PETROBRAS
NOTAS SOBRE MARIA DAS GRAÇAS SILVA
FOSTER
ABRIL 2012
Graça
Foster tem 32 anos de Petrobras; veja perfil
Mantega indicará executiva para
comandar Petrobras, informou empresa.
Colunista Cristiana Lôbo
noticiou, no sábado, a saída de Gabrielli.
Fonte:
PORTAL G1 [Rede Globo]
23/01/2012 16h41 - Atualizado em 23/01/2012 18h54
A diretora de Gás e Energia da
Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, indicada para assumir o
comando da companhia, em substituição a José Sergio Gabrielli, tem 32
anos de Petrobras, segundo comunicado enviado pela própria estatal.
O nome de Graça Foster, como a
executiva é conhecida, deverá ser apreciado pelos membros do conselho, em
reunião que acontece no próximo dia 9 de fevereiro.
Formada em engenharia química pela
Universidade Federal Fluminense (UFF), Graça
Foster tem mestrado em Engenharia Química e pós-graduação em Engenharia Nuclear
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), e MBA em Economia
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ).
Mineira,
nascida em Caratinga, Graça Foster, 58 anos, é casada e tem dois filhos.
A executiva entrou na Petrobras em
1978 como estagiária no CENPES, no
setor de Lubrificantes, aditivos e graxas. O primeiro cargo como funcionária
foi como engenheira de perfuração.
Entre 2003 e 2005, Graça Foster foi secretária de Petróleo e Gás do
Ministério de Minas e Energia, então comandado pela presidente Dilma Rousseff.
Ela está na diretora de Gás e Energia da Petrobras desde setembro de 2007 e foi
a primeira mulher a assumir um cargo de diretoria na estatal. Se o nome da
executiva for corfirmado pelos membros do conselho da Petrobras, ela será a
primeira mulher a assumir o comando da maior empresa brasileira em quase 60
anos de história.
Confira
currículo de Graça Foster divulgado pela Petrobras:
"Maria das Graças Silva Foster
tem as seguintes qualificações:
·
Graduada
em Engenharia Química pela
Universidade Federal Fluminense (UFF)
·
Mestrado
em Engenharia Química
·
Pós-graduação
em Engenharia Nuclear pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ)
·
MBA
em Economia pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV/RJ).
Foi eleita Diretora da Área de Gás e Energia da Petrobras – Petróleo
Brasileiro S.A. em 21 de setembro de 2007. Tem 32 anos de Petrobras.
Atualmente
[23/01/2012], além deste cargo, Graça Foster é:
·
Presidente
da Gaspetro – Petrobras Gás S.A.
·
Presidente
do Conselho de Administração da TBG – Transportadora Brasileira Gasoduto
Bolívia-Brasil S.A. e
·
Presidente
do Conselho de Administração da TAG – Transportadora Associada de Gás S.A.
É
membro dos Conselhos de Administração da:
·
Transpetro
– Petrobras Transporte S.A.
·
Petrobras
Biocombustível S.A.
·
Braskem
S.A. e do
·
IBP
– Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
De maio de 2006 a setembro de 2007,
Graça Foster foi presidente da Petrobras Distribuidora S.A., acumulando a
função de diretora financeira nesse último ano.
Anteriormente, em setembro de 2005,
assumiu a presidência da Petroquisa – Petrobras Química S.A., desempenhando,
simultaneamente, a função de gerente executiva de Petroquímica e Fertilizantes
na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
De janeiro de 2003 a setembro de
2005, Graça Foster exerceu a função de Secretária de Petróleo, Gás Natural e
Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia e assumiu, por
decretos da Presidência da República, as funções de Secretária Executiva
Nacional do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás
(Prominp) e coordenadora interministerial do Programa Nacional de Produção e
Uso de Biodiesel, ambos do Governo Federal.
Anteriormente, ocupou cargos
gerenciais na Petrobras, na Área de Gás e Energia e no Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), bem
como na TBG (Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia Brasil).
Em 2007, Graça Foster foi
condecorada com o grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, do Ministério das
Relações Exteriores. No ano seguinte, foi eleita executiva de finanças do ano e
recebeu o troféu “Equilibrista, concedido pelo Instituto Brasileiro de
Executivos de Finanças (Ibef-RJ). Foi homenageada também com o prêmio “Mulher
de Negócios 2008”, da revista Cláudia, publicação brasileira dedicada ao
público feminino.
Em 2009, Graça Foster recebeu a
Medalha Tiradentes, a mais importante homenagem oferecida pela Assembléia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em reconhecimento a sua contribuição
para o desenvolvimento do País e do Estado do Rio de Janeiro, como profissional
da Petrobras.
Em 2010, Graça Foster foi incluída
em dois importantes rankings internacionais. Ela é uma das 50 mulheres em
ascensão no universo dos negócios em todo o mundo, segundo o jornal inglês
Financial Times, e está entre as 10 executivas mais poderosas da América
Latina, segundo a revista America Economia, publicação sobre economia, finanças
e negócios na América Latina, editada no Chile.
Graça Foster está entre as 15
melhores gestoras do Brasil em 2011, de acordo com ranking organizado pelo
jornal Valor Econômico em parceria
com a empresa de seleção de executivos Egon
Zehnder. Neste mesmo ano, ela participou do evento“Women at the Top", organizado pelo jornal Financial Times, que reuniu, na China, executivas que vêm se
destacando em suas áreas de negócio em diferentes partes do mundo.
Também em 2011, Graça Foster foi
agraciada, por proposta do Conselho da Ordem do Mérito Naval à Presidência da
República, com o Grau de Comendador do Quadro Suplementar da Ordem do Mérito
Naval. A comenda foi concedida, em Brasília, durante as comemorações do
aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – data magna da Marinha".
PROPOSTA DO CENPES NA UFMA – MARANHÃO
16/04/2012
DO: OUVIDOR DA CBF
PARA: OUVIDOR DA PETROBRAS
Não havendo canal FALE COM A PRESIDENTE,
peço o especial favor ao colega Ouvidor para fazer chegar minha mensagem à Presidente Graça Foster.
Muito Obrigado
PRESIDENTE
GRAÇA FOSTER;
Parabéns por comandar - como gente da casa
- uma das maiores e melhores empresas do mundo.
Como arquiteto urbanista carioca
[FAU-UFRJ_1972], residente há 35 anos em São Luís, Pergunto: Já que a
Petrobras está implantando no MARANHÃO a maior REFINARIA da América Latina =
600 mil barris/dia, por que a Sra. não determina a instalação de um campus
avançado do CENPES junto à UFMA - Universidade Federal do MA?
Seria fantástico poder ver meus filhos e
netos residindo em um estado que já tem o maior entreposto portuário de
petróleo do Norte-Nordeste e que teria um CENPES, um dos melhores e mais
conceituados centros de pesquisas de petróleo do mundo!!!
Por favor, venha ao Maranhão anunciar essa
imprescindível notícia.
Um grande abraço, muita saúde e excelente
sorte,
Ronald de Almeida Silva
Arquiteto urbanista
CREA-RJ 21.900-D
Entrevista
com a Diretora de Gás e Energia da Petrobrás - Graça Foster!
Fonte: Universidade Federal
Fluminense
[Sem
data!]
A
entrevistada e Homenageada do PRATA DA
CASA, Graça Foster se
graduou no curso de Engenharia Química
na UFF e desde então consolidou sua carreira na Petrobrás.
Uma
vida de dedicação à empresa: de Secretária de Petróleo, Gás Natural e
Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, até os cargos que
ocupa hoje - Diretora de Gás e Energia da Petrobras, entre outros - Graça
Foster conta tudo sobre sua trajetória desde as salas de aula da universidade
até sua experiência profissional. Confira na íntegra a entrevista da primeira
mulher a ocupar um cargo de diretoria na Petrobrás, que fez e continua a fazer
história.
1)
Prata
da Casa: Por que a senhora escolheu
Engenharia Química? E por que a opção pela UFF?
1.1. Na verdade, eu passei os cinco anos
da faculdade me perguntando se deveria estar fazendo Engenharia Química, ou
Mecânica, ou Elétrica ou Civil. Cada matéria que eu estudava, despertava meu interesse
por uma área diferente.
1.2. Eu acho que escolhi Engenharia
Química porque, no pré-vestibular, eu tive um professor de química muito bom, Paulo Henrique, do Bahiense, que dava
aulas divertidas, ensinando tabela periódica.
1.3. Um dia, ele apontou para mim e
disse, “garanto que essa moça vai fazer Engenharia Química”. Eu respondi que
sim, “eu vou fazer Engenharia Química”. Na verdade, eu sou engenheira, escolhi
bem a Engenharia. O fato de ser engenheira química foi por acaso.
1.4. A opção pela UFF aconteceu porque eu
precisava trabalhar e a UFF oferecia a possibilidade de iniciar o curso no 2º
semestre, o que me permitiria trabalhar um tempo e guardar algum dinheiro
porque, na UFF, o curso era em tempo integral com horários espalhados. Então,
optei pela UFF, embora morasse na Ilha do Governador, tendo o Fundão ali
pertinho.
1.5. Por outro lado, foi uma grande
alegria passar para a UFF porque minha referência era minha tia Clélia, irmã do
meu pai, única pessoa que eu conhecia naquela época, tanto na família do meu
pai, quanto na família da minha mãe, que tinha nível superior, tendo se formado
em Farmácia pela UFF. A UFF significava muito pra mim por causa dessa tia.
2)
Prata
da Casa: Quando se graduou?
2.1.
Eu me formei em dezembro de 1978.
3)
Prata
da Casa: Recorda-se daquele período, de algum fato marcante?
3.1. Lembro de muitas coisas, a
Escola de Engenharia, lembro de muitos encontros.
3.2. Para mim, as coisas eram
bastante difíceis porque, logo no segundo semestre da faculdade, eu engravidei,
tive uma filha.
3.3. Eu tinha dificuldades
financeiras para estudar e, com uma filha, era mais difícil ainda, mas, ao
mesmo tempo, era uma grande motivação para que eu trabalhasse e superasse essas
dificuldades. Então, era muito legal.
3,4, Lembro muito da minha filha
correndo pelos corredores da UFF. Às vezes, eu não tinha com quem deixá-la para
fazer prova, então, eu pedia a alguma amiga para ficar com ela brincado no
corredor.
3.5. Para assistir aula era menos
difícil, mas, para fazer prova, era complicado, eu tinha que fazer prova
correndo porque Flávia estava no corredor, correndo de um lado pra outro. Isso
foi bem legal.
3.6. Também havia outras coisas
boas. A gente fazia umas festas com vinhos e queijos, a gente se divertia,
tocava violão, cantava. Nos nossos encontros, colegas nos contavam histórias de
pessoas que haviam sofrido as marcas da ditadura.
3.7. Sempre tinha um irmão mais
velho que tinha passado algum sufoco. Irmãos mais velhos, com cinco, seis ou
sete anos a mais que nós, tinham passado por severas dificuldades na ditadura.
Eu me lembro muito bem disso e também das festas que fazíamos, dos trabalhos de
grupo. Coisas muito boas de serem lembradas.
4)
Prata
da Casa: Antes de entrar na Petrobras, aos 24 anos, teve outras experiências
profissionais?
4.1. Fiz alguns estágios. Fiz
estágio no Instituto Nacional de Tecnologia, na Divisão de Papel e
Papelão, com Dr. Valmir. Lembro muito dele, uma pessoa que me deu
muitas oportunidades. Ele era consultor e eu fazia alguns trabalhos
particulares para ele, na prancheta – naquela época, sem AutoCAD e coisas do
tipo –, então, eu conseguia ganhar algum dinheiro extra além do estágio.
4.2. Fiz estágio na General Electric, durante quase dois anos, na fábrica de
lâmpadas e na área comercial. Foram experiências bastante ricas. Além disso, eu
dava aulas particulares, fazia muitas coisas, mas, para minha carreira como
engenheira química, esses dois estágios foram muito bons.
4.3. Depois disso, já formada, antes
de entrar na Petrobras, trabalhei um ano e meio na Nuclen – Nuclebrás Engenharia. Fui o primeiro lugar, no Brasil, no
curso da Nuclebras - Projeto Urânio III – Naquela época, eu fiz pós-graduação
em Engenharia Nuclear na Coppe/UFRJ – foi quando tive a honra de estudar na
UFRJ. Depois trabalhei seis meses no escritório da Nuclen até fazer o concurso
para a Petrobras. Então, antes, eu tive essa experiência, não mais como
estagiária, mas, como engenheira nuclear.
5)
Prata
da Casa: O que significou ingressar na Petrobras?
5.1. Significou muita coisa.
Significou, antes de mais nada, um acerto. Eu poderia dizer que foi um sonho, mas,
na verdade, foi um acerto.
5.2. Comecei no CENPES (Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello),
trabalhando nas áreas de Perfuração e de Produção.
6)
Prata da Casa: Com uma carreira de
sucesso e ascensão na Petrobras, como a Sra. concilia a vida profissional com a
particular?
6.1. De todas as perguntas, esta é a
mais difícil. Na verdade, minha vida particular é que se adapta à Petrobras,
não o contrário.
6.2. Para mim, existe a Petrobras e a minha vida; não a
minha vida e a Petrobras.
6.3. A Petrobras é a prioridade na minha vida, ainda mais
depois que meus filhos cresceram, são independentes.
6.4. Mas, na verdade, sempre foi
assim, a minha vida particular é que se adaptou à Petrobras. Como meu marido [COLIN VAUGHAN FOSTER], meus filhos, minha mãe, enfim, toda
minha família tem um imenso orgulho da Petrobras, eles entendem isso
perfeitamente. Eles me incentivam, me apoiam para que eu tenha essa dedicação
toda à Petrobras.
7)
Prata
da Casa: O que significou ser a primeira mulher a ocupar um cargo de diretoria
na Petrobras?
7.1. Para mim, é importante, como
profissional, ocupar um cargo na Diretoria da Petrobras. Ainda mais porque eu
fui estagiária na Petrobras e entrei no primeiro nível da Engenharia, como o que
seria, hoje, profissional júnior.
7.2. Vinte e oito anos se passaram e
fui empossada diretora, mas não valorizei o fato de que era a primeira mulher a
ocupar o cargo. As pessoas chamaram minha atenção para isso. Para as mulheres,
tal fato foi uma quebra de paradigma.
7.3. Não chamo, de jeito nenhum, de
preconceito, a questão não é essa. A questão é que eu olhei e vi, “nossa, eu
sou diretora da Petrobras” e as pessoas disseram, “e você é uma mulher”. Então,
eu disse, “é, então, eu sou diretora da Petrobras e a primeira mulher a ocupar
o cargo”.
8)
Prata
da Casa: Como você definiria a sua carreira profissional?
8.1. Emocionante.
Sempre estive desenvolvendo atividades que exigiram criatividade e inovação. Onde eu estive,
desenvolvi novas áreas de atuação da Companhia.
8.2. Um exemplo foi a
criação da Engenharia de Poço na Petrobras – antes havia Perfuração e Produção, que eram
áreas distintas dentro da área de Exploração e Produção.
8.3. Quando fui para Brasília, para
o Ministério de Minas e Energia, fui para criar, com a ministra Dilma Rousseff,
a Secretaria de Petróleo e Gás, que não existia na estrutura deste ministério.
8.4. Antes disso,
quando eu trabalhava na Área de Gás e Energia da Petrobras, antes de ser diretora, trabalhei na
comercialização de gás, no desenvolvimento do mercado de gás no País.
8.5. Quando voltei de
Brasília, fui atuar em atividades que existiam de forma muito reduzidas ou não existiam. Por
exemplo, na petroquímica, comecei a trabalhar na criação da nova petroquímica
no País, através de aquisições, fusões e incorporações societárias. Então, a
gente trabalhou na reestruturação da indústria petroquímica no Brasil.
8.6. Trabalhei no
desenvolvimento do Programa Nacional de Biodiesel, em Brasília, depois fui para a BR Distribuidora, criar essa área de
biodiesel dentro da BR.
8.7. Daí, já como
diretora, voltei para o Gás e Energia da Petrobras para, efetivamente, trabalhar a dimensão energia elétrica na Companhia.
Enfim, sempre lidei com desafios para desenvolvimento de novos projetos e
produtos. E sempre em áreas bastante tensas, como a área de geração de energia
elétrica, na qual tudo funciona em tempo real. A maior definição é: cercada de
desafios e grandes emoções, essa é a minha vida na Petrobras.
9) Prata
da Casa: Que conselhos a Sra. daria aos jovens que estão iniciando a vida
profissional?
9.1. Estudem. Se
estiverem no curso de graduação, dediquem-se a este curso de forma intensa e completa. Não adianta fazer nada pela metade.
9.2. O mercado demanda
profissionais que buscam a excelência, que sejam criativos, com conhecimento básico, fundamental,
bastante denso, sustentável.
9.3. Profissionais que
procurem focar, mas buscando disciplinas que complementem sua formação. Hoje, é inadmissível
um engenheiro especialista em máquinas térmicas, por exemplo, mas que faça
questão de não falar sobre economia. Ele tem que ter uma formação técnica bem estruturada, mas tem que ter CULTURA GERAL. Precisa conhecer
economia, um pouco de política, ter outros elementos que façam dele um
profissional distinto dos demais.
9.4. Ser bom em
matemática e física não basta mais. É preciso focar em uma área de conhecimento, mas precisa se
completar. Tem que conhecer sobre cultura, arte, geografia, ter um
bom discurso sobre história do Brasil e história mundial. Enfim, é preciso ler.
9.5. Além disso, é
interessante desenvolver uma atividade esportiva para adquirir habilidades de trabalho de equipe.
Ser um profissional que transmita saúde,
que fale mais de uma língua é muito conveniente.
9.6. Basicamente, é
preciso estudar, focar, complementar a sua área de atuação, cuidar do peso para se apresentar
como um profissional saudável, não só em conhecimento, mas também fisicamente.
10)
Prata
da Casa: Como a Sra. analisa a questão energética no Brasil? Quais as
principais ações desenvolvidas para ampliar a oferta de energia no país?
10.1. Hoje, o Brasil
está muito bem no que se refere à questão energética. Podemos olhar o futuro sabendo que é
possível planejar o crescimento econômico do País porque o que se planeja em
termos de demanda de energia para o futuro encontra oferta material.
10.2. A Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), empresa do Governo Federal ligada ao Ministério de Minas e Energia,
vem realizando leilões de energia desde 2004, diversificando as fontes
geradoras de tal forma que, nos próximos 10 anos, a economia possa crescer de
acordo com o PIB projetado e a energia de diferentes fontes possa entrar ano a
ano para sustentar esse crescimento. Ou seja, em 2004, fez-se uma revisão do
modelo do setor elétrico e o Governo voltou a planejar energia numa visão de
médio e longo prazo.
10.3. Essa
diversificação de fontes de energia é algo fantástico de que o Brasil dispõe. No mês de outubro, 85% do que o
Brasil produziu de energia veio de fonte hídrica, apesar de estarmos, no momento,
enfrentando uma seca significativa, se comparada à situação do ano passado,
devido ao fenômeno La Niña.
10.4. Temos em torno
de 10% de gás natural na matriz elétrica no mês de outubro. Poderíamos estar gerando ainda
mais. Na média dos últimos três meses, utilizamos 26,8 milhões de m³/dia de gás
natural, chegando a gerar 6.659 MW e temos potencial para fazer mais geração
porque temos mais capacidade instalada para gerar e temos mais gás para colocar
no mercado para gerar ainda mais energia elétrica.
10.5. É importante
ressaltar que o gás permite uma geração de energia literalmente limpa. Apesar de não ser renovável,
a emissão é bastante pequena se comparada a outras fontes, mas, como hoje se
usa um grau de tecnologia bastante grande nos sistemas de geração, temos
emissões em níveis bem reduzidos e bem controladas.
10.6. O fato é que a
geração TÉRMICA no Brasil, no mês de outubro, foi 14% da matriz elétrica, dividindo-se entre
gás natural (10%), carvão (1,5%) e energia nuclear (2,8%). Hoje, por exemplo, não
estamos gerando com óleo combustível.
10.7. Hoje, a EÓLICA
já possui uma capacidade instalada de 835 MW e, até 2013, poderá alcançar 5,3 mil MW.
10.8. A BIOMASSA
começa a entrar de forma relevante na matriz energética brasileira, como também a eólica que,
há seis ou sete anos, sequer aparecia na matriz energética. A biomassa também
cresce à medida que avança a produção de combustíveis líquidos. Ou seja, com o
avanço da produção de etanol, a biomassa passa a apresentar uma grande
oportunidade para geração de energia através de bagaço de cana. Na safra
2008/2009, a produção de etanol no Brasil atingiu o recorde de 27,6 bilhões de
litros, podendo chegar a 28,4 bilhões de litros na previsão para a safra
2010/2011. A produção de cana de açúcar, que na safra 2008/2009 foi de 573
milhões de toneladas, poderá passar para 652 milhões de toneladas na safra
2010/2011. Segundo a EPE, a capacidade de geração de energia a partir da
biomassa, que, hoje, é de 5.380 MW, poderá alcançar 8.520 MW em 2019.
10.10. Então, o Brasil é riquíssimo em termos energéticos, distinto de outros países em desenvolvimento, porque tem uma matriz bastante diversificada. Somos um País autossuficiente em petróleo.
10.10. Então, o Brasil é riquíssimo em termos energéticos, distinto de outros países em desenvolvimento, porque tem uma matriz bastante diversificada. Somos um País autossuficiente em petróleo.
10.11. A Petrobras fez
o Brasil autossuficiente em petróleo e, com o pré-sal, a possibilidade de
aumentar a produção é grande. Chegaremos a 2020, produzindo 4 milhões de barris
de petróleo por dia.
10.12. Uma vez que
energia é sinônimo de soberania, o Brasil está muito bem. Somos o segundo maior e o
mais eficiente produtor de álcool do mundo a partir da cana de açúcar. E, além de dispor de fontes de
energia diversificadas, o que é fantástico é que o Brasil dispõe de tecnologia
para fazer uso de todas elas, quais sejam: petróleo e gás natural em lâminas
d’água profundas e ultraprofundas, em camadas do pré e do pós-sal; carvão
mineral; energia hidráulica; eólica; solar; e a partir da biomassa.
[FIM DA
ENTREVISTA by UFF]
UM DEPOIMENTO SOBRE GRAÇA FOSTER
Por
Carlos Souza
Enviado por luisnassif,
sex, 10/02/2012 - 07:46
Por Carlos Souza
Graça Foster – Presidente da
Petrobras
Prezado Nassif, escrevi esse
depoimento. Agradeceria se pudesse ser publicado.
Conheci a Graça há uns 20 anos. Eu
tinha acabado de voltar do doutorado e ela era chefe de um setor no centro de
pesquisas da Petrobras.
Eu tinha tido um trabalho técnico
aprovado para apresentação em um congresso no exterior. Nessa conferência a
Petrobras apresentaria 6 ou 7 trabalhos.
Como era comum naquela época, a
Petrobras não aprovou a viagem para a conferência de vários dos autores, apenas
uma vaga foi aprovada para o Centro de Pesquisas. A Graça foi a escolhida e
iria apresentar seu trabalho. Os demais, como era comum acontecer, dariam “no
show” no congresso.
Quando soube disso, a Maria da
Graça, por conta própria, telefonou para todos os autores e se prontificou a
apresentar todos os trabalhos. Com isso, acabei indo ao CENPES, o centro de
pesquisas da empresa, para mostrar a ela minha apresentação e explicar um pouco
do trabalho, que obviamente passava longe de sua especialidade.
Ao encontrá-la, não resisti e fiz a
pergunta: porque você, que poderia ir à conferência, apresentar seu artigo, e
depois aproveitar o evento para conhecer outros autores e assistir a outras
apresentações, está preferindo se expor, e enfrentar essa maratona para
apresentar 7 trabalhos, em inglês
(que não era seu forte), em áreas técnicas que não são exatamente as suas? E
isso tudo por iniciativa própria, sem que ninguém sequer tenha lhe sugerido
isso?
Sua resposta foi
interessante e inusitada. Graça preferia correr os riscos de apresentar um
trabalho alheio a ver a Petrobras dar um “no show” em um congresso.
Depois desse primeiro contato,
passei os anos seguintes trabalhando muito próximo da Graça. Coordenei um
projeto do CENPES em que 8 dos engenheiros de seu setor trabalhavam comigo. Na
aprovação desse projeto conheci o hoje famoso mal humor
da Graça. Ela, que nunca teve paciência para esperar, queria que o projeto
fosse aprovado e tivesse ssuas atividades iniciadas o mais rápido possível.
Eu porém, como futuro coordenador e
observando vários aspectos técnicos e econômicos, só aceitei iniciar o projeto
depois de ter todos os planos de trabalho revisados e atendendo a todos os requisitos
de meu departamento.
Essa demora deixou a Graça muito
irritada, mais ainda ao ver que sua irritação não tinha nenhum efeito na
aprovação do projeto.
Quando finalmente todos os
requisitos foram atendidos e o projeto deslanchou, ela veio a minha sala, na
avenida Chile, e pediu desculpas reconhecendo que minha atitude visava buscar o
melhor para a empresa.
Essa qualidade, de reconhecer seus
eventuais erros e pedir desculpas, também é bastante conhecida hoje na empresa.
Somente por curiosidade, informo que esse projeto visava capacitar a empresa a
perfurar poços horizontais e de longo alcance em águas profundas. Hoje a
Petrobras é uma das empresas que dominam essa técnica e esse tipo de poço é o
poço básico usado na produção dos grandes campos marítimos da empresa.
Depois disso ficamos amigos, trabalhamos
juntos em diversas frentes, ela sempre no CENPES e eu no E&P (Exploração e
Produção).
Uma das últimas atividades que
exercemos juntos foi sair pelo Brasil, palestrando em diversas universidades,
buscando parcerias dos pesquisadores brasileiros para solucionar os diversos
desafios que a Petrobras enfrentava e viria a enfrentar.
A
Petrobras tornava-se uma empresa gigante, o CENPES sozinho não daria conta de
tudo. Precisávamos de parceiros. Palestramos e buscamos apoio desde o Sul até o
Amazonas. Hoje a Petrobras
tem projetos de pesquisa, sem exagero, com centenas de universidades e centros
de pesquisa no Brasil e no mundo.
Depois disso, passei a ver a Graça
cada vez menos. Ela começou, por mérito próprio, a exercer cargos cada vez mais
altos na empresa, o que a tornava cada vez mais ocupada. Eu por meu lado, sai
da Petrobras e do Brasil para ser professor em uma universidade no exterior.
Mais tarde, quando retornei à indústria do petróleo, foi também no exterior,
e desde essa época nunca mais vi a Graça.
Já lá se vão mais de 10 anos. Mesmo
sem vê-la, e sem nenhum contato, sequer por email, ainda a considero minha
grande amiga e estou orgulhoso de sua conquista.
Que momento especial passa a
Petrobras.
Além de uma mulher como presidente,
funcionária de carreira, tem entre seus diretores um engenheiro como o
Formigli, também funcionário com carreira de mais de 30 anos na empresa, trabalhador
e muito competente.
Temos ainda o Duque e o Zelada,
ambos diretores, ambos funcionários de carreira, ambos com mais de 30 anos de
trabalho na Petrobras. A eles veio agora se juntar na diretoria o José Alcides,
também trabalhando na empresa há mais de 30 anos.
E na Petrobras Distribuidora, temos
como presidente o José Lima, meu grande amigo desde os tempos em que éramos
estagiários e mais tarde jóvens engenheiros em Sergipe e posteriormente na
Bahia.
Tive o prazer de conhecer todos
esses engenheiros, hoje ocupantes dos mais altos cargos da empresa. Conheci-os
ainda jóvens, ralando, trabalhando duro e contribuindo para formar essa
Petrobras que hoje conhecemos. A Graça e o José Lima também ralaram por anos a
fio antes de sequer ocupar suas primeiras, e humildes, posições de chefia. A
todos conheci em algum momento de minha carreira, jogamos bola, tomamos chopp,
rimos e trabalhamos juntos.
Sai do Brasil antes do primeiro
governo Lula, não trabalho na Petrobras e não sei muito sobre a política
brasileira. Ouço sempre falar que fulano é indicação do PMDB, que o sicrano é
da quota do PT, e etc. Porém, o fato é que esses engenheiros, assim como eu,
ingressaram na Petrobras ainda jovenzinhos. Passaram, como eu, num concurso
nacional e aberto a todos os brasileiros.
Foram bons empregados, deram sua
contribuição e hoje estão na diretoria da empresa. Não os vejo nem tenho com
eles tenho nenhum contato há mais de uma década, mas isso não me impede de me
sentir feliz por essas conquistas.
Na história da empresa não me lembro
de ter visto tantos empregados de carreira, competentes e merecedores, ocupando
tantos cargos na direção. Para mim é motivo de orgulho. Creio que para todos os
brasileiros.
Por Carlos Souza
MARIA DAS GRAÇAS E SEU MARIDO.
Ou: A família do petróleo e gás
Reinaldo
Azevedo - 23 Jan 2012
Em
novembro de 2010, reportagem de Fernanda Odilla, da Folha, informava — e não
houve contestação — que, desde 2008, a C.Foster, de propriedade de Colin
Vaughan Foster, marido de Maria das Graças, futura presidente da Petrobras,
havia assiando 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes
eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes
unidades da estatal. À época, ela era cotada para o Ministério das Minas e
Energia.
Huuummm...
Talvez a C.Foster seja mesmo a melhor da área. Também entendo o fato de o casal
ter interesse comum em petróleo, gás e coisa e tal. É comum os casais
partilharem de certos gostos. O que é incomum — e seria em qualquer país
democrático do mundo —é a mulher (ou o marido) presidir a principal empresa do
Estado que compra serviços fornecidos pelo cônjuge. Collin e Maria das Graças
podem ser dois franciscanos, dois Caxias, mais honestos e retos do que as
freiras dos pés descalços. E daí? Isso é diferente da, por exemplo, "Rede
Bezerra Coelho"?
Na
própria base aliada, fosse outro o partido de Maria das Graças, que não o PT, e
já haveria um enorme bochicho. Como é com petistas, sabem como é... A regra é a
seguinte: os não-petistas, especialmente se oposicionistas, são sempre culpados
ainda que não haja nem indícios contra eles. Já os companheiros são sempre
inocentes, até mesmo contra as provas.
Eu
olho para esse ar, vamos dizer, severo de Maria das Graças e só consigo pensar
em sua dedicação aos derivados de petróleo. Gente que sabe fazer cara de brava
sempre leva alguma vantagem sobre os de aparência mansa. Mas e daí? Ela terá de
arbitrar, sim — ou algum subordinado dependente de suas graças o fará por ela —
questões que dirão respeito aos negócios do marido. Se ele já mudou de ramo,
não sei. Mas é claro que seria o caso, né?
A
Petrobras até chegou a fazer uma investigação interna para saber se havia
alguma incompatibilidade entre a atuação do marido de Maria das Graças e a da
própria. Não se encontrou nada. No máximo, constatou-se que ela não era muito
querida pela equipe porque parece compartilhar com Dilma certo gosto por, como
direi?, dar um esculachos nos subordinados. Braveza de chefe, que deixa a
equipe triste ou ressentida, é coisa do mundo da fofoca e de publicações de
auto-ajuda. Para mim, é o de menos. Acho que Maria das Graças tem de ser,
segundo reza o clichê ainda válido, como a mulher de César: não basta ser
honesta; tem também de parecer honesta.
Ora,
se o marido dela pode, por que os demais maridos e demais mulheres não podem?
Não há de ser porque ela tem esse ar de quem só pensa em derivados de petróleo
e gás.
Segue
reportagem da Folha de novembro de 2010. Volto para encerrar.
A
empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro
escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a
partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de COLIN VAUGHAN
FOSTER, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes
eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes
unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra
(sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a
Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a
Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje
sob a responsabilidade de Graça Foster.
Funcionária
de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do
governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a
Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de
quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de
2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR
Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da
Petrobras.
Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a
Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já
havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada
ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.
O
então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e
Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos
documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C.
Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras
elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo
Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Petrobras).
(...)
O
ofício diz que "não ficou caracterizada a existência de prática de crime
ou improbidade administrativa", mas enfatizava o temperamento difícil da
engenheira. "Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se
que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de
seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, "o modo com
que tratava seus subordinados'", diz o ofício da Petrobras para a Casa
Civil.
Encerro
Não
sei o regime de união do casal. Sendo um casamento ou uma união estável, na
prática, Maria das Graças terá negócios privados com a empresa pública que ela
preside. E por que o PT vai adiante? Porque está convencidos de que podem tudo.
Maria das Graças Silva
Foster
Dilma nunca gostou de Gabrielli. Ou: sai o presidente de estatal que
fez terrorismo eleitoral sem medo de parecer terrorista
Fonte:
Revista VEJA / Blog Reinaldo Azevedo
23/01/2012; às
17:15
Maria das Graças Foster
23/01/2012; às 17:15
Dilma nunca gostou de Gabrielli. Ou: sai o presidente de estatal
que fez terrorismo eleitoral sem medo de parecer terrorista
No
post abaixo, trato da heterodoxia, para dizer pouco, que significa o fato de a
família de Maria das Graças Foster, futura presidente da Petrobras, manter
relações comerciais com a estatal — na verdade, uma empresa de economia mista.
Esse tipo de relação é malvista na maioria das empresas privadas, é bom
destacar. Há outros aspectos, no entanto, a serem considerados na troca.
Dilma nunca gostou de José Sérgio
Gabrielli. Tentava ter controle da empresa desde que era ministra das Minas e
Energia e nunca conseguiu. Na chefia da Casa Civil, como a tal gerentona,
seguiu no mesmo esforço, também inútil. Gabrielli tinha e tem um padrinho muito
forte: Luiz Inácio Lula da Silva.
Quais são exatamente as
divergências técnicas entre a agora presidente da República e o ainda
presidente da Petrobras? Nunca ficaram muito claras.
Quando ministra, Dilma
reclamava que não conseguia ter acesso a dados da empresa que considerava
essenciais à sua atividade. Maria das Graças é, sem sombra de dúvida, sua “mulher
de confiança”.
E Gabrielli? Sempre foi um
político, não um homem de empresa.
A área teve um avanço
importante nos últimos anos, especialmente com o pré-sal — esforço que vem de
muito antes do governo Lula, é evidente —-, mas o petista-propagandista foi um
grande alimentador do mito de que o PT redescobriu a Petrobras. Nunca
distinguiu os limites entre a sua responsabilidade técnica e sua
irresponsabilidade política.
Em 2010, em plena campanha
eleitoral, entre o primeiro e o segundo turno, Gabrielli teve a desfaçatez de
conceder entrevistas afirmando que FHC tentara, sim!, privatizar a Petrobras, o
que é um afirmação escandalosamente mentirosa. Tratava-se de mero terrorismo
eleitoral. O PT queria; Gabrielli fazia. Sempre foi um político, um militante. Agora,
deve integrar o governo da Bahia, consolidando seu espaço para disputar a
sucessão de Jaques Wagner pelo PT.
Sai o homem de Lula da
Petrobras, entra a mulher de Dilma. Sem conhecer direito o trabalho de Maria
das Graças Foster e sem ignorar o marido inconveniente — isso é, sim, relevante
— , tendo a achar que se ganha um pouco mais de técnica e se perde um pouco de
pirotecnia. Vamos ver. Afinal, é
impossível ser menos técnico do que Gabrielli e mais fanfarrão do que ele.
Por
Reinaldo Azevedo
23/01/2012; às
14:51
Na
VEJA Online:
A
Petrobras divulgou comunicado informando que o presidente do conselho de
administração da estatal, Guido Mantega, encaminhará como proposta a ser
apreciada na próxima reunião, em 9 de fevereiro, a indicação da atual diretora
de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster (foto), para presidir a empresa. Dentro da
Petrobras, a executiva é chamada de Graça.
A
notícia de que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, deixaria o
cargo em fevereiro foi divulgada na noite do último sábado. A informação havia
sido publicada pelo deputado Paulo Teixeira (SP), que é líder do PT na Câmara,
em seu perfil na rede de microblogs Twitter. De acordo com uma fonte ligada ao
PT, a demissão de Gabrielli já estava “programada” e não causou surpresa.
Segundo
informações da Reuters, Gabrielli pode
não ser o único executivo a deixar a diretoria da estatal. Uma fonte do governo
federal afirmou que a presidente Dilma também estuda a substituição dos
diretores financeiro, Almir Barbassa, e de Exploração e Produção, Guilherme
Estrella. Segundo a fonte, as mudanças na diretoria estariam restritas a esses
postos.
Ao gosto de Dilma
A notícia é uma vitória de Dilma Rousseff. Conforme noticiado pela coluna Radar de VEJA, a presidente vinha articulando a saída do executivo da companhia, mas esbarrava no ex-presidente Lula (padrinho de Gabrielli). Graça Foster, por sua vez, é próxima à presidente, tanto que seu nome chegou a ser cogitado para assumir um ministério ou o próprio comando da Petrobras quando Dilma tomou posse no cargo, no início do ano passado.
A notícia é uma vitória de Dilma Rousseff. Conforme noticiado pela coluna Radar de VEJA, a presidente vinha articulando a saída do executivo da companhia, mas esbarrava no ex-presidente Lula (padrinho de Gabrielli). Graça Foster, por sua vez, é próxima à presidente, tanto que seu nome chegou a ser cogitado para assumir um ministério ou o próprio comando da Petrobras quando Dilma tomou posse no cargo, no início do ano passado.
A
informação da troca de comando na Petrobras também circulou na televisão na
noite de sábado. O canal Globo News veiculou a notícia de que o presidente da
Petrobras teria aceitado renunciar ao cargo.
Surpresa
De acordo com a agência de notícias Reuters, a informação pegou de surpresa autoridades do governo e executivos da própria Petrobras, que disseram não ter informações sobre o assunto. Na última reunião ordinária do conselho da estatal, que ocorreu nesta sexta-feira, o assuntou não constava na pauta, disse uma fonte da Petrobras. “Para que ocorra uma mudança no comando da empresa é preciso uma decisão do conselho, o que ainda não aconteceu. Então, será necessário convocar uma reunião extraordinária”, disse a fonte.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a informação pegou de surpresa autoridades do governo e executivos da própria Petrobras, que disseram não ter informações sobre o assunto. Na última reunião ordinária do conselho da estatal, que ocorreu nesta sexta-feira, o assuntou não constava na pauta, disse uma fonte da Petrobras. “Para que ocorra uma mudança no comando da empresa é preciso uma decisão do conselho, o que ainda não aconteceu. Então, será necessário convocar uma reunião extraordinária”, disse a fonte.
Outra
fonte, desta vez do governo, confirmou à Reuters que Graça Foster esteve na
sexta-feira no Palácio do Planalto, mas acrescentou que não tinha conhecimento
da decisão. Outro interlocutor que acompanha de perto os bastidores da
Petrobras disse que a saída de Gabrielli era tida apenas como uma questão de
tempo. A notícia de que a decisão já teria sido tomada e que a troca na
presidência ocorreria em fevereiro surpreendeu, entretanto, essa fonte.
Integrantes
do governo e também da estatal confirmaram que, nos últimos dias, com a
proximidade da reforma ministerial, os boatos sobre a saída de Gabrielli
ganharam força.
Aspirações políticas
Gabrielli deverá deixar o cargo em fevereiro para seguir carreira política na Bahia. Integrantes do partido avaliam que a decisão de Gabrielli de deixar a estatal é fruto da pressão da presidente Dilma Rousseff e do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que convenceu o executivo a trocar a estatal pela política. “Jaques estava insistindo para que ele disputasse o governo estadual em 2014″, disse um petista, sob condição de anonimato.
Gabrielli deverá deixar o cargo em fevereiro para seguir carreira política na Bahia. Integrantes do partido avaliam que a decisão de Gabrielli de deixar a estatal é fruto da pressão da presidente Dilma Rousseff e do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que convenceu o executivo a trocar a estatal pela política. “Jaques estava insistindo para que ele disputasse o governo estadual em 2014″, disse um petista, sob condição de anonimato.
Até
as eleições, Gabrielli deverá ocupar uma secretaria do governo baiano,
provavelmente da área econômica. A carreira política do presidente da
Petrobras, no entanto, não será fácil. Ele terá de enfrentar pretensões
políticas de outros petistas - entre eles, o senador Walter Pinheiro (PT-BA),
também cotado para disputar o governo da Bahia em 2014. “Não há consenso sobre
o nome de Gabrielli e isso não será tranquilo de se resolver”, garante um
petista.
Por
Reinaldo Azevedo
Por Fernanda Odilla, na Folha:
24/11/2010; às
7:03
A
empresa do marido de Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras e nome
cotado para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, deixou de cumprir
contrato com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e foi poupada de punição. Mesmo
depois de constatar que a C. FOSTER descumpriu
o plano de trabalho inicial para explorar petróleo em Sergipe, a ANP isentou a
empresa de punições, justificando que houve “fornecimento tardio” de
informações pela Petrobras.
A
decisão da ANP foi tomada em novembro de 2007, dois meses depois de Graça, como
Maria das Graças Foster é conhecida, assumir diretoria de Gás e Energia da
Petrobras.
Na
resolução em que poupou a empresa, a ANP diz que a Perobras forneceu com atraso
“informação relevante e restrições ambientais” para a exploração. De
propriedade de Colin Foster, a C. Foster venceu leilão, em 2005, e assinou
contrato com a ANP para explorar uma área inativa na Cidade de Pirambu (SE).
Segundo a Petrobras, as informações com os detalhes da área foram encaminhadas
à ANP em abril de 2006, 26 dias depois de a agência ter feito a solicitação. À Folha a ANP não disse quanto tempo a
Petrobras demorou nem o prazo que tinha para fornecer os dados. Mas, no final
de 2007, a diretoria da agência isentou de punição a C. Foster, que desistiu da
exploração do local por considerar inviável. Aqui
Por Reinaldo Azevedo
Por Fernanda Odilla, na Folha.
14/11/2010; às
6:27
Volto
em seguida:
A
empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro
escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a
partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos
últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou
42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos
para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da
estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia
sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster,
que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de
1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça
Foster.
Funcionária
de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do
governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a
Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de
quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de
2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR
Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da
Petrobras. Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a
relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado
mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto
favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.
O
então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e
Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos
documentos obtidos pela Folha. Na ocasião,
foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro,
de 2000. Coube à própria
Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas
envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras). (…)
O
ofício diz que “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou
improbidade administrativa”, mas enfatizava o temperamento difícil da
engenheira. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que
Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu
setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que
tratava seus subordinados’”, diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.
Aqui Comento
Que diabo acontece com as
mulheres fortes de Dilma? Todas elas têm de ter um marido que atua justamente
na área em que a mulher é chefe? O casal, por acaso, tem algum filho chamado
“Israel”? É uma leitura muito particular do “poder feminino”, que, de fato, inverteu
o chavão: “Por trás de uma grande mulher, há sempre um homem
prestando serviços”.
Mas
que se louve o sentido clânico do petismo, né? A gente vê que toda a cadeia
familiar gosta de se empregar num mesmo ramo. E sempre lidando com dinheiro
público. Trata-se de um refinadíssimo senso de patriotismo.
Por Reinaldo Azevedo
Dois
diretores da Petrobras podem ser afastados
Fonte: Jornal
Diário do Grande ABC [SP]
terça-feira,
24 de janeiro de 2012; 19:46
terça-feira,
24 de janeiro de 2012 19:46
Dois
diretores da Petrobras podem ser afastados
Sem amparo político, os dois diretores da
Petrobras vinculados ao presidente José Sérgio Gabrielli devem ser afastados a pedido da futura presidente Maria das Graças
Foster. A decisão será possivelmente divulgada já na próxima reunião do
Conselho de Administração da companhia, marcada para o dia 9 de fevereiro.
Almir
Guilherme Barbassa, diretor Financeiro, e
Guilherme
Estrella, de Exploração e Produção (E&P),
são quadros técnicos. Destacaram-se
nos quase sete anos de Gabrielli na presidência.
As substituições tendem a vir de
soluções internas. Para o posto de Barbassa são cotados seus gerentes
executivos: Marcos Menezes (Contabilidade), Mariângela Tizzato (Financeira),
Jorge Nahas (Planejamento Financeiro), e Maria Alice Deschamps (Tributário).
Para a vaga de Estrella são cotados
Solange Guedes, gerente-executiva de Engenharia de Produção (E&P), a
diretora da Agência Nacional
do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, e, o mais forte candidato, Carlos Tadeu da
Costa Fraga. Este último, ex-gerente geral da área de E&P, acabou sendo
indicado em 2003 para a gerência geral do Centro de Pesquisas da Petrobrás
(Cenpes), considerado até há alguns anos a "geladeira" da Petrobras,
por oferecer então menos possibilidades de crescimento profissional.
Davos
Barbassa acompanha Gabrielli no
Fórum Mundial Econômico, em Davos, na Suíça. Ele ascendeu na Petrobras a partir
de 2003, quando Gabrielli assumiu a diretoria financeira, indicado pelo PT. Foi
seu principal executivo e, dois anos depois, ao assumir a presidência da
companhia, Gabrielli nomeou o auxiliar para integrar a diretoria.
Tido na empresa como nacionalista
ferrenho, Estrella é considerado candidato a deixar a Diretoria de Exploração e
Produção há pelo menos dois anos. Ele assumiu o cargo em 2003, também como
indicação petista, juntamente com Gabrielli, que o manteve na função quando
virou presidente.
Contra Barbassa e Estrella pesam
internamente restrições ao trabalho realizado nos últimos anos. O atraso na
licitação de 21 sondas de perfuração para águas ultraprofundas do pré-sal, de
três anos, é creditado a procedimentos adotados por Estrella, como insistir em
não aceitar os resultados apresentados pela comissão de licitação, sob a
justificativa de que os preços poderiam ser ainda mais baixos. Na verdade, com
a demora, os valores finais apresentados pelos concorrentes ficaram ainda mais
elevados do que os inicialmente mostrados.
Rusgas
O episódio foi
mais um dentro de um histórico de rusgas entre as áreas de Serviços e de
E&P. A área de Exploração fica responsável por encontrar petróleo - "a
diretoria que fura poço", segundo a expressão celebrizada pelo ex-deputado
Severino Cavalcanti (PP) ao defender uma indicação de seu partido para o posto.
Já a área de serviços fica responsável pela contratação de equipamentos e
serviços. Ou seja, uma encontra petróleo; a outra gasta os recursos para
extraí-lo.
Já Barbassa, idealizador de
iniciativas importantes da companhia, como a megacapitalização de 2010 e a criaçãoda empresa Sete Brasil, da qual a Petrobrás
é sócia, com bancos e fundos de pensão, teria apoiado as manifestações de
Estrella.
PETROBRAS NOTÍCIAS NO BLOG OFICIAL:
fatosedados.blogspetrobras.com.br
A
prefeita de Houston, nos Estados Unidos, Annise Parker,
visitou hoje (29/3/2012) o Centro de Pesquisas da Petrobras [CENPES], na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.
A
comitiva da prefeita, que incluía representantes da indústria de petróleo e gás
e de universidades do Texas, foi recebida
pelo gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento em Abastecimento e Biocombustíveis,
Alípio Ferreira.
Após
visita aos laboratórios de fluidos e de físico-química de rochas e ao Núcleo de Visualização Colaborativa, a prefeita destacou os
avanços tecnológicos alcançados pela indústria de energia nas últimas décadas.
“As ferramentas de que dispomos hoje são muito diferentes das que tínhamos 20
anos atrás. Isso tudo é muito sofisticado e impressionante”, disse.
Considerada
pólo da indústria de petróleo e gás norte-americana, Houston é a sede, nos
Estados Unidos, das principais empresas do setor, inclusive da Petrobras. A
relação entre a Companhia e a cidade texana também inclui cooperação
tecnológica. “Nós precisamos estar em contato com o mundo, e não isolados.
Temos trabalhos com universidades do Texas, como a Universidade Nacional, a
Universidade do Texas e Universidade Rice”, listou Alípio Ferreira.
Presente
nos Estados Unidos desde 1987, a Petrobras iniciou, em fevereiro desde ano, a
produção no campo de Cascade com o primeiro FPSO (navio-plataforma flutuante de
produção, com capacidade de estocagem e escoamento) a operar na porção
norte-americana do Golfo do México. “A Petrobras está muito comprometida com a
produção na região. Nós esperamos crescer e investir muito lá”, disse o gerente
executivo da Petrobras para América, África e Eurásia, Fernando Cunha, também
presente à visita.
Para
a prefeita de Houston, as perspectivas são de crescimento. “Considerando
o trabalho que a Petrobras tem feito no mundo e a concentração de expertise em
petróleo e gás e serviços em Houston, nós acreditamos que nossa relação vai
continuar e deve crescer”, declarou.
GE amplia
centro de pesquisas no Brasil
Projeto
ganhará laboratório em estrutura anexa
CAMILA FUSCO; DE SÃO PAULO
Companhia eleva
investimento para R$ 190 mi visando trazer ao país um laboratório para dutos de
petróleo;
Objetivo é
atender clientes brasileiros, como Petrobras e EBX, e latinos a partir da ilha
do Fundão, no Rio;
A General
Electric (GE) vai ampliar as atividades de seu centro de pesquisa e
desenvolvimento na ilha do Fundão, no Rio, para abrigar também um laboratório
para testes de dutos de petróleo e gás.
Segundo antecipou
à Folha Ken Herd, responsável pelo projeto, o laboratório é direcionado aos
produtos da Wellstream, companhia inglesa adquirida pela GE em dezembro do ano
passado.
Com a estratégia,
os investimentos no centro de pesquisas no país passam de R$ 160 milhões para
R$ 190 milhões. "A intenção é aproximar os testes dos clientes nos
mercados brasileiro e latino-americano", diz o executivo.
Os dutos
flexíveis servem para ligar instalações flutuantes que exploram petróleo e gás
em alto-mar. A Wellstream -que já
tem operações no país e 500 funcionários no Rio- já planejava instalar um
laboratório de testes no país. Com a aquisição pela GE, a estratégia foi
acelerada para este ano.
O laboratório de
testes será integrado ao centro de pesquisas que a GE constrói no Rio. A
unidade é a quinta da empresa no mundo, ao lado das bases nos Estados Unidos,
na China, na Índia e na Alemanha. Ao contrário das outras unidades que têm
apelo global, a principal vocação do projeto é atender a necessidades locais e de
clientes latino-americanos.
BIOCOMBUSTÍVEIS
Além de testar e
certificar os dutos da Wellstream, o centro de pesquisas terá outras três áreas
de atuação.
"Biocombustíveis
são o primeiro foco, justamente pela demanda de etanol na região. A ideia é
estudar a indústria, como converter biomassa em eletricidade e analisar outros
tipos de combustíveis limpos", afirma Herd.
Outras duas áreas
que devem servir setores também de saúde, aviação, energia e transporte incluem
sistemas integrados e inteligentes. Em fase final de engenharia, o centro de
pesquisas começa a ser construído no início de 2012. A inauguração está
prevista para o ano seguinte. Até lá, a GE utilizará um espaço de mil metros
quadrados cedido pela UFRJ na própria ilha do Fundão.
O espaço é suficiente
para abrigar 130 pesquisadores e, segundo Herd, metade da equipe fará pesquisas
globais -os demais se dedicarão ao setor de óleo e gás.
"Desde que
anunciamos a construção do centro de pesquisas, começamos também a discutir com
os principais clientes na região. A intenção é focar nas demandas regionais em
tecnologia para os próximos 10 a 12 anos", diz.
O investimento planejado pela GE ao longo dos próximos
dois anos, incluindo o centro de pesquisa e também unidades fabris, é de R$ 780 milhões (US$ 500
milhões).
O centro de
pesquisas, incluindo o laboratório da Wellstream, deverá ter 250 funcionários.
De acordo com o
executivo, as áreas de pesquisa, desenvolvimento, engenharia e testes da
unidade de pesquisas devem trabalhar juntas para realizar testes de alto
desempenho e em altas pressões e profundidades, como é característica da
exploração da camada pré-sal.
Folha de S. Paulo/AC
José Sergio
Gabrielli: A crise está lá fora
Entrevista revista carta capital
27.10.2011 08:54
É curiosa a situação de José Sergio Gabrielli,
presidente da Petrobras. Pela leitura das seções econômicas da mídia
brasileira, ele viveria um inferno diário. Dilma Rousseff gostaria de vê-lo
pelas costas e o conselho de administração da petroleira desejaria enterrá-lo
sob a camada do pré-sal de forma a apagar qualquer vestígio de sua existência.
Estranhamente,
esse administrador tão odiado, segundo a mídia, que assumiu o cargo máximo da
empresa em 2005 depois de exercer o posto de diretor-financeiro, está a menos
de um mês de se tornar o mais longevo comandante da estatal.
Não bastasse,
Gabrielli acaba de receber um dos mais importantes prêmios do setor: foi eleito
o executivo de petróleo do ano pela ENERGY
INTELLIGENCE, após a indicação dos líderes das cem maiores companhias do
segmento. “Esse prêmio representa o resultado de um longo e aplicado trabalho
que vem sendo feito de forma bem-sucedida por grande número de competentes,
aplicados e corajosos trabalhadores”, discursou durante a cerimônia de
premiação em Londres, na noite da segunda-feira 10.
Entre incontáveis
viagens de negócios, Gabrielli abriu uma brecha na agenda para conceder a
entrevista que se segue, realizada antes da votação da distribuição dos
royalties do pré-sal pelo Congresso na quarta-feira 19.
CartaCapital:O
senhor está prestes a se tornar o presidente mais longevo da Petrobras. A que o
senhor atribui essa permanência?
José Sergio Gabrielli: Exercer a presidência dessa empresa
é uma grande responsabilidade, não apenas pela sua dimensão empresarial, mas
principalmente pela sua importância como fornecedora ininterrupta de
combustíveis para o desenvolvimento do País e maior responsável pelo nosso
crescimento industrial. Mas administrá-la torna-se tarefa mais fácil quando se
tem um quadro de gerentes e empregados com a competência e dedicação que
encontramos aqui. Portanto, só posso creditar o êxito da Petrobras nesses quase
nove anos em que estou aqui, primeiro como diretor-financeiro e depois como
presidente, à colaboração de toda a nossa força de trabalho.
CC: O
senhor é alvo constante de críticas. Já o derrubaram várias vezes, já disseram
que a presidenta Dilma Rousseff não gosta do senhor. Como isso afeta o seu
trabalho?
JSG: Não vejo como críticas e sim como
especulações, em torno de nossas atividades nos últimos anos, que são públicas.
E discordo da afirmação de que a presidenta não gosta de mim. Tenho excelente
relação com a presidenta Dilma, que foi presidenta do nosso Conselho de
Administração e conhece muito bem a Petrobras. É claro que, enquanto presidente
do conselho, divergimos em algumas ocasiões, o que é normal e saudável em uma
administração colegiada, como a da Petrobras, mas isso jamais interferiu em
nossa relação ou na condução dos negócios da companhia.
CC: O
cenário internacional mudou bastante, para pior. Como essa mudança vai afetar o
plano de investimentos da companhia?
JSG: A crise está na Europa e nos Estados
Unidos, e nosso principal mercado é o interno. Não tivemos nenhuma redução da
demanda dos produtos que produzimos e vendemos. Pelo contrário, estamos
assistindo a um aumento do consumo dos principais derivados. Por isso, não
planejamos reduzir os investimentos programados para 2011 a 2015, de 224,7
bilhões de dólares no período, mesmo com a perspectiva de que as economias
avançadas cresçam a um ritmo mais fraco, nos próximos anos.
CC: O
senhor acredita que a indústria nacional dará conta, mantidos os porcentuais de
participação nativa, de suprir as demandas do pré-sal? A Petrobras tem
monitorado essa capacidade?
JSG: Não somente monitoramos como
incentivamos a participação da nossa indústria e a criação de parcerias entre
capital nacional e empresas mundiais detentoras de tecnologia, visando aumentar
a capacitação produtiva da cadeia fornecedora para o setor de petróleo e gás.
Temos alguns gargalos, mas estamos conseguindo equacioná-los e não temos
dúvidas de que nossa indústria poderá atender às demandas do pré-sal, como já
vem atendendo às do pós-sal, para onde estão direcionados os maiores volumes de
investimento de nosso plano de negócios até 2015.
CC: O
impasse na discussão dos royalties prejudica, de alguma forma, a exploração do
pré-sal?
JSG: A exploração, bem como o
desenvolvimento da produção dos reservatórios que descobrimos no pré-sal, está
sendo conduzida independentemente de definições sobre participações
governamentais. Esta é uma questão que somente pode ser definida por decreto e,
mesmo assim, para as licitações futuras, uma vez que os contratos em vigor
foram firmados de acordo com a legislação vigente naquele momento. Assim, os
contratos de concessão, já assinados entre a ANP e as empresas concessionárias
para uma determinada área, definem explicitamente as condições de pagamento das
participações governamentais. Qualquer alteração por decreto será quebra de
contrato e, certamente, ensejará demanda judicial.
CC: Como estão as negociações com a PDVSA
sobre a participação da empresa venezuelana na refinaria Abreu e Lima?
JSG: Estamos construindo a refinaria,
independentemente da participação da PDVSA. Neste momento, a PDVSA está
negociando garantias de um empréstimo com o BNDES, e o prazo para a conclusão
dessas negociações vai até 30 de novembro próximo.
CC: O Brasil domina uma das
melhores tecnologias de biocombustíveis, tem área plantável, insumos diversos.
Mas novamente vive um problema de preço e, em certa medida, de escassez de
produto. O que falta para dar estabilidade de longo prazo a esse mercado?
JSG: Estamos passando por um momento
transitório no segmento de biocombustíveis. Estão em curso investimentos que
deverão contribuir para a estabilização do fornecimento. De nossa parte estamos
investindo para nos tornarmos a maior produtora de etanol do País até 2015.
Após ingressar nesse segmento, via aquisição de ativos e de parcerias, a
companhia planeja alcançar uma produção total de 5,6 bilhões de litros de
etanol em 2015, incluindo a participação de parceiros. O volume permitiria à
Petrobras participação de 12% do mercado brasileiro de etanol. Estamos prevendo
investimentos de 4,1 bilhões de dólares no segmento de biocombustíveis entre
2011 e 2015, dos quais 1,9 bilhão de dólares no negócio e 1,3 bilhão na
logística de distribuição.
CC: O Brasil não corre risco de
ficar para trás na corrida pelas tecnologias mais eficientes de biocombustível?
JSG: Ao contrário. Somos o único país do
mundo que tem tecnologia consolidada em biocombustíveis, principalmente etanol,
cujos motores foram desenvolvidos na década de 1970 e aperfeiçoados ao longo do
tempo. E hoje somos também pioneiros nos motores flex.
Também estamos em paralelo com o mundo nas pesquisas para desenvolvimento do
etanol de segunda geração, a partir de celulose, principalmente utilizando como
matéria-prima o grande volume de bagaço de cana disponível no País. •
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