MATEMÁTICA BRASIL
DEPOIS DA MEDALHA
[FIELDS; ARTUR AVILA 2014]:
O que falta à Matemática brasileira?
Ø Desafios do Século XXI: sair da zona de
conforto do casulo acadêmico e levar o conhecimento da Matemática aos setores
produtivos, tais como bancos, TIC, indústria química, agribusiness, energia, óleo e gás etc. RAS.
Fonte; Revista PIAUÍ – número especial;
edição FIELDS |
agosto_2014
Autor: BERNARDO ESTEVES
Acesso RAS 2018-10-10
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Qual a
forma mais econômica de cortar as chapas de madeira para minimizar o desperdício
numa fábrica de móveis? Revista
PIAUÍ ago2014.
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DEPOIS
DA MEDALHA [FIELDS 2014]: O que falta à Matemática brasileira?
Fonte; Revista PIAUÍ –
número especial; edição FIELDS |
agosto_2014
Autor: BERNARDO
ESTEVES
Acesso RAS 2018-10-10
- A MEDALHA FIELDS
de ARTUR AVILA é notícia a se
comemorar, mas não deve desviar a atenção dos obstáculos imensos que a
matemática brasileira tem pela frente. O mais imediato talvez seja o
abismo colossal entre a excelência da pesquisa feita no país e a qualidade
da matemática que nossos alunos aprendem na escola.
- Na classificação da União
Internacional de Matemática (IMU em inglês), que mede a pesquisa de
ponta, ocupamos posição destacada. Já quando o prisma é o ensino da
disciplina, o Brasil está na rabeira, conforme mostram os resultados do PROGRAMA PISA, que avalia
regularmente as competências de alunos de vários países. Na última edição, o país ficou na 58ª
posição de 65, atrás de Cazaquistão, Albânia e outros que nem sonham com
uma Fields.
- Iniciativas em várias frentes têm sido promovidas para atacar
a deficiência. Um exemplo recente é a instituição de um curso de mestrado
profissional a distância para professores de matemática da rede pública de
ensino; outro é a Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas [OBMEP], que teve mais de 18 milhões de inscritos em 2014, na
sua 10ª edição.
- Os esforços do governo, contudo, podem estar passando ao
largo de questões de fundo importantes. “Hoje temos mais recursos
destinados à área, mas não existe um questionamento sobre o tipo de
matemática que está sendo ensinada”, avalia TATIANA ROQUE, coordenadora do mestrado em ensino de
matemática da UFRJ. O modelo predominante, segundo ela, é o de um curso
operacional e repetitivo que estimula a competitividade e afasta as pessoas
da disciplina. “A matemática hoje está na economia, na biologia, nas mídias
digitais, e as aulas têm que enfatizar a conexão com o mundo.”
- A matemática brasileira peca pela timidez da sua ligação com
o setor produtivo (deficiência que, no país, está longe de ser exclusiva
da disciplina). A relação entre os pesquisadores e a indústria “é
quase inexistente” na avaliação de JOSÉ ALBERTO CUMINATO, professor da USP em São Carlos. Por sua
iniciativa, foi criado ali um programa que aproxima acadêmicos das empresas.
É o típico problema que os pesquisadores envolvidos no projeto são
chamados a resolver, em resposta a demandas surgidas na economia real.
- Uma motivação central é mudar a mentalidade dos estudantes.
Quando fez doutorado em Oxford, CUMINATO
se acostumou a ver alunos de matemática buscando emprego em bancos, na
indústria química, no setor de óleo e gás. No Brasil, muitos nem sequer
consideram um emprego fora da academia.
- Espalhar grupos de pesquisa de alto nível por todo o país é
um desafio estratégico, já que a matemática está na base das demais
ciências. Alunos egressos do Instituto Nacional de Matemática Pura e
Aplicada e de outros centros têm ajudado a povoar departamentos de
matemática Brasil afora, a um custo pessoal que não é pequeno.
[MARANHÃO 2014: FALTA DE
AMBIENTE CIENTÍFICO!]
- O caso do maranhense IVALDO
PAZ NUNES*, jovem matemático de 32 anos [em 2014] que foi aluno de FERNANDO CODÁ, oferece uma ideia
do tamanho da encrenca. Após concluir o pós-doutorado no Impa há um ano,
voltou a seu estado natal para se tornar pesquisador da universidade
federal de lá. NUNES encontrou
um clima pouco estimulante, com deficiências sérias de recursos humanos e
infraestrutura. “O problema maior é a falta de ambiente científico”,
diagnosticou, desanimado.
- É verdade que o ecossistema matemático brasileiro tem se
diversificado. Na última avaliação que o governo fez dos programas de
pós-graduação, além do Impa, outras quatro instituições receberam nota
máxima na disciplina: a
Universidade de Brasília, a UFRJ, a Unicamp e a USP de São Carlos.
- MARCELO VIANA, pesquisador do Impa e presidente da Sociedade Brasileira de Matemática,
estima que a consolidação de uma comunidade madura passa pela maior
distribuição da excelência na pesquisa: “A seleção não pode depender
de um só jogador. A matemática não pode depender de uma única
instituição.”
- Não será fácil, contudo, reproduzir essa experiência em
outros centros. O Impa só chegou aonde está por ter uma estrutura
organizacional leve e desburocratizada, sem par no Brasil. Desde 2000, uma
alteração no estatuto da entidade a desobriga de seguir as regras
engessadas de contratação, promoção e demissão de professores a que as
instituições públicas devem se submeter. E mais: não oferece cursos de
graduação, o que libera os professores para a pesquisa e a orientação de
alunos. “É difícil traçar uma estratégia para desenvolver uma área se não
pudermos contratar quem quisermos e quando quisermos”, avalia CÉSAR CAMACHO, diretor do Impa.
- A diversificação temática é outra meta a ser perseguida. “O
número de campos em que os pesquisadores brasileiros têm uma produção
suficiente não passa de 30% de todas as áreas da matemática”,
avalia CAMACHO. Parte das
lacunas começará a ser preenchida na expansão que o Impa planeja para os
próximos anos, na qual pretende dobrar o número de pesquisadores.
- A MEDALHA FIELDS é
o degrau mais alto a que a matemática brasileira já chegou, mas MARCELO VIANA prefere não vê-la
como o auge de um processo virtuoso iniciado há mais de sessenta anos pela
primeira geração de grandes matemáticos brasileiros. “Quando se fala em clímax,
está implícito que vai começar a cair logo depois.”
- Ele prefere projetar o ápice para mais adiante, quem sabe em
2018, quando o Rio de Janeiro sediará o próximo Congresso Internacional de Matemáticos, o primeiro no
hemisfério sul. À frente da comissão organizadora do evento, VIANA acredita que o Brasil terá
então plenas condições de postular um lugar no grupo 5 da IMU, a elite mundial.
- VIANA quer que o congresso desempenhe um
papel relevante para aproximar a matemática da sociedade. Para tanto,
pretende envolver alunos e professores em atividades de divulgação. ARTUR AVILA tem um papel central a
cumprir nesse processo. A expectativa é de que ele ajude a atrair
estudantes para o campo, um pouco como Gustavo Kuerten motivou alguns a
aprender tênis quando ganhou Roland Garros. Resta torcer para que,
diferentemente de Guga, o matemático tenha a quem passar o bastão.
(*)http://pct.capes.gov.br/teses/2011/31008011001P9/TES.PDF
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde
1976.
Arquiteto Urbanista FAU-UFRJ 1972 / Registro profissional CAU-BR
A.107.150-5
e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com
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