quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

[51] PATATIVA DO MARANHÃO [01] JORNAL O ESTADO DE SP DESTACA CD E NOBRE FIGURA DA CANTORA MARANHENSE COM APOIO DE ZECA BALEIRO E ZECA PAGODINHO E SIMONE [12fev2015]



PATATIVA DO MARANHÃO


ARQUIVO ARS/RAS:

Patativa no lançamento do Dia Municipal do Regueiro, no Parque da Vila Palmeira, SLZ, MA, em 05set2005,

Foto: Ronald Almeida 

NOTA DO BLOG RONALD.ARQUITETO: Os textos entre [colchetes]; nomes de artistas e de CD e shows em CAIXA ALTA não constam da versão original dos artigos aqui transcritos, os quais publicamos tão somente com a intenção de facilitar a percepção mnemônica e de divulgar a obra de PATATIVA e a Música Popular Brasileira do Maranhão.

Reportagem do jornal OESP - O Estado de São Paulo, (em 12fev2015, com destaque especial de chamada na 1a. página), ressalta a mulher e a cantora Maria do Socorro Silva, nossa PATATIVA DO MARANHÃO, e o trabalho do trio ZB & ZR & ZP, composto por seu padrinho ZECA BALEIRO - ZB; de seu divulgador e amigo ZEMA RIBEIRO - ZR e seu parceiro em magistral dueto no CD, ninguém menos do que ZECA PAGODINHO - ZP.

Apresentação: Ronald Almeida, amigo de Patativa.


Foto: publicada no OESP em 12fev2015

Compositora Patativa lança disco aos 77 anos

  

Reportagem/ Artigo de: JOTABÊ MEDEIROS - O ESTADO DE S. PAULO

12 Fevereiro 2015 | 03h 00

http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,compositora-patativa-lanca-disco-aos-77-anos,1632917

Site OESP: Música. De voz poderosa, compositora lança disco aos 77 anos.

Zeca Baleiro estreia na produção em CD da sambista maranhense;



 


Em São Luís do Maranhão, na Rua Castelinho, Vila Embratel, bem na frente do Prazeres Motel, mora a sambista Patativa, cantora, compositora e frasista impagável. Palavrão é cana doce na boca de Patativa, tanto que ela é chamada de “Dercy Gonçalves do Maranhão”.
 Mas isso não tem nada a ver, ela corrige, porque Dercy “era rica e poderosa, e eu sou pobre e negra”. 

O nome é MARIA DO SOCORRO SILVA, mas ela não gosta do nome, prefere sempre Patativa. Desde os 20 anos, anda com um galho de arruda atrás da orelha para quebrar o mau­ olhado, a inveja. Nasceu [em 05out1937] na mesma cidade de João do Vale, [Município de] PEDREIRAS, há 77 anos, [cidade situada na região do vale do médio Rio Mearim, a cerca de 280 km da capital]. 

E acaba de estrear em disco, com Ninguém É Melhor do Que Eu (Saravá Discos), com direção artística de ZECA BALEIRO – e duetos com a famosa SIMONE em Saudades do Meu Bem­querer e com o mais famoso ainda ZECA PAGODINHO na canção Santo Guerreiro. O disco já trouxe visibilidade para a sambista: ela em breve deve vir cantar no circuito Sesc, em São Paulo (possivelmente em março), e tem convite para ir mostrar seu samba na Austrália.“Um desalinho valioso, quase esquecido, cultivado em rodas de amigos nos becos das feiras de uma São Luís igualmente fora da linha, fora do tempo. Um samba pronto para quem quer levar a alma lavada adiante. Porém um samba guardado”, escreveu Félix Alberto Lima no encarte de seu disco.

Patativa assombra não só por revalidar a figura do sambista malandro, intuitivo, forjado na boemia (na nobre linhagem de Moreira da Silva, Bezerra da Silva e outros), como também por imantar de uma consciência feminista um universo coalhado de significados masculinos. Na opinião da cantora Lena Machado, que gravou Colher de Chá, de Patativa, em seu Samba de Minha Aldeia (2009), a canção Xiri Meu, de Patativa, é um belo afrontamento da lógica do universo machista do samba.“Sai daí nego indecente/educação Deus não te deu/tu morre de dente seco/mas não pega xiri meu”, canta a sambista, como se afirmasse que a mulher se doa a quem quiser, não a quem a quiser. A voz é curtida, ancestral, parece uma Clementina de Jesus passada na lixa.

Conta a lenda que Patativa tem mais de 200 composições. Não sabe tocar nenhum instrumento. “Até que tive vontade. Mas acho que Deus é que sabe o que faz, porque todo violonista é cachaceiro”, ela diz. Puro gênero, porque ela mesma é chegada numa bicadinha. “Não tô podendo é largar, porque se eu largar morro mais depressa”, ela diz, sobre a bebida. As letras das composições dela são geralmente curtas, precisas, como se fossem haicais da malandragem. “Não tem outra escolha/Não tem outra escolha/Enquanto existir Jesus no céu/Urubu não come folha.” “Eu acho que a música quando é curta se torna mais bonita que a compridona, que dá mais dificuldade para o povo gravar na memória, cantar, lembrar. Mas tenho samba comprido também”, explica Patativa. “Agora mesmo morreu o Humberto de Maracanã, que fazia músicas lindas, e era tudo curto e fácil”, acrescenta. O jornalista e produtor Zema Ribeiro, que trabalhou na divulgação do primeiro show de Patativa em São Luís, no Porto da Gaby, conta Compositora Patativa lança disco aos 77 anos. Outra coisa curiosa: ela (que é mãe de regueiro, Benedito) nunca nem sequer cogitou em fazer outro gênero que não o samba. “Nunca passou pela minha cabeça. Vem inspiração, eu componho e já sai samba. O samba já nasceu na minha veia.” 

Sempre amou Jair Rodrigues, seu neguinho preferido, como diz. Mas também Bezerra da Silva, Martinho da Vila, Beth Carvalho e “Zeca Pagodinho nem se fala”. Sonha em participar de uma roda de samba com Zeca em Xerém para ver “se ele é mesmo duro na queda como é a fama dele”. Zeca Baleiro fez o trabalho de peneirar as canções que entrarão em dois discos: esse que já saiu e outro que está prontinho para sair. Foi ele também quem produziu o primeiro disco do grande sambista maranhense Antonio Vieira, quando este já era octogenário. Assim o de outro veterano, Lopes Bogéa (que morreu durante as gravações de seu disco). 

É uma geração de ouro do samba maranhense, diferente do carioca por alguns poucos motivos, mas motivos suficientes para destacá­-lo como muito particular. Segundo conta Zema Ribeiro, em meados da década de 1980, os músicos Giordano Mochel, Chico Saldanha e Ubiratan Sousa, os três ainda bem vivos, compositores, lançaram um compacto chamado Velhos Moleques, que trazia uma faixa de cada um dos seguintes compositores, nas suas próprias interpretações: Agostinho Reis, Antonio Vieira, Cristóvão Alô Brasil e Lopes Bogéa. “Os bambas veteranos aqui quase todos já morreram”, conta Patativa. “Mas o samba carioca é o samba carioca. Não tem ninguém melhor que o carioca. Eu sou imparcial, eu sou assim, tenho que botar os pingos nos is: melhor que o carioca não existe”, ela afirma. Compor, ela diz, é uma espécie de iluminação. “Não sei de onde vem, é uma dádiva, vem aquela coisa na minha cabeça.” 

Patativa anda pelo Mercado de São Luís, e não tem quem não a cumprimente e quem ela não moleste com uma pilhéria. É amada em sua terra. Em Pedreiras, conheceu João do Vale, os pais dele, os filhos. “Fui casada com apenas um, mas junto vivi com uma porção. Eu pari oito, mas só me restam três”, conta, sobre a família. Contabiliza ainda três netos e dois bisnetos.

DEPOIMENTO: ZECA BALEIRO
“Patativa é uma figura incrível, irreverente, espontânea, poética. Um tipo muito autêntico da velha boemia de São Luís, do bairro da Madre Deus, do samba na rua, totalmente informal, das noitadas sempre regadas a cachaça. Não bastasse isso, é uma cronista de alta estirpe, poeta arretada e melodista primorosa. Seus sambas dialogam com a tradição do samba carioca, mas são profundamente maranhenses, com aquele molho de festa de rua – cacuriá, lelê, bumba meu boi, etc. 
Tenho certeza que, se um bamba como Ismael Silva, por exemplo, voltasse do além e ouvisse os sambas da Patá, iria ficar encantado. O samba do Maranhão bebeu na tradição do grande samba brasileiro, naturalmente. Mas têm elementos que são muito genuínos, ‘locais’. No Maranhão, o samba dialoga com a macumba, com a mina e outros ritmos regionais, o que faz com que ele tenha uma cadência muito peculiar no modo de cantar, tocar e compor.”

JB Medeiros; O Estado de S. Paulo. [edição de 12fev2015]


Mensagem de Ronald Almeida no OESP [12fev2015]

SLZ, MA, 12fev2015

Patativa é um fenômeno de simplicidade e musicalidade, um espírito travesso e moleque que encanta à primeira vista qualquer pessoa minimamente ligada em música e gente. Vive com sua filha Wanda, netos e bisnetos e filha de criação no bairro de periferia da Vila Embratel, que fica entre o Campus da UFMA e o Porto do Itaqui, na zona oeste de São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade. Patativa, agora ungida pelo carinho, entusiasmo e competência do mecenas cultural ZECA BALEIRO, deverá alçar vôos artísticos mais amplos e muito merecidos, como bem diz JB Medeiros neste OESP.

Patativa em sua casa na Vila Embratel, em SLZ,  no dia de aniversário de seus 75 anos, em 05out2012,

com Ronald Almeida; foto: Luiza Rodrigues 

ARTIGO DE ZR - ZEMA RIBEIRO, SLZ, MA.

NINGUÉM É MELHOR DO QUE EU [dez.2014]
Show de lançamento do disco [CD] de estreia da compositora Patativa

 


No retorno do Vias de Fato, nosso repórter de cultura relembra Ninguém é melhor do que eu, show de lançamento do disco de estreia da compositora Patativa, que ele teve a honra de assessorar

Fonte: jornal Vias de Fato, SLZ, MA; dezembro de 2014
Republicado no Blog de Zema Ribeiro; 27/01/2015

Talentosa, contente e faceira: a compositora Patativa ladeada pelo séquito de admiradores com quem trabalhou para o sucesso de “Ninguém é melhor do que eu”, o disco e o show. Foto: Maristela Sena

Nem pestanejei ao receber o convite para assumir a assessoria de comunicação do show de lançamento de Ninguém é melhor do que eu, disco de estreia de Patativa, que aconteceu em São Luís, no Porto da Gabi, na última quarta-feira (19dez2014).

Já era admirador de longa data de seu trabalho e sabia cantar alguns sambas seus de cor, apesar da quase inexistência de registros de músicas suas até ali. As exceções eram Rosinha, gravada por Fátima Passarinho no único disco do grupo Fuzarca (integrado ainda por Cláudio Pinheiro, Inácio Pinheiro, Roberto Brandão e Rosa Reis), e Colher de chá, por Lena Machado em Samba de minha aldeia (2009), com participação especial de Zé da Velha e Silvério Pontes.

O aprender fácil, a própria Maria do Socorro Silva, seu nome de pia, 77 anos, explica: “samba de cachaça! A letra é curtinha pra não esquecer”. E dá um exemplo, cantarolando a letra de Quebrei meu tamborim: “deixei de beber/ e quebrei meu tamborim/ eu não vou, eu não vou/ na porta daquele botequim/ vai, vai, vai/ eu não quero mais você pra mim”.

Nas rodas boêmias entre a Praia Grande e a Madre Deus, Xiri meu é hit absoluto. Durante os dias em que a acompanhei por diversos veículos de comunicação numa maratona de entrevistas prévias ao lançamento, senti-me personagem do documentário curta-metragem de Tairo Lisboa, que toma emprestado no título sua música mais famosa. Ela ia cumprimentando conhecidos por onde passava, distribuindo seus “beijinhos furta-cor”. Pura simpatia!

Não poucas vezes ouvi-a dizer, em conversas ou respondendo a perguntas de repórteres, que “quem espera por Deus não cansa”, referindo-se ao fato de somente agora lançar o primeiro disco da carreira. “Eu queria mais cedo, quando estava mais nova e a voz, mais bonita. Mas foi agora que Deus quis”, também a vi conformando-se algumas vezes. Ninguém é melhor do que eu sai pelo selo Saravá Discos, de Zeca Baleiro, diretor artístico do disco, que tem produção musical de Luiz Jr.

O álbum traz um apanhado de 12 sambas e o cacuriá malicioso, já velho conhecido dos ludovicenses, sobretudo os frequentadores das citadas rodas boêmias, e conta com as participações especiais de Simone, em Saudades do meu bem querer, e Zeca Pagodinho, na faixa-título, além do próprio Zeca Baleiro, em Santo guerreiro.

Patativa já está com outro disco na gaveta, Patativa canta sua história, que deve ser lançado antes do carnaval, segundo o produtor Luiz Jr., financiado por edital da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.

Mas é de Ninguém é melhor do que eu que nos cabe falar, por enquanto. O lançamento foi uma linda noite de festa, em que Patativa foi reverenciada por fãs, amigos, admiradores, conhecidos e todos os frequentadores, assíduos ou não, do Porto da Gabi, cuja proprietária e o marido, Gabriela e Josemar, são personagens de uma das músicas do disco: o Samba dos seis.

Joaquim Zion e Marcos Vinicius, djs residentes da casa na já tradicional Sexta do Vinil, três anos recém-completados, fizeram o povo gingar misturando reggae, merengue e música brasileira, antes das apresentações do grupo Samba na Fonte – de cujas apresentações na Fonte do Ribeirão que lhes batiza Patativa vez por outra participa – e da exibição do filme de Tairo Lisboa.

[UMA SELEÇÃO DE NOTÁVEIS MÚSICOS: BANDA XIRIMEU]

Depois era a vez dela. Inseparáveis, o chapéu e o galho de arruda na orelha esquerda compunham o figurino com que Patativa subiu ao palco, acompanhada de Luiz Jr. (violão sete cordas e direção musical), Robertinho Chinês (cavaquinho), Davi (contrabaixo), Oliveira Neto (bateria), Lambauzinho (percussão), Wanderson (percussão), Elton (sax e flauta), Philippe Israel (vocais) e Lena Machado (vocais) – esta subiria ao palco a partir de sua participação especial em Colher de chá.

Patativa abriu o show com a mina No pé da minha roseira (“No pé da minha roseira/ em cada galho é uma flor”). Cantou quase todo o disco e mais cinco inéditas, incluindo esta primeira. Zeca Baleiro dividiu o microfone com ela em Santo guerreiro e em Ninguém é melhor do que eu. Antes, brincou: “vai ser difícil fazer as vezes do xará”, referindo-se a Zeca Pagodinho, que canta a faixa-título no disco.

O público lotou o Porto da Gabi em plena quarta-feira. O clima de cumplicidade entre artistas e público, raras vezes visto com tanta intensidade, garantiu que tudo corresse bem. Agora Patativa era uma estrela – como sempre foi – mas continuava se comportando como se cantasse na Fonte do Ribeirão, na Feira da Praia Grande ou na janela da sala de sua casa – onde a vi batucando um samba, talvez compondo, enquanto esperávamos a hora de um novo compromisso de divulgação do show.

Ou seja: Patativa continuava se comportando como a Patativa que sempre foi, desde que Justo Santeiro colocou-lhe o apelido, com o que de início se zangou, o que certamente colaborou para que o nome artístico pegasse. “E tu, que é uma Patativa, que só vive cantando pela Madre Deus?”, revidou à comparação com o Amigo da Onça numa cachaçada, como ela mesma conta.

Passados tantos anos, Patativa, hoje, é sinônimo de alegria e boa música – mesmo quando os temas são tristes, como as saudades e as dores de amor. Que seu compor e seu canto alcem cada vez mais altos voos, pousando em cabeças, corações e ouvidos abertos e interessados.

[Vias de Fato, dezembro de 2014]

NOTA DO BLOG: Os textos entre [colchetes] não constam da versão original dos artigos aqui transcritos, tão somente com a finalidade de divulgar a obra de PATATIVA e a Música Popular Brasileira do Maranhão.

 


 

Um comentário:


  1. Quick up for the best offer of AWS DevOps Training in Chennai from Infycle Technologies, Excellent software training in Chennai. A massive place to learn other technical courses like Power BI, Cyber Security, Graphic Design and Animation, Block Security, Java, Oracle, Python, Big data, Azure, Python, Manual and Automation Testing, DevOps, Medical Coding etc., with outstanding training with experienced trainers with a fresh environment with 100+ Live Practical Sessions and Real-Time scenario after the finalisation of the course the trainee will able to get through the interview in top MNC’s with an amazing package for more enquiry approach us on 7504633633, 7502633633.

    ResponderExcluir