sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

[748] VALE, A MÁQUINA MORTÍFERA: 8 Funcionários da VALE que foram presos hoje tinham meios para evitar mortes, diz juiz [R7; 15fev2019]

MAKOTO NAMBA, DA TUV SUD, escreveu:
"Dessa maneira, a rigor, NÃO podemos assinar a Declaração de Condição de Estabilidade da Barragem, que tem como consequência a paralisação imediata de todas as atividades da mina Córrego do Feijão!"

NOTA RAS: RESULTADO: A VALE ASSUMIU O RISCO DE ROMPIMENTO DA BARRAGEM 1 AO NÃO PARALISAR AS ATIVIDADES DA MINA CÓRREGO DO FEIJÃO.




Funcionários da VALE tinham meios para evitar mortes, diz juiz
[R7; 15fev2019]

Ø Juiz RODRIGO HELENO CHAVES afirmou que os oito empregados presos nesta sexta-feira possuíam informações suficientes para acionar plano de evacuação

Fonte: Portal REDE RECORD; R7; MINAS GERAIS; Fernando Mellis, do R7; 15/02/2019 - 13h23 (Atualizado em 15/02/2019 - 14h20)
https://noticias.r7.com/minas-gerais/funcionarios-da-VALE-tinham-meios-para-evitar-mortes-diz-juiz-15022019?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification
Acesso RAS 2019-02-15

Funcionários da VALE assumiram risco, declarou juiz Washington Alves/Reuters

Ao decretar a prisão temporária de oito funcionários da VALE, o juiz RODRIGO HELENO CHAVES afirmou que qualquer um deles, "pela posição que ocupavam", deveria ter agido para evitar o rompimento da barragem de minérios da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).

"Caso os investigados tivessem optado pelo acionamento do PAEBM [Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração] é forçoso concluir que, provavelmente, quase todas as vidas seriam poupadas", escreveu o magistrado.

O juiz endossa uma série de irregularidades na barragem apuradas pelo Ministério Público de Minas Gerais, que detalha avisos feitos à gestores da mineradora em relação ao risco de rompimento.

Uma das evidências mais contundentes é a dos piezômetros (medidores de pressão interna da barragem) que apresentaram anormalidades sem que fosse feita uma inspeção minuciosa dos problemas.

O juiz cita o depoimento de um funcionário que trabalha na VALE há 16 anos. Ao Ministério Público, LUCIANO HENRIQUE BARBOSA COELHO disse atuar diretamente na área de barragens e que o pai dele, OLAVO HENRIQUE, tem mais de 35 anos de trabalho na mina Córrego do Feijão, sendo uma das pessoas mais experientes em infraestrutura de barragens. 

COELHO relatou que o pai fora chamado há cerca de sete ou oito meses antes da tragédia porque estava brotando lama da barragem. A recomendação foi "para tirar o pessoal todo do Córrego do Feijão" porque não tinha conserto a barragem". 
As investigações também apontam que funcionários da VALE e da CONSULTORIA TÜV SUD trocaram e-mails sobre a instabilidade da barragem nas vésperas do rompimento. 

Para o magistrado, "diante de todas as anomalias verificadas na barragem B1 desde meados de 2018, aliadas à alteração drástica dos piezômetros verificada em janeiro de 2019, aparentemente não havia outra alternativa aos funcionários da VALE senão a de acionar o PAEBM, com imediata evacuação da área". 
"É sim possível que os oito funcionários, mesmo não querendo diretamente que o resultado ocorrese, tenham assumido o risco de produzi-lo, pois já o haviam previsto e aceitado suas consequências", pondera o juiz. 

O Ministério Público também teve acesso a e-mails trocado entre quatro funcionários da TÜV SUD, incluindo o engenheiro MAKOTO NAMBA, que assinou o laudo de estabilidade da barragem.

No dia 13 de maio de 2018, NAMBA escreveu aos colegas: 
"O Marsílio está terminando os estudos de liquefação da Barragem 1 do Córrego do Feijão, mas tudo indica que não passará, ou seja, fator de segurança para a seção de maior altura será inferior ao mínimo de 1.3. Dessa maneira, a rigor, não podemos assinar a Declaração de Condição de Estabilidade da Barragem, que tem como consequência a paralisação imediata de todas as atividades da mina Córrego do Feijão". 

O engenheiro ainda que FELIPE FIGUEIREDO ROCHA, integrante do setor de gestão de riscos geotécnicos da VALE, "ligou na sexta-feira passada para saber como andavam os os estudos, e sabendo da possibilidade da Barragem 1 não passar, comentou que todos os esforços serão feitos para aumentar o fator de segurança, como o rebaixamento do lençol freático, a remineração do rejeito, etc. Mas são todas soluções de longo prazo, que levarão de 2 a 3 anos para surtir o efeito desejado". 


QUEM SÃO OS FUNCIONÁRIOS DA VALE PRESOS NESTA SEXTA-FEIRA [15fev2019]:
  1. JOAQUIM PEDRO DE TOLEDO: gerente-executivo de geotecnia operacional da VALE no complexo Córrego do Feijão;
  2. RENZO ALBIERI GUIMARÃES CARVALHO: funcionário da gerência de geotecnia da mina;
  3. CRISTINA HELOIZA DA SILVA MALHEIROS: funcionária da gerência de geotecnia da mina e responsável por monitoramento in loco da barragem que se rompeu;
  4. ARTUR BASTOS RIBEIRO: funcionário da gerência de geotecnia da mina e responsável pelo monitoramento e manutenção da barragem;
  5. ALEXANDRE DE PAULA CAMPANHA: gerente-executivo de geotecnia corporativa da VALE;
  6. MARILENE CHRISTINA OLIVEIRA LOPES DE ASSIS ARAÚJO: funcionária do setor de gestão de riscos geométricos; [sic; geotécnicos]
  7. HÉLIO MÁRCIO LOPES CERQUEIRA: funcionário do setor de gestão de riscos geotécnicos;
  8. FELIPE FIGUEIREDO ROCHA: funcionário do setor de gestão de riscos geotécnicos.

Por meio de nota, a VALE afirmou que "está colaborando plenamente com as autoridades e permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas".




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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde 1976.
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