2019: REVOLUÇÃO
CUBANA ANO 60 / FIDEL CASTRO ANO 93
REVOLUÇÃO
CUBANA ANO 60
(1º janeiro
1959)
FIDEL CASTRO
ANO 93
FIDEL
Alejandro CASTRO Ruz
(Biran,
13ago1926 – Havana, 25nov2016)
SOCIALISTAS
GOSTAM DO CHARME DA METRÓPOLE SÍMBOLO DO CAPITALISMO.
FIDEL CASTRO visitou 7
vezes e gostou de New York em 1948 (em lua-de-mel com a 1ª. esposa), 1955,
1959, 1960, 1979, 1995 e 2000.
A SECRETA HISTÓRIA DE AMOR ENTRE FIDEL CASTRO E NOVA YORK!
Ø Como um dos
mais implacáveis líderes comunistas se apaixonou pelo templo do capitalismo
global.
Fonte: Por
BBC; 14/10/2019; 16h22
Autor: Tony Perrottet
Acesso RAS 2019-11-04
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Quando FIDEL CASTRO chegou a Nova York, em 1959, ele
era tão famoso quanto Elvis e tinha muitos fãs — Foto: Getty Images/BBC
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[1] [HONEY MOON IN NEW YORK]
1.
Em uma tarde
recente e ensolarada em Nova York, eu circulava pelos quarteirões cheios de
sombra da West 82nd Street, perto do Central Park, quando cheguei ao número
155, uma residência vitoriana imponente, toda construída em bronwstone (o
arenito que domina as fachadas desta área da cidade), e com uma bela varanda de
pedra esculpida.
2.
Não é tão diferente de outros 1 mil endereços no Upper West Side
de Manhattan, pensei – exceto que, neste exato local, o jovem FIDEL CASTRO, aos
22 anos, então recém-formado em direito, passou sua lua de mel em 1948.
3.
CASTRO já havia sido um líder
estudantil de destaque em Havana – mas não havia nada, em 1948, que pudesse
indicar que ele logo lideraria uma revolução em sua ilha natal e se tornaria
uma das figuras mais famosas e controversas do século 20, com papel decisivo no
conflito entre Cuba e Estados Unidos que
remonta à Guerra Fria e continua ainda hoje.
4.
A lua de mel
foi a primeira visita de CASTRO aos
EUA, e ele se apaixonou por Nova York imediatamente. Fascinaram-lhe o metrô, os
arranha-céus, o tamanho dos bifes e o fato de que, apesar do anticomunismo
raivoso dos EUA na Guerra Fria, a bíblia anticapitalista de Karl Marx, O
Capital, podia ser encontrada em qualquer livraria.
5.
CASTRO e sua sedutora primeira esposa
da alta sociedade, MIRTA DÍAZ-BALART,
ficaram por três meses neste encantador prédio de apartamentos, que ainda se
localiza em frente a uma igreja ortodoxa ucraniana e perto de bares cheios de
estudantes da Universidade de Columbia. Nada mudou muito neste quarteirão
tranquilo em sete décadas – exceto, é claro, o preço do aluguel.
6.
O ninho de
amor do jovem casal cubano foi a primeira parada da reconstituição, décadas
depois, da pouco lembrada série de visitas de CASTRO à minha cidade natal adotiva, antes de ser demonizado pelos
americanos na década de 1960.
7.
Suas
reformas de esquerda em breve o levariam aos braços da União Soviética – uma
aliança que resultou na Crise dos
Mísseis, em outubro de 1962, o mais próximo que o mundo chegou de uma
guerra nuclear.
8.
Mas o ninho
dos CASTRO nem se comparava com o
que eu estava prestes a descobrir, a uma curta caminhada, na Amsterdam Avenue:
o escritório em que o comunista planejava a revolução.
[2] O
ESCRITÓRIO REVOLUCIONÁRIO
9.
Quando CASTRO voltou a Manhattan em 1955, sete anos depois de sua primeira
estadia romântica, ele já era conhecido entre os exilados cubanos como o
agitador idealista e levemente imprudente que participou de um levante
fracassado contra o ditador da ilha, FULGENCIO
BATISTA.
10.
Com 29 anos
na época e já divorciado de DÍAZ-BALART (ela
encontrara cartas de amor do marido para outra mulher, enquanto ele estava na
prisão por liderar uma revolta armada e um ataque a um quartel na cidade de
Santiago), CASTRO veio a Nova York
para levantar fundos para sua revolução com a comunidade cubana da cidade, que
na época era maior do que a de Miami.
11.
Bem-sucedido
na coleta de doações, o carismático líder da resistência abriu um escritório
para sua organização rebelde, o M-26-7 (Movimento
de 26 de julho, nomeado a partir da data de sua insurreição fracassada), no Upper West Side, que era então mais
conhecido como um ponto de encontro do pensamento progressista do que, como é
conhecido hoje, um enclave de liberais ricos.
12.
Apoiadores
penduraram a bandeira preta e vermelha do movimento em uma janela do escritório
e distribuíram panfletos a simpatizantes americanos, que se multiplicaram
depois que CASTRO e um grupo armado
de guerrilheiros – incluindo um jovem médico chamado CHE GUEVARA – desembarcaram em Cuba em 2 de dezembro de 1956.
13.
Eu tinha
encontrado o endereço do escritório em um folheto antigo, então segui
ansiosamente a numeração pela Avenida Amsterdam, até chegar ao número 305,
entre as ruas 74 e 75.
14.
O prédio é
hoje um salão de massagens chinês. Mas é aqui mesmo: o lugar se encaixa
perfeitamente na descrição das testemunhas oculares dessa história. Subi
correndo a escada, entrei pela porta e fui recebido por uma atendente, que
sorria educadamente para mim.
15.
Será que ela
sabia, perguntei sem fôlego, que dali os companheiros de CASTRO certa vez saudaram os nova-iorquinos, fascinados pela sua
romântica insurreição?
16.
Segundo a
lei dos Estados Unidos, os rebeldes cubanos tinham autorização para aceitar
doações em dinheiro para a revolução, mas não a recrutar soldados. Mesmo assim,
muitos estudantes da Universidade de Columbia apareceram na porta para oferecer
seus serviços como guerrilheiros – mas apenas nas férias de verão, eles
insistiam. Eles tinham que estar de volta quando as aulas recomeçassem, no
outono.
17.
O atendente sorriu
para mim como se eu fosse demente e disse, muito lentamente: "Eu não falo
inglês". Um chinês mais velho saiu de uma cabine de massagem. "Fique
calado", ele sussurrou. "Você está incomodando clientes. Você quer
uma massagem, ou o quê?"
[3] OS
PASSOS DO 'SEÑOR' CASTRO EM NY
18.
Um dos
prazeres clássicos de viajar é seguir os passos de figuras históricas famosas,
ou da literatura. Eu persegui GEORGIA
O'KEEFFE no Havaí, LORD BYRON na
Suíça e LEON TROTSKY na Cidade do
México, para citar alguns.
19.
Para mim, é
uma situação em que todos ganham. Se a busca leva a um local turístico de
(aparente) pouco interesse, a conexão histórica fornece uma camada extra,
fascinante, que me permite vê-la com novos olhos.
20.
Na maioria
das vezes, esse hábito me leva a lugares sobre os quais nunca teria ouvido
falar, muito menos visitado. A conexão pode ser reveladora, irônica ou até
cômica – como descobrir que o bordel favorito de VICTOR HUGO, na Paris da Belle Époque, havia sido transformado em
um dormitório de faculdade.
21.
Nada, porém,
me preparou para o quão imprevisível seria seguir o jovem señor CASTRO por Nova York.
22.
A ideia
surgiu quando eu pesquisava meu livro ¡Cuba
Libre!: Che, Fidel and the Improbable Revolution That Changed World History
("¡Cuba Libre !: Che, Fidel e a Improvável Revolução que Mudou a História
do Mundo", em tradução livre).
23.
Durante dois
anos, viajei do meu apartamento de East Village para Havana para vasculhar
arquivos mofados e entrevistar ex-guerrilheiros nonagenários.
24.
Mas, quando
se tratava de entender o próprio CASTRO
– uma das figuras mais extraordinárias e carismáticas do século 20 –, fiquei
surpreso ao descobrir que os locais de maior riqueza informativa poderiam estar
a poucos minutos de minha casa, na cidade-símbolo do próprio capitalismo
americano.
25.
Essa
revelação me tirou de uma certa letargia. Na época, absorto em meus escritos
sobre Cuba, eu criara uma certa indiferença em relação a Nova York, e tendia a
ficar dentro de um raio de dez quarteirões do meu apartamento. Agora eu tinha
um motivo para voltar a explorar a cidade, percorrendo lugares tão
"remotos e exóticos" quanto o Upper West Side.
26.
Do lado de
fora do salão de massagens chinês, de repente pude imaginar CASTRO antes que ele se fixasse na
imaginação do mundo como um clichê da Guerra Fria.
27.
No lugar disso, eu podia vê-lo na casa dos 20 anos, uma figura
alta e atlética – de barba surpreendentemente feita, exceto por um bigodinho –
correndo por Nova York com vigor maníaco, deixando pessoas estranhas
estupefatas com sua propensão a falar sem parar. E suas visitas de
1948 e 1955 foram apenas o começo de um caso de amor com a cidade.
[4] A VOLTA A NOVA YORK, AGORA
COMO 'EL COMANDANTE'
28.
Tudo mudou
para CASTRO após a vitória de seus
guerrilheiros em Cuba, em 1º de janeiro de 1959, quando Batista e seus companheiros
fugiram de Havana em seus aviões Douglas DC-4, expulsos como ladrões no meio da
noite.
29.
Uma semana
depois, um triunfante FIDEL CASTRO entrou em Havana, acompanhado por multidões
delirantes – com a promessa de deixar o poder assim que a estabilidade fosse
restaurada em seu país, e conduzir a ilha a um futuro democrático.
30.
CASTRO se
tornou uma celebridade internacional, e ele e seus rebeldes – conhecidos como
Los Barbudos – foram idolatrados pelos ianques ("americanos") como
jovens e sedutores "libertadores".
31.
Em um
ambiente como esse aconteceu sua visita mais surreal a Nova York, apenas quatro
meses após a vitória, em abril de 1959.
El Comandante, como era chamado CASTRO, passou cinco dias na cidade como um
herói conquistador.
32.
CASTRO era
agora tão popular quanto Elvis, e foi assediado por nova-iorquinos desde o
momento em que chegou à Penn Station. Os jornalistas o compararam a George
Washington; mulheres desmaiaram. ("Fidel é a melhor coisa que aconteceu
às mulheres americanas desde Rudolph Valentino", suspirou uma
delas.)
33.
O
Departamento de Polícia de Nova York levou só 20 minutos para passar a
acompanhar o herói de 32 anos – identificável de imediato, vestindo suas
tradicionais calças cáqui, touca de forragem e charuto – nos 100 metros da
Oitava Avenida em direção ao hotel, em parte porque ele continuava
ultrapassando barreiras policiais para apertar as mãos, dizendo: "Devo
cumprimentar meu público!".
34.
É fácil
seguir hoje o itinerário de CASTRO.
A antiga e majestosa Penn Station,
onde ele chegou, foi demolida na década de 1960, mas o Hotel Pennsylvania, onde ele ficou, e que foi projetado para imitar
a famosa estação do outro lado da rua, ainda está lá. Sua enorme fachada quase
não mudou, e o interior é preservado em uma espécie encantadora de cápsula do
tempo, no estilo da série Mad Men.
35.
Setenta anos
atrás, CASTRO fazia turismo pela
cidade de Nova York, e seguir seus passos era minha chance de revisitar as
atrações clássicas da Big Apple que eu ignorava há anos.
36.
Ele subiu o
Empire State Building, e eu também, evitando a multidão ao subir às 23 horas,
para admirar o ambiente Art Déco. E, no Central Park, prestei respeito na
Naumburg Bandshell, concha acústica de onde ele falou para um público de pelo
menos 16 mil pessoas.
37.
Os lendários
museus de Nova York, no entanto, não estavam na agenda: CASTRO era um voraz amante de livros, mas indiferente às artes
visuais. Ele ignorou as sugestões para visitar o Museu de Arte Moderna (Moma) e foi ao zoológico do Bronx, onde
encantou os repórteres enfiando a mão na gaiola do tigre e devorou um
cachorro-quente.
38.
CASTRO cravou que o zoológico, para
ele, era "a melhor coisa de Nova York". Eu também passei algum tempo
lá. Os tigres agora vivem em um ambiente amplo e de belo trato paisagístico,
então não tive como chegar perto deles para imitar o espalhafatoso gesto de CASTRO. O cachorro-quente do zoológico,
no entanto, ainda é delicioso.
[5] A RELAÇÃO ESTREMECE
39.
O caso de
amor de Nova York com CASTRO não durou muito – pelo menos não
entre seus residentes brancos e de classe média.
40.
Quando CASTRO voltou a se dirigir às Nações
Unidas, em setembro de 1960, a amarga divisão entre os EUA e Cuba, que surgiu,
em grande parte, por causa das políticas econômicas de CASTRO, já começava a se
consolidar – à medida que CASTRO se radicalizava e a postura de Washington se
tornava mais vingativa.
41.
No mês
seguinte, o presidente dos EUA, DWIGHT
EISENHOWER, divulgaria o que se tornou o embargo econômico de maior duração
do mundo, e já autorizara a primeira de várias centenas de tentativas frustradas
da CIA de assassinar CASTRO e
derrubar seu regime.
42.
Quando CASTRO chegou para falar nas Nações
Unidas, a imprensa de Nova York zombou dele como "El Beardo" (uma
corruptela proposital e jocosa do apelido dele em espanhol, que pretendia
significar "O Cara Barbudo"). E assim, apenas um ano depois de ser
aclamado por um mar de admiradores no centro de Manhattan, ele agora era
insultado, de dentro de seu carro, por pedestres raivosos.
43.
Depois de
uma briga com a equipe do hotel em que se hospedou em Murray Hill (área de Manhattan próxima à sede da ONU), o Shelburne
Hotel, CASTRO ameaçou acampar no
Central Park antes de mudar toda sua comitiva para o Harlem, que há muito era
considerada a "capital dos negros dos Estados Unidos".
44.
Ele foi o
primeiro líder estrangeiro a permanecer no bairro, e muitos afro-americanos,
que admiraram o fato de ele ter declarado o fim da discriminação racial em Cuba
logo após assumir o poder, o receberam de braços abertos.
45.
Fiquei
encantado ao descobrir que o Shelburne
Hotel ainda existe em Murray Hill,
perto da sede das Nações Unidas. Prossegui até a avenida Lexington e lá
encontrei, inalterada, a suntuosa fachada do hotel, charmoso, no estilo
"velho mundo". Trata-se hoje, certamente, de um lugar amigável: às 17
horas, o porteiro me cumprimentou com um sorriso alegre: "Bem a
tempo!"
46.
Eu não tinha
certeza do que ele queria dizer, até que vi um funcionário distribuindo vinho,
de graça, no happy hour.
47.
Ele parecia
não se importar nem um pouco com o fato de eu não ser um hóspede, então me
apoiei com satisfação em um aparador de linóleo, com uma taça de Chardonnay na
mão, entre os viajantes que matavam tempo antes dos voos noturnos.
48.
Perguntei ao
porteiro, um imigrante africano chamado RAYMOND
LARRY, se ele sabia que o senhor CASTRO
já causou um tumulto no hotel.
[6] UM CONFRONTO NO SUNTUOSO
HOTEL
49.
"Claro", ele riu. "Os cubanos estavam mantendo galinhas vivas nos quartos!"
LARRY disse que trabalha no hotel há
15 anos e ouviu as histórias de 1960 de antigos porteiros que trabalhavam aqui
naquela época.
50.
"CASTRO cozinhava as aves e jogava os ossos pela janela.
Caíram direto na cabeça das pessoas! Foi uma loucura!" Um confronto cômico se seguiu, LARRY explicou, quando a administração
do hotel exigiu, supostamente, um depósito de segurança de US$ 20 mil (cerca de
US$ 165 mil em dinheiro de hoje) por possíveis danos.
51.
Zangado, CASTRO levou a delegação cubana, de 60
pessoas, para longe dali, e ocupou o Hotel
Theresa, no Harlem, na esquina do Teatro
Apollo, na 125th Street.
52.
Foi uma
declaração de desprezo ao establishment e de apoio aos afro-americanos, às
vésperas do Movimento dos direitos civis. Ele se sentia mais à vontade em meio
ao "povo pobre e humilde do Harlem", declarou.
53.
"El
Comandante" mostrou novamente seu talento para relações públicas ao
encontrar MALCOLM X, enquanto 2 mil
integrantes do Nation of Islam
(grupo do qual o defensor dos direitos civis fazia parte) reuniam-se nas ruas
em frente ao hotel.
54.
As multidões
de apoiadores de CASTRO continuavam
ganhando as manchetes dos jornais diários, para frustração de EISENHOWER.
55.
Os cubanos
realizaram uma festa elegante com a participação de artistas como o poeta ALLEN GINSBERG e o fotógrafo HENRI CARTIER-BRESSON, e quando EISENHOWER não convidou CASTRO para um almoço para chefes de
Estado latino-americanos, ele organizou sua própria grande festa – oferecendo
cardápio da melhor qualidade aos "proletários" funcionários do Hotel Theresa, todos negros.
56.
As fotos
mostram os mensageiros e balconistas sentados ao lado de CASTRO à mesa do almoço, ainda vestindo seus uniformes.
57.
Hoje, o edifício do Theresa, de 13 andares,
está listado no Registro Nacional de Lugares Históricos.
58.
Enquanto eu
subia um trecho da Sétima Avenida, lado a lado com vendedores usando coloridas
e estampadas roupas africanas, achei o exterior do edifício tão esplêndido
quanto sempre foi – não à toa, é conhecido como "O Waldorf do Harlem"
(referência ao luxuoso Waldorf Astoria, também em Manhattan).
59.
Infelizmente,
o interior outrora grandioso do hotel foi convertido em unidades de escritórios
e condominiais na década de 1960, e renomeado para Theresa Towers. Um porteiro levemente confuso deu-me a triste
notícia da mudança. O antigo e majestoso salão de bailes e o salão de jantar
foram destruídos, disse ele. "Realmente, não há nada para ver."
[7] NO HARLEM, OS 'MELHORES
AMIGOS' DE FIDEL
60.
Ainda assim,
pensei, talvez eu pudesse mergulhar no próprio Harlem e recapturar a
"febre FIDEL" que tomou
conta do bairro 69 anos atrás.
61.
À noite, CASTRO e seus seguidores – muitos dos
quais eram jovens afro-cubanos, incluindo seu chefe das Forças Armadas, Juan
Almeida – compareciam às lanchonetes do Harlem para comer hambúrgueres baratos
e deliciosos, e há lindas fotos de garçonetes flertando e rindo com eles.
62.
Em uma
ocasião, o ministro das Relações Exteriores de Cuba da época, RAÚL ROA, posou para fotos enquanto
comia um cachorro-quente no Chock-Full-o'-Nuts,
uma lanchonete de esquina.
63.
O discurso de CASTRO nas Nações Unidas em 1960 ainda hoje é um recorde.
Com 4 horas e 29 minutos de duração, foi uma denúncia ressoante do imperialismo.
64.
A partir de então, as relações com os EUA se
deterioravam vertiginosamente. No ano seguinte, [após a temerária e malograda] invasão
da Baía dos Porcos, apoiada pela
CIA, marcou uma ruptura definitiva, com a associação de CASTRO à União Soviética e ao modelo socialista.
65.
CASTRO voltou a Nova York mais três vezes, em 1979, 1995 e 2000,
sempre para visitar a ONU – o que obrigou os Estados Unidos a conceder-lhe um
visto. Mas ele nunca esqueceu os dias inebriantes da viagem de 1960.
66.
Quatro
décadas depois, em sua permanência em 2000,
ele fez um discurso de tom épico, diante de uma congregação de 3 mil pessoas na
Igreja Riverside, não muito longe de
seus antigos aposentos no Theresa Hotel,
observando que "no Harlem é onde tenho meus melhores amigos".
67.
Afastando-me
do Theresa, entretanto, logo percebi
que muitos dos antigos pontos no Harlem que CASTRO e seus companheiros poderiam ter visitado em 1960, como o
icônico Lenox Lounge, desapareceram.
68.
Outras
verdadeiras instituições do bairro, como o Sylvia's
Restaurant – conhecido como "rainha da comida Soul", em
referência ao estilo musical – abriram suas portas apenas depois da visita de CASTRO, em 1962.
69.
Em vez
disso, então, fui tomar uma bebida em um restaurante próximo, chamado Red Rooster. Localizado a uma quadra da
Theresa, é emblemático do novo
Harlem: leva o nome de um bar mítico do bairro, que atraiu grandes nomes do
jazz, além do romancista, dramaturgo e ativista JAMES BALDWIN, nascido no Harlem; hoje, porém, é um restaurante da
moda, comandado por um chef de celebridades sueco-etíope.
[8] A CIDADE INESGOTÁVEL
70.
Não me
importei. Na verdade, as mudanças que encontraria eram tão imprevisíveis quanto
tudo o que diz respeito a seguir CASTRO
por Nova York – uma cidade cujo atrativo sempre foi sua constante reinvenção.
71.
De volta
para casa em East Village, voltei a escrever meu livro. As idas e vindas, os
fluxos e refluxos de Nova York, pareciam ecoar o turbilhão da história,
ajudando-me a conhecer a mente do líder cubano quando ele estava no auge, e o
futuro era fluido e ainda sem forma.
72.
Mais do que
tudo, refazer as pegadas de CASTRO
conseguiu reacender o fascínio pela minha cidade natal adotiva. No fim das
contas, realmente não tinha importância alguma se as assombrações históricas do
líder cubano estavam milagrosamente intactas ou se haviam desaparecido por
completo, como miragens.
73.
Eu havia
explorado cantos da cidade que nunca imaginara e conversado com pessoas que,
certamente, de outra forma não conheceria – o que é, afinal, a essência da
própria viagem.
74.
Muito se
escreveu ultimamente sobre Nova York ter "acabado" – que os aluguéis
altos e a gentrificação esvaziaram a
cidade de seu fascínio. Mas foi um alívio descobrir que o oposto segue
verdadeiro: a cidade pode não ser o que esperamos, mas ainda é tão inesgotável
quanto sempre foi.
[fim do artigo
de Tony Perrottet; publicado by BBC]
Cuba Libre! Che, Fidel, and the Improbable Revolution That Changed World
History
LIVRO
Você gostou desse livro?
Data
da primeira publicação: 22 de janeiro de 2019
Gênero: Biografia
Tony Perrottet
Photo: © Eric Ryan Anderson
ABOUT THE AUTHOR
Acesso RAS 2019-11-04
Tony Perrottet is
the author of five books: Cuba Libre!, Off the Deep End,
Pagan Holiday, The Naked Olympics, Napoleon’s Privates, and The
Sinner’s Grand Tour. His travel stories have been translated into a dozen
languages and widely anthologized, having been selected six times for the Best
American Travel Writing series. He is a regular television guest on
the History Channel and a contributing writer at Smithsonian Magazine;
his work has also appeared in The New York Times, The Wall Street
Journal Magazine, Condé Nast Traveler, T+L, Outside, Surface, and the London
Sunday Times. He lives in New York.
ABOUT [THE BOOK] CUBA LIBRE!
The surprising story
of Che Guevara, Fidel CASTRO, and the scrappy band of rebel men and women who
followed them.
Most people are
familiar with the basics of the Cuban Revolution of 1956–1959: it was led by two
of the twentieth century’s most charismatic figures, Fidel CASTRO and Che
Guevara; it successfully overthrew the island nation’s US–backed dictator; and
it quickly went awry under Fidel’s rule.
But less is
remembered about the amateur nature of the movement or the lives of its
players. In this wildly entertaining and meticulously researched account,
historian and journalist Tony Perrottet unravels the human drama behind
history’s most improbable revolution: a scruffy handful of self-taught
revolutionaries—many of them kids just out of college, literature majors, and
art students, and including a number of extraordinary women—who defeated 40,000
professional soldiers to overthrow the dictatorship of Fulgencio
Batista.
Cuba Libre!’s deep dive into the revolution reveals fascinating
details: How did Fidel’s highly organized lover Celia Sánchez whip the male
guerrillas into shape? Who were the two dozen American volunteers who joined
the Cuban rebels? How do you make land mines from condensed milk cans—or, for
that matter, cook chorizo à la guerrilla (sausage guerrilla-style)?
Cuba Libre! is
an absorbing look back at a liberation movement that captured the world’s
imagination with its spectacular drama, foolhardy bravery, tragedy, and,
sometimes, high comedy—and that set the stage for Cold War tensions that pushed
the world to the brink of nuclear war.
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