São Luís, Patrimônio Cultural Nacional e Mundial,
Maranhão
DROGAS – PENA DE MORTE
A
onda trágica dos surfistas e atletas brasileiros de “esportes de aventuras” na
Indonésia
A
Justiça da Indonésia determina a pena de morte e o governo fuzila o traficante
de drogas carioca Marco Archer Cardoso Moreira, em 17jan2015.
“Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”.
“O carioca Marco Archer Cardoso Moreira viveu 17 anos em Ipanema, 25
traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da Indonésia, até morrer fuzilado,
aos 53, neste sábado (17jan2015)...”
Repórter: Renan Antunes de
Oliveira
Ricardo Goularte e Marco Aecher
O repórter Renan Antunes de Oliveira entrevistou Marco Archer em
2005, numa prisão na Indonésia. Abaixo, seu relato:
O carioca MARCO ARCHER CARDOSO MOREIRA viveu 17 anos
em Ipanema, 25 traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da INDONÉSIA, até
morrer fuzilado, aos 53, neste sábado (17jan2015), por sentença da Justiça deste
país muçulmano.
Durante
quatro dias de entrevista em Tangerang, em 2005, ele se abriu para mim: “Sou traficante, traficante e traficante,
só traficante”.
Demonstrou
até uma ponta de orgulho: “Nunca tive um emprego diferente na vida”. Contou que
tomou “todo tipo de droga que existe”.
Naquela
hora estava desafiante, parecia acreditar que conseguiria reverter a sentença
de morte.
Marco
sabia as regras do país quando foi preso no aeroporto da capital Jakarta, em
2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta.
Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos, falava bem a língua bahasa e
sentiu que a parada seria dura.
Tanto
sabia que fugiu do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando
tentava escapar para o Timor do Leste. Foi processado, condenado, se disse
arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e
até do papa Francisco, sem sucesso. O fuzilamento como punição para crimes é
apoiado por quase 70% do povo de lá.
Na mídia
brasileira, Marco foi alternadamente apresentado como “um garoto carioca”
(apesar dos 42 anos no momento da prisão), ou “instrutor de asa delta”, neste
caso um hobby transformado na profissão que ele nunca exerceu.
Para
Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, o outro brasileiro condenado por tráfico, que
espera fuzilamento para fevereiro, companheiro de cela dele em Tangerang,
“Marco teve uma vida que merece ser filmada”. Rodrigo até ofereceu um roteiro
sobre o amigo à cineasta curitibana Laurinha Dalcanale, exaltando: “Ele fez coisas
extraordinárias, incríveis.”
O repórter
pediu um exemplo: “Viajou pelo mundo todo, teve um monte de mulheres, foi nos
lugares mais finos, comeu nos melhores restaurantes, tudo só no glamour, nunca
usou uma arma, o cara é demais.”
Para
amigos em liberdade que trabalharam para soltá-lo, o que aconteceu teria sido
“apenas um erro” do qual ele estaria arrependido. Na versão mais nobre, seria a
tentativa desesperada de obter dinheiro para pagar uma conta de hospital
pendurada em Cingapura – Marco estaria preocupado em não deixar o nome sujo
naquele país. A conta derivou de uma longa temporada no hospital depois de um
acidente de asa delta. Ter sobrevivido deu a ele, segundo os amigos, um
incrível sentimento de invulnerabilidade.
Ele jamais
se livrou das sequelas. Cheio de pinos nas pernas, andava com dificuldade, o
que não o impediu de fugir espetacularmente no aeroporto quando os policiais
descobriram cocaína em sua asa delta.
Arriscou
tudo ali. Um alerta de bomba reforçara a vigilância no aeroporto. Ele chegou a
pensar em largar no aeroporto a cocaína que transportava e ir embora, mas
decidiu correr o risco. Com sua ficha corrida, a campanha pela sua liberdade
nunca decolou das redes sociais. A mãe dele, dona Carolina, conseguiu o apoio
inicial de Fernando Gabeira, na Câmara Federal, com voto contra de Jair
Bolsonaro.
O
Itamaraty e a presidência se mexeram cada vez que alguma câmera de TV foi
ligada, mesmo sabendo da inutilidade do esforço.
Mesmo
aparentemente confiante, ele deixava transparecer que tudo seria inútil, porque
falava sempre no passado, em tom resignado: “Não posso me queixar da vida que
levei”.
Marco me
contou que começou no tráfico ainda na adolescência, diretamente com os cartéis
colombianos, levando coca de Medellín para o Rio de Janeiro. Adulto, era um dos
capos de Bali, onde conquistou fama de um sujeito carismático e bem humorado.
A
paradisíaca Bali é um dos principais mercados de cocaína do mundo graças a
turistas ocidentais ricos que vão lá em busca de uma vida hedonista: praias
deslumbrantes, droga fácil, farta — e cara.
O quilo da
coca nos países produtores, como Peru e Bolívia, custa 1 000 dólares. No
Brasil, cerca de 5.000. Em Bali, a mesma coca é negociada a preços que variam
entre 20.000 e 90.000 dólares, dependendo da oferta. Numa temporada de
escassez, por conta da prisão de vários traficantes, o quilo chegou a 300 000
dólares.
Por ser um
dos destinos prediletos de surfistas e praticantes de asa delta, e pela
possibilidade de lucros fabulosos, Bali atrai traficantes como Marco. Eles se
passam por pessoas em busca de grandes ondas, e costumam carregar o contrabando
no interior das pranchas de surf e das asas deltas. Archer foi pego assim.
Tinha à mão, sempre que desembarcava nos aeroportos, um álbum de fotos que o
mostrava voando, o que de fato fazia.
O homem
preso por narcotráfico passou a maior parte da entrevista comigo chapado. O
consumo de drogas em Tangerang era uma banalidade.
Pirado,
Marco fazia planos mirabolantes – como encomendar de um amigo carioca uma nova
asa, para quando saísse da cadeia.
Nos
momentos de consciência, mostrava que estava focado na grande batalha: “Vou
fazer de tudo para sair vivo desta”.
Marco era
um traficante tarimbado: “Nunca fiz nada na vida, exceto viver do tráfico.”
Gabava-se de não ter servido ao Exército, nem pagar imposto de renda. Nunca
teve talão de cheques e ironizava da única vez numa urna: “Minha mãe me pediu
para votar no Fernando Collor”.
A cocaína
que ele levava na asa tinha sido comprada em Iquitos, no Peru, por 8 mil
dólares o quilo, bancada por um traficante norte-americano, com quem dividiria
os lucros se a operação tivesse dado certo: a cotação da época da mercadoria em
Bali era de 3,5 milhões de dólares.
Marco me
contou, às gargalhadas, sua “épica jornada” com a asa cheia de drogas pelos
rios da Amazônia, misturado com inocentes turistas americanos. “Nenhum
suspeitou”. Enfim chegou a Manaus, de onde embarcou para Jakarta: “Sair do
Brasil foi moleza, nossa fiscalização era uma piada”.
Na
chegada, com certeza ele viu no aeroporto indonésio um enorme cartaz avisando:
“Hukuman berta bagi pembana narkotik’’, a política nacional de punir
severamente o narcotráfico.
“Ora, em
todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas”, me disse, mostrando sua
peculiar maneira de ver as coisas: “Se eu fosse respeitar leis nunca teria
vivido o que vivi”.
Ele
desafiou o repórter: “Você não faria a
mesma coisa pelos 3,5 milhões de dólares”?
Para ele,
o dinheiro valia o risco: “A venda em
Bali iria me deixar bem de vida para sempre” – na ocasião, ele não falou em
contas hospitalares penduradas.
Marco
parecia exagerar no número de vezes que cruzou fronteiras pelo mundo como mula
de drogas: “Fiz mais de mil gols”. Com o dinheiro fácil manteve apartamentos em
Bali, Hawai e Holanda, sempre
abertos aos amigos: “Nunca me perguntaram de onde vinha o dinheiro pras nossas
baladas”.
Marco
guardava na cadeia uma pasta preta com fotos de lindas mulheres, carrões e dos
apartamentos luxuosos, que seriam aqueles onde ele supostamente teria vivido no
auge da carreira de traficante.
Num de
seus giros pelo mundo ele fez um cursinho de chef na Suíça, o que foi de
utilidade em Tangerang. Às vezes, cozinhava para o comandante da cadeia, em
troca de regalias.
Eu o vi
servindo salmão, arroz à piemontesa e leite achocolatado com castanhas para
sobremesa. O fornecedor dos alimentos era Dênis, um ex-preso tornado amigão,
que trazia os suprimentos fresquinhos do supermercado Hypermart.
Marco
queria contar como era esta vida “fantástica” e se preparou para botar um
diário na internet. Queria contratar um videomaker para acompanhar seus dias.
Negociava exclusividade na cobertura jornalística, queria escrever um livro com
sua experiência – o que mais tarde aconteceu, pela pena de um jornalista de São
Paulo. Um amigo prepara um documentário em vídeo para eternizá-lo.
Foi um dos
personagens de destaque de um bestseller da jornalista australiana Kathryn
Bonella sobre a vida glamurosa dos traficantes em Bali — orgias, modelos ávidas
por festas e drogas depois de sessões de fotos, mansões cinematográficas.
Diplomatas
se mexeram nos bastidores para tentar comprar uma saída honrosa para Marco.
Usaram desde a ajuda brasileira às vítimas do tsunami até oferta de incremento
no comércio, sem sucesso. Os indonésios fecharam o balcão de negócios.
As execuções são assim
O assessor
internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia, disse que o fuzilamento deixa
“uma sombra” nas relações bilaterais, mas na lateral deles o pessoal não tá nem
aí.
A mãe
dele, dona Carolina, funcionária pública estadual no Rio, se empenhou enquanto
deu para livrar o ‘garotão’ da enrascada, até morrer de câncer, em 2010.
As visitas
dela em Tangerang eram uma festa para o staff da prisão, pra quem dava dinheiro
e presentes, na tentativa de aliviar a barra para o filhão.
Com este
empurrão da mamãe Marco reinou em Tangerang, nos primeiros anos – até ser
transferido para outras cadeias, à espera da execução.
Eu o vi sendo
atendido por presos pobres que lhe serviam de garçons, pedicures, faxineiros.
Sua cela tinha TV, vídeo, som, ventilador, bonsais e, melhor ainda, portas
abertas para um jardim onde ele mantinha peixes num laguinho. Quando ia lá,
dona Carola dormia na cama do filho.
Marco
bebia cerveja geladinha fornecida por chefões locais que estavam noutro
pavilhão. Namorava uma bonita presa conhecida por Dragão de Komodo. Como ela
vinha da ala feminina, os dois usavam a sala do comandante para se encontrar.
A malandragem
carioca ajudou enquanto ele teve dinheiro. Ele fazia sua parte esbanjando bom
humor. Por todos os relatos de diplomatas, familiares e jornalistas que o viram
na cadeia de tempos em tempos, Marco, apelidado Curumim em Ipanema, sempre se
mostrou para cima. E mantinha a forma malhando muito.
Para ele,
a balada era permanente. Nos últimos anos teve várias mordomias, como celular e
até acesso à internet, onde postou algumas cenas.
Um clip
dele circulou nos últimos dias – sempre sereno, dizendo-se arrependido, pedindo
a segunda chance: “Acho que não mereço ser fuzilado”.
Marco
chegou ao último dia de vida com boa aparência, pelo menos conforme as imagens
exibidas no Jornal Hoje, da Globo. Mas tinha perdido quase todos os dentes em
sua temporada na prisão, como relatou a jornalista e escritora australiana. No
Facebook, ela disse guardar boas recordações de Archer, e criticou a “barbárie”
do fuzilamento.
Numa
gravação por telefone, ele ainda dava conselhos aos mais jovens, avisando que
drogas só podem levar à morte ou à prisão.
Sua voz
estava firme, parecia esperar um milagre, mesmo faltando apenas 120 minutos pra
enfrentar o pelotão de fuzilamento – a se confirmar, deixou esta vida com o bom
humor intacto, resignado.
Sabe-se
que ele pediu uma garrafa de uísque Chivas Regal na última refeição e que uma
tia teria lhe levado um pote de doce-de-leite.
O
arrependimento manifestado nas últimas horas pode ser o reflexo de 11 anos
encarcerado. Afinal, as pessoas mudam. Ou pode ter sido encenação. Só ele
poderia responder.
Para mim,
o homem só disse que estava arrependido de uma única coisa: de ter embalado mal
a droga, permitindo a descoberta pela polícia no aeroporto.
“Tava tudo
pronto pra ser a viagem da minha vida”, começou, ao relatar seu infortúnio.
Foi assim:
no desembarque em Jakarta, meteu o equipamento no raio x. A asa dele tinha
cinco tubos, três de alumínio e dois de carbono. Este é mais rijo e impermeável
aos raios: “Meu mundo caiu por causa de um guardinha desgraçado”, reclamou.
“O cara
perguntou ‘por que a foto do tubo saía preta’? Eu respondi que era da natureza
do carbono. Aí ele puxou um canivete, bateu no alumínio, fez tim tim, bateu no
carbono, fez tom tom”. O som revelou que o tubo estava carregado, encerrando a
bem-sucedida carreira de 25 anos no narcotráfico.
Marco
ainda conseguiu dar um drible nos guardas. Enquanto eles buscavam as
ferramentas, ele se esgueirou para fora do aeroporto, pegou um prosaico táxi e
sumiu. Depois de 15 dias pulando de ilha em ilha no arquipélago indonésio
passou sua última noite num barraco de pescador, em Lombok, a poucas braçadas
de mar da liberdade. Acordou cercado por vários policiais, de armas apontadas.
Suplicou em bahasa que tivessem misericórdia dele.
No sábado,
enfrentou pela última vez a mesma polícia, mas desta vez o pessoal estava
cumprindo ordens de atirar para matar.
Foi o fim
do Curumim.
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“Nevando em Bali”, livro que expõe em detalhes o submundo das drogas na
mais famosa ilha do arquipélago que forma a Indonésia, chama a atenção não
apenas pela descrição da mistura de
crime e hedonismo no paraíso
turístico que recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano.
Muitos dos
traficantes entrevistados pela escritora e jornalista
australiana Kathryn Bonella para o livro eram brasileiros. Entre eles,
Marco Archer, que no último sábado se tornou o primeiro brasileiro executado no
exterior. Para Bonella, no entanto, o mais significativo foi o fato de Archer ter sido também o primeiro ocidental
a receber a pena de morte na Indonésia.
Para a
australiana, a morte estourou o que ela chama de “bolha da fantasia” para os
brasileiros envolvidos com o tráfico no país.
“A morte
de Marco foi decididamente o que se pode chamar do fim de uma fase. Sempre se
soube que o tráfico na Indonésia é punido com a pena de morte, mas as
autoridades indonésias jamais tinham ido até o fim na punição a ocidentais”,
afirma Bonella, em entrevista à BBC Brasil.
“Ao mesmo
tempo que isso não vai acabar com o tráfico em Bali, eu imagino que muitos
brasileiros vão pensar duas vezes diante da próxima oportunidade de
contrabandear drogas para a Indonésia. Mas duvido que isso vá durar para
sempre. Há uma grande demanda por drogas em Bali, é um lugar para onde turistas
do mundo inteiro vão para se divertir sem os mesmos limites vistos na maioria
dos lugares do mundo.”
Para
Bonella, a frequência com que encontrou brasileiros envolvidos com o tráfico na
Indonésia – de transportadores de droga a ricos intermediários entre os grandes
barões – é explicada pelo perfil da maioria dos viajantes do país para o
arquipélago.
“Os
brasileiros que encontrei tinham basicamente o mesmo perfil. Eram surfistas que
viram no tráfico, em especial de cocaína, uma chance de se manter em Bali e
viver uma vida de fantasia, pegando ondas, indo a festas e encontrando belas
mulheres. A proximidade do Brasil com os mercados produtores de cocaína na
América do Sul ajuda no acesso à droga. E, ao contrário dos habitantes de
muitos países, os brasileiros viajam normalmente pelo mundo”, argumenta
Bonella.
Outro
fator que diferencia os traficantes brasileiros que a australiana encontrou na
Indonésia é o perfil social.
“Eles eram
todos de classe média, com escolaridade e conhecimento razoável de inglês.
Entraram no tráfico pela curtição, não por uma necessidade econômica. Queriam
viver tendo do bom e do melhor. Bem diferentes das ‘mulas’ (transportadores de
droga), que recebem pouco dinheiro para muito risco. Um dos brasileiros que
conheci em Bali podia ganhar uma fortuna com uma viagem bem-sucedida”, conta a
australiana.
Um dos
grandes exemplos foi um carioca conhecido como “Rafael”, um surfista que
durante anos foi uma das principais engrenagens no tráfico de cocaína em Bali e
que não fazia muita questão de esconder seus lucros: dava festas homéricas em
sua mansão à beira-mar, onde uma das atrações era um trampolim do qual ele
saltava de seu quarto diretamente para a piscina.
Bonella
esteve na Indonésia no fim de semana e acompanhou através da mídia e de relatos
de contatos a execução de Marco Archer. Embora faça questão de criticar a opção
do brasileiro pelo tráfico, a australiana disse ter ficado chocada com o
desfecho de um dos personagens mais citados em Nevando em Bali – numa das
passagens, Bonella conta que Archer dominava o fornecimento de maconha em Bali
e tinha até registrado a marca de um tipo de erva que vendia, a Lemon Juice.
“Visitei
Marco na prisão durante a pesquisa para o livro. Sabia o que ele estava fazendo
e de maneira nenhuma endosso o tráfico. Mas ele era carismático e até cozinhou
na prisão para mim, e parecia ter muitos amigos na Indonésia, pois recebi uma
série de mensagens lamentando sua morte. Sou pessoalmente contra a pena capital,
em especial a tortura psicológica que foi Marco ter vivido mais de dez anos com
a possibilidade de execução pairando sobre sua cabeça.”
Numa das
visitas, Bonella foi apresentada a Rodrigo Gularte, o outro brasileiro
condenado à morte e cuja execução poderá ocorrer ainda este ano. Foi no livro
da australiana que veio à tona uma suposta tentativa de suicídio do brasileiro
após o anúncio da sentença, em 2005.
“Não pude
comprovar, mas me pareceu claro que Rodrigo tinha sido afetado de maneira bem
diferente de Marco”, disse.
A
australiana disse não acreditar que a pressão internacional sofrida pela
Indonésia nos últimos dias, inclusive com a retirada dos embaixadores de Brasil
e Holanda (que também teve um cidadão executado no fim de semana), poderá mudar
o destino do brasileiro e dois australianos também no corredor da morte.
“Não me
parece que os protestos vão alterar a política de Joko Widodo (o presidente da
Indonésia). Há um forte sentimento antidrogas entre a população local”, avalia.
“Os
traficantes devem estar assustados, mas o tráfico não vai parar. Há muita
demanda, até porque a Indonésia é usada como centro de distribuição das drogas
para outros países asiáticos e mesmo a Austrália. Só que agora os envolvidos
sabem que a situação ficou ainda mais perigosa”, opina Bonella.
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Indonésia nega pedido de clemência e
segundo brasileiro deve ser fuzilado
Postado em 21 de janeiro de 2015 às 1:32 pm
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/indonesia-nega-pedido-de-clemencia-e-segundo-brasileiro-deve-ser-fuzilado/
O brasileiro RODRIGO GULARTE deve
ser fuzilado na Indonésia por tráfico de drogas, após as autoridades do país
asiático negarem o pedido de clemência realizado pelo governo brasileiro,
informou nesta terça-feira (20) o Itamaraty.
“O pedido de clemência de Rodrigo Gularte foi negado pelas autoridades
indonésias”, revelou a chancelaria em Brasília.
Gularte, 42, foi condenado à morte em 2005 por
ingressar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de
surf.
A data da execução não foi fixada, segundo a chancelaria.
Pena de
morte
Janot pede que
Indonésia adie
execução de brasileiro
Procurador-geral da República sugere outra forma de
punição, como o cumprimento de prisão no Brasil. Traficante deve ser fulizado [FUZILADO] neste sábado
Fonte: Portal revista VEJA
16/01/2015 - 22:21
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/janot-pede-adiamento-de-execucao-de-brasileiro-na-indonesia
O
brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira sentado em uma cela na corte de
Tangerang, perto de Jacarta. Um tribunal indonésio condenou Moreira à morte por
tráfico de drogas - 08/06/2004 (Beawiharta BEA/TW/Reuters)
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou
uma carta ao chefe do Ministério Público da Indonésia pedindo o adiamento da execução de Marco Archer Cardoso
Moreira, marcada para este fim de semana. Caso o
adiamento seja concedido, a intenção é promover um diálogo entre as
procuradorias no sentido de que a condenação à pena de morte por tráfico de
drogas seja reconsiderada.
Na mesma correspondência, o
procurador-geral da República solicitou que seja considerada a possibilidade de
comutação da pena de RODRIGO MUXFELDT
GULARTE, também condenado à morte por tráfico.
Janot demonstrou respeito pelos
esforços da Indonésia para combater essa prática criminosa e disse que não
pretende desrespeitar a soberania do país nem pedir anistia aos condenados,
apenas solicitar que outras formas de punição, com o cumprimento da pena de
prisão no Brasil, a partir de um acordo entre os dois países.
"Apesar de seus atos
ilícitos, devemos considerar a situação extrema de ser sentenciado à morte em
uma terra estrangeira. Tal circunstância produz uma sensação de solidão e
abandono", argumentou.
Transferência de presos – Caso o pedido seja aceito, o gesto do governo indonésio será
"sempre lembrado pelo povo brasileiro como um ato de humanidade e boa
vontade e irá certamente elevar as perspectivas para cooperação
bilateral", acrescentou Janot. Ele citou ainda a possibilidade de uma
missão oficial brasileira, com representantes de alto nível, visitar Jacarta
para discutir a situação dos brasileiros e mecanismos de cooperação.
O procurador-geral da República
sugere também a negociação de um novo tratado para a transferência de presos
entre os dois países, e destacou a importância da assistência jurídica mútua e
do fortalecimento dos protocolos de extradição, propondo que os dois
Ministérios Públicos trabalhem em um memorando de entendimento. "Isso
certamente nos aproximaria, com o fim reforçar nossa relação de confiança,
amizade e cordialidade", concluiu.
Dilma ouve um ‘não’ – A solicitação foi feita depois que o presidente Joko Widodo negou um apelo pessoal da
presidente Dilma Rousseff em favor dos brasileiros condenados à
morte. Em conversa telefônica, a presidente “ressaltou ter consciência da
gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros e disse respeitar a soberania
da Indonésia e do seu sistema judiciário”, informou o Palácio do Planalto. O
apelo foi feito “como chefe de Estado e como mãe, por razões eminentemente
humanitárias”. “A presidente recordou que o ordenamento jurídico brasileiro não
comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o
sentimento da sociedade brasileira”.
O assessor especial para assuntos
internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o governo
brasileiro considerou “extremamente frustrante” a negativa da Indonésia.
“Evidentemente isso vai criar uma dificuldade grande no relacionamento entre
Indonésia e Brasil porque nos parece que, respeitando a legislação daquele
país, de qualquer maneira está se utilizando uma pena extremamente pesada para
um crime, grave, mas que poderia perfeitamente ser resolvido de outra forma”.
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