Janine Benuys, autora de Biomimética: Inovação Inspirada pela
Natureza, define sua abordagem como uma "nova disciplina que estuda as
melhores ideias da natureza e então imita esses designs e processos para
solucionar os problemas humanos”. Estudar uma folha para inventar uma melhor
célula solar é um exemplo.
Ela pensa nisso como "inovação inspirada pela natureza”. A
biomimética se baseia em três princípios fundamentais:
• Natureza como modelo: estudar modelos da natureza e simular essas
formas, processos, sistemas e estratégias para solucionar os problemas humanos.
• Natureza como medida: usar um padrão ecológico para julgar a
sustentabilidade das nossas inovações.
• Natureza como mentora: ver e valorar a natureza não com base no
que nós podemos extrair do mundo natural, mas no que podemos aprender com ele.
4.6. Blue Economy
Iniciado pelo ex CEO da Ecover e empresário belga Gunter Pauli, a
Blue Economy é um movimento open source, que reune estudos de casos
concretos, inicialmente compilados em um relatório homônimo e entregue ao Clube
de Roma. Como afirma o manifesto oficial, “usando os recursos disponíveis em
sistemas em cascataeamento (...) os resíduos de um produto se tornam insumos
para criar um novo fluxo de caixa”. Baseado em 21 princípios base, a Blue
Economy insiste em soluções determinadas por seu ambiente local e suas
características físicas/ecológicas, colocando a ênfase na gravidade como a
fonte primária de energia.
[5] DIAGRAMA SISTÊMICO
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