CHINA
Made in China em 2025!
13.º plano quinquenal para a economia chinesa.
Ø Autossuficiência
em tecnologia de ponta, subsidiada, tornará inviável a concorrência
Fonte: OESP; Autor: RUBENS
BARBOSA*; 28 Março 2017 | 03h00
Acesso RAS 31mar2017.
* RUBENS BARBOSA
É PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP
1. O
governo chinês aprovou estratégia de política industrial para tornar seu país
autossuficiente numa série de importantes setores, até 2025. Com esse fim
abrirá linhas de financiamento de mais de 300 bilhões de yuans.
2. Embora
o objetivo seja modernizar a indústria em geral, o plano indica dez setores
prioritários: nova tecnologia avançada de informação; robótica e máquinas
automatizadas; aeroespaço e equipamento aeronáutico; equipamento naval e navios
de alta tecnologia; equipamento de transporte ferroviário moderno; veículos e
equipamentos elétricos; equipamento de geração de energia; implementos
agrícolas; novos materiais, biofármacos e produtos médicos avançados.
3. Um
dos aspectos mais importantes dessa estratégia consiste na produção doméstica
de partes e componentes de alto valor agregado, aumentando a porcentagem do
conteúdo nacional utilizado nos produtos tecnológicos para 40% até o ano de
2020, chegando a 70% dos componentes produzidos em manufaturas chinesas em 2025,
com critérios e indicadores específicos para medir os avanços nos diferentes
setores industriais abordados.
4. O plano governamental prevê que as empresas que
se beneficiarem desse apoio deverão ter uma participação de pelo menos 80% do
mercado doméstico em apenas oito anos.
5. O
primeiro-ministro Li Keqiang, no início de março, apresentou na 6.ª sessão
plenária do Comitê Central do Partido Comunista alguns desdobramentos do 13.º
plano quinquenal para a economia chinesa.
6. Uma das metas é estimular a ampliação
das áreas de serviços e de alta tecnologia, que estão crescendo, mas não têm
ainda peso suficiente para substituir os atuais (cada vez menos eficientes)
motores do crescimento da economia chinesa: infraestrutura e construção civil.
“Vamos acelerar a pesquisa e o desenvolvimento e a comercialização de novos
materiais, inteligência artificial, biofarmacêutica, comunicação móvel e outras
tecnologias, além de apoiar a criação de clusters industriais
nessas áreas”, anunciou.
7. O
governo oferecerá empréstimos de grande monta e a juros baixos, subsidiados,
originários de fundos estatais e bancos de desenvolvimento; assistência
financeira para a aquisição de concorrentes estrangeiros e incentivos para
pesquisa. Além da política de subsídios domésticos, o programa prevê também
apoio para a internacionalização de empresas chinesas a partir de compras de
ativos no exterior.
8. O
investimento chinês em alta tecnologia, que pretende transformar o país numa
superpotência manufatureira, deve ser interpretado como apenas uma das etapa de
um amplo programa de expansão econômica e política.
9. A
“inovação nativa” objetiva identificar, digerir, absorver e reinventar
tecnologias estrangeiras nos domínios civil e militar. O “Made in China em
2025” representa uma política industrial sofisticada e estratégica, que
rapidamente aumentará a competitividade global das companhias chinesas.
10. Essas
companhias vão escolher seletivamente os mais importantes setores industriais
do futuro e passarão a representar um desafio para as principais economias de
hoje.
11. Não
é difícil imaginar as consequências para a produção e o intercâmbio comercial
global, caso esse plano seja bem-sucedido. As companhias industriais do mundo
inteiro começam a preocupar-se porque a política de autossuficiência em
tecnologia de ponta dará às empresas chinesas uma vantagem no mercado doméstico
e no resto do mundo.
12. Segundo
relatório da Câmara de Comércio da União Europeia na China, o “Made in China em 2025”, com fortes
incentivos do governo de Pequim para as indústrias dos setores que forem
privilegiados, deverá tornar inviáveis os concorrentes do exterior e
fortalecerá as empresas chinesas subsidiadas no mercado global.
13. Trata-se
da versão chinesa da nossa conhecida política de “campeões nacionais”, talvez
com melhores perspectivas de êxito. Em vista dos ambiciosos objetivos e
recursos financeiros envolvidos, o programa pode levar a um gasto
extraordinário dos governos provinciais pelos investimentos ineficientes e
duvidosos.
14. A divulgação dessa política é feita num momento delicado para a China no comércio
internacional. Na campanha eleitoral, Donald Trump confrontou o gigante chinês
em questões de comércio, ameaçando impor altas tarifas para reduzir o déficit
dos EUA na balança comercial bilateral, atribuído em grande parte à manipulação
cambial.
15. Embora nada tenha sido anunciado até aqui, está sendo discutida nos
EUA a redução de tributos sobre as empresas norte-americanas e a imposição de
tarifa de 20% (border tax) sobre
todas as importações, não apenas sobre o produtos chineses.
16. Os
EUA não reconhecem a China como economia de mercado para fins de medidas de
defesa comercial, como antidumping, o que poderá fazer Pequim
recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC), como já o fez contra a União
Europeia (UE).
17. Certamente, a estratégia “Made in China em 2025” de substituição
tecnológica e de participação governamental no mercado interno poderá ser
questionada por violação das regras da OMC sobre conteúdo local, tal como vem
ocorrendo com a questão aberta pela UE e pelo Japão contra a política julgada
discriminatória de subsídios na indústria automobilística e na de informática
no Brasil.
18. Para
o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, o “Made in China em 2025”
apresenta muitos desafios. Trata-se talvez do mais recente e dramático exemplo
de como os limites entre política econômica e comercial interna e externa
desapareceram, não sendo mais possível definir uma delas sem levar em conta a
outra. Essa realidade torna urgente a discussão de políticas de médio e de
longo prazos que redefinam o papel do Brasil num mundo em tão rápida
transformação.
RUBENS BARBOSA
É PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP
Access RAS in 1mar2017.
1. China’s State Council announced ‘Made
in China 2025’ in May 2015 as a national initiative to improve the
manufacturing industry – initially up to 2025 and then on to 2035 and 2049.
2. The
goal is to transform China into a leading manufacturing power and the process
has already begun – with 50 pilot projects started across China in 2015.
3. Made
in China 2025 is a report delivered by the China-Britain Business Council
(CBBC) and UK Trade and Investment (UKTI) to analyse what this initiative is,
and how UK companies can benefit.
4. China is striving to move up the value
chain, to avoid being pinched at one end by lower cost countries and at the
other end by higher quality manufacturers around the world.
5. This will require a
major overhaul of its enormous but plateauing manufacturing base. This presents
opportunities for globally renowned UK expertise in the export of high tech
equipment, technical and management consultancy services, joint R&D,
design, education and skills training, and financial and professional
services.
6. The Made in China 2025 report focuses
on 10 priority sectors for China, highlighting areas of opportunity for UK
companies.
7. The sectors include
- advanced rail and equipment,
- aviation and aerospace equipment,
- agricultural machinery and technology,
- power equipment and technology,
- low and new-energy vehicles,
- new materials,
- high-end manufacturing control equipment and robotics,
- biopharmaceuticals and high-end medical equipment,
- advanced marine equipment and high-tech vessels, and
- integrated circuits and new generation information technology.
Made in China 2025 Report - Part One
Part One of the report introduces the
background to Made in China 2025 including the State Council's plan, the Ten
Priority Sectors, Five Nationwide Initiatives and the main objectives of the
government plan. In addition, it gives an overview of the key opportunities for
UK companies categorised by sector and location.
Made in China 2025 Report - Part Two
Part Two of the report looks in detail at the Ten Priority
Sectors of the Made in China 2025 initiative. Within each sector, we outline
the background and future trends of the industry, its key Chinese players and
the areas of strength and opportunity for the UK. Part Two also contains a helpful
range of case studies, giving direct examples of how UK companies can work with
China, helping the country meet its objectives.
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