FRAUDES,
CICLOS ECONÔMICOS E AS CRISES DO CAPITAL FICTÍCIO
Crise criminável e [sociedade] criminogenética
[25jan2013]
Fonte / Autor: Carlos Pimenta,
Jornal i,; Portugal; Janeiro 25, 2013;
Acesso RAS 2018-06-12
- As crises, fases do ciclo económico, fazem parte
do após Revolução Industrial (XVIII), espalhada à escala mundial durante o
século seguinte. À medida que o capitalismo submetia os anteriores modos
de produção e abrangia mais países as crises passaram a ser mais
frequentes, mais amplas e tendencialmente periódicas. Sendo cada uma
diferente das restantes, todas apresentam características comuns.
- Antecipada, numa aparente contradição, por um
aumento das cotações na bolsa, revela-se na diminuição do investimento
privado, na quebra da procura agregada, no aumento dos estoques e
dificuldade de venda, na diminuição do emprego e na subocupação das
máquinas e equipamentos. Esta situação altera a dinâmica social e política
pela insegurança e revolta, pela subserviência e ruptura, pela leitura
clara do encoberto.
- 2. Estas crises são radicalmente diferentes das anteriores (até séc. XVIII). Antes as crises representavam fome porque a produção era insuficiente. Actualmente a fome resulta de haver produção a mais em relação às possibilidades de venda. É a miséria nascida na, e da, opulência. Alguns chamam-lhes crises de subconsumo, outros designam-nas por crises de sobreprodução.
- Há capital a mais
em relação às possibilidades da sua rentabilização. A superação da crise
passa pela não utilização, destruição, do capital e dos recursos: o
capital fixo é destruído pela paralisação das máquinas e encerramento das
instituições produtivas; o capital mercadoria é-o pela acumulação sem
venda; o capital humano é-o pelo desemprego e pela deterioração das
condições de vida; o capital monetário-financeiro desvaloriza-se e muitas
das dívidas não são pagas.
- Numa crise não está apenas em jogo a eficácia
económica. A economia não é mais do que uma parte da sociedade em que
outros valores são fundamentais e ajudam à resolução dos próprios
desmandos da actividade económica.
- A vida humana e a preservação do nosso habitat são
alguns desses valores fundamentais. Valores que exigiriam uma actuação
adequada do Estado que tivesse em conta os princípios éticos fundamentais
da sociedade contemporânea, indicados na Declaração Universal dos Direitos
do Homem. Contudo não têm sido essas as referências fundamentais da União
Europeia.
- A CONCUBINAGEM entre
o poder político e o capital financeiro, manifestada através da
socialização dos prejuízos e privatização dos lucros dos bancos é a
principal causa do actual prolongamento da crise.
- Salva-se o CAPITAL
FICTÍCIO gerado na LOUCURA e na FRAUDE da BOLSA, profusamente acumulado
nos bancos, mas matam-se muitos que empenharam todas as suas energias num
negócio [concreto, físico] ou dependem do salário para viver.
- 4. A crise em que vivemos foi fortissimamente
ampliada por fraudes e outros
crimes económicos, muitos já investigados e julgados. Muitos dos que
estiveram na origem de tal ambiente continuam a ser politicamente apoiados
e salvaguardados, em detrimento de todos os demais.
- E tudo isto acontece numa Europa onde existe uma
poderosa criminalidade económica organizada em condições de aproveitar as
debilidades dos Estados e as dificuldades das empresas para entrelaçar mais
o legal com o ilegal, para aumentar a sua influência política.
- Vivemos numa SOCIEDADE CRIMINOGENÉTICA, em crise,
que tende a reforçar a sua toxidade, para o que contribui o
neoliberalismo.
- É um imperativo social, legal e ético promover uma
política que beneficie tanto o capital
produtivo como o trabalho,
só viável numa lógica de combate à crise, de crescimento e de defesa da
democracia.
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São
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