OPERAÇÃO EFICIÊNCIA
OPERAÇÃO CALICUTE
MPF RECUPERA SÓ 10% DA PROPINA PAGA POR EIKE A SERGIO CABRAL [AOESP, 28jan2017]
Fonte: Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO
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28/01/2017; 09h57
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/01/28/mpf-recupera-so-10-de-propina-a-cabral.htm
·
Danilo
Verpa/Folhapress
O empresário Eike
Batista e o governador Sérgio Cabral Filho
1. Dos US$ 16,5 milhões pagos como propina pelo empresário
Eike Batista ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), conforme apontam as
investigações da OPERAÇÃO EFICIÊNCIA,
apenas um décimo foi recuperado. Os valores foram repassados em ações da Vale,
da Petrobras e da Ambev e, ao liquidar os papéis, somente US$ 1,6 milhão (R$
5,4 milhões) foi arrecadado pelo Ministério Público Federal.
2. O montante é 10% do valor investido nos papéis e uma
parcela pequena dos cerca de R$ 270 milhões repatriados até agora pela
força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.
3. "Por opção de Cabral, os US$ 16,5 milhões foram
investidos em ações. O que se conseguiu recuperar dessa conta da (empresa)
Arcadia no (banco) Winterbotham é um valor muito pequeno porque boa parte do
que foi aplicado nas ações evaporou", disse o procurador da República
Sérgio Pinel. Ele afirmou que no fim do ano passado a força-tarefa solicitou a
liquidação dos papéis restantes na conta e a repatriação do valor
correspondente.
4. Segundo os procuradores, a empresa Arcadia Associados, de Renato Chebar, foi usada para dar aparência
de legalidade ao repasse de Eike. Operadores do mercado financeiro, Chebar e
seu irmão, Marcelo, procuraram o MPF após a OPERAÇÃO CALICUTE e assinaram um acordo de delação premiada que
embasou a OPERAÇÃO EFICIÊNCIA. Deflagrada
anteontem, ela apura a ocultação e lavagem de mais de US$ 100 milhões (R$ 340
milhões) no exterior pelo grupo de Cabral.
5. As investigações apontam que a Arcadia Associados mascarou o repasse a Cabral firmando um contrato de fachada com a CENTENNIAL ASSET MINING FUND LLC, holding de Eike. Pelo contrato, a Arcadia prestou assessoria à Centennial na compra do controle da mineradora canadense VENTANA GOLD. Eike fechou o negócio por US$ 1,5 bilhão. A Ventana detém minas de ouro na Colômbia. A consultoria da Arcadia, porém, jamais ocorreu.
5. As investigações apontam que a Arcadia Associados mascarou o repasse a Cabral firmando um contrato de fachada com a CENTENNIAL ASSET MINING FUND LLC, holding de Eike. Pelo contrato, a Arcadia prestou assessoria à Centennial na compra do controle da mineradora canadense VENTANA GOLD. Eike fechou o negócio por US$ 1,5 bilhão. A Ventana detém minas de ouro na Colômbia. A consultoria da Arcadia, porém, jamais ocorreu.
6. Segundo Renato Chebar, Cabral pediu, num encontro em
Nova York, em 2011, que a conta GOLDEN
ROCK comprasse ações da Petrobras para concretizar a operação. O operador
recomendou que também fossem compradas ações da Vale e da Ambev.
7. A Centennial fez o pagamento por meio da conta Golden
Rock, no TAG Bank, sediado no Panamá. A ideia inicial da "engenharia
financeira" era que a Arcadia abrisse uma conta no mesmo banco, o que não
foi possível. Assim, a empresa recebeu os valores numa conta do BANCO WINTERBOTHAM, no Uruguai.
8. Os colaboradores não informaram em nome de quem as
ações foram compradas. Segundo especialistas, esse montante poderia estar em
nome de um terceiro ou até de um "trust".
9. Chamado de "obscuro" em petição do MPF, o TAG Bank é controlado por Eduardo
Plass, que teve mandado de condução coercitiva decretado, mas ainda não prestou
depoimento porque mora em Londres. Plass é engenheiro e trabalhou na Camargo
Corrêa nos anos 1980, mas construiu a maior parte da carreira no Banco Pactual,
onde ingressou em 1987 e chegou a presidir entre 1997 e 2003.
ADVOGADO
10. O advogado de Eike, FERNANDO MARTINS, esteve ontem na Superintendência da Polícia
Federal no Rio e no Ministério Público Federal. Ao delegado Tácio Muzzi,
responsável na PF pelas investigações, o defensor reafirmou a disposição de seu
cliente de se entregar à Justiça. Mas não foram revelados detalhes sobre uma
eventual apresentação de Eike. Ele teve a prisão decretada no dia 13 de
janeiro, mas o mandado só foi "para a rua" anteontem, quando foi
deflagrada a Operação Eficiência. Na terça, o empresário embarcou para Nova
York. Desde então, não há informações a seu respeito.
11. O MPF afirmou oficialmente que "não há esse canal
com a defesa" do empresário por ora e negou que Martins tenha se reunido
com procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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