CONHEÇA O MÚSICO LUIZ
CLAUDIO RAMOS, MAESTRO E PARCEIRO DE CHICO BUARQUE
[02mai2018]
Enquanto trabalha com Chico
Buarque, ele toca projetos próprios
Fonte: JOSÉ TELES; JC
online; 02/05/2018, às 13h10
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/musica/noticia/2018/05/02/conheca-luiz-claudio-ramos-maestro-e-parceiro-de-chico-buarque-337683.php
Acesso RAS 2018-08-07
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Foto 01: Divulgação; Luiz Claudio Ramos com Chico Buarque
desde os anos 70
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O maestro Luiz Cláudio Ramos é presença certa e sabida no
palco com Chico Buarque, desde que o cantor passou a lançar disco e entrar em
turnê logo em seguida. O que acontece desde Paratodos, há 25 anos [desde 1993].
Ele é o violonista do grupo, e arranjador do repertório,
tanto nos concertos quanto no estúdio.
Nascido há 69 anos, o carioca Luiz
Cláudio cresceu numa família de músicos. É irmão de Carlos José, cantor de
muito sucesso nos anos 1960, o último dos intérpretes de seresta.
“Geraldo
Vandré foi íntimo amigo de Carlos José, meu irmão mais velho. Estudavam juntos,
faziam show na faculdade, eu era bem pequeno. Me encantava ver aqueles ensaios,
as pessoas cantando. Não cheguei a tocar com Vandré. Na volta dele ao Brasil
compusemos duas músicas. Ele me encontrou no estúdio e fizemos. Uma não tenho
mais ideia, a outra eu me lembro, porém nunca foi gravada. Nunca mostrei pra
ninguém”, revela o maestro.
A turnê do novo disco de Chico Buarque, Caravanas, está pela
metade. Aterrissa nesta quinta-feira, no Teatro Guararapes, onde permanece até
o domingo. Os ingressos, apesar do preço salgado, foram quase todos vendidos, o
que é comum em turnês do cantor. “Esta turnê, acho que está tendo uma
repercussão maior, porém é difícil a gente dimensionar, porque em todas a
receptividade foi sempre grande. Como ele faz turnês espaçadas, tem sempre uma
demanda muito grande pelo Chico. Vi todas as turnês, mas não sei qual que teve
mais gente, mais lotada. O Chico é um ídolo muito querido. Esta tem também a
diferença de ter uma conotação política maior. Mas Chico é um artista desde
sempre assumido politicamente e participante”, comenta Ramos.
A primeira gravação que fez com Chico Buarque foi há 45
anos, no disco Calabar, a faixa Bárbara, com arranjo de Edu Lobo. A partir daí,
participou de quase todos os discos do cantor, com quem começou a tocar em show
em 1975, no show Chico & Bethânia:
“Já nesse show, e no disco ao vivo,
participei fazendo o que chamavam de arranjo de base. A banda era meio
Bethânia, meio Chico. Eu e Franklin da Flauta, que éramos da turma do Chico.
Nesse show elaborei junto com ele as harmonias, os arranjos de base. Eu pegava
as harmonias, discutíamos, e eu passava para o maestro Gaya (Lindolfo Gaya, 1921-1987), que fez os arranjos da
orquestra nesse show”.
Assim como Carlos José trocou o direito para ser cantor,
Luiz Claudio Ramos escanteou a medicina para entrar na música, a conselho do
compositor Sérgio Ricardo, com quem trabalhou na adaptação para o teatro de O
Coronel de Macambira, do poeta recifense Joaquim Cardoso (no qual ele está
trabalhando novamente, com um grupo de Teatro Universitário Carioca, Tuca):
“Larguei a medicina no segundo ano porque já estava
envolvido com música num nível bastante profissional, tocando com Simonal, que
na época era uma febre. Acho que sempre soube que queria ser músico. Tinha
irmão engenheiro, outro advogado, e fui pra medicina. Me desenvolvi bastante no
estúdio, e tive oportunidade de praticar, desde muito jovem comecei a fazer
arranjo, dei sorte. O primeiro disco inteiro que arranjei foi também o primeiro
de Fagner, Manera Fru Fru, Manera”, conta o maestro. Ele ressalta que até 1986
escrevia os arranjos na intuição. Naquele ano elaborou uma técnica, baseada em
quatro escalas que o ajudou a desenvolver o trabalho com vários artistas. Uma
técnica, segundo ele, que é simples na teoria, mas na prática é mais
complicada.
PARCERIA
Obviamente, a criação dos arranjos para Chico Buarque não é
uma tarefa feita sem a participação do “chefe” e chega próxima de uma parceria.
Aliás, os dois são parceiros em um par de canções, Outra Noite (de Paratodos,
1993) e Cecilia (As Cidades, 1998):
“A partir de quando ele me mostra a música, a gente começa a
trocar figurinhas. Tem muita gente que acha que fazer arranjo é uma coisa
técnica. Mas não é só técnica. Tem uma parte de criação muito importante. Se
bem que hoje em dia, com a falência da indústria fonográfica, ninguém grava
mais com orquestra, quase ninguém, poucos são os artistas que tem verba pra
gravar com orquestra. O problema de fazer arranjo pra disco, depende do tempo
que a gente tem. Arranjo, se deixar, nunca acaba, muda uma notinha aqui, uma
notinha ali. Com o tempo o arranjo vai amadurecendo. Chico nunca entregou as
músicas todas pra gente fazer arranjos. Ele começa com umas quatro, e vai
entregando aos poucos. Neste disco o processo foi ainda mais demorado. Demorou
praticamente dois anos pra ser feito. As primeiras músicas que ele me deu eu
trabalhei mais, levei mais tempo mexendo nelas. A gente grava a base primeiro,
os instrumentos que acompanha o violão e piano, contrabaixo e bateria. E a
partir daí eu vou escrevendo pros outros instrumentos que forem participar,
quando o disco está chegando no fim, pega as músicas que tem orquestra de
cordas, grava num dia, sopro grava no outro dia. O processo é esse. Então as
primeiras são as mais trabalhadas em todos os discos do Chico, o que não quer
dizer que sejam melhores ou piores”.
Tampouco os arranjos são engessados, seguidos rigorosamente
durante a turnê inteira, e reaproveitados na turnê seguinte, confirma Luiz
Claudio Ramos: “Os arranjos vão se desenvolvendo até determinado ponto, naquele
momento, naquela turnê. Alguém faz alguma coisa, os músicos interagem, arranjo
nunca fica pronto. As músicas antigas, por exemplo, nos arranjos que fiz pra
esta turnê são diferentes dos originais, procurei fazer novas abordagens das
música antigas. Poucos arranjos se mantiveram”.
CARREIRA
Além do trabalho como músico de estúdio, como se define,
Luiz Claudio Ramos gravou três discos, um solo (uma pela série MPBC, pela
Phillips, em 1980), mais três com o Quarteto em Cy (Falando de Amor para
Vinicius, CID, 2001), com Franklin da Flauta (Dois Irmãos, Manacá, 2011), e com
Carlos José (Musa das Canções, 2015).
Quando não está trabalhando com Chico
Buarque, ele se volta para a produção e arranjos para os diversos projetos e
artistas, e a um projeto pessoal, sobre o qual se debruça há anos:
“Fiz
transcrições, arranjos, alguns parecidos com o original, de músicas de Tom
Jobim. Um trabalho pesado, que estou fazendo há muitos e muitos anos. Acho que
agora está quase no ponto de apresentar. Eu até fiz uma gravação de parte deste
trabalho, mas ainda não estava maduro. É uma espécie de estudo, de técnica de violão.
A parte musical está resolvida, o que falta é parte técnica de violão, algumas
coisas são bastante difícil, é um projeto de vida que preciso concluir”.
Ele terá bastante tempo para concluir este projeto quando
chegar ao fim a turnê Caravanas. Aos 74 anos, gravando com intervalos de cinco,
seis anos, Chico Buarque estará com 80 anos, ou quase isso no próximo disco.
Provavelmente terá disposição para voltar à estrada.
O diretor musical não pode responder pelo compositor, mas já
pavimenta o caminho para intensificar a carreira solo:
“Do Chico eu não sei,
sei dos meus projetos. Tem uma pessoa que está elaborando projetos meus. Estou
me preparando cada vez mais pra tocar sozinho. Acho que Chico ainda curte
viajar. Porém o problema de uma turnê dessas é que demanda muita energia. Nem é
o show em si, que é sempre um prazer, mas a espera, os hotéis, os aeroportos. A
rotina é meio militar, tem que estar naquela hora, naquele lugar. Uma
organização grande, envolve muita gente. Isto deve ser bastante sacrificante
pra ele, mas claro que ele gosta. Dentro desse esquema, Chico tem feito shows
regularmente desde Paratodos."
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA,
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