Gigante chinês CCCC desembarca no
país e investe em porto [TUP] da WTorre [na Ilha de São Luís, MA; 15mai2016]
Ø O investimento está
no portfólio da CCCC South
America Regional Company, controlada 100% pela CCCC
Fonte: Blog Portos e Navios; PORTOS
E LOGÍSTICA; Domingo, 15 Maio 2016 22:28
https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/34294-gigante-chines-desembarca-no-pais-e-investe-em-porto-da-wtorre
Acesso RAS em 10abr2017.
1. A
China Communications Construction
Company (CCCC), conglomerado chinês de infraestrutura, equipamentos
pesados, e serviços de dragagem, acaba de desembarcar no Brasil. A primeira
aquisição de ativo do grupo no país será uma participação no Terminal de Uso Privado (TUP) de São
Luís, no Maranhão, projeto multicargas
da WPR, braço de infraestrutura do grupo WTorre. O sócio chinês vai fazer aporte de R$ 400 milhões.
2. O
termo de compromisso entre as duas empresas foi assinado ontem [06mai2016],
conforme adiantou o Valor PRO,
serviço de informação em tempo real do Valor. A CCCC entra como investidora no
terminal, cujo projeto total está orçado em R$ 1,5 bilhão. Além do aporte da CCCC, o projeto irá captar R$ 1,2 bilhão em dívida, que deverá ser paga com
receitas da própria operação do empreendimento.
3. A
estimativa é que o TUP leve três anos para ficar pronto. As obras devem começar
no segundo semestre, segundo informou o grupo
WTorre ao Valor. Entre as cargas que serão movimentadas estão a produção
agrícola do Meio-Oeste, fertilizantes, líquidos, carga geral e, futuramente,
talvez contêineres.
4. A CCCC e a WPR não revelam a fatia
de cada uma no projeto, que deverá ser negociada ao fim do processo de
diligência realizado pelo banco Modal,
assessor financeiro exclusivo da CCCC na região. Segundo afirmou o grupo
WTorre, o controle fica com a WPR.
5.
O projeto será desenvolvido
em uma área de 2 milhões de metros
quadrados, com acesso direto à BR-135 (que liga o Maranhão a Minas Gerais)
e às ferrovias Carajás e Transnordestina. Terá
capacidade anual para movimentar 24,8 milhões de toneladas.
6. A CCCC é a maior empresa de
infraestrutura da China. Além de construir, opera
ativos em outros países. No fim do ano passado tinha US$ 150 bilhões investidos
em concessões de infraestrutura de transportes - de empreendimentos prontos aos
ainda em construção. O conglomerado tem capital misto, mas o controle é estatal
e está listado na Bolsa de Hong Kong. Em 2015, obteve receita equivalente a US$
120 bilhões, sendo US$ 20 bilhões do braço internacional.
7. Na
noite de quarta-feira foi inaugurado em São Paulo o escritório da CCCC South America Regional Company,
holding 100% da CCCC. Foi criada para cuidar exclusivamente de negócios na
América do Sul, onde o grupo asiático quer ter maior presença.
8. Hoje,
a região responde por 1% do faturamento do braço internacional do grupo. A
companhia tem projetos na Argentina, no Peru e na América Central, mas o maior
potencial de crescimento é no Brasil. Até agora a CCCC atuava no país
fornecendo equipamentos e serviços de suas subsidiárias, com a
(i)
ZPMC,
maior fabricante de guindastes
portuários - responsável por 75% do mercado mundial -, e com a;
(ii) Shanghai Dredging Co.,
dona de uma das maiores frotas de dragas do mundo. A empresa já trabalhou nos
portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio de Janeiro.
9. "É
um grande mercado, há grande demanda por infraestrutura e boas oportunidades",
disse ao Valor CHANG YUNBO, presidente
da CCCC South America Regional Company.
A meta do grupo no país é investir em concessões e projetos privados de
infraestrutura de transportes de forma completa, combinando vários tipos de
"expertises" - desde o projeto, construção, serviços e modelagens de
financiamento. Estão no radar portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.
10.
"Há muitas oportunidades, mas o
Brasil ainda vai sofrer nos próximos anos escassez de capital disponível para
investimento, por isso ter um parceiro como a CCCC é magnífico",
diz EDUARDO CENTOLA, sócio do banco
Modal.
11. YUNBO
confirma. Diz que a CCCC tem capacidade muito forte de mobilizar financiamento
na China, tanto com bancos estatais como com bancos comerciais. "Somos o
melhor cliente desses bancos", afirma.
12. Os
R$ 400 milhões que serão aportados
de capital no TUP da WPR integram um pacote de US$ 1 bilhão que a companhia quer investir no Brasil. Mas não
adianta onde nem de que forma o restante do recurso será aplicado. Apenas que
os valores por projeto não devem ser menores que US$ 300 milhões. "Sem
tamanho suficiente o custo [do negócio] será alto e você não será
competitivo", diz YUNBO.
13. A
crise econômica e política no Brasil não inibe a estratégia da CCCC. YUNBO diz ser necessário olhar as
coisas mais realisticamente. "Todo país, toda economia tem seus problemas,
não só o Brasil. Mas como investidores sempre olhamos no longo prazo, não
estamos investindo hoje e vendendo amanhã", afirma. Para CENTOLA, eis a maior diferença da CCCC.
"Quando se tem um horizonte como esse, a forma como se mensura o risco é
muito diferente".
Fonte: Valor
Econômico/Fernanda Pires e Ivo Ribeiro | De São Paulo
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