ORIGEM DO NOME DO SAMPAIO CORRÊA FUTEBOL CLUBE DEVE-SE AO SONHO DO ENGENHEIRO E PILOTO CEARENSE PINTO MARTINS E AO APOIO DO SENADOR PELO DF ENG. JOSÉ MATOSO SAMPAIO CORREIA.
O HIDROAVIÃO SAMPAIO CORRÊA-II FOI A PRIMEIRA MÁQUINA VOADORA A POUSAR EM SÃO LUÍS EM 14DEZ1922 FAZENDO A PRIMEIRA VIAGEM ENTRE A AMÉRICA DO NORTE E AMÉRICA DO SUL: NOVA YORK-RIO DE JANEIRO. DECOLANDO EM 17AGO1922 E CHEGANDO EM 08FEV1923.
Ronald Almeida. SLZ-MA. 19ago2019.
O 1º VOO NOVA YORK-RIO DE JANEIRO – A EPOPEIA DE WALTER HINTON & EUCLIDES PINTO MARTINS 1922-23 NOS HIDROAVIÕES CURTISS “SAMPAIO CORRÊA I e II”.
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COMANDANTE WALTER HINTON
Busto de PINTO MARTINS no aeroporto de Fortaleza, CE, que leva seu nome.
O HIDROAVIÃO SAMPAIO CORRÊA-II FOI A PRIMEIRA MÁQUINA VOADORA A POUSAR EM SÃO LUÍS EM 14DEZ1922 FAZENDO A PRIMEIRA VIAGEM ENTRE A AMÉRICA DO NORTE E AMÉRICA DO SUL: NOVA YORK-RIO DE JANEIRO. DECOLANDO EM 17AGO1922 E CHEGANDO EM 08FEV1923.
Ronald Almeida. SLZ-MA. 19ago2019.
O 1º VOO NOVA YORK-RIO DE JANEIRO – A EPOPEIA DE WALTER HINTON & EUCLIDES PINTO MARTINS 1922-23 NOS HIDROAVIÕES CURTISS “SAMPAIO CORRÊA I e II”.
Compilação,
revisão, notas e edição:
Ronald
de Almeida Silva, arquiteto; 2019-08-16
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PRIMÓRDIOS DA AVIAÇÃO COMERCIAL NO PRIMEIRO
QUARTO DO SÉCULO XX (EUA e BRASIL).
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A saga do copiloto
cearense EUCLIDES PINTO MARTINS e dos quatro tripulantes americanos que
realizaram em 1922-23 a primeira viagem aérea (quase trágica, que durou 6
meses) entre NOVA YORK e RIO DE JANEIRO a bordo dos hidroaviões “SAMPAIO
CORRÊA” I* E II.
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Foto: (à esquerda) O
experiente Instrutor de voo e Comandante americano da Missão Aeronáutica
Pioneira New York-Rio 1922-23, WALTER HINTON e (à direita) o principiante copiloto
cearense EUCLIDES PINTO MARTINS, idealizador da façanha.
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Fonte da
republicação do artigo: blog GGN; Por: José Brandes; 12/10/2013
Autor da pesquisa original: general TÁCITO THEÓFILO GASPAR DE OLIVEIRA registrado em seu livro ´PINTO MARTINS´, editado em 1977.
Republicado
por Roberto Pires de Oliveira = R. PIRES em:
Compilação,
revisão, notas e edição: Ronald de Almeida Silva, arquiteto; 2019-08-16
Revisado
e ampliado em 2019-08-19.
A HISTÓRIA DE UMA GRANDE AVENTURA
AERONÁUTICA INTERCONTINENTAL POUCO CONHECIDA E VALORIZADA
Ronald Almeida
Hoje, 16ago2019,
podemos nos dar a liberdade de celebrar os 97 anos do lançamento do hidroavião “SAMPAIO CORRÊA-I” no Rio Hudson, em
Nova York, primeiro passo da intrépida aventura aeronáutica de 6 meses que se
iniciaria de fato no dia seguinte (17ago1922) com a decolagem em direção à capital do
Brasil.
Nesse que foi o
histórico 1º vôo (com dezenas de escalas) entre Nova York e a capital do
Brasil, feito em 2 hidroaviões doados pelo jornal “The New York Word”, estavam
4 americanos e 1 cearense, os tripulantes: (i) o experiente instrutor de vôo e Comandante
da Missão Walter HINTON, Piloto; (ii)
Euclides PINTO MARTINS, co-piloto
iniciante ; (iii) o indispensável Jonh
Edward WILSHUSEN; mecânico de bordo, da Fábrica Curtiss; (iv) George Thurman BYE, jornalista do “New
York World”, para reportar a longa e perigosa travessia e (v) o produtor de
imagens de ver-para-crer, John Thomas
BALTZEL, o fotógrafo e cinegrafista da Pathé News.
Próximo a Cuba,
na noite de borrasca do dia 22ago1922, o péssimo clima obrigou o comandante
HINTON a amerrissar e o hidroavião “SAMPAIO CORRÊA” I*, naufragou, logo após o
resgate dos 5 tripulantes (miraculosamente ilesos!) pelo navio “Denver” da
Marinha americana, que os levou a uma base naval na Flórida.
Depois de muitas
articulações HINTON & PINTO MARTINS conseguiram um novo hidroavião,
novamente cedido pelo jornal “The New York World”, certamente com a influência
do jornalista George T. BYE, muito interessado em concluir sua histórica
reportagem.
PINTO MARTINS então na Base Naval da
Flórida, em 04set1922, ao receber o segundo hidroavião, repetiu o batismo da
aeronave perdida, dando-lhe o nome de “SAMPAIO CORRÊA-II”, em homenagem ao grande
incentivador da missão, o Senador e Presidente do Aeroclube do Rio de Janeiro, JOSÉ MATOSO DE SAMPAIO CORREIA [nota 03].
Em 14dez1922 o
hidroavião “SAMPAIO CORRÊA-II” chegou em São Luís, sendo esta a primeira
aeronave a ser vista no Estado do Maranhão, fato inédito que empolgou toda a
cidade. A tripulação parece ter gostado da nossa capital e aqui ficou 5 dias e
decolou no dia 19dez1922 rumo a Camocim, CE.
Durante essa
passagem memorável dos pioneiros do “raid” Nova York-Rio, um grupo de
torcedores da Rua São Pantaleão, impressionados com o incrível veículo voador
ancorado na foz do Rio Bacanga próximo à rampa do Palácio, resolveu criar um
clube de futebol, ao qual deram o nome de SAMPAIO CORRÊA, o mais vitorioso da
história do desporto maranhense.
O resto da
história dessa notável e pouco divulgada epopeia aeronáutica de PINTO MARTINS e
seus 4 amigos americanos vocês podem ler no texto seguinte, de autoria de do.
general TÁCITO THEÓFILO GASPAR DE OLIVEIRA registrado em seu livro ´PINTO
MARTINS´, editado em 1977 e cujo capítulo específico foi
republicado por Roberto Pires de
Oliveira = R. PIRES.
SÃO LUÍS, MA,
16ago2019 [revisão 01: 2019-08-19]
Ronald de
Almeida Silva.
Arquiteto urbanista.
Torcedor do Sampaio Corrêa Futebol Clube.
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MENSAGEM
AO FACEBOOK POR BLOQUEAR A REVISÃO DO TEXTO:
A
MATÉRIA É SOBRE UM FATO HISTÓRICO NOTÁVEL DA AVIAÇÃO CIVIL EUA-BRASIL. com a
participação do piloto Euclides Pinto Martins, o herói cearense.
O
SISTEMA DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DO FACEBOOK É MUITO DEFICIENTE. E IRRITANTE!.
Ronald
de Almeida Silva. SLZ-MA. 2019-08-19
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NOTA RAS.01:
(I*) hidroavião biplano com 28 metros de envergadura e dois motores “Liberty”
de 400 hp, cada. Fabricação Curtiss, modelo H16; usados pela Marinha norte-americana.
NOTA RAS.02: As palavras e
números acrescidos que estão indicados entre [colchetes]; os destaques sublinhados, em negrito e amarelo bem como nomes
próprios em CAIXA ALTA e a numeração de parágrafos (se presentes
nos textos ora publicados) NÃO CONSTAM
da edição original.
NOTA RAS.03: JOSÉ MATOSO DE
SAMPAIO CORREIA (grafia original com a letra “i”):
Engenheiro Civil, diplomado pela EPRJ em
1898; Chefiou as obras da Exposição Nacional de 1908 realizada no Rio de
Janeiro em comemoração dos 100 Anos da Abertura dos Portos; Engenheiro-chefe
das Obras Contra as Secas no Rio Grande do Norte em 1912, participou da
construção de diversas ferrovias; Deputado Federal antigo DF 1918-1920; Senador
pelo antigo DF 1921-1926; Constituinte 1934; Deputado Federal antigo DF
1933-1937.
Outras atividades relevantes:
Líder de entidades de classe; Dirigente de órgãos de serviços públicos e
infraestrutura; Construtor de ferrovias; Projetista e Diretor de serviços de
iluminação pública, eletrificação de ferrovias, serviços de abastecimento de água
potável; Empresário; Jornalista; Escritor; Aeroclubista.
Nasceu em Niterói, RJ, em 08set1875.
Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17nov1942 aos 67 anos.
Fonte das informações:
http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CORREIA,%20Sampaio.pdf
Acesso RAS em 28nov2016.
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NOTA RAS.04: USANDO DOIS AVIÕES E 5 MOTORES EM DUAS PERNAS DA
VIAGEM.
(1) PRIMEIRA PERNA / ETAPA da
Missão Aeronática Pioneira Nova
York-Rio: viagem no primeiro hidroavião SAMPAIO CORRÊA-I, que decolou do Rio Hudson em Nova York em 17ago1922
e naufragou próximo à Cuba, cinco dias depois, em 22ago1922, ao fazer o vôo do trecho Nassau com
destino a Porto Príncipe, no Haiti,
The
fist leg of the trip with the first hydroplane began on August, 17, 1922, when
they took off from the River Hudson in New York in August 17, 1922 and ended on February 22, 1922, when
they lost altitude and had fallen into the sea to the east of the island of
Cuba, beyond Cabo Maisi, during a heavy storm in the night, when they were doing
the flight from Nassau to Port of Pince, Haiti.
(2)
SEGUNDA PERNA / ETAPA da Missão Aeronática Pioneira Nova York-Rio: viagem no segundo hidroavião,
o SAMPAIO CORRÊA-II, que decolou de Pensacola, Flórida, EUA, em 07set1922 e
chegou ao Rio de Janeiro em 08fev1923.
The
second leg of the trip with the second hydroplane began on September 7, 1922, when
they took off from Florida] and ended on February 8, 1923, when they arrived in
Rio de Janeiro]
*****
NOTA RAS.05: WALTER HINTON já era um aviador famoso desde 1919 por
ter sido um dois pilotos, junto com ELMER F. STONE, a realizar entre 08 e 31
maio 1919, o primeiro voo entre a América do Norte e a Europa (no caso o Reino Unido) a bordo de um hidroavião Curtiss NC4 da Marinha norte-americana.
Esta
seguramente, foi uma das principais razões para PINTO MARTINS convidar o
experiente HINTON a comandar outro hidroavião Curtiss para realizar outro feito
aeronáutico pioneiro em nível mundial: a primeira travessia aérea intercontinental entre a América
do Norte e a América do Sul.
Ø HINTON achieved fame as one of the two
pilots, along with ELMER F. STONE,
of the Curtiss NC “flying boat" NC-4",
the first aircraft to make a transatlantic flight,
in May 1919.[1] [08
and 31 May 1919]. Fonte: wikipedia
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A SAGA DE EUCLIDES PINTO MARTINS E SEUS AMIGOS
Fonte
da republicação do artigo: blog GGN; Por: José Brandes; 12/10/2013
Autor
da pesquisa original: general TÁCITO
THEÓFILO GASPAR DE OLIVEIRA registrada em seu livro ´PINTO MARTINS´, editado em 1977.
Adaptado e republicado por Roberto
Pires de Oliveira
R. PIRES em:
Compilação,
revisão, notas e edição:
Ronald de Almeida Silva, arquiteto; 2019-08-16
******
Já perguntastes, alguma vez, qual foi o primeiro avião a cruzar o
céu do Brasil vindo dos EUA? E quem pilotava? Pois foi um cearense chamado
EUCLIDES PINTO MARTINS.
Na verdade, ele era o co-piloto [ainda inexperiente, com apenas 1 ano de brevê e pouquíssimas horas de voo] , mas lhe foi cedida a
honra de assumir a nave no espaço aéreo brasileiro por seu colega o piloto
WALTER HILTON. A aeronave foi um hidroavião biplano cedido pela jornal “The New York Word”!
A viagem
começou em 17 agosto 1922 em Nova York e terminou a 08 Fevereiro 1923, no Rio de Janeiro.
SUA VIDA
EUCLIDES PINTO MARTINS nasceu em Camocim, no Ceará, a 15 de
abril de 1892. Entretanto, só foi batizado três meses depois, (28 de julho de
1892), na Igreja Matriz de Macau, Rio Grande do Norte. O fato ocorreu
porque seu pai, Antônio Pinto Martins, natural de Mossoró, naquele estado, foi
convidado para representar a Companhia deSalinas Mossoró Assú, em
Macau. Por isso, PINTO MARTINS foi
batizado na Matriz de Macau e registrado no Cartório Civil daquela
cidade.
Sua mãe chamava-se Dona Maria
Araújo do Carmo Martins e dedicou-lhe muito amor e carinho. EUCLIDES era um menino bem
criado e de inteligência incomum. Aos cinco anos, (1897) já começava a estudar
na escola pública local.
Três anos depois, (agosto de
1900), seus pais se mudaram para Natal e o jovem teve que
continuar seus estudos primários no Colégio Americano, conhecido como Colégio
das Capas Verdes.
Em 1903, já com 11 anos, se
transferiu para o Colégio Atheneu Norte Rio Grandense e, paralelamente,
ingressou num curso noturno de náutica.
Observem aí, o seu gosto pelas viagens e aventuras.
Quatro anos mais tarde, (1907),
embarcou no navio “Maranhão” saindo no ano seguinte, para ser segundo
piloto do navio “Pará”. Infelizmente, um acidente de bordo interrompeu esta
rápida carreira naval e, Euclides, com problemas na carótida, desembarcou em
Natal sendo aconselhado pelos médicos a abandonar a carreira.
No início de 1909, seu pai
mandou-o para os EUA com US$300,00 e uma recomendação para que uma empresa de
amigos lhe repassasse uma certa quantia mensal para sua manutenção.
EUCLIDES não perdera tempo,
matriculou-se no “Drexell Institute” na Filadélfia onde, três anos depois
se formaria em Engenharia Mecânica. (1911).
Além de estudar, PINTO MARTINS trabalhava como
estagiário na “Baldwin Locomotive”, uma fábrica de vagões. Ali, o jovem
aprendeu a falar inglês rapidamente e se inseriu na sociedade local,
conquistou uma namorada e se casou com a Srta. Gertrudes Mc Mullan.
Nosso herói regressou ao Brasil
logo após a formatura, (1911) desembarcou do navio “Booth Line”, em
Fortaleza. Convidado por seu pai, viajou para Natal, onde passou a trabalhar
como engenheiro na “Inspetoria
Federal de Obras Contra a Seca” e na Estrada de Ferro. *
Nota RAS: Ocasião em que PINTO MARTINS teve a oportunidade de conhecer e trabalhar sob a chefia de SAMPAIO CORREIA, então Engenheiro-chefe das Obras Contra as Secas no Rio Grande do Norte em 1912.
Como seu pai era maçom, EUCLIDES PINTO MARTINS acompanhou-o e
ingressou na loja maçônica “21 de Março”.
Em Natal – Rio Grande do
Norte, nasceu em 1914 sua primeira filha: CERES, que viria a morrer, tragicamente, aos 31 anos de idade num
acidente de avião em Porto Rico, com seu marido.
A vida de Euclides Pinto Martins
foi marcada por constantes viagens e mudanças.
No final da 1º Grande Guerra,
(1917) ele se mudou para Recife onde viveu por 2 anos. Ali, ingressou na Loja
“Segredo e Amor” (Loja Maçônica). A maçonaria foi outro fato
marcante na vida de Pinto Martins e isto será tema de um novo trabalho.
Em 1918, faleceu sua jovem mulher
e EUCLIDES, muito sentido,
retornou aos EUA. Apesar da dor da perda, acalentava no peito o desejo de uma
grande aventura entre o Brasil e EUA.
Procurou parcerias e acabou se
associando a LADISLAU DO REGO,
que juntos, compraram um navio com a ideia de criar, no Brasil, uma
companhia de navegação de cabotagem. Lamentavelmente, o negócio não deu certo,
pois o navio afundou…
EUCLIDES permaneceu na América, enquanto seu sócio neste negócio
fracassado, voltou ao Brasil terminando assim, sua primeira tentativa de fazer
algo grandioso. EUCLIDES não
esmoreceu, casou-se novamente com uma americana ADELAIDE SULIVAN.
ADELAIDE era advogada e doze anos mais velha que seu marido, tendo lhe
dado em 1920, uma filha: ADELAIDE
LILLIAN.
O [PRIMEIRO]
AVIÃO [“SAMPAIO CORRÊA-I”]
EUCLIDES PINTO MARTINS não se conformou apenas com a navegação
marítima. Colocou seu foco na aviação que se desenvolvia de forma espetacular
por causa da guerra. Como parte desta ideia, Euclides entrou num curso de
aviação e conseguiu o “brevet” de piloto em 1921.
Com sua entrada no meio
aeronáutico, conheceu um veterano na área: WALTER HILTON, experiente instrutor de vôo na Flórida. Com este novo amigo e a
afinidade de idéias, EUCLIDES resolveu
confidenciar a respeito de um velho sonho: Atravessar
o Atlântico numa viagem de avião Nova Iorque-Rio de Janeiro desbravando assim,
essa rota aérea.
A ideia encontrou eco na mente de
seu colega e, juntos, começaram a trabalhar. Lutaram com força de vontade e,
finalmente, conseguiram um banqueiro: ANDREW
SMITH Jr. que asseguraria verbas
para o atrevido projeto.
Assim, contrataram da Fábrica Curtiss um hidroavião biplano com
28 metros de envergadura e dois motores “Liberty” de 400 hp, cada. A
máquina voadora pesava oito mil quilos! Depois do avião pronto decidiram
batizá-lo de “SAMPAIO CORRÊA” em
homenagem ao Senador pelo DF (Rio de Janeiro) e Presidente do Aeroclube do Rio de Janeiro. [e ex-chefe de Pinto Martins nas obras contas as secas no Rio Grande do Norte].
Tudo pronto, avião novinho em
folha [em 16ago1922]! A tripulação:
Ø
Walter HINTON, Piloto
Ø
Euclides PINTO MARTINS, co-piloto
Ø
Jonh Edward WILSHUSEN; mecânico de bordo, da
Fábrica Curtiss;
Ø
George Thomas BYE, jornalista do “New York
World”, para retratar a travessia e
Ø
John Thomas BALTZEL, o cinegrafista da Pathé
News.
A [1ª]
VIAGEM [AÉREA ENTRE NEW YORK E RIO DE JANEIRO 1922-23]
O [primeiro] hidroavião com sua
equipe deveria decolar no dia 16/08/1922,
mas ao colocá-lo no Rio Hudson,
houve uma pequena avaria na asa esquerda, adiando então sua partida. Por fim,
no dia 17 de agosto de 1922, decolou
do estuário do Hudson o majestoso “SAMPAIO CORRÊA”, aplaudidos por
milhares de pessoas!
A meteorologia que iniciava seus
estudos, previa riscos de tempestades mas a equipe, afoita, não se importou e
decolou sumindo no horizonte, assistidos das margens do Rio Hudson entre as ilhas de Manhatam e New Jersey. Vamos ver o depoimento da “Revista Semana” do Rio de Janeiro, sobre a decolagem:
“A Doca do North River, diante da
Rua 86, parecia mais um formigueiro humano. Mais de um milhão de pessoas havia
se aglomerado de encontro ao cais com os olhos fixos no grande pássaro
mecânico. O hidroavião SAMPAIO CORRÊA, pintado de novo, ostentava nos flancos
as bandeiras consteladas das duas grandes
repúblicas irmãs. Às 15:00 horas contadas uma por uma nos relógios
da cidade, os possantes motores começaram a roncar soturnamente. Com
quatro ou cinco manobras hábeis o aparelho movia-se, evoluía entre
embarcações apinhadas de gente, procurando a parte mais ampla e livre do rio.
Houve então um prodígio. Erguendo-se daquele milhão de almas em desatino,
dez talvez cem milhões de vivas atroaram os ares. Concentraram-se neles,
durante largo tempo, todos os rumores da metrópole tumultuosa e
fervilhante. Nova Iorque que palpitou naquele brado, partido daquelas bocas de
todas as idades, de todos os feitios, de todas as condições. Dir-se-ia que era
a boca da cidade [de Nova Iorque] que gritava”.
[O NAUFRÁGIO DO “SAMPAIO CORRÊA-I” EM
20/08/1922]
A verdade é que, apesar de
saberem estar na época de grandes temporais, nossos afoitos aventureiros, se
atreveram a iniciar a viagem. Neste mesmo dia, 17 de agosto, o avião foi
obrigado a pousar em Nanten, por
causa de um forte temporal. Pernoitaram ali, e decolaram de manhã com destino a
Southport, onde chegaram dia
19/08.
Prosseguiram viagem e dia 20/08
chegaram em Charlston, sem
dificuldades. Reiniciaram a viagem e tiveram que pousar em West Palm Beach devido a outro temporal.
Partiram dia 21/08/1922, às 11:00
horas e amerissaram em Nassau, onde
pernoitaram, seguindo de manhã [22set1922] com destino a Porto Príncipe no Haiti.
Neste
trecho foram surpreendidos por forte borrasca, perderam altitude e caíram
no mar por volta das 20:00 horas, [do dia 22ago1922] ao leste da ilha de Cuba,
além do Cabo Maisi.
As coisas nesta noite ficaram
pretas! Nossos aventureiros estavam em pleno Atlântico, escuridão total, riscos
de tubarões e afogamento. Felizmente, não ficaram feridos na queda. O “SAMPAIO CORRÊA” ainda flutuava e eles
localizaram as pistolas sinalizadoras, encontradas com dificuldades no escuro.
Assim os fogos de artifícios iluminaram os céus do oceano, naquela noite,
num desesperado pedido de socorro! Lamentavelmente, estes sinais não
foram vistos…
A situação tendia a complicar,
pois no avião entrava água por buracos feito pela colisão com o mar. Foi neste
clima de preocupação, que PINTO MARTINS
com seus bons conhecimentos de náutica, lembrou-se que tinham uma lanterna
grande, a qual achou numa parte do avião, ainda seca. O jovem intrépido
subiu no nariz da nave naufragando e passou a fazer sinais luminosos de
socorro.
Não demorou muito, pois perto
dali, a Canhoneira da Marinha Americana “Denver”,
viu os sinais luminosos e apitou, seguindo em socorro dos náufragos. Foram
feitas tentativas, em vão, de rebocar o “SAMPAIO
CORRÊA” que acabou indo para o fundo do mar sob os olhares tristes de
nossos aventureiros…
O próprio PINTO MARTINS deu a seguinte declaração ao Jornal do Brasil:
“…sendo piores possíveis as
condições atmosféricas, os aparelhos de altitude perderam a precisão.
Reinava forte cerração e quando acreditávamos estar muito acima do nível
das águas, nela batemos com violência. Com a força do choque o aparelho furou e
foi invadido pela água…”
NASCE O SEGUNDO HIDROAVIÃO: SAMPAIO
CORRÊA -II
Os náufragos foram levados para a
Base Naval de Guantânamo, em Cuba. PINTO MARTINS e seus amigos não enfraqueceram, continuaram com a
idéia de provar que uma rota aérea ligando as Américas (norte e sul) era
viável.
Assim, acabaram conseguindo que o Jornal “The New York
Word” lhes dessem um outro avião para continuação da viagem. Viajaram para
Flórida, Escola Naval de Pensacola, onde outro avião adquirido pelo Jornal os
esperava. Era um hidroavião com
seis anos de uso, que pertencera a Base.
Graças a esta doação, em 04 de
Setembro do mesmo ano, em São Petersburgo, na Flórida receberam a nave e
batizaram-na de “SAMPAIO CORRÊA-II”.
Nossos aventureiros continuavam
afoitos e logo decolaram de Pensacola, na Flórida, pousando em Porto Príncipe no Haiti em 07/09. Ali,
com problemas no sistema de refrigeração do avião ficaram 30 dias parados, até que peças
de reposição chegassem de navio dos EUA.
Aos sete dias do mês de outubro,
decolam novamente com destino a São Domingos, República DomInicana, onde
pernoitam, seguindo para Porto Rico. Continuaram a viagem, chegando em
Guadalupe e partiram para Martinica onde pousaram em 12 de outubro.
Avião no ar novamente, com
muitas dificuldades causadas por chuvas, chegam em Port Spain,
Trindad e Tobago, dia 15 de outubro 1922. Ali, perderam mais 30 dias com troca
de hélices e outros consertos.
Em 21 de novembro, decolam para
Georgetown na Guiana Inglesa, dali para Paramaribo, Guiana Holandesa,
Caiena , Guiana Francesa e, finalmente em 1º de Dezembro, pousam no
Brasil, Estado do Pará, no Rio Cunani, ao norte da foz do Rio Amazonas.
EM BRAGANÇA, PARÁ E SÃO LUÍS, MARANHÃO, 14 a
19dez1922
Os rapazes ávidos por aventuras e
estas não faltavam, prosseguem para a Ilha de Maracá, Belém, e Bragança
onde obrigados por um temporal pousam no Rio Caeté.
Passaram três dias em
Bragança seguido viagem para SÃO
LUIS. Às 12:00 horas do dia 14 de Dezembro 1922, o SAMPAIO CORREIA desce na Baia de São Marcos desembarcando na
ilha de SÃO LUIS, no Maranhão, dia 14, onde ficaram [cinco dias] até dia
19dez1922.
Finalmente, quatro horas e meia
depois da decolagem, (dia 19 de Dezembro) pousam em Camocim, terra natal de Pinto Martins. Depois das muitas já
conhecidas homenagens, partem no dia seguinte para Aracati, sem pousar em Fortaleza por
dificuldades de amerissagem nas águas agitadas da enseada do Mucuripe.
Pernoitaram em Aracati e voaram
para NATAL, RN, onde dormiram um sono reparador. Logo bem cedinho, decolavam em
direção ao sul.
[A CHEGADA EM NATAL, RN]
Assim, no dia 21 de Dezembro 1922, amerissava o
Sampaio Correia-II, tripulado pelo brasileiro EUCLIDES PINTO MARTINS e o norte americano WALTER HILTON, num "raid" Nova York-Rio de Janeiro,
percorrendo 5.587 milhas. Pelas 14
horas, "a libellula de aço", no dizer de "A República",
tocava as águas do rio, atracando no Cais Tavares de Lyra debaixo de aclamação
popular e homenagens prestadas pelas autoridades do Estado. No dia imediato,
rumava para o sul. O percurso anterior tinha sido feito de Aracati (Ceará) para
Natal.
Fonte: texto
transcrito do livro de TARCÍSIO MEDEIROS, “Aspectos Geopolíticos e
Antropológicos da História do Rio Grande do Norte”, lançado em Natal em 1973,
pela Imprensa Universitária. Capítulo 17, páginas 160 a 186, “A HISTÓRIA DA
AVIAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE”;
Mal viajaram 50 milhas quando o
motor de bombordo apresentou um problema. Estavam sobrevoando ainda o
território Potiguar, perto de Conguaretama,
Bahia Formosa, e uma grave pane no motor esquerdo que forçou-os a
amerissar na citada Baía. Analisado o motor descobriram que algumas engrenagens
estavam irremediavelmente danificadas e tinham que ser substituídas. Só
conseguiram o conserto das peças em Pernambuco, mais exatamente em Recife. PINTO MARTINS, que havia viajado
para resolver o problema retornou, dias depois, com as peças para
reparar o motor.
[SAMPAIO
CORRRÊA-II GANHA NOVO MOTOR]
Foi com muita dificuldades
que decolaram de Bahia Formosa,
rumo a Recife. Nova pane os
forçou descer em Cabedelo, sendo que desta vez a coisa era bem pior.
A
viagem quase terminou por ali, não fosse o Comandante da Aviação Naval,
Capitão de Mar e Guerra, PROTÓGENES
GUIMARÃES que, vendo a situação desesperadora dos viajantes com o motor
irrecuperavelmente danificado, doou-lhes
um novo! Esta simpática doação possibilitou a continuação da viagem.
O
futuro mostraria que este Comandante teria pela frente uma bela carreira e
chegaria a ser Ministro da Marinha.
Trocado o malfadado motor, eles
decolam de Cabedelo e pousam no Recife. Ali, como em todos os lugares que
pararam, foram muito bem recebidos, com festas, visita ao Governador enfim,
todas as honrarias de heróis. Euclides, em Recife, teve a alegria de abraçar
seu pai e suas duas irmãs, Abgail e Carmen. Daí para frente, a viagem seria
tranqüila pois estavam no nordeste e a possibilidade de mal tempo era
mínima.
Ficaram em Recife por 3 dias e
seguiram viagem às 11:00 horas rumo as Alagoas, pousando em Maceió onde
permaneceram até o dia seguinte. Dali até Salvador, após as festas costumeiras,
foram apenas 3 horas e 50 minutos. Na capital baiana, as festas e homenagens
foram muitas. Autoridades diversas, inclusive o Cônsul Americano que
prestigiou as cerimônias de saudações aos conquistadores da travessia!
Partiram no final da semana, 04
de fevereiro, às 12:55 pousando em Porto Seguro às 16:30h. Após
reabastecer o avião e tendo tido uma noite tranqüila, partem de manhã, 8:50h
para Vitória no Espírito Santo. Eram 12 horas e 12 minutos quando tem
inícios as festividades de recepção aos “viajores” do ar!
A CHEGADA [TRIUNFAL NA CAPITAL FEDERAL: RIO DE JANEIRO: 08fev1923]
Faltava pouco para a chegada ao
Rio de Janeiro e era necessário programar pois, uma esquadrilha da
Aviação Naval, planejava escolta-los ao local da chegada!! Autoridades
estariam presentes, afinal seria a grande conquista de uma rota que viria a ser
explorada, no porvir, por grandes empresas de aviação mundial!!
Partiram, ansiosos, às 12:30 h.,
com destino a Cabo Frio e depois Rio
de Janeiro! Amerissaram em Cabo Frio às 15:15 horas em 7 de fevereiro onde
pernoitaram.
Às 10:35 h. decolaram voando
sobre Araruama, Saquarema, Maricá e demais localidades costeiras fluminenses. Finalmente, às 11:32 horas do dia 8 de
fevereiro de 1923. o avião é avistado sobrevoando a Baía da Guanabara!
Ao pousar foram recebidos
na lancha “Independência” do Ministério da Marinha onde o primeiro a ser
abraçado pelo SENADOR SAMPAIO CORREIA foi PINTO MARTINS seguido por
HILTON, o piloto, GEORGE THOMAS BYE, o jornalista; JOHN E. WILSHUSEN, o mecânico de bordo e por fim o cinegrafista,
JOHN THOMAS que, afinal, filmava o evento!!
Vários dias de festas e
glórias aconteceram no Rio de Janeiro.
PINTO MARTINS: SUA MORTE TRÁGICA E PRECOCE EM
12/04/1924
Apesar de tantas glórias, EUCLIDES PINTO MARTINS teve muitas
dificuldades conseqüentes de suas aventuras. Dívidas adquiridas precisavam ser
pagas. Após o “Raid”, a fama e a glória, ele sentia o peso de ser um homem
comum e com pouco dinheiro. Sua mulher se recusava a morar no Brasil e entrara
com a ação e divórcio.
Estava sendo pressionado para
pagar o dinheiro emprestado para financiar o evento (U$19.000). Foi neste clima
que, tristemente, encontraram PINTO
MARTINS morto em seu quarto com um tiro na cabeça vitimado talvez por uma
crise de depressão. Era o dia 12 de abril de 1924, pouco mais de um ano depois
de tão glorioso feito.
Nada mais se sabe a respeito de
sua morte dada oficialmente como SUICÍDIO.
Em profundo respeito a este grande conquistador nos limitaremos a reproduzir as
palavras de seu pai sobre seu desaparecimento:
“Está provado que ele chegou a
este estado de desespero levado por privações muito cruéis… Sua morte foi
conseqüência da dignidade e altivez de seu caráter. ..”
Nossos profundos respeitos,
aviador!!!
****
Roberto Pires de Oliveira
———————————————————————————-
Ref. Livro do general Theofilo
G. de Oliveira, Tácito. “PINTO MARTINS”.
Fortaleza – Ceará – 1977.
Agradecimentos à Biblioteca
Municipal de Camocim.
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AVISO AOS NAVEGANTES! Internet civilizada:
NOTAS DO EDITOR do Blog Ronald.Arquiteto e do Facebook
Ronald Almeida Silva:
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amarelo
bem como nomes próprios em CAIXA ALTA
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tese ou reportagem). Os mencionados adendos ortográficos foram
acrescidos meramente com intuito pedagógico de facilitar a leitura, a
compreensão e a captação mnemônica dos fatos mais relevantes da mensagem por um
espectro mais amplo de leitores de diferentes formações, sem prejuízo do
conteúdo cujo texto está transcrito na íntegra, conforme a versão original.
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RONALD DE ALMEIDA SILVA
Rio de Janeiro, RJ, 02jun1947; reside em São Luís, MA, Brasil desde
1976.
Arquiteto Urbanista FAU-UFRJ 1969-1972.
Especialização em Desenho Urbano e Planejamento Regional (Universidade
de Edimburgo, Escócia, 1981-83).
Registro profissional (1972-2012 = 40 anos) CREA-RJ 21.900-D
Registro profissional (2013 em diante) CAU-BR A.107.150-5
Ouvidor Nacional
das Competições da CBF (2003-2012)
Inspetor do GT e da
CNIE - Comissão Nacional de Inspeção de Estádios da CBF (2004-2012)
e-mail: ronald.arquiteto@gmail.com
Blog Ronald.Arquiteto (ronalddealmeidasilva.blogspot.com)
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