quinta-feira, 1 de março de 2018

[612] VIOLÊNCIA versus SEGURANÇA PÚBLICA: UMA INTERVENÇÃO FEDERAL MILITAR DE ALTO RISCO NA SEGURANÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Ronald Almeida; REVISADO 03mar2018


REALITY SHOW “MISSÃO IMPOSSÍVEL” 2018.
By MICHEL TEMER Produções Ilimitadas.

UMA INTERVENÇÃO FEDERAL MILITAR DE ALTO RISCO NA SEGURANÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Ronald de Almeida Silva
Arquiteto Urbanista, carioca da safra de 1947.

Mapa da Violência no Brasil

AVISO AOS NAVEGANTES:

Há uma enorme e trágica probabilidade de desmoralização das Forças Armadas perante as facções do Crime Organizado (e do Crime Desorganizado) no Rio de Janeiro e, de tabela, por efeito dominó político, em todos os demais estados da federação.

A Intervenção Federal Militar by TEMER (presidente acusado pelo Ministério Público Federal de participar de várias ações criminosas simultâneas) parece ter nascido sob o efeito da talidomida, um medicamento sedativo, anti-inflamatório e hipnótico, que se tomado por mulheres grávidas, pode capaz causar a má formação de fetos e gerar crianças com deficiências físicas monstruosas, como ocorreu na década de 60 no Brasil.

Sob a égide de Operação Militar milagrosa, mitigada e de curtíssimo prazo, por limitações e restrições de toda ordem (orçamentárias, políticas, estratégicas, territoriais, tecnológicas, intelectuais, logísticas, de tempo e até do ponto vista humanitário) a Intervenção Federal na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro corre seríssimo risco de se tornar o maior fiasco das Forças Armadas e do Governo Federal (e de qualquer outro tipo de governo ou comando) desde a descoberta do Brasil em 1500.

Destacamos aqui algumas das principais razões e evidências nacionais para a Morte Anunciada da Intervenção Federal Militar by TEMER, deflagrada em 16fev2018:

1)    As Organizações (Facções) Criminosas – O.C. - só dominam e mantêm ciosamente essa dominação sociopolítica e territorial há várias décadas no Rio de Janeiro e alhures devidos aos seguinte fatores:

                   i.   A existência de fortes e superlucrativas relações incestuosas com representantes dos Poderes Públicos (policiais civis e militares e membros dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), condição esta sine que non para a longevidade das O.C., processo que influencia decisivamente (funding) nas eleições de vereadores, deputados e senadores e nas nomeações de delegados da polícia Civil, comandantes de batalhões da PM, diretores de penitenciárias e IMLs e até na escolha de desembargadores nos TJs;

                ii.   A participação direta e indireta de bicheiros - operadores do jogo do bicho e de cassinos clandestinos em todo o Brasil -, tendo como principal base financeira o Rio de Janeiro; São esses contraventores que bancam (com recursos do crime) o maior Carnaval do Mundo, ao custo de centenas de milhões de reais todos os anos;

              iii.   O apoio de financistas privados (capitais nacionais e internacionais), os chamados “banqueiros” que financiam o plantio, o comércio e o tráfico de drogas, de armamentos e de roubos de caixas eletrônicos, cargas e veículos e de sequestros, que faturam bilhões de dólares por ano e repartem lucros com autoridades públicas coniventes;

              iv.   A garantia de manutenção permanente e diuturna do “mercado”: uma imensa e sempre crescente legião de consumidores de drogas (viciados e recreativos) nos 5.570 municípios do país; Enquanto houver a figura do consumidor / usuário / viciado / dependente químico, vai haver a figura do fornecedor / traficante de drogas ilícitas. Se não se erradicar o primeiro personagem - o usuário - , o segundo personagem - o traficante - nunca desaparecerá, por mais que seja preso ou morto. Sempre há um substituto imediato nesse negócio mais lucrativo do mundo: o tráfico de drogas, a base de quase todos os demais crimes violentos. 

                 v.  O apoio de grande parte das famílias das favelas e outras comunidades de baixa renda que se “favorecem” de “benefícios” de toda natureza (ex: alimentos, gás, material de construção, roupas, transportes, bolsas de estudo, proteção, lazer funk, empregos etc.) oferecidos por traficantes e outros criminosos;

              vi.  A corrupção sepsêmica (septicemia congênita) do sistema penitenciário nacional, que se tornou a vista de todos no home office dos líderes das mais perigosas e atuantes facções criminosas, como reconhecem TEMER e o novo Ministro Extraordinário da Segurança Pública, RAUL JUNGMAN;

            vii.  As habilidosas e destemidas bancas de advocacia, contabilidade e engenharia financeira que elaboram as estratégias, as logísticas e operam milhares de redes de lavagem das imensas e inesgotáveis somas de dinheiro sujo que as organizações criminosas apuram diariamente;

2)    A esses 7 fatores primordiais, que por sua histórica complexidade não tem solução estrutural em curto e médio prazos, somam-se a ausência completa de planejamento consistente de longo prazo e o perfil do Interventor e sua equipe, moldado pela ortodoxa escola das forças armadas, onde a ferrenha e obstinada disciplina da tropa permite que bons resultados intramuros aparecerem.

3)    Já no REALITY SHOW DA VIDA REAL, no mundo caótico, desintegrado e desorientado dos serviços estaduais de segurança pública e seus dos campos de ação minados em territórios conflituosos e densamente habitados, um Interventor General e sua tropa são um enorme cardume de peixes fora d’água, ou um “cachorro acuado”, como compara sabiamente o General da reserva ANTÔNIO HUMBERTO MOURÃO.

4)    Esse mesmo general MOURÃO, buscando desbastar o gigantesco biombo da HIPOCRISIA NACIONAL e do OPORTUNISMO POLÍTICO de governantes – TEMER e PEZÃO – e suas bases de apoio, ambos sem credibilidade alguma, declarou de modo objetivo e franco (em 28fev2018):
Ø “O atual modelo de intervenção, que prevê total poder do general WALTER SOUZA BRAGA NETTO para comandar a Segurança Pública e o sistema prisional do Estado, é incapaz de resolver o problema”.

Ø A intervenção no Rio é uma intervenção meia-sola.”

Ø “O BRAGA NETTO não tem poder político, ele é um cachorro acuado no final das contas, não vai conseguir resolver o problema dessa forma e nós (o Exército) só vamos apanhar”.

5)    Além do Rio de Janeiro, a sepse generalizada e a falência múltipla de órgãos dos sistemas de Segurança Pública no Brasil atinge todos os estados e foi resumida pela Secretária de Justiça e Cidadania do Ceará, SOCORRO FRANÇA, em entrevista ao programa Fantástico, TV Globo, em 04fev2018:

"Eu me sinto, na idade que eu estou, 74 anos tomando conta desses 28 mil presos. Sabe como eu me sinto? TENDO ENXUGADO GELO A VIDA INTEIRA", relata. A matéria da TV Globo mostrou crimes filmados por grupos criminosos e divulgou os números de 5.134 mortes no Ceará em 2017. Além dos casos do primeiro mês de 2018, que já chegam a 453 pessoas assassinadas, o pior janeiro em cinco anos. Fonte: O Povo; 05/02/2018.

6)    O general MOURÃO, ao falar com a imprensa, foi além e defendeu que o governador do Estado, LUIZ FERNANDO PEZÃO, também deveria ser afastado, para assegurar ao Interventor General também o poder político-administrativo em toda a máquina de governo fluminense. Sem isso a intervenção nada mais é do que uma reles “meia-sola”!!!

7)    Essa tese defendida pelo general MOURÃO é óbvia e claríssima já que PEZÃO nada mais foi e ainda é do que um coadjuvante, um nefasto Sancho Pança do ex-Governador SÉRGIO CABRAL, o mais criminoso dos ex-governadores de estado no Brasil, hoje preso com 4 condenações penais que somam 87 anos de reclusão em regime fechado, além de várias outras que estão por vir.

Rememorando o fracasso precoce e recorrente das incontáveis medidas e planos anteriores que se diziam ser soluções para o combate à violência e ao crime organizado e olhando o panorama atual da República, o perfil padrão dos parlamentares do Congresso Nacional e de um STF com vários magistrados atuando como bonecos de ventríloquos boquirrotos, pode-se afirmar, como nos filmes de ação mundo afora: “NO BRASIL, O CRIME COMPENSA!”

Portanto, Presidente TEMER, o seu REALITY SHOW da Intervenção Federal Militar (gestada para fazer esquecer a famigerada e pré-derrotada Reforma da Previdência), nada mais é do que que uma “MISSÃO IMPOSSÍVEL”, triste e trágica, sem possibilidade de sequer mostrar os efeitos especiais que a dinâmica série de filmes homônimos nos mostrou desde a primeira cena.

Ao carioca e aos brasileiros em geral, desprotegidos e à mercê de todos os tipos de violência, inclusive econômica e tributária, só resta perceber a farsa e votar com mais consciência e discernimento em outrubro 2018. Senão, vamos repetir o Mito de Sísifo e passar mais algumas décadas nas mãos dos bandidos de rua e dos bandidos de gabinete. Alea jacta est.

RAS; SLZ, MA, 01mar2018.


POSFÁCIO:

A um bom amigo jornalista de grande talento, cultura e perspicácia que ama a cidade e mora no Rio e comentou o meu artigo sobre a farsa da intervenção federal militar no Rio de Janeiro, enviei os seguintes comentários adicionais:

PREZADO AMIGO.
Muito obrigado por sua apreciação ao meu texto sobre a MORTE ANUNCIADA DA INTERVENÇÃO FEDERAL MILITAR (IFM) factoide na (in) SEGURANÇA PÚBLICA no Estado do Rio de Janeiro.

O texto é público pois está disponível no meu Blog Ronald.Arquiteto e no meu Facebook Ronald de Almeida Silva. Portanto, pode ser acessado em todo mundo onde houver internet e enviado a quem tiver interesse em entender o porquê da aparente superioridade do Crime contra a LEI e a Justiça no Brasil.

Sem planejamento prévio, sem efetivos suficientes e sem métodos definidos de combate às raízes dos crônicos problemas a IFM ainda não apresentou resultado algum, não tem metas a cumprir e só se fez presente, até agora, na desvalida capital do estado. Talvez em mais um ou dois municípios da RM-Grande Rio, mas nada = presença zero nos demais 91 municípios também assolados pela epidemia de violência indomável.

Esses comentários são fruto de longa reflexão, de muitas experiências, pesquisas e leituras acumuladas. Meu último trabalho na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (1972) foi uma avaliação sobre os processos de EXPANSÃO URBANA NO RIO e os modos de ocupação do solo. Isso – de modo sumário - se dava através de 3 vetores principais.
Ø O primeiro vetor, mais corriqueiro e típico do capitalismo financista, o da construção civil e da especulação imobiliária, incluindo os programas e conjuntos habitacionais do BNH e Cohabs;
Ø O segundo vetor, muito raro, um espasmo de planejamento microrregional, para ocupação da vasta planície litorânea compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá conhecida como Baixada de Jacarepaguá, que resultou no Plano Lucio Costa, de 1969;
Ø E o terceiro vetor de expansão, tal como uma hanseníase (lepra) urbanística, incontrolável, fruto de desgoverno e omissão dos poderes públicos e da sociedade, caracterizado pela vertiginosa favelização de morros, florestas e mangues e pela invasão de terrenos ociosos nas periferias de todos os municípios da Região Metropolitana do GRANDE RIO.

Passados 45 anos, quase meio século depois, a Cidade Maravilhosa se transformou em Cidade Mais Criminosa, espantando o mundo inteiro com suas impressionantes cenas dramáticas de violências e degenerescências físicas, políticas e administrativas.

Um exemplo notório: A famosíssima av. Nossa Senhora de Copacabana, nos anos 50/60 a mais refinada rua comercial do Brasil, virou nos anos 2000 uma cloaca social em processo acelerado de decadência econômica e urbanística.

Como há um processo de paralisia cerebral em progressão constante na mente da Silent Majority e da patuléia brasileiras, promovido pela incompetência e oportunismo das Grandes Mídias e imprensa de modo geral, é preciso haver pelo menos duas pessoas isentas da doença da ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME para que um nanodialogo se estabeleça.

É nesse átomo de discernimento histórico e político que se deve tratar de modo holístico e permanente a questão da VIOLÊNCIA ENDÊMICA e as possíveis soluções de segurança pública em longo, muito longo prazo (30 a 50 anos).

A sociedade criminogênica que se estabeleceu no Brasil desde sua fundação / descoberta é o maior empecilho à Ordem e Progresso e qualquer avanço intelectual significativo no País de MACUNAÍMA.

O espelho mágico dessa sociedade são o nosso Congresso, a nossa Presidência da República e o nosso mais imprudente e caviloso STF de todos os tempos.

Resumindo. O Crime Organizado no Rio de Janeiro, em particular, e no Brasil, de modo geral, só prospera e domina não porque é mais poderoso é forte do que todas as autoridades e entes públicos do país. O Crime Organizado está vencendo a tudo e todos porque funciona como uma espécie de “CONCESSÃO” dos Poderes públicos em todo o país.

O onipresente, submerso e imenso poder paralelo das O.C. para traficar drogas, contrabandear, sequestrar, roubar, intimidar pessoas e comunidades inteiras, violentar e matar – no varejo e no atacado – em todo o Rio de Janeiro, somente é possível com a conivência e envolvimento direto de milhares de agentes de diversos segmentos dos poderes públicos.

No Rio de Janeiro há investigações policiais e ações judiciais que comprovam, inequivocamente, o envolvimento criminoso de agentes públicos de todos os escalões: policiais civis e militares; auditores fiscais; procuradores; parlamentares; secretários municipais; desembargadores; membros do Tribunal de Contas (Presidente e 4 conselheiros presos em 29mar2017); chegando até Governadores e vice-governadores, como no caso da mafiosa dupla SÉRGIO CABRAL FILHO e seu fiel escudeiro LUIZ FERNANDO DE SOUZA PEZÃO;

O Rio de Janeiro é apenas a vitrine mais espetaculosa por sua mística de Cidade Maravilhosa - com os mais belos cenários urbanos e Carnaval carioca, o mais fantástico espetáculo da Terra - e também por ser a sede da TV GLOBO.

A intervenção federal militar no Rio de Janeiro é apenas uma grande farsa proposta por um governo improvisado, comandado por uma OPC - Organização Política Criminosa, que é o MDB, tradicional PMDB, liderado há anos por MICHEL TEMER, a qual nada mais é do que um Comando Vermelho ou um PCC de paletó e gravata e imunidade parlamentar. Mais perigoso e mais longevo e pernicioso do que a facção criminosa do PT.

Até onde iremos com tamanha farsa?


RONALD ALMEIDA.
RAS; SLZ, MA, 03mar2018.

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NOTA DO EDITOR do Blog Ronald.Arquiteto e do Facebook Ronald Almeida Silva:

O Blog Ronald Arquiteto e o Facebook RAS são mídias independentes e 100% sem fins lucrativos pecuniários. Não tem anunciantes ou apoiadores e nem patrocinadores. Todas as publicações de texto e imagem são feitas de boa-fé, respeitando-se as respectivas autorias e direitos autorais, sempre com base no espírito e nexo inerentes à legislação brasileira, em especial à LEI-LAI – Lei de Acesso à Informação nº 12.257, de 18nov2011.

O gestor do Blog e da página RAS no Facebook nunca teve e não tem filiação partidária e nem exerce qualquer tipo de militância político-partidária ou político-ideológica.

RONALD DE ALMEIDA SILVA
[Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, desde 1976]
Arquiteto Urbanista FAU-UFRJ 1972
Registro profissional CAU-BR A.107.150-5
Blog Ronald.Arquiteto (ronalddealmeidasilva.blogspot.com)
Facebook ronaldealmeida.silva.1


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