DEFESA DE LULA RECORREU AO
MENOS 17 VEZES DEPOIS DA CONDENAÇÃO NO TRF-4
[O Globo; 11set2018]
Média foi de
uma apelação a cada 13 dias, em quatro tribunais diferentes!
Fonte: Jornal
O GLOBO; por ANDRÉ DE SOUZA / CAROLINA BRÍGIDO
11/09/2018
19:36 / atualizado 11/09/2018 20:36
Acesso RAS
2018-09-12
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O ex-presidente Lula participa de evento
na sede da CUT, em São Paulo - Nelson Almeida/AFP/25-01-2018
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- BRASÍLIA — Desde 24 de
janeiro [2018], quando o ex-presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA teve sua condenação na
Lava-Jato confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4),
os advogados do petista deram início a uma guerra judicial. Nos últimos
230 dias, a defesa apresentou ao menos 17 recursos ao TRF-4, ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
- Em média, foi apresentada
uma apelação a cada 13 dias. Até agora, a ofensiva foi em vão: Lula
continua preso, impedido de se candidatar e, nesta terça-feira, por força
do prazo imposto pela Justiça Eleitoral, que o enquadrou na Lei da Ficha
Limpa, desistiu da candidatura em favor de Fernando Haddad, que
assume como candidato.
- A média dos recursos é
ainda maior quando se consideram as vezes que a defesa foi derrotada e
apelou novamente, dentro do mesmo recurso, ao mesmo tribunal. Os advogados
querem, primeiro, anular os efeitos da condenação – ou seja, tirar Lula da
cadeia e permitir que ele concorra nas eleições de outubro. Depois, a meta
é absolver o petista da condenação por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. Ou, alternativamente, diminuir a pena de 12 anos e um mês
imposta pelo TRF-4. Por ora, nenhum objetivo foi alcançado.
ANÁLISE:
- Ao todo, foram
apresentados três recursos ao TRF, quatro ao STJ, oito ao STF e dois ao
TSE. Hoje, existem três recursos de Lula ainda aguardando julgamento – um
no STJ e dois no STF. O do STJ pede para ser anulada a condenação do
TRF-4. A alegação principal é de que Lula não teve respeitado o amplo
direito de defesa. Caso não haja absolvição, a defesa pede a diminuição da
pena. Se a condenação for derrubada no STJ, Lula deixa de ser enquadrado
na Lei da Ficha Limpa. No entanto, pelos prazos processuais, não haverá
tempo hábil para julgar o recurso antes da eleição.
- Ao STF, a defesa recorreu
em 4 de setembro alegando que uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas (ONU) garantiu a Lula o direito de concorrer
nas eleições deste ano. O ministro Edson Fachin negou o recurso, com o
argumento de que a decisão da ONU teria aplicação apenas na Justiça
Eleitoral, e não na Justiça Criminal. Em nova apelação, a defesa pediu
para a questão ser analisada na Segunda Turma da Corte, composta por cinco
ministros.
- Fachin liberou o recurso
para julgamento no plenário virtual, com os onze ministros, sem a
necessidade de reunião física. Os votos serão inseridos no sistema. O
recurso deve ser julgado mesmo após a substituição da candidatura de Lula
por Haddad. Isso porque a defesa pede a suspensão de todos os efeitos da
condenação do TRF-4: a inelegibilidade e a prisão de Lula. Portanto, se o
STF concordar, o petista pode ser libertado.
- Em 9 de setembro também
chegou ao STF um recurso em que a defesa contesta a decisão do TSE de
banir Lula das eleições. O caso está sob a relatoria de Celso de Mello,
mas diante dos prazos para substituição de candidato, a defesa já
protocolou pedido desistindo do pedido.
- Os advogados argumentavam
que um candidato pode continuar recorrendo mesmo depois da negativa do
registro por parte do TSE, desde que ainda caiba recurso à corte
eleitoral. Lula foi impedido de disputar imediatamente, mesmo tendo
direito de recorrer ao TSE.
- Em outro processo, Celso
negou nesta terça-feira pedido da defesa para alongar o prazo para a troca
de Lula por Haddad. A data limite era hoje, mas o PT queria que ela fosse
estendida para a segunda-feira da próxima semana.
- O primeiro recurso depois
da condenação do TRF-4 foi apresentado ao STJ em 30 de janeiro, durante o
recesso das cortes superiores, na tentativa de evitar a prisão de Lula. No
mesmo dia, o então vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins,
negou liminar. Em 6 de março, a Quinta Turma da Corte rejeitou um recurso
da defesa. Declarou que o entendimento atual do STF permite o início da
execução da pena depois da condenação em segunda instância – justamente o
caso de Lula.
- A defesa também tentou um
habeas corpus preventivo no STF. Em 5 de abril, o plenário do STF negou o
pedido e abriu caminho para o juiz Sérgio Moro expedir o decreto de prisão
de Lula no mesmo dia. O pedido dos advogados havia sido feito em 2 de
fevereiro, poucos dias depois de o TRF-4 condená-lo, mas antes de rejeitar
os últimos recursos internos que permitiriam a prisão.
- Em 6 de abril, quando Lula
ainda não tinha se entregado, a defesa apresentou ao STJ e ao STF outros
pedidos para evitar a prisão. Um dos argumentos foi o de que, mesmo
condenado em segunda instância, Lula deveria ficar solto, pois não poderia
ser considerado culpado enquanto pudesse recorrer aos tribunais
superiores.
- Em 7 de abril, Fachin
negou o pedido da defesa no STF e Lula se entregou à Polícia Federal. Em
13 de abril, a defesa apelou para que o ministro reconsiderasse a decisão
ou a levasse para análise da Segunda Turma do STF. Em 10 de maio, em
julgamento virtual, o colegiado manteve, por unanimidade, a decisão que
manteve o decreto de prisão.
- Mesmo com tantas derrotas,
a defesa apresentou, no habeas corpus negado em 5 de abril, embargos de
declaração, um tipo de recurso que tem pouca chance de reverter o
resultado do julgamento. Os advogados querem esclarecer se as prisões de
condenados em segunda instância é obrigatória, ou se é avaliada caso a
caso. O recurso está sendo examinado em plenário virtual desde a última
sexta-feira. Os votos dos onze ministros serão inseridos no sistema da
Corte e divulgados somente depois do dia 14, último dia do prazo para os
ministros votarem.
- Enquanto isso, Lula também
acumulava derrotas no TRF-4. Em 26 de março, a Oitava Turma do tribunal
negou os embargos de declaração apresentados pela defesa. Em 10 de abril,
quando ele já estava preso, houve novo recurso: os “embargos dos embargos”
– ou seja embargos de declaração sobre os embargos de declaração
anteriores. Os advogados pediram esclarecimentos sobre seis pontos e
cobrando, mais uma vez, a nulidade do processo. Oito dias depois, a Oitava
Turma negou esse recurso.
- No fim de junho, às
vésperas do início do recesso do STF, a defesa de Lula atirou várias
flechas. Uma delas foi uma reclamação sorteada para a relatoria de
Alexandre de Moraes. A defesa pediu uma liminar para Lula ser solto, além
de solicitar que um outro recurso fosse julgado pela Segunda Turma, que
costuma analisar os casos da Lava-Jato, e não pelo plenário, como havia
sido determinado por Fachin. Moraes, no entanto, manteve a decisão do
colega e a previsão de julgamento no plenário. Vislumbrando nova derrota,
os advogados desistiram do recurso antes mesmo do julgamento.
- Em 8 de julho, um domingo,
o TRF-4 viveu uma batalha em que ora havia decisão soltando Lula, ora
mantendo-o preso. O desembargador plantonista do tribunal, Rogério
Favreto, aceitou pedido de parlamentares do PT e deu decisão pela
liberdade do ex-presidente. Ele alegou que, como havia réu preso, também
havia urgência em tomar uma decisão. Entendeu ainda que havia "fato
novo": a carta pública divulgada poucos dias antes em que Lula
reafirmava sua pré-candidatura à Presidência da República. Assim, para
haver uma disputa equilibrada, ele tinha que ficar solto.
- Depois disso, Moro,
responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância, e o
desembargador João Pedro Gebran Neto, que toca a operação no TRF-4, foram
contra a liberdade de Lula. Gebran determinou a manutenção da prisão.
Depois disso, Favreto deu nova decisão soltando o ex-presidente. O
episódio só teve um fim quando o presidente do TRF-4, desembargador
Thompson Flores, determinou que caberia a Gebran decidir o caso. Nesse
vaivém, Lula não chegou a ser libertado.
- O TSE se tornou palco de
batalhas depois do dia 1º, quando o plenário negou o registro de
candidatura a Lula. No dia do julgamento, foi dado prazo até o dia 11 para
o PT substituir o nome do candidato a presidente da República. A defesa pediu
para o prazo ser estendido até o dia 17. A presidente do TSE, ministra
Rosa Weber, negou o recurso.
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RONALD DE
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Rio de
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