quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

[52] FÓRUM MARANHENSE DA ECONOMIA VERDE - TEMA 01 - SEGURANÇA HÍDRICA E MEIO AMBIENTE - SEMANA E DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE [25fev2015]

FÓRUM MARANHENSE DE SEGURANÇA HÍDRICA & 
ECONOMIA VERDE.
TEMA 01:
ÁGUA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Referência e orientação macrossistêmica:
FMA - Fórum Mundial da Água e Seção Brasileira do FMA.
[Gestão de Recursos Hídricos, Bacias Hidrográficas, Saneamento Básico, Energia, Educação Ambiental, Ecossistemas Aquáticos]

EVENTO proposto pela AEDEM  a ser realizado em:
São Luís, MA, 03.junho.2015, quarta-feira.
Auditório da ALEMA. 14:00h às 19:00h, a confirmar.
(Revisão_14)



CELEBRAÇÃO DO(a):
DIA MUNDIAL DA ÁGUA 2015
FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA – CORÉIA DO SUL - 12_17abr2015
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE - 05jun2015
FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA – BRASÍLIA, DF, BR; 2018
DÉCADA MUNDIAL DA ÁGUA 2005-2015
[Balanço dos RH no Maranhão]
Proposta da Década Maranhense da Água 2015-2025

Termo de Referência Preliminar
para Consulta Pública

 

O DESAFIO DA SEGURANÇA HÍDRICA

Segurança hídrica “significa garantir que ecossistemas de água doce, costeira e outros relacionados sejam protegidos e melhorados; que o desenvolvimento sustentável e a estabilidade política sejam promovidos; que cada pessoa tenha acesso à água potável suficiente a um custo acessível para levar uma vida saudável e produtiva, e que a população vulnerável seja protegida contra os riscos relacionados à água.”

Declaração Ministerial do 2º Fórum Mundial da Água, 2000.


Colaborou o Prof. Oiama Cardoso, economista especializado em Recursos Hídricos, autor da proposta original do FMSH.


I)                    INTRODUÇÃO

1. A AEDEM – Associação dos ex-Deputados Estaduais do Maranhão, com apoio de consultores especializados, no âmbito da Semana do Dia Mundial do Meio Ambiente 2015, realizará no dia 03jun2015 o FMSH - Fórum Maranhense sobre Segurança Hídrica e Meio Ambiente, objetivando avançar os debates, conhecimentos e proposição de intervenções infraestruturais para Preservação e Uso Racional dos Recursos Hídricos e do Saneamento Básico no Estado do Maranhão.
2. Nesse Fórum serão abordados temas já preconizados em debates nacionais promovidos por organismos federais e entidades não governamentais objetivando a construção de uma VISÃO BRASILEIRA consensual, pautada nos eixos de debates internacionais, consenso este levado pelo Governo do Brasil ao 7º FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA, realizado em 12_17abr2015 na República da Coréia (do Sul).
  1. Durante o FMSH espera-se organizar um Diálogo produtivo, cujas deliberações finais serão levadas ao três Poderes Públicos do Maranhão, visando a definição de políticas e orçamentos públicos relacionadas à Gestão das Águas, mananciais, bacias hidrográficas e zonas costeiras e suas interfaces e nexus com Educação Ambiental, Saneamento Básico, Energia, Produção de Alimentos Resíduos Sólidos, prevenção de desertificação e promoção do florestamento no Maranhão.
  2. Com a realização do FMRH espera-se estabelecer uma VISÃO MARANHENSE (preliminar) sobre a situação dos Recursos Hídricos no estado, de modo a acompanhar a VISÃO BRASILEIRA que será apresentada no 8º Fórum Mundial da Água a ser realizado em 2018 em Brasília.
  3. Trata-se, portanto, de uma questão estratégica, tendo em vista que a Água é fator determinante para preservação e continuidade da vida, como também para o desenvolvimento socioeconômico. Por essas razões, a preservação e o bom uso e reuso da Água pode influir, de modo significativo, na elevação dos indicadores básicos do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.
  4. No contexto nacional verifica-se um dos maiores períodos de estiagem, ou seja, das mais fortes secas dos últimos 80 anos, em especial no sul do país. O Maranhão não está imune a essa situação. Essas questões se tornam cada dia mais urgentes, em especial nesse momento da vida nacional em que a grave crise de recursos hídricos em São Paulo vem causando enormes impactos na economia e na vida das pessoas do mais populoso e mais rico estado do país.
  5. Importante destacar ainda, que esse momento é crucial uma vez que os estados do sudeste atravessam uma grave crise por falta de água tanto para abastecimento como para geração de energia.
  6. Ressaltamos que o Maranhão - apesar de ser um estado produtor de água -, apenas 68% da sua população recebe água tratada, ou seja, um dos piores indicadores de abastecimento.
  7. Destacamos também, a questão do Saneamento Básico no Maranhão, especialmente em São Luís, que ainda é bastante precária. Dados do IBGE indicam que no Maranhão a cobertura de coleta e esgotamento sanitário é de apenas 20% e de 1% de tratamento de esgotos.
  8. No conjunto de 65 Propostas de Políticas Públicas para o Plano de Governo Flávio Dino 2015-2018, a proposta nº 1 é sobre o tema da ÁGUA. Para que essa proposta do GFD (que prioriza a atenção a esse recurso natural finito) possa ser enquadrada no contexto do significado de SH proposto na Declaração Ministerial do 2º Fórum Mundial da Água, 2000 , necessário e urgente se faz a definição de Políticas Públicas específicas, aprovadas pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH, vinculado à SEMA-MA. Essas políticas e seus respectivos orçamentos públicos e aportes via PPP devem privilegiar a instalação dos Comitês das 12 Bacias Hidrográficas maranhenses e sua competente implementação em campo com apoio das Universidades e das Prefeituras e Câmaras municipais.
  9. Nesse contexto de complexas e crescentes demandas e sabendo da preocupação da ALEMA e do Governo do Estado do Maranhão com os RH e a SH, as questões ambientais e a saúde pública, a AEDEM espera ter o apoio o apoio institucional das entidades públicas e privadas, com vistas a realização do FMSH 2015.







II)     ESTRATÉGIA: ALINHAMENTO DAS POLÍTICAS ESTADUAIS À VISÃO BRASILEIRA SOBRE SEGURANÇA HÍDRICA NA LINHA DO FÓRUM E DO CONSELHO MUNDIAL DA ÁGUA. ECONOMIA VERDE.

2.1.            No FMSH serão debatidos os temas já preconizados pelo Conselho Mundial da Água e no Fórum Mundial da Água, assim como pela Seção Brasil desses organismos, cuja prioridade é a busca de soluções concretas, tempestivas e efetivas para entendimento e equacionamento de:
                                  I.          MUDANÇAS CLIMÁTICAS,
                                II.          GOVERNANÇA [Gestão eficiente] dos RECURSOS HÍDRICOS,
                              III.          Nexus socioeconômico, geopolítico e ambiental entre:
(i)     ÁGUA e SANEAMENTO,
(ii)   ÁGUA e ENERGIA,
(iii) ÁGUA e ALIMENTO [Agricultura, Agronegócio, Agroindústria],
                             IV.          ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS.

2.2.            Dentre as recomendações do Fórum Planet under Pressure (Londres, 2012; Recomendação nº 01 para RIO+20), destacam-se as seguintes assertivas:

“A água é o elo que liga todos os aspectos do desenvolvimento humano. A segurança hídrica é, portanto, vital para todos os setores sociais e econômicos, bem como base dos recursos naturais de que o mundo depende. Mas o crescimento demográfico, o desenvolvimento econômico e a má gestão da água estão colocando nossos recursos hídricos em um risco sem precedentes. Simplesmente não podemos continuar a desperdiçar água como fizemos no passado. É preciso mudar a forma de gerir esses recursos. Os cientistas e os responsáveis pelas decisões têm uma responsabilidade conjunta de trabalhar em prol do desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para os problemas hídricos existentes e emergentes. Este documento visa destacar a natureza integrada e coordenada das respostas necessárias para inserir definitivamente a ÁGUA na nova ECONOMIA VERDE do mundo.”

 

2.3.O FMSH parte do pressuposto que a ÁGUA – por todos os seus usos essenciais e imbricações na sua dimensão socioeconômica e ambiental - é um dos maiores ativos econômicos da Economia Verde, instância esta intrínseca ao Desenvolvimento Sustentável.

Qual é o papel do setor público em prol de uma Economia Verde?

O setor público tem papel estruturante na transição para uma Economia Verde como um todo, mas no uso e proteção da água este se torna fundamental. O 6º Fórum Mundial das Águas [Marselha, FR, mar.2012] discutiu intensamente esta questão e indicou que a valoração adequada dos recursos hídricos é crucial para induzir o uso racional e sustentável da água. Como bem público, somente o setor público pode promover esta valoração em todas as suas dimensões. Cabe a ele promover a regulação, fiscalização e cobrança pelo uso da água combinadas com políticas de incentivos ao uso racional. No Brasil, a gestão de recursos hídricos, hoje baseada na Lei 9433/97, precisa ser aprofundada e fortalecida.

[Fonte: Marilene Ramos; engenheira civil e doutora em Engenharia do Meio Ambiente pela COPPE/UFRJ. Presidente do Instituto Estadual do Ambiente – INEA. In ÁGUA, GESTÃO E TRANSIÇÃO PARA UMA ECONOMIA VERDE NO BRASIL - PROPOSTAS PARA O SETOR PÚBLICO[2012];  www.fbds.org.br






III)                PROPOSIÇÕES SOCIOPOLÍTICAS DO FMSH PARA A AGENDA DECENAL AMBIENTAL DO MARANHÃO 2015-2015

3.1.  Com base nessa ampla e consolidada base de conhecimento sobre RH já estabelecida no Brasil (em conjunto com organismos internacionais de alto nível) e no Maranhão e ante a URGÊNCIA de adoção de medidas mais eficazes para garantir a universalização de ÁGUA POTÁVEL de boa qualidade a todas as comunidades das sedes e povoados dos 217 municípios maranhenses, a Comissão Organizadora do FMSH – à luz dos preceitos da ECONOMIA VERDE - propõe desenvolver tratativas visando à adoção das seguintes medidas:

                    I.          Criar a FPAM – Frente Parlamentar Ambientalista do Maranhão, reunindo parlamentares da bancada federal [senadores e deputados], deputados estaduais e vereadores das 217 Câmaras Municipais para validar e formalizar em seus respectivos plenários os Objetivos Sociopolíticos da Agenda Ambiental do Maranhão 2015-2015, os quais devem compor a pauta de uma Sessão Extraordinária na ALEMA na semana que antecede ao Dia Mundial da Água [22mar2015].

                  II.          Formalizar a assinatura de Termo de Cooperação Técnica (ou instrumento equivalente) com as UNIVERSIDADES estaduais e federal no Maranhão visando à construção e manutenção da Rede e da Agenda Decenal Ambiental do Maranhão 2015-2025;

                III.          Criar no ambiente ALEMA – AEDEM um Grupo de Trabalho para estudar e formalizar parcerias com o Sebrae-MA, Cemar, Caema, Sema/CONERH (e outros parceiros públicos e privados) no sentido de consolidar a elaboração do Plano de Manejo e Conservação da ESTAÇÃO ECOLÓGICA SÍTIO RANGEDOR - EESR e a implantação dos projetos decorrentes, com participação das universidades e da sociedade civil.
Obs: A EESR foi criada pelo Decreto Estadual no 21.797, de 15 de dezembro de 2005, assinado pelo Gov. José Reinaldo; e teve seu perímetro e área revisados pelo Decreto nº Decreto nº 23.303 de 07 de agosto de 2007, pelo Gov. Jackson Lago.

               IV.          Criação do Sistema de Acervo Técnico e Banco de Dados Geoambientais e Territoriais do Maranhão, a ser organizado e estruturado pela UEMA [ampliação e integração das bases Nugeo/Labgeo e Imesc], em parceria com as outras Universidades nacionais e estrangeiras [ex: IPT/USP], ficando a cargo da UEMA consolidar a integração e manutenção desse sistema de informações georreferenciadas.

                 V.          Formalizar a implantação do Programa A3P Agenda Ambiental da Administração Pública do Maranhão como preceito mandatório em todos os órgãos públicos do Maranhão, visando a utilização racional dos recursos hídricos e energéticos e a redução de custos da administração pública.

               VI.          Criar a Década Maranhense da Água e do Saneamento Básico 5jun2015 - 5jun2025, objetivando implementar um amplo e perene Programa de Educação Ambiental e orçamentar (via LDO, LOA e PPA) e realizar ações e intervenções físicas em campo visando a:
(i) preservação dos ecossistemas aquáticos, em especial as nascentes, mananciais, aquíferos e matas ciliares; e
(ii) ampliação e modernização dos sistemas municipais e redes de SB; em parceria com as Universidades e iniciativa privada;

             VII.          Incentivar a prática de boa Governança Pública e de PPP – Parcerias Público-Privadas visando promover a gestão operacional privada dos sistemas municipais de Saneamento Básico e serviços públicos correlatos; e criar a Câmara Técnica de PPP para Gestão Ambiental no Conselho Empresarial do Maranhão;

           VIII.          Retomar e dinamizar – em parceria com organismos da ONU e MMA – a AGENDA 21 e a pauta do ODM – OBJETIVOS DO MILÊNIO, repassando a Coordenação Técnica às Universidades UEMA e UFMA, em conformidade com suas respectivas competências acadêmicas; criando-se núcleos de excelência de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento em Gestão Ambiental dos diferentes recursos naturais e ecossistemas aquáticos;

                IX.          Criar o Programa de Premiação (diplomas, medalhas, bolsas de estudos no exterior etc.) das Boas Práticas em Gestão Ambiental no Maranhão; nas categorias (i) escolas; (ii) universidades; (iii) setor público; (iv) iniciativa privada e (v) Terceiro setor [ONGs]; em parceria com a FAPEMA; MMA e Unesco;

                  X.          Criar o Programa de Capacitação e Extensão em Gestão Ambiental, inclusive com tecnologias de EAD – Educação a Distância, visando à formação de técnicos e gestores ambientais; em parceria com o MEC; Pronatec; FAT; Seduc; SecTec; FAPEMA; MMA; Unesco e Universidades do Maranhão [UEMA, UFAMA, IFMA];

               XI.          Fazer parceria com o CTA – São José dos Campos, o INPE, empresas privadas e órgãos gestores do CLA – Centro de Lançamento de Alcântara - MA visando a criação naquele município de um Campus Tecnológico avançado da UEMA, em moldes similares ao do CENPES da Petrobras (na Ilha do Fundão, campus da UFRJ) que propicie:
(i)                 a educação ambiental e a gestão dos recursos hídricos de águas interiores e costeiras;
(ii)               a gestão ambiental do Golfão Maranhense (parques ecológicos e arqueológicos = dinossauros; recursos naturais da plataforma continental da baía de São Marcos; água de lastro; fauna e flora – ex: manguezais, caranguejos e guarás);
(iii)             a mitigação dos impactos causados pelos lançamentos de foguetes e satélites;
(iv)             o desenvolvimento de P&D e C&T;
(v)               a preservação do Centro Histórico de Alcântara;
(vi)              a produção e renda das comunidades quilombolas;
(vii)           a instalação de um parque industrial aeroespacial de alta tecnologia;




IV)               OBJETIVOS DO FMSH

  1. Criar uma instância parlamentar e sociopolítica de discussão e conhecimento sobre as potencialidades e riscos da Segurança Hídrica no Maranhão;
  2. Discutir os Eixos Temáticos preconizados pelo CMA - Conselho Mundial e Fórum Mundial da Água e recomendar a participação de entidades e organismos maranhenses como entes membros da Seção Brasil do CMA.
  3. Encaminhar os resultados do FMSH ao CONERH - Conselho Estadual de Recursos Hídricos como subsídio técnico para Políticas e Orçamentos Públicos.
  4. Incentivar a promoção a Educação Ambiental como pressuposto maior em todos os segmentos sociais e níveis de escolas e centros de ensino superior.
  5. Promover o enlace dos Poderes Públicos e da Iniciativa Privada para valorização da Água em todas as dimensões.
  6. Marcar a participação do Parlamento estadual e dos maranhenses em geral no conjunto de ações da semana do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 05jun2015 (e de igual modo nos anos subsequentes);
  7. Preparação de documentos para subsidiar projetos, levantamentos, diagnósticos e planos que possam destacar a presença e contribuições do Maranhão no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília, 2018.

V)                 TEMAS PRINCIPAIS:

1.      Governança dos Recursos Hídricos: Caema, CONERH, Fonasc
  1. Educação Ambiental como fator determinante para a Segurança Hídrica e o DS.
  2. Modelos de Governança e Gestão e Operação Privada de Sistemas de (i) Água Potável e Água de Reuso, (ii) Esgotos, (iii) Drenagem e (iv) Energia originada de fontes hídricas e de resíduos sólidos.
  3. Eixo Água e Saneamento: (i) Programa Federal / Estadual Água para Todos; (ii) Situação do Saneamento Básico na Região Metropolitana de São Luís;
  4. Proposições Sociopolíticas: Economia Verde no Maranhão

VI)               PÚBLICO ALVO
  1. Técnicos do serviço público e da iniciativa privada, agricultores, empresários, classe política, estudantes, autoridades públicas, mídia / imprensa, entidades de classe, ONGs, gestores de RH usuários de água em geral.

VII)              METODOLOGIA.
  1. Plenárias,
  2. Mesas redondas
  3. Painéis.
  4. Exposições.
  5. Publicação em site e redes sociais.



VIII)           APOIO INSTITUCIONAL, PARCERIAS E PATROCÍNIOS (em fase de convite e negociação)


  1. Parlamentos: ALEMA; CMA, AEDEM; Gedema; ALESP; Senado; Câmara Federal; Unale;
  2. Poder Executivo / Governo do MA: UEMA; Caema, Emap, Sec. de Meio Ambiente, Sec. das Cidades; Sec. Des. Social; Sec. Saúde; Sec. Infraestrutura, Sec. Minas e Energia; Bat. Florestal etc.
  3. Governo Federal: UFMA; IFMA; MMA; Ibama; ICMbio; Codevasf; ANA; DNPM/MME; Infraero;
  4. Poder Judiciário e entidades de classe: MP-MA; TJD; OAB-MA;
  5. Entidades e Associações Municipalistas: Famem; AMEFC; ConLagos; Prefeituras da e Câmaras da RM-SLZ
  6. Empresas privadas e entidades de classe: CEMAR, FIEMA; Sinduscon; Sincopen; 5 S (Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sebrae); ACM; Alumar, Vale, Ambev, Ceuma, UNDB, FAMA, Transpetro etc.
  7. Entidades do terceiro Setor [ONG, Oscip]: WWF; FBDS; AKATU; SIA Panakui, 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

[51] PATATIVA DO MARANHÃO [01] JORNAL O ESTADO DE SP DESTACA CD E NOBRE FIGURA DA CANTORA MARANHENSE COM APOIO DE ZECA BALEIRO E ZECA PAGODINHO E SIMONE [12fev2015]



PATATIVA DO MARANHÃO


ARQUIVO ARS/RAS:

Patativa no lançamento do Dia Municipal do Regueiro, no Parque da Vila Palmeira, SLZ, MA, em 05set2005,

Foto: Ronald Almeida 

NOTA DO BLOG RONALD.ARQUITETO: Os textos entre [colchetes]; nomes de artistas e de CD e shows em CAIXA ALTA não constam da versão original dos artigos aqui transcritos, os quais publicamos tão somente com a intenção de facilitar a percepção mnemônica e de divulgar a obra de PATATIVA e a Música Popular Brasileira do Maranhão.

Reportagem do jornal OESP - O Estado de São Paulo, (em 12fev2015, com destaque especial de chamada na 1a. página), ressalta a mulher e a cantora Maria do Socorro Silva, nossa PATATIVA DO MARANHÃO, e o trabalho do trio ZB & ZR & ZP, composto por seu padrinho ZECA BALEIRO - ZB; de seu divulgador e amigo ZEMA RIBEIRO - ZR e seu parceiro em magistral dueto no CD, ninguém menos do que ZECA PAGODINHO - ZP.

Apresentação: Ronald Almeida, amigo de Patativa.


Foto: publicada no OESP em 12fev2015

Compositora Patativa lança disco aos 77 anos

  

Reportagem/ Artigo de: JOTABÊ MEDEIROS - O ESTADO DE S. PAULO

12 Fevereiro 2015 | 03h 00

http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,compositora-patativa-lanca-disco-aos-77-anos,1632917

Site OESP: Música. De voz poderosa, compositora lança disco aos 77 anos.

Zeca Baleiro estreia na produção em CD da sambista maranhense;



 


Em São Luís do Maranhão, na Rua Castelinho, Vila Embratel, bem na frente do Prazeres Motel, mora a sambista Patativa, cantora, compositora e frasista impagável. Palavrão é cana doce na boca de Patativa, tanto que ela é chamada de “Dercy Gonçalves do Maranhão”.
 Mas isso não tem nada a ver, ela corrige, porque Dercy “era rica e poderosa, e eu sou pobre e negra”. 

O nome é MARIA DO SOCORRO SILVA, mas ela não gosta do nome, prefere sempre Patativa. Desde os 20 anos, anda com um galho de arruda atrás da orelha para quebrar o mau­ olhado, a inveja. Nasceu [em 05out1937] na mesma cidade de João do Vale, [Município de] PEDREIRAS, há 77 anos, [cidade situada na região do vale do médio Rio Mearim, a cerca de 280 km da capital]. 

E acaba de estrear em disco, com Ninguém É Melhor do Que Eu (Saravá Discos), com direção artística de ZECA BALEIRO – e duetos com a famosa SIMONE em Saudades do Meu Bem­querer e com o mais famoso ainda ZECA PAGODINHO na canção Santo Guerreiro. O disco já trouxe visibilidade para a sambista: ela em breve deve vir cantar no circuito Sesc, em São Paulo (possivelmente em março), e tem convite para ir mostrar seu samba na Austrália.“Um desalinho valioso, quase esquecido, cultivado em rodas de amigos nos becos das feiras de uma São Luís igualmente fora da linha, fora do tempo. Um samba pronto para quem quer levar a alma lavada adiante. Porém um samba guardado”, escreveu Félix Alberto Lima no encarte de seu disco.

Patativa assombra não só por revalidar a figura do sambista malandro, intuitivo, forjado na boemia (na nobre linhagem de Moreira da Silva, Bezerra da Silva e outros), como também por imantar de uma consciência feminista um universo coalhado de significados masculinos. Na opinião da cantora Lena Machado, que gravou Colher de Chá, de Patativa, em seu Samba de Minha Aldeia (2009), a canção Xiri Meu, de Patativa, é um belo afrontamento da lógica do universo machista do samba.“Sai daí nego indecente/educação Deus não te deu/tu morre de dente seco/mas não pega xiri meu”, canta a sambista, como se afirmasse que a mulher se doa a quem quiser, não a quem a quiser. A voz é curtida, ancestral, parece uma Clementina de Jesus passada na lixa.

Conta a lenda que Patativa tem mais de 200 composições. Não sabe tocar nenhum instrumento. “Até que tive vontade. Mas acho que Deus é que sabe o que faz, porque todo violonista é cachaceiro”, ela diz. Puro gênero, porque ela mesma é chegada numa bicadinha. “Não tô podendo é largar, porque se eu largar morro mais depressa”, ela diz, sobre a bebida. As letras das composições dela são geralmente curtas, precisas, como se fossem haicais da malandragem. “Não tem outra escolha/Não tem outra escolha/Enquanto existir Jesus no céu/Urubu não come folha.” “Eu acho que a música quando é curta se torna mais bonita que a compridona, que dá mais dificuldade para o povo gravar na memória, cantar, lembrar. Mas tenho samba comprido também”, explica Patativa. “Agora mesmo morreu o Humberto de Maracanã, que fazia músicas lindas, e era tudo curto e fácil”, acrescenta. O jornalista e produtor Zema Ribeiro, que trabalhou na divulgação do primeiro show de Patativa em São Luís, no Porto da Gaby, conta Compositora Patativa lança disco aos 77 anos. Outra coisa curiosa: ela (que é mãe de regueiro, Benedito) nunca nem sequer cogitou em fazer outro gênero que não o samba. “Nunca passou pela minha cabeça. Vem inspiração, eu componho e já sai samba. O samba já nasceu na minha veia.” 

Sempre amou Jair Rodrigues, seu neguinho preferido, como diz. Mas também Bezerra da Silva, Martinho da Vila, Beth Carvalho e “Zeca Pagodinho nem se fala”. Sonha em participar de uma roda de samba com Zeca em Xerém para ver “se ele é mesmo duro na queda como é a fama dele”. Zeca Baleiro fez o trabalho de peneirar as canções que entrarão em dois discos: esse que já saiu e outro que está prontinho para sair. Foi ele também quem produziu o primeiro disco do grande sambista maranhense Antonio Vieira, quando este já era octogenário. Assim o de outro veterano, Lopes Bogéa (que morreu durante as gravações de seu disco). 

É uma geração de ouro do samba maranhense, diferente do carioca por alguns poucos motivos, mas motivos suficientes para destacá­-lo como muito particular. Segundo conta Zema Ribeiro, em meados da década de 1980, os músicos Giordano Mochel, Chico Saldanha e Ubiratan Sousa, os três ainda bem vivos, compositores, lançaram um compacto chamado Velhos Moleques, que trazia uma faixa de cada um dos seguintes compositores, nas suas próprias interpretações: Agostinho Reis, Antonio Vieira, Cristóvão Alô Brasil e Lopes Bogéa. “Os bambas veteranos aqui quase todos já morreram”, conta Patativa. “Mas o samba carioca é o samba carioca. Não tem ninguém melhor que o carioca. Eu sou imparcial, eu sou assim, tenho que botar os pingos nos is: melhor que o carioca não existe”, ela afirma. Compor, ela diz, é uma espécie de iluminação. “Não sei de onde vem, é uma dádiva, vem aquela coisa na minha cabeça.” 

Patativa anda pelo Mercado de São Luís, e não tem quem não a cumprimente e quem ela não moleste com uma pilhéria. É amada em sua terra. Em Pedreiras, conheceu João do Vale, os pais dele, os filhos. “Fui casada com apenas um, mas junto vivi com uma porção. Eu pari oito, mas só me restam três”, conta, sobre a família. Contabiliza ainda três netos e dois bisnetos.

DEPOIMENTO: ZECA BALEIRO
“Patativa é uma figura incrível, irreverente, espontânea, poética. Um tipo muito autêntico da velha boemia de São Luís, do bairro da Madre Deus, do samba na rua, totalmente informal, das noitadas sempre regadas a cachaça. Não bastasse isso, é uma cronista de alta estirpe, poeta arretada e melodista primorosa. Seus sambas dialogam com a tradição do samba carioca, mas são profundamente maranhenses, com aquele molho de festa de rua – cacuriá, lelê, bumba meu boi, etc. 
Tenho certeza que, se um bamba como Ismael Silva, por exemplo, voltasse do além e ouvisse os sambas da Patá, iria ficar encantado. O samba do Maranhão bebeu na tradição do grande samba brasileiro, naturalmente. Mas têm elementos que são muito genuínos, ‘locais’. No Maranhão, o samba dialoga com a macumba, com a mina e outros ritmos regionais, o que faz com que ele tenha uma cadência muito peculiar no modo de cantar, tocar e compor.”

JB Medeiros; O Estado de S. Paulo. [edição de 12fev2015]


Mensagem de Ronald Almeida no OESP [12fev2015]

SLZ, MA, 12fev2015

Patativa é um fenômeno de simplicidade e musicalidade, um espírito travesso e moleque que encanta à primeira vista qualquer pessoa minimamente ligada em música e gente. Vive com sua filha Wanda, netos e bisnetos e filha de criação no bairro de periferia da Vila Embratel, que fica entre o Campus da UFMA e o Porto do Itaqui, na zona oeste de São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade. Patativa, agora ungida pelo carinho, entusiasmo e competência do mecenas cultural ZECA BALEIRO, deverá alçar vôos artísticos mais amplos e muito merecidos, como bem diz JB Medeiros neste OESP.

Patativa em sua casa na Vila Embratel, em SLZ,  no dia de aniversário de seus 75 anos, em 05out2012,

com Ronald Almeida; foto: Luiza Rodrigues 

ARTIGO DE ZR - ZEMA RIBEIRO, SLZ, MA.

NINGUÉM É MELHOR DO QUE EU [dez.2014]
Show de lançamento do disco [CD] de estreia da compositora Patativa

 


No retorno do Vias de Fato, nosso repórter de cultura relembra Ninguém é melhor do que eu, show de lançamento do disco de estreia da compositora Patativa, que ele teve a honra de assessorar

Fonte: jornal Vias de Fato, SLZ, MA; dezembro de 2014
Republicado no Blog de Zema Ribeiro; 27/01/2015

Talentosa, contente e faceira: a compositora Patativa ladeada pelo séquito de admiradores com quem trabalhou para o sucesso de “Ninguém é melhor do que eu”, o disco e o show. Foto: Maristela Sena

Nem pestanejei ao receber o convite para assumir a assessoria de comunicação do show de lançamento de Ninguém é melhor do que eu, disco de estreia de Patativa, que aconteceu em São Luís, no Porto da Gabi, na última quarta-feira (19dez2014).

Já era admirador de longa data de seu trabalho e sabia cantar alguns sambas seus de cor, apesar da quase inexistência de registros de músicas suas até ali. As exceções eram Rosinha, gravada por Fátima Passarinho no único disco do grupo Fuzarca (integrado ainda por Cláudio Pinheiro, Inácio Pinheiro, Roberto Brandão e Rosa Reis), e Colher de chá, por Lena Machado em Samba de minha aldeia (2009), com participação especial de Zé da Velha e Silvério Pontes.

O aprender fácil, a própria Maria do Socorro Silva, seu nome de pia, 77 anos, explica: “samba de cachaça! A letra é curtinha pra não esquecer”. E dá um exemplo, cantarolando a letra de Quebrei meu tamborim: “deixei de beber/ e quebrei meu tamborim/ eu não vou, eu não vou/ na porta daquele botequim/ vai, vai, vai/ eu não quero mais você pra mim”.

Nas rodas boêmias entre a Praia Grande e a Madre Deus, Xiri meu é hit absoluto. Durante os dias em que a acompanhei por diversos veículos de comunicação numa maratona de entrevistas prévias ao lançamento, senti-me personagem do documentário curta-metragem de Tairo Lisboa, que toma emprestado no título sua música mais famosa. Ela ia cumprimentando conhecidos por onde passava, distribuindo seus “beijinhos furta-cor”. Pura simpatia!

Não poucas vezes ouvi-a dizer, em conversas ou respondendo a perguntas de repórteres, que “quem espera por Deus não cansa”, referindo-se ao fato de somente agora lançar o primeiro disco da carreira. “Eu queria mais cedo, quando estava mais nova e a voz, mais bonita. Mas foi agora que Deus quis”, também a vi conformando-se algumas vezes. Ninguém é melhor do que eu sai pelo selo Saravá Discos, de Zeca Baleiro, diretor artístico do disco, que tem produção musical de Luiz Jr.

O álbum traz um apanhado de 12 sambas e o cacuriá malicioso, já velho conhecido dos ludovicenses, sobretudo os frequentadores das citadas rodas boêmias, e conta com as participações especiais de Simone, em Saudades do meu bem querer, e Zeca Pagodinho, na faixa-título, além do próprio Zeca Baleiro, em Santo guerreiro.

Patativa já está com outro disco na gaveta, Patativa canta sua história, que deve ser lançado antes do carnaval, segundo o produtor Luiz Jr., financiado por edital da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.

Mas é de Ninguém é melhor do que eu que nos cabe falar, por enquanto. O lançamento foi uma linda noite de festa, em que Patativa foi reverenciada por fãs, amigos, admiradores, conhecidos e todos os frequentadores, assíduos ou não, do Porto da Gabi, cuja proprietária e o marido, Gabriela e Josemar, são personagens de uma das músicas do disco: o Samba dos seis.

Joaquim Zion e Marcos Vinicius, djs residentes da casa na já tradicional Sexta do Vinil, três anos recém-completados, fizeram o povo gingar misturando reggae, merengue e música brasileira, antes das apresentações do grupo Samba na Fonte – de cujas apresentações na Fonte do Ribeirão que lhes batiza Patativa vez por outra participa – e da exibição do filme de Tairo Lisboa.

[UMA SELEÇÃO DE NOTÁVEIS MÚSICOS: BANDA XIRIMEU]

Depois era a vez dela. Inseparáveis, o chapéu e o galho de arruda na orelha esquerda compunham o figurino com que Patativa subiu ao palco, acompanhada de Luiz Jr. (violão sete cordas e direção musical), Robertinho Chinês (cavaquinho), Davi (contrabaixo), Oliveira Neto (bateria), Lambauzinho (percussão), Wanderson (percussão), Elton (sax e flauta), Philippe Israel (vocais) e Lena Machado (vocais) – esta subiria ao palco a partir de sua participação especial em Colher de chá.

Patativa abriu o show com a mina No pé da minha roseira (“No pé da minha roseira/ em cada galho é uma flor”). Cantou quase todo o disco e mais cinco inéditas, incluindo esta primeira. Zeca Baleiro dividiu o microfone com ela em Santo guerreiro e em Ninguém é melhor do que eu. Antes, brincou: “vai ser difícil fazer as vezes do xará”, referindo-se a Zeca Pagodinho, que canta a faixa-título no disco.

O público lotou o Porto da Gabi em plena quarta-feira. O clima de cumplicidade entre artistas e público, raras vezes visto com tanta intensidade, garantiu que tudo corresse bem. Agora Patativa era uma estrela – como sempre foi – mas continuava se comportando como se cantasse na Fonte do Ribeirão, na Feira da Praia Grande ou na janela da sala de sua casa – onde a vi batucando um samba, talvez compondo, enquanto esperávamos a hora de um novo compromisso de divulgação do show.

Ou seja: Patativa continuava se comportando como a Patativa que sempre foi, desde que Justo Santeiro colocou-lhe o apelido, com o que de início se zangou, o que certamente colaborou para que o nome artístico pegasse. “E tu, que é uma Patativa, que só vive cantando pela Madre Deus?”, revidou à comparação com o Amigo da Onça numa cachaçada, como ela mesma conta.

Passados tantos anos, Patativa, hoje, é sinônimo de alegria e boa música – mesmo quando os temas são tristes, como as saudades e as dores de amor. Que seu compor e seu canto alcem cada vez mais altos voos, pousando em cabeças, corações e ouvidos abertos e interessados.

[Vias de Fato, dezembro de 2014]

NOTA DO BLOG: Os textos entre [colchetes] não constam da versão original dos artigos aqui transcritos, tão somente com a finalidade de divulgar a obra de PATATIVA e a Música Popular Brasileira do Maranhão.