terça-feira, 14 de abril de 2020

[881] REVISTA AEDEM 01 (JUL.2016):O MALOGRO DOS IMPEACHMENTS NO MARANHÃO. Benedito Buzar



BLOG RONALD.ARQUITETO [881] REVISTA AEDEM 01 (JUL.2016):O MALOGRO DOS IMPEACHMENTS NO MARANHÃO. Benedito Buzar

O MALOGRO DOS IMPEACHMENTS NO MARANHÃO

Autor: BENEDITO BUZAR


Benedito Buzar. Fonte: AML



REVISTA AEDEM: POLÍTICA & CIDADANIA (Binômio do Desenvolvimento Sustentável) no. 01; julho 2016.
Editada pela:
AEDEM – ASSOCIAÇÃO DOS EX-DEPUTADOS ESTADUAIS DO MARANHÃO
Lema: “Continuamos servindo nosso Estado”
Fundada em 17mar2007
CNPJ nº: 08.784.436/0001-20
Supervisão Geral: NAN SOUZA
Coordenação Editorial:
RONALD DE ALMEIDA SILVA
Arquiteto Urbanista; Natural do Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA desde 1976.
Graduação: FAU-UFRJ 1968-1972; Pós-graduação: Universidade de Edimburgo, Escócia 1981-83
Registro Prof. CAU-BR nº A.107-150-5.
e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com

Assessoria de Comunicação, Design Gráfico e Marketing; VYTRINE, Responsável: Jaqueline Mouchereck


1.     A Presidente da República, Dilma Roussef vive atualmente [em 2015] o drama do cientista, nascido em Cururupu, Aquiles Lisboa, eleito indiretamente em 1935 para governar o Maranhão.

2.     Entre Dilma e Aquiles a separá-los o tempo e as circunstâncias políticas. Em 1935, há noventa anos, o então governador maranhense, ameaçado de sofrer impeachment, lutou desesperadamente para salvar o seu mandato, que, por inabilidade política, não soube preservar e conduziu o Maranhão a uma crise de proporção assustadora entre os três Poderes Constitucionais, com reflexos negativos na vida econômica e social do Estado.

3.     Em 2015, a Presidente da República, vê-se, também, mergulhada em crise idêntica a do governador. Envolta em complicada e difícil situação, está sujeita a um processo de impedimento e de afastamento do exercício do cargo. Por sua total incompetência política e administrativa, conduz o país a um terrível impasse econômico e financeiro, em que a recessão, o desemprego, a inflação pontificam e causam desarranjos na vida da população.

4.     Deixando Dilma de lado, mas mantendo o impeachment como assunto recorrente, ver-se-á que, em três momentos distintos, os políticos maranhenses tentaram usar um dispositivo de lei, que os constituintes brasileiros introduziram na Carta Magna de 1891, baseado no modelo americano, com o objetivo de catapultar do cargo os chefes do Executivo.

5.     A primeira tentativa ocorre em 1935, com a eleição de Aquiles Lisboa ao governo do Estado. A inexperiência política do governador gera um divisor d’água na Assembleia Legislativa. Por não cumprir o acordo com a União Republicana Maranhense, pelo qual o prefeito de São Luís seria o genesista Francisco Costa Fernandes, a URM abandona a base governista e alia-se aos partidos de oposição, que se juntaram para mover contra Aquiles agressiva campanha e afastá-lo do poder.

6.     Com a Assembleia Legislativa dividida, o plenário não funciona haja vista a presença de dois deputados a presidi-la: Salvador de Castro Barbosa e Antônio Pires da Fonseca. O grupo parlamentar minoritário, impedido de participar dos trabalhos constituintes, homizia-se no 24º Batalhão de Caçadores e impetra recurso à Corte de Apelação para garantir o livre exercício do mandato, não sem antes aprovar um dispositivo estabelecendo que, com a promulgação da nova Constituição, o mandato do governador se extinguiria.

7.     A despeito da confusão, a nova Constituição, sabe Deus como, é votada e aprovada, mas Aquiles Lisboa, além de não reconhecê-la, requer mandado de segurança para continuar à frente do governo. A crise agora envolve os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, este, também, se divide e julga conforme as conveniências de cada desembargador. Resultado: a vida institucional, econômica e social do Maranhão agrava-se e leva um deputado oposicionista a denunciar o governador pelo cometimento de crime de responsabilidade e pede o seu afastamento do cargo. Uma Comissão Especial considera Aquiles Lisboa inabilitado para o cargo, mas o governador, através de mandado de segurança, permanece no mandato.

8.     A situação de confusa vira caótica. A Associação Comercial, preocupada com a crise, requer ao Presidente Getúlio Vargas intervenção no Estado. A 5 de julho de 1936, o major Roberto Carneiro de Mendonça é nomeado interventor federal no Maranhão, que desarma os espíritos, restaura a pacificação política e as atividades produtivas retornam.

9.     A segunda vez que o impeachment tenta ser aplicado, para satisfazer interesses políticos, ocorre em maio de 1964, depois da eclosão do movimento militar, que derrubou o presidente João Goulart da Presidência da República.

10.Uma carta do general Anacleto Tavares da Silva, endereçado ao general Justino Alves Bastos, comandante do IV Exército, gera uma crise política, na medida em que o oficial maranhense alerta o companheiro de farda para o fato de a Revolução cassar mandatos políticos, por motivos ideológicos, mas “deixava livre os administradores públicos implicados com a corrupção, negociatas, contrabandos, fraudadores e responsáveis pela desastrosa situação em que vivia o Maranhão”.

11.A carta do general Anacleto assanha imediatamente os oposicionistas, que, com base nela, aproveitam para acusar e incriminar o governador Newton Bello, o qual, pela imprensa, rebate as acusações a ele imputadas. Para imobilizar o chefe do Executivo, duas ações são praticadas.

12.A primeira visa dar ao caso repercussão nacional, ato que os deputados federais Ivar Saldanha, Alexandre Costa e Henrique de La Rocque Almeida se encarregam de fazê-lo, com a leitura da carta no plenário no Congresso Nacional.

13.A segunda, e mais conseqüente, veio da parte dos deputados estaduais Manoel Gomes, Francisco Figueiredo, Antenor Abreu e José Mário de Araújo Carvalho, que formalizam denúncia contra o governador Newton Bello, acusado de prática de crime de responsabilidade, explicitamente configurado no “desrespeito às decisões judiciais, falta de pagamento de dívidas do Estado e retardamento na publicação de leis e resoluções do Poder Legislativo”.

14.Por conta dessa denúncia, a Assembleia cria Comissão Especial para emitir parecer à representação contra o governador, o qual mobiliza a sua bancada, com maioria no plenário, para liquidar o problema que o incomodava pela repercussão que a imprensa a ela empresta.

15.Em ação rápida e fulminante, realizada em duas sessões extraordinárias, a maioria governista resolve o problema. Na primeira sessão, a 24 de maio de 1964, aprova o “arquivamento da denúncia por considerá-la frívola e improcedente”; na segunda, em 27 do mesmo mês, rejeita a denúncia apresentada pela bancada oposicionista, que pretendia enquadrar o governador em crime de responsabilidade.

16.A terceira tentativa de formatação do impeachment no Maranhão vem à tona pela iniciativa do Coletivo de Advogados em Direitos Humanos, que inspirado em objetivos essencialmente políticos, ingressa na Assembleia Legislativa, com uma denúncia cujo alvo era a governadora Roseana Sarney, sob a justificativa de ela praticar crimes contra os direitos humanos, tomando por base fatos acontecidos na Penitenciária de Pedrinhas.

17.Sustentado em parecer da Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa, segundo a qual o pedido era destituído de “pressuposto válido para o prosseguimento do procedimento parlamentar”, além da “ausência de justa causa para início da persecução por crime de responsabilidade” o presidente Arnaldo Melo, monocraticamente, em 16 de janeiro de 2013, fulmina uma ação sem propósito através de um despacho simples e resumido em uma palavra: arquivamento.

PERFIL DO AUTOR:
[Biografia no site da Academia Maranhense de Letras, acesso em 14abr2020]

BENEDITO BOGÉA BUZAR
Jornalista, advogado, professor, pesquisador.
Nasceu em Itapecuru-MA, a 17 de fevereiro de 1938. Filho de Abdala Buzar Netto e Deonila Bogéa Buzar.

Após cursar em São Luís o Colégio Maranhense, dos Irmãos Maristas, e o Colégio Estadual do Maranhão (Liceu), ingressou na Faculdade de Direito do Maranhão, pela qual é bacharel.

Manteve, no Jornal do Dia, a coluna diária Roda Viva, que assinava sob o pseudônimo de J. Amparo, e que foi, em seu tempo, a mais prestigiosa de São Luís. Atualmente voltou a escrever, sob seu próprio nome no suplemento Alternativo, do jornal O Estado do Maranhão Colaborador dos jornais O Imparcial, O Jornal, Jornal do Dia, O Debate, O Estado do Maranhão, e das revistas Garota de São Luís, Projeção. Impacto e Legenda, da qual também foi secretário.

Suas atividades jornalísticas compreenderam, ainda, a produção e apresentação do programa Maré Alta, que manteve na TV Ribamar.

Deputado à Assembleia Legislativa do Maranhão, Benedito Buzar teve seu mandato cassado em 1964.

Professor titular de Ciência Política do Curso de Administração Pública da UEMA; membro e depois presidente do Conselho Estadual de Cultura; chefe da Divisão de Assuntos Internos, da Divisão de Planejamento, da Assessoria Técnica e de Gabinete da Sudema; subchefe do Departamento de Estudos Jurídicos e Sociais da Escola de Administração Pública da UEMA; assessor de Comunicação do Senai, Sesi e Fiema; advogado do Escritório Técnico de Administração Municipal; chefe de gabinete da Prefeitura de São Luís; secretário municipal de Educação e Cultura de São Luís; coordenador geral da Secretaria da Cultura do Maranhão; diretor-presidente da Maratur; secretário de Estado da Cultura; diretor-presidente do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado; assessor do Sebrae-MA; gerente de Articulação e Desenvolvimento da Região do Itapecuru.

Autor de diversas memórias históricas, duas das quais foram premiadas pelo Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís: 
Ø Do Sarneysmo ao Vitorinismo; e
Ø Eleição de Chateaubriand no Maranhão.

De suas numerosas pesquisas, Benedito Buzar publicou:
 I. A greve de 51; os trinta e quatro dias que abalaram São Luís. São Luís: Editora Alcântara, 1983;
II.  Fiema: vinte anos de lutas e vitórias. São Luís: 1988;
III. 50 anos de Banco do Estado do Maranhão. São Luís: 1989
IV. Politiqueiros, politicalha, politiquice, politicagem e política do Maranhão. São Luís: Sioge. 1989;
V. 100 anos de telefonia no Maranhão. São Luís: 1991,
VI. O vitorinismo; lutas políticas no Maranhão (1945 a 1965). São Luís: Lithograf, 1998 (2a e 3a ed., 1998; 4a ed., 1999);
VII. Vitorinistas e oposicionistas. São Luís: Lithograf, 2001;
VIII.Neiva Moreira: o jornalista do povo, São Luís; Lithograf, 1997:
IX. 50 Anos da Greve de 51. São Luís, Lithograf, 2001.

Agraciado com as medalhas: do Mérito Timbira; João Lisboa do Mérito Cultural e da Ordem dos Timbiras, no grau de grande oficial; do Mérito Judiciário Desembargador Antônio Rodrigues Vellozo; Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís; do Mérito Mauá do Ministério dos Transportes.

Na Academia Maranhense de Letras:
Ø Data da Eleição como Acadêmico da AML: 02.08.1990
Ø Data da Posse na AML: 10.08.1990
Ø Cadeira: 13
Ø Recepcionado por: Mílson Coutinho
Ø Tesoureiro da Academia Maranhense de Letras, instituição que representou no Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão, no Conselho Administrativo da Fundação Cultural do Maranhão e no Conselho Editorial da Uniceuma.
Ø Eleito vice-presidente na Diretoria do biênio 2010-12, assumiu a Presidência em 17.3.2011, por vacância desta.
Ø Eleito para o biênio 2012-14 e reeleito para o biênio 2014-16.

Fonte: AML.
Rua da Paz, n° 84, Centro| CEP 65020-450 | São Luís| MA
Fone.: Secretaria - (98) 3231-3242 | Biblioteca - (98) 3312-2925
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Edição do texto no BLOG RA.
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde 1976.
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