Seminário Sul-Americano debate em São Paulo
violência no futebol [6_7jun2013]
Fonte:
site do Ministério Público de Pernambuco.
http://www.mppe.mp.br/arquivodenoticias/?p=8568
1.
Na condição de presidente
da Comissão Nacional de Combate à Violência nos Estádios de Futebol, por
indicação do Conselho Nacional de Procuradores Gerais (CNPG), e integrante da
comissão de juristas que está regulamentando o Estatuto do Torcedor, o procurador-geral de Justiça de Pernambuco,
Aguinaldo Fenelon de Barros, vai participar do Seminário Sul-Americano de
Combate à Violência nos Eventos de Futebol, que acontecerá amanhã (6) e
sexta-feira (7), no Memorial da América Latina (Avenida Auro Soares de Moura
Andrade, 664, Barra Funda).
2.
O seminário tem como objetivo aprofundar as discussões sobre
a segurança dos torcedores não somente durante os jogos dos campeonatos locais,
mas principalmente nos jogos da Copa das Confederações, que terão início no dia
15 deste mês. O evento promovido pelo Ministério do Esporte, através da
Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, em parceria
com o Memorial da América Latina, será aberto pelo ministro Aldo Rebelo às 10h
desta quinta-feira.
3.
À tarde, Fenelon estará coordenando mesa de debates sobre o
tema Legislação. Dos debates, participarão o presidente del Consejo
Superior de Deportes de Espanha, Miguel Cardenal Carro; o professor de Direito
Desportivo da UFGO, Wladimyr Vinycios Camargos; professor da Universidad
Nacional de la Plata (Argentina), Jorge Szeinfeld; professor da Universidade de
Chile, Enrique Oviedo; a professora de Direito Internacional da USP, Maristela
Basso; e o diretor do Departamento de Defesa do Torcedor do Ministério do
Esporte, Paulo Sérgio Castilho.
4.
A programação da sexta-feira será aberta às 8h30 com a mesa
de debates sobre Segurança, sob a coordenação do professor argentino Wladimyr
Camargos. Participarão desses debates o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo
Fenelon; o tenente-coronel do Grupamento de Policiamento em Estádios (Rio de
Janeiro), João Guimarães; o secretário extraordinário de Segurança para Grandes
Eventos, Valdinho Caetano; a titular da Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância de São Paulo, Margarete Barreto; o comandante do 2º
Batalhão de Choque de São Paulo, tenente-coronel José Balestiero; o professor
colombiano David Quitian Roldan; e o ex-presidente da Comisión Antimáfia del Parlamento Europeo.
5.
Os trabalhos terão continuidade às 14h, com a terceira mesa
de debates sobre Sociologia do Futebol. Os debates coordenados pelo professor
Edivaldo Góis, da Universidade Estadual de Campinas, contará como debatedores
os professores Pablo Alabarces, da Universid de Buenos Aires; Fernando Carrión,
do Departamento de Estudios Políticos de Ecuador; Aldo Panchifi, chefe do
Departamento de Ciências Sociales de La Pontificia Universid Católica Del Peru;
Felipe Tavares Lopes e Heloísa Helena Baldy Reis, da Universidade Estadual de
Campinas (SP); Alejandro Villanueva Bustos, da Universid Pedagógica Nacional de
Colômbia e Universidad de La Gran Colômbia.
6.
O encontro será encerrado às 17h pelo secretário de
Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, o jornalista Antônio José
Carvalho do Nascimento.
http://www.memorial.org.br/2013/06/ministro-encerra-seminario-sobre-violencia-no-futebol/
1.
O Ministro dos Esportes Aldo
Rebelo encerrou o Seminário Sul Americano de Combate à Violência nos Eventos de
Futebol, na tarde desta sexta, 7 de junho 2013, na Fundação Memorial da América
Latina.
2.
Estavam também presentes a Vice-Prefeita de São Paulo, Nádia
Campeão, e o Presidente do Memorial, cineasta João Batista de Andrade, entre
outras autoridades, intelectuais, pesquisadores, representantes de torcidas e
interessados no tema em geral.
3.
Além da parceria neste seminário internacional, João Batista de Andrade colocou o
Memorial à disposição para apoiar mais e melhor outros eventos preparativos
tanto para a Copa do Mundo como para as Olimpíadas. E confirmou que o Memorial
publicará um livro bilíngue (português e espanhol) com os anais desse
seminário.
4.
O ministro Aldo Rebelo iniciou seu arrazoado lembrando que o
futebol se firmou no Brasil à margem do mercado e do Estado. É uma das poucas
instituições brasileiras sobre a qual se pode afirmar isso. Na virada dos séculos
XIX e XX o desequilíbrio social brasileiro era ainda mais perverso do que
agora. Jovens pobres, jovens negros tinham ainda menos acesso a uma vida
melhor.
5.
Foi o futebol que deu aos pobres e aos negros as suas
primeiras celebridades, como o atacante paulistano Arthur Friedenreich, “El
Tigre”, campeão da Copa Sul Americana de 1919, que brilhou nos anos 20 ou o maranhense Fausto, que ficou célebre na
Copa do Uruguai de 1930 como a “Maravilha Negra”. Por isso que Aldo Rebelo
entende que o torcedor é fundamental, sem ele, os clubes perdem importância.
6.
Não se combate a violência no futebol banindo instituições da
sociedade, como a torcida organizada. Deve-se tomar cuidado para os episódios
de violência não serem usados para reprimir setores pobres da sociedade. As
torcidas organizadas são formadas por jovens com pouco sentido de
pertencimento, não fazem parte de partidos políticos, sindicatos ou outras
organizações da sociedade. A violência os estigmatiza, diminui sua capacidade
de intervir na própria sociedade. Só oferece pretexto para repressão e vai
legitimando o processo atual de transformação do esporte em espetáculo para os
ricos.
7.
Antes de se perguntar o que o mercado deu ao futebol, o
ministro alerta: “Se o futebol perder a sua característica principal que é a
presença popular, não sei se o conteúdo que sempre teve resiste. É necessário
permanecer a rua raiz”. Segundo ele, o mercado deu ao futebol melhores salários
aos jogadores e campos de futebol mais bem estruturados. Isso é bom. Mas até
aonde iria esses benefícios, se pergunta?
8.
“Se o futebol se transformar em mercadoria e a torcida em
consumidores, acabou”, responde. “Eu não sou consumidor, sou torcedor. É
diferente. O consumidor tem uma expectativa, se não é atendido, muda de
mercadoria. O torcedor, não. É uma relação de afeto. Você se apega mais aos que
têm dificuldades e precisam ser mais cuidados. Como um time de futebol que nem
sempre ganha…”
9.
Por fim, o ministro Aldo Rebelo citou os atuais times
globais, como o Barcelona, que têm torcidas em lugares distantes da sua sede,
como na China e no Brasil. “Isso existe para ser vendido mercadorias, como
camisetas e outros produtos”. É uma estratégia de marketing. Ora, o futebol é
muito mais que isso. Pelo menos no Brasil.
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