O RISCO QUE CORREU ERASMO
CORRE NAURO.
[ERASMO DIAS E NOITES e JUSTIÇA W.C.]
Fonte: Blog Cesar Bello; 30 de outubro de 2010
https://cesarbello.blogspot.com/2010/10/o-risco-que-correu-erasmo-corre-nauro.html
Acesso RAS 2020-12-24
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Ronald de Almeida Silva. SLZ-MA. 24dez2020.
Conheço o poeta Nauro MACHADO por quem tenho singular apreço. Como diz Vinicius que pela produção tem moral no plural, "o apreço não tem preço". No Maranhão paga-se um preço pelo apreço, ainda mais quando pela verdade.
Nauro é um destes incompreendidos na forma poética, política e cultural. No do Anafilático Desespero da Esperança, compôs o mais espetacular dos seus poemas intitulado 50 Anos, onde demonstra sua amargura com a existência na terra Gonçalvina. Daí do pó fazer-se dó.
Nauro não é Masmorra Didática, ao acompanhá-lo
em dezenas de Noites Ambulatórias, observei-o pelas Órbitas das Águas.
Nele havia carinho, respeito e veneração por Erasmo Dias, jornalista combativo
e combatido. Entre suas obras o resgate a este que foi injustiçado e
enxovalhado pela coragem de dizer. ''Erasmo Dias e Noites"
ou o Agônico dos Apicuns. Lá o magistral artigo em repúdio a Justiça,
que diante dos acontecimentos recentes faz-se necessário conhecê-lo:
JUSTIÇA W.C.
"Depois da reunião em Palácio, a que não compareceu o desembargador-presidente, por ser cosido a ele, no cumprimento das ordens superiores, um pracinha da nossa guarnição federal, voltou a nossa corte a sua determinação de praticar o esbulho contra os votos do povo.
E assim é que, firmando pela manhã, decisão sobre a urna de uma seção que funcionou em propriedade de um candidato, anulando-a por conter maioria favorável, ao governador que o povo elegeu, já à tarde, diante de caso perfeitamente idêntico, resolvia de modo contrário, isto é, validando urnas de Colinas e do Brejo, cujo resultado era favorável ao Palácio.
Justiça de dois pesos e duas medidas, que confirma, iniludivelmente, a arguição de suspeição de um tribunal que, pela sua maioria, embora já reduzida, se afunda, definitivamente, no conceito público, degradando a função de julgar, aviltando a toga e desonrando, no cinismo dos desfibrados, séculos de tradição jurídica.
Justiça de lameiro e de pocilga, onde rebolam suínos de engorda, cevados na ração abundante que o Palácio distribui.
Justiça de prostíbulo e lupanar, onde sátiros despudorados saracoteiam, bêbados, na lascívia que a si mesmo lhes provoca a nudez moral a que se reduziram, para orgia do descaramento e do cinismo.
Justiça de feira e de mercado, onde bufarinheiros da venalidade vendem-se como escravos nas praças de Bagdad.
Justiça de chibata e de senzala, onde os negros se aprimoram na subserviência, requintam-se no servilismo e excedem-se na despersonilização.
Justiça de sentina e de cloaca, onde os azes da corrupção e da peita se comprazem no aspirar dos gases mefíticos, que lhes inebriam a depravada sensibilidade.
Justiça, enfim, de um Tribunal onde há juízes cujas iniciais indicam o verdadeiro sentido e legítima significação__W.C."
Justiça W.C!"
O livro traz artigos jornalísticos que retratam o Maranhão, no período que antecede ao mando de José Sarney. Lendo-o teremos oportunidade de ver a história repetindo-se , como farsa e tragédia.
Convite ao raciocínio "ERASMO DIAS E NOITES"
é uma publicação do Sioge, esgotada mais possível de achado na livraria
POEME-SE, localizada no Centro Histórico, não encontrando procure o blog
através do telefone (98) 88893120, para formarmos grupo de estudo.
César Bello
30 outubro 2010