ZKV - ZIKA VÍRUS: SINTOMAS, TRATAMENTOS E CAUSAS
Fonte: Blog Minha Vida; Por
Redação; Revisado por Lívio Dias;
Infectologia - CRM 122637/SP [sem data]
Acesso & Edição RAS
2020-02-27
VISÃO GERAL: O QUE É ZIKA VÍRUS?
ZIKA VÍRUS (ZKV) é um vírus
transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti (mesmo transmissor da DENGUE e
da febre CHIKUNGUNYA) e o Aedes albopictus.
O vírus ZIKA teve sua primeira
aparição registrada em 1947, quando foi encontrado em macacos da Floresta ZIKA,
em Uganda.
Entretanto,
somente em 1954 os primeiros casos em seres humanos foram relatados, na
Nigéria.
O vírus ZIKA atingiu a Oceania em 2007 e a
Polinésia Francesa no ano de 2013. O Brasil notificou os primeiros casos de ZIKA vírus em 2015, no Rio Grande do
Norte e na Bahia.
Atualmente, sua presença já está
documentada em cerca de 70 países.
CAUSAS / TRANSMISSÃO
O contágio
principal pelo ZKV se dá pela picada do mosquito que, após se alimentar com
sangue de alguém contaminado, pode transportar o ZKV durante toda a sua vida,
transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele.
O ciclo de
transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em
recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de
uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos
para picar as pessoas.
O Aedes
aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45
dias. Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de 3 a 12 dias para o
Zika vírus causar sintomas.
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Internet
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A
transmissão do ZKV raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que
a temperatura mais propícia gira em torno de 30° a 32° C - por isso ele se
desenvolve preferencialmente em áreas tropicais e subtropicais.
A fêmea
coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente e úmido) e em 48 horas o
embrião se desenvolve.
É importante
lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito transmissor da Zika
Vírus podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas
distâncias, grudados nas bordas dos recipientes e a espera um ambiente úmido
para se desenvolverem.
Essa é uma
das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo
até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em média. Os mosquitos acasalam no
primeiro ou no segundo dia após se tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a
se alimentar de sangue, que possui as proteínas necessárias para o
desenvolvimento dos ovos.
O mosquito
Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café
ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar nas primeiras
horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte.
No entanto,
mesmo nas horas quentes ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. O
indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um
mosquito que voa baixo - até dois metros - é comum ele picar nos joelhos,
panturrilhas e pés.
OUTRAS FORMAS DE TRANSMISSÃO
Uma gestante
pode transmitir o ZKV para o feto durante a gravidez e essa forma de
transmissão está relacionada a ocorrência de microcefalia e outros defeitos
cerebrais graves do feto, além disso, alterações articulares, oculares e outras
malformações vem sendo relacionadas à transmissão do ZKV da mãe para o feto e
estão em estudo.
O Zika vírus
pode ser transmitido através de relação sexual de uma pessoa com Zika para os
seus parceiros ou parceiras, mesmo que a pessoa infectada não apresente os
sintomas da doença.
Existem
estudos em andamento para descobrir por quanto tempo o ZKV permanece no sêmen e
nos fluidos vaginais das pessoas contaminadas e por quanto tempo ele pode ser
transmitido aos parceiros sexuais. No sêmen, alguns trabalhos científicos
relatam um longo tempo de permanência do ZKV, mesmo muito depois do
desaparecimento dos sintomas.
Pessoas com
a intenção ter filhos, que vivam em regiões de transmissão para o Zika, devem
conversar com o médico sobre medidas preventivas no pré e pós-concepção. Essa
recomendação se torna ainda mais importante quando um dos indivíduos tem ou já
teve o diagnóstico de Zika. Pode ser necessário aguardar um período de até 6
meses para reduzir o risco de transmissão de um indivíduo para o outro e
eventualmente da mãe para o feto.
Os meios de
transmissão saliva, urina ou leite materno ainda não foram confirmados. Apesar
de o vírus ter sido identificado nesses fluídos corporais de pessoas
contaminadas com o Zika vírus, não existem relatos de que ocorra transmissão
por essas vias.
Há ainda a
possibilidade de transmissão por transfusão sanguínea e outros derivados, com o
reporte de alguns casos no Brasil, nos quais a transmissão ocorreu
provavelmente por esta via. Com essa preocupação, recentemente a Anvisa em
conjunto com o Ministério da Saúde lançou Nota Técnica com algumas
recomendações em relação a triagem clínica de doadores de sangue, que
essencialmente estipulam prazos entre a ocorrência da doença ou contato sexual
com alguém doente e a liberação para a doação de sangue.
SINTOMAS DE ZIKA VÍRUS
Os sinais de
infecção pelo Zika vírus são parecidos com os SINTOMAS DE DENGUE, e começam de 3 a 12 dias após a
picada do mosquito. A maior parte dos indivíduos, cerca de 80 %, após se
infectar com ZKV não desenvolverá qualquer sintoma da doença.
Os sintomas de Zika Vírus, quando
presentes, são:
Ø Febre baixa
(entre 37,8° e 38,5°C)
Ø Dor nas articulações (artralgia), mais frequentemente
nas articulações das mãos e pés, com possível inchaço
Ø Dor muscular (mialgia)
Ø Dor
de cabeça e atrás dos olhos
Ø Erupções cutâneas (exantemas),
acompanhadas de coceira. Podem afetar o rosto, o tronco e alcançar membros
periféricos, como mãos e pés
Ø Conjuntivite: um quadro de
vermelhidão e inchaço nos olhos, mas em que não ocorre secreção.
Ø Sintomas mais raros de infecção
pelo Zika vírus incluem:
Ø Diarreia
Ø Constipação
Ø Pequenas úlceras na mucosa oral.
Os sintomas
costumam ter duração de cerca de 2 a 7 dias. Em casos eventuais, as dores nas
articulações podem persistir por volta de 1 mês.
Diagnóstico e Exames
DIAGNÓSTICO DE ZIKA VÍRUS
O
diagnóstico da infecção pelo Zika vírus pode ser feito apenas através dos
sinais e sintomas em regiões onde sabidamente há circulação da doença e/ou por
exames laboratoriais específicos.
Os exames
laboratoriais atualmente estão mais disponíveis, e são basicamente de 3 tipos:
[1] Isolamento
viral: técnica complexa, normalmente restrita a laboratórios de pesquisa
[2] RT-PCR:
detecção do material genético do vírus, usualmente realizada nos primeiros dias
de doença
[3] Sorologia:
com vários métodos disponíveis, podendo ser realizada mesmo depois do RT-PCR
ter se tornado negativo. A sorologia pode apresentar reações cruzadas, ou seja,
resultados falsos positivos em pessoas com dengue e pessoas vacinadas para
febre amarela.
Em junho de
2016, a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, estabeleceu a inclusão
extraordinária de testes para Zika para gestantes, bebês filhos de mães com
diagnóstico de infecção pelo vírus, bem como para os recém-nascidos com
malformação congênita sugestivas de infecção pelo Zika no Rol de Procedimentos
e Eventos em Saúde. Na prática isto estabelece a cobertura obrigatória desses
exames pelos planos de saúde para os seus segurados, respeitadas as indicações
mencionadas acima.
TRATAMENTO
DE ZIKA VÍRUS
O tratamento
para o Zika vírus é sintomático. Isso que dizer quer não há tratamento
específico para a doença, só para alívio dos sintomas.
Para limitar a
transmissão do vírus, os pacientes devem ser mantidos protegidos das picadas
dos mosquitos transmissores, evitando assim que os insetos se contaminem e
possam transmitir a doença para outras pessoas.
Para isso, recomenda-se o uso
de mosquiteiros, repelentes e demais medidas preventivas durante a fase de
viremia - período em que há circulação do vírus na corrente sanguínea - que
costuma durar cerca de 6 dias a partir do início dos sintomas.
Saiba
mais: Sete
dicas seguras para baixar a febre
Pacientes
afetados com Zika Vírus podem usar medicamentos e analgésicos. Entretanto,
assim como na dengue e febre chikungunya, os medicamentos à base de ácido
acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada devem ser
evitados. Eles podem aumentar o risco de sangramentos. Anti-inflamatórios não
hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados.
O
paracetamol e a dipirona são os medicamentos de escolha para o alívio dos
sintomas de dor e febre devido ao seu perfil de segurança, sendo recomendado
tanto pelo Ministério da Saúde, como pela Organização Mundial da Saúde. É
importante ainda ingerir muito líquido para evitar a desidratação.
Os sintomas
regridem espontaneamente após 4-7 dias. Na persistência dos sintomas por
períodos mais longos, volte ao médico para investigar outras doenças ou
complicações.
Convivendo
(prognóstico)
Complicações
possíveis
MICROCEFALIA E VÍRUS ZIKA
Em outubro
de 2015, a partir de 26 casos de microcefalia notificados à Secretaria Estadual
de Saúde de Pernambuco, iniciou-se um trabalho nacional de vigilância em
investigação de casos desse agravo, até então, muito incomum, de baixa
incidência.
O que se
seguiu a esse evento foi a identificação de mais e mais casos, em diversos
estados, principalmente no nordeste do país, com a crescente preocupação com a
possível correlação desses casos com a ocorrência do surto de zika nessa região
no início do mesmo ano.
A partir de
intenso esforço da comunidade científica nacional e internacional, pode-se
estabelecer de forma concreta a relação causal para a ocorrência desses
eventos: a infecção pelo Zika Vírus na gestação.
Várias
questões permanecem ainda sem resposta como: em que fase da gestação o vírus
zika pode causar alterações congênitas, em que proporção as gestantes
infectadas pelo zika transmitem a infecção aos fetos, por quanto tempo após a
aquisição da infecção permanece o risco dessa transmissão, entre diversas
outras indagações.
Sem
tratamento específico, as complicações causadas pelo Zika vírus na gestação podem
ser diminuídas pelo diagnóstico e acompanhamento precoce dos recém-nascidos
acometidos e o Ministério da Saúde estabeleceu protocolos específicos para
identificação dos casos.
ZIKA VÍRUS E A SÍNDROME DE
GUILLAIN-BARRÉ
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença de ocorrência
rara caracterizada por fraqueza em braços e pernas e, que pode progredir
causando paralisias e afetando inclusive os músculos que controlam a
respiração.
Os sintomas podem durar algumas semanas a meses. Em sua maioria, os pacientes acometidos recuperam-se totalmente, mas alguns podem permanecer com sequelas permanentes.
Os sintomas podem durar algumas semanas a meses. Em sua maioria, os pacientes acometidos recuperam-se totalmente, mas alguns podem permanecer com sequelas permanentes.
A doença de Guillain-Barré é caracterizada pelo ataque do sistema imunológico contra as células nervosas do próprio indivíduo.
Muitas vezes, a doença surge após quadros de infecção, com vários micro-organismos sabidamente relacionados a ocorrência dos casos.
Países que tiveram surtos de Zika recentemente, têm relatado aumentos dos casos de Guillain-Barré, e pesquisas sugerem que esta síndrome está fortemente associada a infecção pelo Zika. No entanto, importante reforçar que uma mínima proporção de indivíduos que apresentaram Zika possivelmente desenvolverá a síndrome.
Prevenção
PREVENÇÃO
O mosquito Aedes aegypti é o principal transmissor do vírus e
suas larvas nascem e se criam em água parada. Por isso, evitar esses focos da
reprodução desse vetor é a melhor forma de se prevenir contra o Zika vírus.
Veja como:
[1] EVITE O
ACÚMULO DE ÁGUA
O mosquito
coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso é
importante jogar fora pneus velhos, virar garrafas com a boca para baixo e,
caso o quintal seja propenso à formação de poças, realizar a drenagem do
terreno. Também é necessário lavar a vasilha de água do bicho de estimação
regularmente e manter fechadas tampas de caixas d'água e cisternas.
[2] COLOQUE
AREIA NOS VASOS DE PLANTAS
O uso de
pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de água. Há três alternativas:
eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia. A areia conserva a
umidade e ao mesmo tempo evita que e o prato se torne um criadouro de
mosquitos.
Ralos
pequenos de cozinhas e banheiros raramente tornam-se foco de Zika Vírus devido
ao constante uso de produtos químicos, como xampu, sabão e água sanitária.
Entretanto, alguns ralos são rasos e conservam água estagnada em seu interior.
Nesse caso, o ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado
com desinfetante regularmente.
[3] LIMPE AS
CALHAS
Grandes
reservatórios, como caixas d'água, são os criadouros mais produtivos
de Aedes, mas as larvas do mosquito podem ser encontradas em pequenas
quantidades de água também. Para evitar até essas pequenas poças, calhas e
canos devem ser checados todos os meses, pois um leve entupimento pode criar
reservatórios ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti.
[4] COLOQUE TELA
NAS JANELAS
Embora não
seja tão eficaz, uma vez que as pessoas não ficam o dia inteiro em casa,
colocar telas em portas e janelas pode ajudar a proteger sua família contra o
mosquito Aedes aegypti. O problema é quando o criadouro está localizado
dentro da residência. Nesse caso, a estratégia não será bem sucedida. Por isso,
não se esqueça de que a eliminação dos focos da doença é a maneira mais eficaz
de proteção.
[5] CUIDE DOS
LAGOS CASEIROS E AQUÁRIOS
Peixes são
grandes predadores de formas aquáticas de mosquitos e, portanto, lagos e
aquários representem um risco menor para proliferação do mosquito. O cuidado
maior deve ser dado às piscinas que não são limpas com frequência.
[7] SEJA
CONSCIENTE COM SEU LIXO
Não despeje
lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos. Assim você garante que
eles ficarão desobstruídos, evitando acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa,
deixe as latas de lixo sempre bem tampadas.
[8] USE DE
REPELENTES
Repelentes
são uma importante estratégia de proteção a picada de mosquitos. Recomenda-se,
o uso de produtos industrializados, certificados pela ANVISA. Repelentes
caseiros, como andiroba, cravo-da-índia, citronela e óleo de soja não possuem
forte comprovação científica de sua eficácia e não devem ser utilizados em
substituição aos produtos aprovados pelas agências reguladoras para essa
finalidade. Os produtos atualmente comercializados e autorizados como
repelentes no Brasil podem ser utilizados na gestação e amamentação com
segurança. O uso desses repelentes em crianças deve respeitar as restrições da
embalagem e discutidas com o pediatra. A frequência e o modo de usar variam de
um produto para o outro e também devem ser seguidas de acordo com a embalagem.
Protetores solares podem reduzir a atividade dos repelentes. Quando usados ao
conjuntamente, aplique o protetor antes da aplicação do repelente.
[9] USE DE
ROUPAS PROTETORAS
O uso de
roupas que cobrem braços e pernas reduz a área de exposição corporal a picadas
de insetos e configura uma boa estratégia de prevenção de doenças transmitidas
por esses agentes. Alguns produtos do mercado, contém substâncias repelentes
como a permetrina que aumentam a eficácia dessa estratégia.
REFERÊNCIAS
Conteúdo
revisado por Livio Dias, infectologista do Hospital e Maternidade Santa Joana
Centro
Europeu para Controle e Prevenção de Doenças – organização da União Europeia
cujo objetivo é identificar as ameaças para a saúde humana tanto atuais como em
vias de aparecimento.
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