terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

[34] PETROBRAS (04): PERFIL E ENTREVISTA COM GRAÇA FOSTER - ABRIL 2012 [03fev2015]


PETROBRAS
NOTAS SOBRE MARIA DAS GRAÇAS SILVA FOSTER
COMPILAÇÃO E EDIÇÃO: Ronald de Almeida Silva: e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com

ABRIL 2012


Graça Foster tem 32 anos de Petrobras; veja perfil

Mantega indicará executiva para comandar Petrobras, informou empresa.

Colunista Cristiana Lôbo noticiou, no sábado, a saída de Gabrielli.


Fonte: PORTAL G1 [Rede Globo]
23/01/2012 16h41 - Atualizado em 23/01/2012 18h54


A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, indicada para assumir o comando da companhia, em substituição a José Sergio Gabrielli, tem 32 anos de Petrobras, segundo comunicado enviado pela própria estatal.
O nome de Graça Foster, como a executiva é conhecida, deverá ser apreciado pelos membros do conselho, em reunião que acontece no próximo dia 9 de fevereiro.
Formada em engenharia química pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Graça Foster tem mestrado em Engenharia Química e pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), e MBA em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ).
Mineira, nascida em Caratinga, Graça Foster, 58 anos, é casada e tem dois filhos.
A executiva entrou na Petrobras em 1978 como estagiária no CENPES, no setor de Lubrificantes, aditivos e graxas. O primeiro cargo como funcionária foi como engenheira de perfuração.
Entre 2003 e 2005, Graça Foster foi secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, então comandado pela presidente Dilma Rousseff.
Ela está na diretora de Gás e Energia da Petrobras desde setembro de 2007 e foi a primeira mulher a assumir um cargo de diretoria na estatal. Se o nome da executiva for corfirmado pelos membros do conselho da Petrobras, ela será a primeira mulher a assumir o comando da maior empresa brasileira em quase 60 anos de história.

Confira currículo de Graça Foster divulgado pela Petrobras:
"Maria das Graças Silva Foster tem as seguintes qualificações:
·         Graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
·         Mestrado em Engenharia Química
·         Pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ)
·         MBA em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ).

Foi eleita Diretora da Área de Gás e Energia da Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A. em 21 de setembro de 2007. Tem 32 anos de Petrobras.
Atualmente [23/01/2012], além deste cargo, Graça Foster é:
·         Presidente da Gaspetro – Petrobras Gás S.A.
·         Presidente do Conselho de Administração da TBG – Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. e
·         Presidente do Conselho de Administração da TAG – Transportadora Associada de Gás S.A.
É membro dos Conselhos de Administração da:
·         Transpetro – Petrobras Transporte S.A.
·         Petrobras Biocombustível S.A.
·         Braskem S.A. e do
·         IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

De maio de 2006 a setembro de 2007, Graça Foster foi presidente da Petrobras Distribuidora S.A., acumulando a função de diretora financeira nesse último ano.

Anteriormente, em setembro de 2005, assumiu a presidência da Petroquisa – Petrobras Química S.A., desempenhando, simultaneamente, a função de gerente executiva de Petroquímica e Fertilizantes na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

De janeiro de 2003 a setembro de 2005, Graça Foster exerceu a função de Secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia e assumiu, por decretos da Presidência da República, as funções de Secretária Executiva Nacional do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) e coordenadora interministerial do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, ambos do Governo Federal.

Anteriormente, ocupou cargos gerenciais na Petrobras, na Área de Gás e Energia e no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), bem como na TBG (Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia Brasil).

Em 2007, Graça Foster foi condecorada com o grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. No ano seguinte, foi eleita executiva de finanças do ano e recebeu o troféu “Equilibrista, concedido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-RJ). Foi homenageada também com o prêmio “Mulher de Negócios 2008”, da revista Cláudia, publicação brasileira dedicada ao público feminino.

Em 2009, Graça Foster recebeu a Medalha Tiradentes, a mais importante homenagem oferecida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em reconhecimento a sua contribuição para o desenvolvimento do País e do Estado do Rio de Janeiro, como profissional da Petrobras.

Em 2010, Graça Foster foi incluída em dois importantes rankings internacionais. Ela é uma das 50 mulheres em ascensão no universo dos negócios em todo o mundo, segundo o jornal inglês Financial Times, e está entre as 10 executivas mais poderosas da América Latina, segundo a revista America Economia, publicação sobre economia, finanças e negócios na América Latina, editada no Chile.

Graça Foster está entre as 15 melhores gestoras do Brasil em 2011, de acordo com ranking organizado pelo jornal Valor Econômico em parceria com a empresa de seleção de executivos Egon Zehnder. Neste mesmo ano, ela participou do evento“Women at the Top", organizado pelo jornal Financial Times, que reuniu, na China, executivas que vêm se destacando em suas áreas de negócio em diferentes partes do mundo.

Também em 2011, Graça Foster foi agraciada, por proposta do Conselho da Ordem do Mérito Naval à Presidência da República, com o Grau de Comendador do Quadro Suplementar da Ordem do Mérito Naval. A comenda foi concedida, em Brasília, durante as comemorações do aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – data magna da Marinha".

 


PROPOSTA DO CENPES NA UFMA – MARANHÃO
16/04/2012

DO: OUVIDOR DA CBF
PARA: OUVIDOR DA PETROBRAS
Não havendo canal FALE COM A PRESIDENTE, peço o especial favor ao colega Ouvidor para fazer chegar minha mensagem à Presidente Graça Foster.
Muito Obrigado

PRESIDENTE GRAÇA FOSTER;
Parabéns por comandar - como gente da casa - uma das maiores e melhores empresas do mundo.
Como arquiteto urbanista carioca [FAU-UFRJ_1972], residente há 35 anos em São Luís, Pergunto: Já que a Petrobras está implantando no MARANHÃO a maior REFINARIA da América Latina = 600 mil barris/dia, por que a Sra. não determina a instalação de um campus avançado do CENPES junto à UFMA - Universidade Federal do MA?
Seria fantástico poder ver meus filhos e netos residindo em um estado que já tem o maior entreposto portuário de petróleo do Norte-Nordeste e que teria um CENPES, um dos melhores e mais conceituados centros de pesquisas de petróleo do mundo!!!
Por favor, venha ao Maranhão anunciar essa imprescindível notícia.
Um grande abraço, muita saúde e excelente sorte,
Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista
CREA-RJ 21.900-D



Entrevista com a Diretora de Gás e Energia da Petrobrás - Graça Foster!


Fonte: Universidade Federal Fluminense
[Sem data!]


A entrevistada e Homenageada do PRATA DA CASA, Graça Foster se graduou no curso de Engenharia Química na UFF e desde então consolidou sua carreira na Petrobrás.
Uma vida de dedicação à empresa: de Secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, até os cargos que ocupa hoje - Diretora de Gás e Energia da Petrobras, entre outros - Graça Foster conta tudo sobre sua trajetória desde as salas de aula da universidade até sua experiência profissional. Confira na íntegra a entrevista da primeira mulher a ocupar um cargo de diretoria na Petrobrás, que fez e continua a fazer história.


1)      Prata da Casa: Por que a senhora escolheu Engenharia Química? E por que a opção pela UFF?
1.1.   Na verdade, eu passei os cinco anos da faculdade me perguntando se deveria estar fazendo Engenharia Química, ou Mecânica, ou Elétrica ou Civil. Cada matéria que eu estudava, despertava meu interesse por uma área diferente.
1.2.   Eu acho que escolhi Engenharia Química porque, no pré-vestibular, eu tive um professor de química muito bom, Paulo Henrique, do Bahiense, que dava aulas divertidas, ensinando tabela periódica.
1.3.   Um dia, ele apontou para mim e disse, “garanto que essa moça vai fazer Engenharia Química”. Eu respondi que sim, “eu vou fazer Engenharia Química”. Na verdade, eu sou engenheira, escolhi bem a Engenharia. O fato de ser engenheira química foi por acaso.
1.4.   A opção pela UFF aconteceu porque eu precisava trabalhar e a UFF oferecia a possibilidade de iniciar o curso no 2º semestre, o que me permitiria trabalhar um tempo e guardar algum dinheiro porque, na UFF, o curso era em tempo integral com horários espalhados. Então, optei pela UFF, embora morasse na Ilha do Governador, tendo o Fundão ali pertinho.
1.5.   Por outro lado, foi uma grande alegria passar para a UFF porque minha referência era minha tia Clélia, irmã do meu pai, única pessoa que eu conhecia naquela época, tanto na família do meu pai, quanto na família da minha mãe, que tinha nível superior, tendo se formado em Farmácia pela UFF. A UFF significava muito pra mim por causa dessa tia.

2)      Prata da Casa: Quando se graduou?
            2.1. Eu me formei em dezembro de 1978.

3)      Prata da Casa: Recorda-se daquele período, de algum fato marcante?
3.1. Lembro de muitas coisas, a Escola de Engenharia, lembro de muitos encontros.
3.2. Para mim, as coisas eram bastante difíceis porque, logo no segundo semestre da faculdade, eu engravidei, tive uma filha.
3.3. Eu tinha dificuldades financeiras para estudar e, com uma filha, era mais difícil ainda, mas, ao mesmo tempo, era uma grande motivação para que eu trabalhasse e superasse essas dificuldades. Então, era muito legal.
3,4, Lembro muito da minha filha correndo pelos corredores da UFF. Às vezes, eu não tinha com quem deixá-la para fazer prova, então, eu pedia a alguma amiga para ficar com ela brincado no corredor.
3.5. Para assistir aula era menos difícil, mas, para fazer prova, era complicado, eu tinha que fazer prova correndo porque Flávia estava no corredor, correndo de um lado pra outro. Isso foi bem legal.
3.6. Também havia outras coisas boas. A gente fazia umas festas com vinhos e queijos, a gente se divertia, tocava violão, cantava. Nos nossos encontros, colegas nos contavam histórias de pessoas que haviam sofrido as marcas da ditadura.
3.7. Sempre tinha um irmão mais velho que tinha passado algum sufoco. Irmãos mais velhos, com cinco, seis ou sete anos a mais que nós, tinham passado por severas dificuldades na ditadura. Eu me lembro muito bem disso e também das festas que fazíamos, dos trabalhos de grupo. Coisas muito boas de serem lembradas.

4)      Prata da Casa: Antes de entrar na Petrobras, aos 24 anos, teve outras experiências profissionais?
4.1. Fiz alguns estágios. Fiz estágio no Instituto Nacional de Tecnologia, na Divisão de Papel e Papelão, com Dr. Valmir. Lembro muito dele, uma pessoa que me deu muitas oportunidades. Ele era consultor e eu fazia alguns trabalhos particulares para ele, na prancheta – naquela época, sem AutoCAD e coisas do tipo –, então, eu conseguia ganhar algum dinheiro extra além do estágio.
4.2. Fiz estágio na General Electric, durante quase dois anos, na fábrica de lâmpadas e na área comercial. Foram experiências bastante ricas. Além disso, eu dava aulas particulares, fazia muitas coisas, mas, para minha carreira como engenheira química, esses dois estágios foram muito bons.
4.3. Depois disso, já formada, antes de entrar na Petrobras, trabalhei um ano e meio na Nuclen – Nuclebrás Engenharia. Fui o primeiro lugar, no Brasil, no curso da Nuclebras - Projeto Urânio III – Naquela época, eu fiz pós-graduação em Engenharia Nuclear na Coppe/UFRJ – foi quando tive a honra de estudar na UFRJ. Depois trabalhei seis meses no escritório da Nuclen até fazer o concurso para a Petrobras. Então, antes, eu tive essa experiência, não mais como estagiária, mas, como engenheira nuclear.


5)      Prata da Casa: O que significou ingressar na Petrobras?
5.1. Significou muita coisa. Significou, antes de mais nada, um acerto. Eu poderia dizer que foi um sonho, mas, na verdade, foi um acerto.
5.2. Comecei no CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello), trabalhando nas áreas de Perfuração e de Produção.

6)      Prata da Casa: Com uma carreira de sucesso e ascensão na Petrobras, como a Sra. concilia a vida profissional com a particular?
6.1. De todas as perguntas, esta é a mais difícil. Na verdade, minha vida particular é que se adapta à Petrobras, não o contrário.
6.2. Para mim, existe a Petrobras e a minha vida; não a minha vida e a Petrobras.
6.3. A Petrobras é a prioridade na minha vida, ainda mais depois que meus filhos cresceram, são independentes.
6.4. Mas, na verdade, sempre foi assim, a minha vida particular é que se adaptou à Petrobras. Como meu marido [COLIN VAUGHAN FOSTER], meus filhos, minha mãe, enfim, toda minha família tem um imenso orgulho da Petrobras, eles entendem isso perfeitamente. Eles me incentivam, me apoiam para que eu tenha essa dedicação toda à Petrobras.

7)      Prata da Casa: O que significou ser a primeira mulher a ocupar um cargo de diretoria na Petrobras?
7.1. Para mim, é importante, como profissional, ocupar um cargo na Diretoria da Petrobras. Ainda mais porque eu fui estagiária na Petrobras e entrei no primeiro nível da Engenharia, como o que seria, hoje, profissional júnior.
7.2. Vinte e oito anos se passaram e fui empossada diretora, mas não valorizei o fato de que era a primeira mulher a ocupar o cargo. As pessoas chamaram minha atenção para isso. Para as mulheres, tal fato foi uma quebra de paradigma.
7.3. Não chamo, de jeito nenhum, de preconceito, a questão não é essa. A questão é que eu olhei e vi, “nossa, eu sou diretora da Petrobras” e as pessoas disseram, “e você é uma mulher”. Então, eu disse, “é, então, eu sou diretora da Petrobras e a primeira mulher a ocupar o cargo”.

8)      Prata da Casa: Como você definiria a sua carreira profissional?
8.1. Emocionante. Sempre estive desenvolvendo atividades que exigiram criatividade e inovação. Onde eu estive, desenvolvi novas áreas de atuação da Companhia.
8.2. Um exemplo foi a criação da Engenharia de Poço na Petrobras – antes havia Perfuração e Produção, que eram áreas distintas dentro da área de Exploração e Produção.
8.3. Quando fui para Brasília, para o Ministério de Minas e Energia, fui para criar, com a ministra Dilma Rousseff, a Secretaria de Petróleo e Gás, que não existia na estrutura deste ministério.
8.4. Antes disso, quando eu trabalhava na Área de Gás e Energia da Petrobras, antes de ser diretora, trabalhei na comercialização de gás, no desenvolvimento do mercado de gás no País.
8.5. Quando voltei de Brasília, fui atuar em atividades que existiam de forma muito reduzidas ou não existiam. Por exemplo, na petroquímica, comecei a trabalhar na criação da nova petroquímica no País, através de aquisições, fusões e incorporações societárias. Então, a gente trabalhou na reestruturação da indústria petroquímica no Brasil.
8.6. Trabalhei no desenvolvimento do Programa Nacional de Biodiesel, em Brasília, depois fui para a BR Distribuidora, criar essa área de biodiesel dentro da BR.
8.7. Daí, já como diretora, voltei para o Gás e Energia da Petrobras para, efetivamente, trabalhar a dimensão energia elétrica na Companhia. Enfim, sempre lidei com desafios para desenvolvimento de novos projetos e produtos. E sempre em áreas bastante tensas, como a área de geração de energia elétrica, na qual tudo funciona em tempo real. A maior definição é: cercada de desafios e grandes emoções, essa é a minha vida na Petrobras.

9) Prata da Casa: Que conselhos a Sra. daria aos jovens que estão iniciando a vida profissional?
9.1. Estudem. Se estiverem no curso de graduação, dediquem-se a este curso de forma intensa e completa. Não adianta fazer nada pela metade.
9.2. O mercado demanda profissionais que buscam a excelência, que sejam criativos, com conhecimento básico, fundamental, bastante denso, sustentável.
9.3. Profissionais que procurem focar, mas buscando disciplinas que complementem sua formação. Hoje, é inadmissível um engenheiro especialista em máquinas térmicas, por exemplo, mas que faça questão de não falar sobre economia. Ele tem que ter uma formação técnica bem estruturada, mas tem que ter CULTURA GERAL. Precisa conhecer economia, um pouco de política, ter outros elementos que façam dele um profissional distinto dos demais.
9.4. Ser bom em matemática e física não basta mais. É preciso focar em uma área de conhecimento, mas precisa se completar. Tem que conhecer sobre cultura, arte, geografia, ter um bom discurso sobre história do Brasil e história mundial. Enfim, é preciso ler.
9.5. Além disso, é interessante desenvolver uma atividade esportiva para adquirir habilidades de trabalho de equipe. Ser um profissional que transmita saúde, que fale mais de uma língua é muito conveniente.
9.6. Basicamente, é preciso estudar, focar, complementar a sua área de atuação, cuidar do peso para se apresentar como um profissional saudável, não só em conhecimento, mas também fisicamente.

10)         Prata da Casa: Como a Sra. analisa a questão energética no Brasil? Quais as principais ações desenvolvidas para ampliar a oferta de energia no país?
10.1. Hoje, o Brasil está muito bem no que se refere à questão energética. Podemos olhar o futuro sabendo que é possível planejar o crescimento econômico do País porque o que se planeja em termos de demanda de energia para o futuro encontra oferta material.
10.2. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa do Governo Federal ligada ao Ministério de Minas e Energia, vem realizando leilões de energia desde 2004, diversificando as fontes geradoras de tal forma que, nos próximos 10 anos, a economia possa crescer de acordo com o PIB projetado e a energia de diferentes fontes possa entrar ano a ano para sustentar esse crescimento. Ou seja, em 2004, fez-se uma revisão do modelo do setor elétrico e o Governo voltou a planejar energia numa visão de médio e longo prazo.
10.3. Essa diversificação de fontes de energia é algo fantástico de que o Brasil dispõe. No mês de outubro, 85% do que o Brasil produziu de energia veio de fonte hídrica, apesar de estarmos, no momento, enfrentando uma seca significativa, se comparada à situação do ano passado, devido ao fenômeno La Niña.
10.4. Temos em torno de 10% de gás natural na matriz elétrica no mês de outubro. Poderíamos estar gerando ainda mais. Na média dos últimos três meses, utilizamos 26,8 milhões de m³/dia de gás natural, chegando a gerar 6.659 MW e temos potencial para fazer mais geração porque temos mais capacidade instalada para gerar e temos mais gás para colocar no mercado para gerar ainda mais energia elétrica.
10.5. É importante ressaltar que o gás permite uma geração de energia literalmente limpa. Apesar de não ser renovável, a emissão é bastante pequena se comparada a outras fontes, mas, como hoje se usa um grau de tecnologia bastante grande nos sistemas de geração, temos emissões em níveis bem reduzidos e bem controladas.
10.6. O fato é que a geração TÉRMICA no Brasil, no mês de outubro, foi 14% da matriz elétrica, dividindo-se entre gás natural (10%), carvão (1,5%) e energia nuclear (2,8%). Hoje, por exemplo, não estamos gerando com óleo combustível.
10.7. Hoje, a EÓLICA já possui uma capacidade instalada de 835 MW e, até 2013, poderá alcançar 5,3 mil MW.
10.8. A BIOMASSA começa a entrar de forma relevante na matriz energética brasileira, como também a eólica que, há seis ou sete anos, sequer aparecia na matriz energética. A biomassa também cresce à medida que avança a produção de combustíveis líquidos. Ou seja, com o avanço da produção de etanol, a biomassa passa a apresentar uma grande oportunidade para geração de energia através de bagaço de cana. Na safra 2008/2009, a produção de etanol no Brasil atingiu o recorde de 27,6 bilhões de litros, podendo chegar a 28,4 bilhões de litros na previsão para a safra 2010/2011. A produção de cana de açúcar, que na safra 2008/2009 foi de 573 milhões de toneladas, poderá passar para 652 milhões de toneladas na safra 2010/2011. Segundo a EPE, a capacidade de geração de energia a partir da biomassa, que, hoje, é de 5.380 MW, poderá alcançar 8.520 MW em 2019.
10.10. Então, o Brasil é riquíssimo em termos energéticos, distinto de outros países em desenvolvimento, porque tem uma matriz bastante diversificada. Somos um País autossuficiente em petróleo.
10.11. A Petrobras fez o Brasil autossuficiente em petróleo e, com o pré-sal, a possibilidade de aumentar a produção é grande. Chegaremos a 2020, produzindo 4 milhões de barris de petróleo por dia.
10.12. Uma vez que energia é sinônimo de soberania, o Brasil está muito bem. Somos o segundo maior e o mais eficiente produtor de álcool do mundo a partir da cana de açúcar. E, além de dispor de fontes de energia diversificadas, o que é fantástico é que o Brasil dispõe de tecnologia para fazer uso de todas elas, quais sejam: petróleo e gás natural em lâminas d’água profundas e ultraprofundas, em camadas do pré e do pós-sal; carvão mineral; energia hidráulica; eólica; solar; e a partir da biomassa.

[FIM DA ENTREVISTA by UFF]


 

UM DEPOIMENTO SOBRE GRAÇA FOSTER

Por Carlos Souza

Por Carlos Souza

Graça Foster – Presidente da Petrobras

Prezado Nassif, escrevi esse depoimento. Agradeceria se pudesse ser publicado.
Conheci a Graça há uns 20 anos. Eu tinha acabado de voltar do doutorado e ela era chefe de um setor no centro de pesquisas da Petrobras.
Eu tinha tido um trabalho técnico aprovado para apresentação em um congresso no exterior. Nessa conferência a Petrobras apresentaria 6 ou 7 trabalhos.

Como era comum naquela época, a Petrobras não aprovou a viagem para a conferência de vários dos autores, apenas uma vaga foi aprovada para o Centro de Pesquisas. A Graça foi a escolhida e iria apresentar seu trabalho. Os demais, como era comum acontecer, dariam “no show” no congresso.

Quando soube disso, a Maria da Graça, por conta própria, telefonou para todos os autores e se prontificou a apresentar todos os trabalhos. Com isso, acabei indo ao CENPES, o centro de pesquisas da empresa, para mostrar a ela minha apresentação e explicar um pouco do trabalho, que obviamente passava longe de sua especialidade.

Ao encontrá-la, não resisti e fiz a pergunta: porque você, que poderia ir à conferência, apresentar seu artigo, e depois aproveitar o evento para conhecer outros autores e assistir a outras apresentações, está preferindo se expor, e enfrentar essa maratona para apresentar 7 trabalhos, em inglês (que não era seu forte), em áreas técnicas que não são exatamente as suas? E isso tudo por iniciativa própria, sem que ninguém sequer tenha lhe sugerido isso?

Sua resposta foi interessante e inusitada. Graça preferia correr os riscos de apresentar um trabalho alheio a ver a Petrobras dar um “no show” em um congresso.

Depois desse primeiro contato, passei os anos seguintes trabalhando muito próximo da Graça. Coordenei um projeto do CENPES em que 8 dos engenheiros de seu setor trabalhavam comigo. Na aprovação desse projeto conheci o hoje famoso mal humor da Graça. Ela, que nunca teve paciência para esperar, queria que o projeto fosse aprovado e tivesse ssuas atividades iniciadas o mais rápido possível.

Eu porém, como futuro coordenador e observando vários aspectos técnicos e econômicos, só aceitei iniciar o projeto depois de ter todos os planos de trabalho revisados e atendendo a todos os requisitos de meu departamento.
Essa demora deixou a Graça muito irritada, mais ainda ao ver que sua irritação não tinha nenhum efeito na aprovação do projeto.

Quando finalmente todos os requisitos foram atendidos e o projeto deslanchou, ela veio a minha sala, na avenida Chile, e pediu desculpas reconhecendo que minha atitude visava buscar o melhor para a empresa.

Essa qualidade, de reconhecer seus eventuais erros e pedir desculpas, também é bastante conhecida hoje na empresa. Somente por curiosidade, informo que esse projeto visava capacitar a empresa a perfurar poços horizontais e de longo alcance em águas profundas. Hoje a Petrobras é uma das empresas que dominam essa técnica e esse tipo de poço é o poço básico usado na produção dos grandes campos marítimos da empresa.

Depois disso ficamos amigos, trabalhamos juntos em diversas frentes, ela sempre no CENPES e eu no E&P (Exploração e Produção).
Uma das últimas atividades que exercemos juntos foi sair pelo Brasil, palestrando em diversas universidades, buscando parcerias dos pesquisadores brasileiros para solucionar os diversos desafios que a Petrobras enfrentava e viria a enfrentar.

A Petrobras tornava-se uma empresa gigante, o CENPES sozinho não daria conta de tudo. Precisávamos de parceiros. Palestramos e buscamos apoio desde o Sul até o Amazonas. Hoje a Petrobras tem projetos de pesquisa, sem exagero, com centenas de universidades e centros de pesquisa no Brasil e no mundo.
Depois disso, passei a ver a Graça cada vez menos. Ela começou, por mérito próprio, a exercer cargos cada vez mais altos na empresa, o que a tornava cada vez mais ocupada. Eu por meu lado, sai da Petrobras e do Brasil para ser professor em uma universidade no exterior. Mais tarde, quando retornei à indústria do petróleo, foi também no exterior,  e desde essa época nunca mais vi a Graça.

Já lá se vão mais de 10 anos. Mesmo sem vê-la, e sem nenhum contato, sequer por email, ainda a considero minha grande amiga e estou orgulhoso de sua conquista.
Que momento especial passa a Petrobras.

Além de uma mulher como presidente, funcionária de carreira, tem entre seus diretores um engenheiro como o Formigli, também funcionário com carreira de mais de 30 anos na empresa, trabalhador e muito competente.

Temos ainda o Duque e o Zelada, ambos diretores, ambos funcionários de carreira, ambos com mais de 30 anos de trabalho na Petrobras. A eles veio agora se juntar na diretoria o José Alcides, também trabalhando na empresa há mais de 30 anos.

E na Petrobras Distribuidora, temos como presidente o José Lima, meu grande amigo desde os tempos em que éramos estagiários e mais tarde jóvens engenheiros em Sergipe e posteriormente na Bahia.

Tive o prazer de conhecer todos esses engenheiros, hoje ocupantes dos mais altos cargos da empresa. Conheci-os ainda jóvens, ralando, trabalhando duro e contribuindo para formar essa Petrobras que hoje conhecemos. A Graça e o José Lima também ralaram por anos a fio antes de sequer ocupar suas primeiras, e humildes, posições de chefia. A todos conheci em algum momento de minha carreira, jogamos bola, tomamos chopp, rimos e trabalhamos juntos.

Sai do Brasil antes do primeiro governo Lula, não trabalho na Petrobras e não sei muito sobre a política brasileira. Ouço sempre falar que fulano é indicação do PMDB, que o sicrano é da quota do PT, e etc. Porém, o fato é que esses engenheiros, assim como eu, ingressaram na Petrobras ainda jovenzinhos. Passaram, como eu, num concurso nacional e aberto a todos os brasileiros.

Foram bons empregados, deram sua contribuição e hoje estão na diretoria da empresa. Não os vejo nem tenho com eles tenho nenhum contato há mais de uma década, mas isso não me impede de me sentir feliz por essas conquistas.

Na história da empresa não me lembro de ter visto tantos empregados de carreira, competentes e merecedores, ocupando tantos cargos na direção. Para mim é motivo de orgulho. Creio que para todos os brasileiros.

Por Carlos Souza




MARIA DAS GRAÇAS E SEU MARIDO.
Ou: A família do petróleo e gás



Reinaldo Azevedo - 23 Jan 2012

Em novembro de 2010, reportagem de Fernanda Odilla, da Folha, informava — e não houve contestação — que, desde 2008, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, marido de Maria das Graças, futura presidente da Petrobras, havia assiando 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. À época, ela era cotada para o Ministério das Minas e Energia.

Huuummm... Talvez a C.Foster seja mesmo a melhor da área. Também entendo o fato de o casal ter interesse comum em petróleo, gás e coisa e tal. É comum os casais partilharem de certos gostos. O que é incomum — e seria em qualquer país democrático do mundo —é a mulher (ou o marido) presidir a principal empresa do Estado que compra serviços fornecidos pelo cônjuge. Collin e Maria das Graças podem ser dois franciscanos, dois Caxias, mais honestos e retos do que as freiras dos pés descalços. E daí? Isso é diferente da, por exemplo, "Rede Bezerra Coelho"?

Na própria base aliada, fosse outro o partido de Maria das Graças, que não o PT, e já haveria um enorme bochicho. Como é com petistas, sabem como é... A regra é a seguinte: os não-petistas, especialmente se oposicionistas, são sempre culpados ainda que não haja nem indícios contra eles. Já os companheiros são sempre inocentes, até mesmo contra as provas.

Eu olho para esse ar, vamos dizer, severo de Maria das Graças e só consigo pensar em sua dedicação aos derivados de petróleo. Gente que sabe fazer cara de brava sempre leva alguma vantagem sobre os de aparência mansa. Mas e daí? Ela terá de arbitrar, sim — ou algum subordinado dependente de suas graças o fará por ela — questões que dirão respeito aos negócios do marido. Se ele já mudou de ramo, não sei. Mas é claro que seria o caso, né?

A Petrobras até chegou a fazer uma investigação interna para saber se havia alguma incompatibilidade entre a atuação do marido de Maria das Graças e a da própria. Não se encontrou nada. No máximo, constatou-se que ela não era muito querida pela equipe porque parece compartilhar com Dilma certo gosto por, como direi?, dar um esculachos nos subordinados. Braveza de chefe, que deixa a equipe triste ou ressentida, é coisa do mundo da fofoca e de publicações de auto-ajuda. Para mim, é o de menos. Acho que Maria das Graças tem de ser, segundo reza o clichê ainda válido, como a mulher de César: não basta ser honesta; tem também de parecer honesta.

Ora, se o marido dela pode, por que os demais maridos e demais mulheres não podem? Não há de ser porque ela tem esse ar de quem só pensa em derivados de petróleo e gás.
Segue reportagem da Folha de novembro de 2010. Volto para encerrar.

A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de COLIN VAUGHAN FOSTER, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.

Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.

O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
(...)

O ofício diz que "não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa", mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira. "Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, "o modo com que tratava seus subordinados'", diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.

Encerro
Não sei o regime de união do casal. Sendo um casamento ou uma união estável, na prática, Maria das Graças terá negócios privados com a empresa pública que ela preside. E por que o PT vai adiante? Porque está convencidos de que podem tudo.




Maria das Graças Silva Foster


Dilma nunca gostou de Gabrielli. Ou: sai o presidente de estatal que fez terrorismo eleitoral sem medo de parecer terrorista

Fonte: Revista VEJA / Blog Reinaldo Azevedo

23/01/2012; às 17:15


Maria das Graças Foster

23/01/2012; às 17:15

Dilma nunca gostou de Gabrielli. Ou: sai o presidente de estatal que fez terrorismo eleitoral sem medo de parecer terrorista


No post abaixo, trato da heterodoxia, para dizer pouco, que significa o fato de a família de Maria das Graças Foster, futura presidente da Petrobras, manter relações comerciais com a estatal — na verdade, uma empresa de economia mista. Esse tipo de relação é malvista na maioria das empresas privadas, é bom destacar. Há outros aspectos, no entanto, a serem considerados na troca.

Dilma nunca gostou de José Sérgio Gabrielli. Tentava ter controle da empresa desde que era ministra das Minas e Energia e nunca conseguiu. Na chefia da Casa Civil, como a tal gerentona, seguiu no mesmo esforço, também inútil. Gabrielli tinha e tem um padrinho muito forte: Luiz Inácio Lula da Silva.


Quais são exatamente as divergências técnicas entre a agora presidente da República e o ainda presidente da Petrobras?  Nunca ficaram muito claras.

Quando ministra, Dilma reclamava que não conseguia ter acesso a dados da empresa que considerava essenciais à sua atividade. Maria das Graças é, sem sombra de dúvida, sua “mulher de confiança”.

E Gabrielli? Sempre foi um político, não um homem de empresa.
A área teve um avanço importante nos últimos anos, especialmente com o pré-sal — esforço que vem de muito antes do governo Lula, é evidente —-, mas o petista-propagandista foi um grande alimentador do mito de que o PT redescobriu a Petrobras. Nunca distinguiu os limites entre a sua responsabilidade técnica e sua irresponsabilidade política.

Em 2010, em plena campanha eleitoral, entre o primeiro e o segundo turno, Gabrielli teve a desfaçatez de conceder entrevistas afirmando que FHC tentara, sim!, privatizar a Petrobras, o que é um afirmação escandalosamente mentirosa. Tratava-se de mero terrorismo eleitoral. O PT queria; Gabrielli fazia. Sempre foi um político, um militante. Agora, deve integrar o governo da Bahia, consolidando seu espaço para disputar a sucessão de Jaques Wagner pelo PT.

Sai o homem de Lula da Petrobras, entra a mulher de Dilma. Sem conhecer direito o trabalho de Maria das Graças Foster e sem ignorar o marido inconveniente — isso é, sim, relevante — , tendo a achar que se ganha um pouco mais de técnica e se perde um pouco de pirotecnia. Vamos ver. Afinal, é impossível ser menos técnico do que Gabrielli e mais fanfarrão do que ele.
Por Reinaldo Azevedo


23/01/2012;  às 14:51
Na VEJA Online:

A Petrobras divulgou comunicado informando que o presidente do conselho de administração da estatal, Guido Mantega, encaminhará como proposta a ser apreciada na próxima reunião, em 9 de fevereiro, a indicação da atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster (foto), para presidir a empresa. Dentro da Petrobras, a executiva é chamada de Graça.
A notícia de que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, deixaria o cargo em fevereiro foi divulgada na noite do último sábado. A informação havia sido publicada pelo deputado Paulo Teixeira (SP), que é líder do PT na Câmara, em seu perfil na rede de microblogs Twitter. De acordo com uma fonte ligada ao PT, a demissão de Gabrielli já estava “programada” e não causou surpresa.
Segundo informações da Reuters, Gabrielli pode não ser o único executivo a deixar a diretoria da estatal. Uma fonte do governo federal afirmou que a presidente Dilma também estuda a substituição dos diretores financeiro, Almir Barbassa, e de Exploração e Produção, Guilherme Estrella. Segundo a fonte, as mudanças na diretoria estariam restritas a esses postos.
Ao gosto de Dilma
A notícia é uma vitória de Dilma Rousseff. Conforme noticiado pela coluna Radar de VEJA, a presidente vinha articulando a saída do executivo da companhia, mas esbarrava no ex-presidente Lula (padrinho de Gabrielli). Graça Foster, por sua vez, é próxima à presidente, tanto que seu nome chegou a ser cogitado para assumir um ministério ou o próprio comando da Petrobras quando Dilma tomou posse no cargo, no início do ano passado.
A informação da troca de comando na Petrobras também circulou na televisão na noite de sábado. O canal Globo News veiculou a notícia de que o presidente da Petrobras teria aceitado renunciar ao cargo.
Surpresa
De acordo com a agência de notícias Reuters, a informação pegou de surpresa autoridades do governo e executivos da própria Petrobras, que disseram não ter informações sobre o assunto. Na última reunião ordinária do conselho da estatal, que ocorreu nesta sexta-feira, o assuntou não constava na pauta, disse uma fonte da Petrobras. “Para que ocorra uma mudança no comando da empresa é preciso uma decisão do conselho, o que ainda não aconteceu. Então, será necessário convocar uma reunião extraordinária”, disse a fonte.
Outra fonte, desta vez do governo, confirmou à Reuters que Graça Foster esteve na sexta-feira no Palácio do Planalto, mas acrescentou que não tinha conhecimento da decisão. Outro interlocutor que acompanha de perto os bastidores da Petrobras disse que a saída de Gabrielli era tida apenas como uma questão de tempo. A notícia de que a decisão já teria sido tomada e que a troca na presidência ocorreria em fevereiro surpreendeu, entretanto, essa fonte.
Integrantes do governo e também da estatal confirmaram que, nos últimos dias, com a proximidade da reforma ministerial, os boatos sobre a saída de Gabrielli ganharam força.
Aspirações políticas
Gabrielli deverá deixar o cargo em fevereiro para seguir carreira política na Bahia. Integrantes do partido avaliam que a decisão de Gabrielli de deixar a estatal é fruto da pressão da presidente Dilma Rousseff e do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que convenceu o executivo a trocar a estatal pela política. “Jaques estava insistindo para que ele disputasse o governo estadual em 2014″, disse um petista, sob condição de anonimato.
Até as eleições, Gabrielli deverá ocupar uma secretaria do governo baiano, provavelmente da área econômica. A carreira política do presidente da Petrobras, no entanto, não será fácil. Ele terá de enfrentar pretensões políticas de outros petistas - entre eles, o senador Walter Pinheiro (PT-BA), também cotado para disputar o governo da Bahia em 2014. “Não há consenso sobre o nome de Gabrielli e isso não será tranquilo de se resolver”, garante um petista.
Por Reinaldo Azevedo

Por Fernanda Odilla, na Folha:
24/11/2010;  às 7:03

A empresa do marido de Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras e nome cotado para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, deixou de cumprir contrato com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e foi poupada de punição. Mesmo depois de constatar que a C. FOSTER descumpriu o plano de trabalho inicial para explorar petróleo em Sergipe, a ANP isentou a empresa de punições, justificando que houve “fornecimento tardio” de informações pela Petrobras.
A decisão da ANP foi tomada em novembro de 2007, dois meses depois de Graça, como Maria das Graças Foster é conhecida, assumir diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
Na resolução em que poupou a empresa, a ANP diz que a Perobras forneceu com atraso “informação relevante e restrições ambientais” para a exploração. De propriedade de Colin Foster, a C. Foster venceu leilão, em 2005, e assinou contrato com a ANP para explorar uma área inativa na Cidade de Pirambu (SE). Segundo a Petrobras, as informações com os detalhes da área foram encaminhadas à ANP em abril de 2006, 26 dias depois de a agência ter feito a solicitação. À Folha a ANP não disse quanto tempo a Petrobras demorou nem o prazo que tinha para fornecer os dados. Mas, no final de 2007, a diretoria da agência isentou de punição a C. Foster, que desistiu da exploração do local por considerar inviável. Aqui
Por Reinaldo Azevedo

 

Por Fernanda Odilla, na Folha.
14/11/2010;  às 6:27
Volto em seguida:
A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.
Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.
O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras). (…)
O ofício diz que “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”, mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que tratava seus subordinados’”, diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.
Aqui Comento
Que diabo acontece com as mulheres fortes de Dilma? Todas elas têm de ter um marido que atua justamente na área em que a mulher é chefe? O casal, por acaso, tem algum filho chamado “Israel”? É uma leitura muito particular do “poder feminino”, que, de fato, inverteu o chavão: “Por trás de uma grande mulher, há sempre um homem prestando serviços”.
Mas que se louve o sentido clânico do petismo, né? A gente vê que toda a cadeia familiar gosta de se empregar num mesmo ramo. E sempre lidando com dinheiro público. Trata-se de um refinadíssimo senso de patriotismo.
Por Reinaldo Azevedo



Dois diretores da Petrobras podem ser afastados


Fonte: Jornal Diário do Grande ABC [SP]

terça-feira, 24 de janeiro de 2012; 19:46




terça-feira, 24 de janeiro de 2012 19:46

Dois diretores da Petrobras podem ser afastados


Sem amparo político, os dois diretores da Petrobras vinculados ao presidente José Sérgio Gabrielli devem ser afastados a pedido da futura presidente Maria das Graças Foster. A decisão será possivelmente divulgada já na próxima reunião do Conselho de Administração da companhia, marcada para o dia 9 de fevereiro.
Almir Guilherme Barbassa, diretor Financeiro, e
Guilherme Estrella, de Exploração e Produção (E&P),
são quadros técnicos. Destacaram-se nos quase sete anos de Gabrielli na presidência.

As substituições tendem a vir de soluções internas. Para o posto de Barbassa são cotados seus gerentes executivos: Marcos Menezes (Contabilidade), Mariângela Tizzato (Financeira), Jorge Nahas (Planejamento Financeiro), e Maria Alice Deschamps (Tributário).

Para a vaga de Estrella são cotados Solange Guedes, gerente-executiva de Engenharia de Produção (E&P), a diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, e, o mais forte candidato, Carlos Tadeu da Costa Fraga. Este último, ex-gerente geral da área de E&P, acabou sendo indicado em 2003 para a gerência geral do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), considerado até há alguns anos a "geladeira" da Petrobras, por oferecer então menos possibilidades de crescimento profissional.

Davos

Barbassa acompanha Gabrielli no Fórum Mundial Econômico, em Davos, na Suíça. Ele ascendeu na Petrobras a partir de 2003, quando Gabrielli assumiu a diretoria financeira, indicado pelo PT. Foi seu principal executivo e, dois anos depois, ao assumir a presidência da companhia, Gabrielli nomeou o auxiliar para integrar a diretoria.

Tido na empresa como nacionalista ferrenho, Estrella é considerado candidato a deixar a Diretoria de Exploração e Produção há pelo menos dois anos. Ele assumiu o cargo em 2003, também como indicação petista, juntamente com Gabrielli, que o manteve na função quando virou presidente.

Contra Barbassa e Estrella pesam internamente restrições ao trabalho realizado nos últimos anos. O atraso na licitação de 21 sondas de perfuração para águas ultraprofundas do pré-sal, de três anos, é creditado a procedimentos adotados por Estrella, como insistir em não aceitar os resultados apresentados pela comissão de licitação, sob a justificativa de que os preços poderiam ser ainda mais baixos. Na verdade, com a demora, os valores finais apresentados pelos concorrentes ficaram ainda mais elevados do que os inicialmente mostrados.

Rusgas

O episódio foi mais um dentro de um histórico de rusgas entre as áreas de Serviços e de E&P. A área de Exploração fica responsável por encontrar petróleo - "a diretoria que fura poço", segundo a expressão celebrizada pelo ex-deputado Severino Cavalcanti (PP) ao defender uma indicação de seu partido para o posto. Já a área de serviços fica responsável pela contratação de equipamentos e serviços. Ou seja, uma encontra petróleo; a outra gasta os recursos para extraí-lo.

Já Barbassa, idealizador de iniciativas importantes da companhia, como a megacapitalização de 2010 e a criaçãoda empresa Sete Brasil, da qual a Petrobrás é sócia, com bancos e fundos de pensão, teria apoiado as manifestações de Estrella.




PETROBRAS NOTÍCIAS NO BLOG OFICIAL:
fatosedados.blogspetrobras.com.br





A prefeita de Houston, nos Estados Unidos, Annise Parker, visitou hoje (29/3/2012) o Centro de Pesquisas da Petrobras [CENPES], na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.

A comitiva da prefeita, que incluía representantes da indústria de petróleo e gás e de universidades do Texas, foi recebida pelo gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento em Abastecimento e Biocombustíveis, Alípio Ferreira.

Após visita aos laboratórios de fluidos e de físico-química de rochas e ao Núcleo de Visualização Colaborativa, a prefeita destacou os avanços tecnológicos alcançados pela indústria de energia nas últimas décadas. “As ferramentas de que dispomos hoje são muito diferentes das que tínhamos 20 anos atrás. Isso tudo é muito sofisticado e impressionante”, disse.

Considerada pólo da indústria de petróleo e gás norte-americana, Houston é a sede, nos Estados Unidos, das principais empresas do setor, inclusive da Petrobras. A relação entre a Companhia e a cidade texana também inclui cooperação tecnológica. “Nós precisamos estar em contato com o mundo, e não isolados. Temos trabalhos com universidades do Texas, como a Universidade Nacional, a Universidade do Texas e Universidade Rice”, listou Alípio Ferreira.

Presente nos Estados Unidos desde 1987, a Petrobras iniciou, em fevereiro desde ano, a produção no campo de Cascade com o primeiro FPSO (navio-plataforma flutuante de produção, com capacidade de estocagem e escoamento) a operar na porção norte-americana do Golfo do México. “A Petrobras está muito comprometida com a produção na região. Nós esperamos crescer e investir muito lá”, disse o gerente executivo da Petrobras para América, África e Eurásia, Fernando Cunha, também presente à visita.

Para a prefeita de Houston, as perspectivas são de crescimento. “Considerando o trabalho que a Petrobras tem feito no mundo e a concentração de expertise em petróleo e gás e serviços em Houston, nós acreditamos que nossa relação vai continuar e deve crescer”, declarou.





GE amplia centro de pesquisas no Brasil

Projeto ganhará laboratório em estrutura anexa
CAMILA FUSCO; DE SÃO PAULO

Companhia eleva investimento para R$ 190 mi visando trazer ao país um laboratório para dutos de petróleo;

Objetivo é atender clientes brasileiros, como Petrobras e EBX, e latinos a partir da ilha do Fundão, no Rio;

A General Electric (GE) vai ampliar as atividades de seu centro de pesquisa e desenvolvimento na ilha do Fundão, no Rio, para abrigar também um laboratório para testes de dutos de petróleo e gás.

Segundo antecipou à Folha Ken Herd, responsável pelo projeto, o laboratório é direcionado aos produtos da Wellstream, companhia inglesa adquirida pela GE em dezembro do ano passado.

Com a estratégia, os investimentos no centro de pesquisas no país passam de R$ 160 milhões para R$ 190 milhões. "A intenção é aproximar os testes dos clientes nos mercados brasileiro e latino-americano", diz o executivo.

Os dutos flexíveis servem para ligar instalações flutuantes que exploram petróleo e gás em alto-mar. A Wellstream -que já tem operações no país e 500 funcionários no Rio- já planejava instalar um laboratório de testes no país. Com a aquisição pela GE, a estratégia foi acelerada para este ano.

O laboratório de testes será integrado ao centro de pesquisas que a GE constrói no Rio. A unidade é a quinta da empresa no mundo, ao lado das bases nos Estados Unidos, na China, na Índia e na Alemanha. Ao contrário das outras unidades que têm apelo global, a principal vocação do projeto é atender a necessidades locais e de clientes latino-americanos.

BIOCOMBUSTÍVEIS
Além de testar e certificar os dutos da Wellstream, o centro de pesquisas terá outras três áreas de atuação.

"Biocombustíveis são o primeiro foco, justamente pela demanda de etanol na região. A ideia é estudar a indústria, como converter biomassa em eletricidade e analisar outros tipos de combustíveis limpos", afirma Herd.

Outras duas áreas que devem servir setores também de saúde, aviação, energia e transporte incluem sistemas integrados e inteligentes. Em fase final de engenharia, o centro de pesquisas começa a ser construído no início de 2012. A inauguração está prevista para o ano seguinte. Até lá, a GE utilizará um espaço de mil metros quadrados cedido pela UFRJ na própria ilha do Fundão.

O espaço é suficiente para abrigar 130 pesquisadores e, segundo Herd, metade da equipe fará pesquisas globais -os demais se dedicarão ao setor de óleo e gás.
"Desde que anunciamos a construção do centro de pesquisas, começamos também a discutir com os principais clientes na região. A intenção é focar nas demandas regionais em tecnologia para os próximos 10 a 12 anos", diz.

O investimento planejado pela GE ao longo dos próximos dois anos, incluindo o centro de pesquisa e também unidades fabris, é de R$ 780 milhões (US$ 500 milhões).

O centro de pesquisas, incluindo o laboratório da Wellstream, deverá ter 250 funcionários.

De acordo com o executivo, as áreas de pesquisa, desenvolvimento, engenharia e testes da unidade de pesquisas devem trabalhar juntas para realizar testes de alto desempenho e em altas pressões e profundidades, como é característica da exploração da camada pré-sal.

Folha de S. Paulo/AC


José Sergio Gabrielli: A crise está lá fora


Entrevista revista carta capital

27.10.2011 08:54



É curiosa a situação de José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. Pela leitura das seções econômicas da mídia brasileira, ele viveria um inferno diário. Dilma Rousseff gostaria de vê-lo pelas costas e o conselho de administração da petroleira desejaria enterrá-lo sob a camada do pré-sal de forma a apagar qualquer vestígio de sua existência.

Estranhamente, esse administrador tão odiado, segundo a mídia, que assumiu o cargo máximo da empresa em 2005 depois de exercer o posto de diretor-financeiro, está a menos de um mês de se tornar o mais longevo comandante da estatal.

Não bastasse, Gabrielli acaba de receber um dos mais importantes prêmios do setor: foi eleito o executivo de petróleo do ano pela ENERGY INTELLIGENCE, após a indicação dos líderes das cem maiores companhias do segmento. “Esse prêmio representa o resultado de um longo e aplicado trabalho que vem sendo feito de forma bem-sucedida por grande número de competentes, aplicados e corajosos trabalhadores”, discursou durante a cerimônia de premiação em Londres, na noite da segunda-feira 10.

Entre incontáveis viagens de negócios, Gabrielli abriu uma brecha na agenda para conceder a entrevista que se segue, realizada antes da votação da distribuição dos royalties do pré-sal pelo Congresso na quarta-feira 19.

CartaCapital:O senhor está prestes a se tornar o presidente mais longevo da Petrobras. A que o senhor atribui essa permanência?
José Sergio Gabrielli: Exercer a presidência dessa empresa é uma grande responsabilidade, não apenas pela sua dimensão empresarial, mas principalmente pela sua importância como fornecedora ininterrupta de combustíveis para o desenvolvimento do País e maior responsável pelo nosso crescimento industrial. Mas administrá-la torna-se tarefa mais fácil quando se tem um quadro de gerentes e empregados com a competência e dedicação que encontramos aqui. Portanto, só posso creditar o êxito da Petrobras nesses quase nove anos em que estou aqui, primeiro como diretor-financeiro e depois como presidente, à colaboração de toda a nossa força de trabalho.

CC: O senhor é alvo constante de críticas. Já o derrubaram várias vezes, já disseram que a presidenta Dilma Rousseff não gosta do senhor. Como isso afeta o seu trabalho?
JSG: Não vejo como críticas e sim como especulações, em torno de nossas atividades nos últimos anos, que são públicas. E discordo da afirmação de que a presidenta não gosta de mim. Tenho excelente relação com a presidenta Dilma, que foi presidenta do nosso Conselho de Administração e conhece muito bem a Petrobras. É claro que, enquanto presidente do conselho, divergimos em algumas ocasiões, o que é normal e saudável em uma administração colegiada, como a da Petrobras, mas isso jamais interferiu em nossa relação ou na condução dos negócios da companhia.

CC: O cenário internacional mudou bastante, para pior. Como essa mudança vai afetar o plano de investimentos da companhia?
JSG: A crise está na Europa e nos Estados Unidos, e nosso principal mercado é o interno. Não tivemos nenhuma redução da demanda dos produtos que produzimos e vendemos. Pelo contrário, estamos assistindo a um aumento do consumo dos principais derivados. Por isso, não planejamos reduzir os investimentos programados para 2011 a 2015, de 224,7 bilhões de dólares no período, mesmo com a perspectiva de que as economias avançadas cresçam a um ritmo mais fraco, nos próximos anos.

CC: O senhor acredita que a indústria nacional dará conta, mantidos os porcentuais de participação nativa, de suprir as demandas do pré-sal? A Petrobras tem monitorado essa capacidade?
JSG: Não somente monitoramos como incentivamos a participação da nossa indústria e a criação de parcerias entre capital nacional e empresas mundiais detentoras de tecnologia, visando aumentar a capacitação produtiva da cadeia fornecedora para o setor de petróleo e gás. Temos alguns gargalos, mas estamos conseguindo equacioná-los e não temos dúvidas de que nossa indústria poderá atender às demandas do pré-sal, como já vem atendendo às do pós-sal, para onde estão direcionados os maiores volumes de investimento de nosso plano de negócios até 2015.

CC: O impasse na discussão dos royalties prejudica, de alguma forma, a exploração do pré-sal?
JSG: A exploração, bem como o desenvolvimento da produção dos reservatórios que descobrimos no pré-sal, está sendo conduzida independentemente de definições sobre participações governamentais. Esta é uma questão que somente pode ser definida por decreto e, mesmo assim, para as licitações futuras, uma vez que os contratos em vigor foram firmados de acordo com a legislação vigente naquele momento. Assim, os contratos de concessão, já assinados entre a ANP e as empresas concessionárias para uma determinada área, definem explicitamente as condições de pagamento das participações governamentais. Qualquer alteração por decreto será quebra de contrato e, certamente, ensejará demanda judicial.

CC: Como estão as negociações com a PDVSA sobre a participação da empresa venezuelana na refinaria Abreu e Lima?
JSG: Estamos construindo a refinaria, independentemente da participação da PDVSA. Neste momento, a PDVSA está negociando garantias de um empréstimo com o BNDES, e o prazo para a conclusão dessas negociações vai até 30 de novembro próximo.

CC: O Brasil domina uma das melhores tecnologias de biocombustíveis, tem área plantável, insumos diversos. Mas novamente vive um problema de preço e, em certa medida, de escassez de produto. O que falta para dar estabilidade de longo prazo a esse mercado?
JSG: Estamos passando por um momento transitório no segmento de biocombustíveis. Estão em curso investimentos que deverão contribuir para a estabilização do fornecimento. De nossa parte estamos investindo para nos tornarmos a maior produtora de etanol do País até 2015. Após ingressar nesse segmento, via aquisição de ativos e de parcerias, a companhia planeja alcançar uma produção total de 5,6 bilhões de litros de etanol em 2015, incluindo a participação de parceiros. O volume permitiria à Petrobras participação de 12% do mercado brasileiro de etanol. Estamos prevendo investimentos de 4,1 bilhões de dólares no segmento de biocombustíveis entre 2011 e 2015, dos quais 1,9 bilhão de dólares no negócio e 1,3 bilhão na logística de distribuição.

CC: O Brasil não corre risco de ficar para trás na corrida pelas tecnologias mais eficientes de biocombustível?
JSG: Ao contrário. Somos o único país do mundo que tem tecnologia consolidada em biocombustíveis, principalmente etanol, cujos motores foram desenvolvidos na década de 1970 e aperfeiçoados ao longo do tempo. E hoje somos também pioneiros nos motores flex. Também estamos em paralelo com o mundo nas pesquisas para desenvolvimento do etanol de segunda geração, a partir de celulose, principalmente utilizando como matéria-prima o grande volume de bagaço de cana disponível no País. •

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·         A arqueologia agradece


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